Quinn estava furiosa. Não era preciso ser nenhum gênio da observação ou espionagem para perceber que Rachel estava dando em cima de seu namorado descaradamente, de fato um par de olhos já era o suficiente para qualquer um notar o que estava acontecendo e Quinn não estava gostando disso nem um pouquinho.

— É melhor você ficar longe dele!

Rachel pula com o barulho da mão de Quinn batendo em seu armário, fechando-o com tudo a poucos centímetros de seu nariz. Ela porém se recompõe e respira fundo.

— Eu não sei do que você está falando. – ela ousa responder simplesmente, saindo sem olhar para trás. Quinn aperta as sobrancelhas, com raiva.

À noite, sendo sexta-feira, Finn pega Quinn na casa dela para irem ao Breadstix, mas o que supostamente deveria ser um encontro romântico se torna em uma discussão crescente em torno de Rachel. A discussão se torna uma briga tão grande que quando Finn deixa Quinn na casa dela, ela já terminou o namoro e bate a porta do carro ao sair, entrando dentro de casa furiosa, sem nem dizer tchau.

No domingo, ela liga para Finn e eles conversam, fazem as pazes, mas decidem continuar como "amigos", já que o namoro estava desgastado já fazia algum tempo mesmo. 

Na segunda-feira, como se não bastasse o fato de Sue estar particularmente ranzinza essa semana devido a um corte de orçamento que Quinn não duvidava ser culpa do professor Shue com o clube Glee, ela vira o corredor e vê Rachel toda sorridente conversando com Finn perto do armário dele no corredor. Ela aperta a mandíbula com raiva e apesar de não dizer nada, Rachel vê quando a chefe das líderes de torcida a encara mortalmente.

— Eu não te disse pra parar de dar em cima dele??!

Quinn bate a porta do armário de Rachel na cara dela novamente, fazendo com que ela se assuste mais uma vez. Dessa vez o sangue sobe a sua cabeça lhe dando coragem o suficiente para retrucar.

— Você vai acabar quebrando o meu armário! E além do mais, ele me disse que vocês terminaram. - diz Rachel irritada, arregalando os olhos para Quinn.

— Isso não significa que você pode ficar por aí como uma vadiazinha em cima dele! – diz Quinn, indo atrás de Rachel como uma abelha.

Caminhando rapidamente pelo corredor vazio, Rachel para e se vira com tudo. Pega de surpresa, Quinn também para abruptamente, para não se chocar contra ela.

— Me desculpa?? – diz Rachel, apertando os olhos, brava - Sim, isso significa que eu posso fazer o que eu quiser e eu não estou por aí como uma... “vadiazinha”, só estou tentando arrumar um par para o baile!

É incrível, incrível o que Rachel faz. Os outros estudantes abrem o corredor para Quinn passar e não ousam nem mesmo olhar para ela por muito tempo, mas Rachel a confronta, como se não tivesse medo, mesmo que Quinn perceba sua voz trêmula às vezes. Há um fogo no olhar de Rachel que ameaça se tornar um incêndio ainda maior que o que habita Quinn e Quinn sabe disso. Ela olha para a pequena morena de cima a baixo, sua raiva decresce dando lugar a uma onda de prazer que a invade; discutir com Rachel era como um alívio, era reconfortante tanto quanto desafiador. Ela sorri satisfeita vendo aquela chama ardente nos lindos olhos castanhos em sua frente. Ela então finalmente processa o que Rachel havia dito. Um par para o baile. Ela não consegue segurar uma pequena risada. Rachel aperta as sobrancelhas, ainda brava.

— Hum... vai com o Jacob.

A voz de Quinn é mais provocante que irada. Ela sorri com o canto dos lábios quando a expressão de Rachel muda de desconfiada para indignada.

— Eu não vou com ele! Ele é nojento!

Adorável, porque tudo nela tinha que ser adorável? E esse cheiro, essência de baunilha, chocolate branco...

— Bom, vai comigo então! – diz Quinn finalmente. Suas bochechas ficam vermelhas, mas ela permanece ali.

No início Rachel pensa que Quinn está tirando com ela, mas Quinn não ri. Ela fica séria. Rachel aperta as sobrancelhas, tanto surpresa quanto confusa. Não, ela não estava chocada, porque com certeza tinha entendido errado.

— O que?

Quinn suspira.

— Eu terminei com o Finn, eu não tenho ninguém pra ir ao baile também.

— Então nós... mas ainda ficaríamos sem um par. – arrisca Rachel, tentando pensar logicamente.

— Não, nós seríamos o par uma da outra.

Rachel aperta as sobrancelhas.

— Como… um casal?

Quinn pensa por uns dois segundos.

— Sim.

Rachel fica parada por um minuto inteiro olhando para Quinn.

— Mas você me odeia.

— Não, eu odeio o fato de você ficar dando em cima do Finn e seus... ataques de diva por causa de um solo idiota.

— Não é um solo idiota, eu nasci para aquele papel, a Mercedes não chega nem aos pés do nível de- 

Quinn rola os olhos.

— Jesus Rachel, não muda de assunto e vê se para de dar em cima do Finn, aliás ele nem dança tão bem assim, iria pisar no seu pé na hora da dança e você teria que voltar mancando embora pra casa.

— Mas ele não é mais seu namorado...

— E daí!!!! Ele pode não ser mais meu namorado, mas eu sou seu par pro baile, você não precisa mais dele, você é minha agora e eu não quero você perto porque é tão difícil você entender isso!

Rachel fica outro minuto inteiro olhando para Quinn pasma demais para dizer qualquer coisa. O sinal toca e ela pula de susto.

— Aqui. Me liga. – diz Quinn, escrevendo seu número num papel e o entregando a Rachel. Ela então sai e o corredor enche de estudantes ansiosos para o intervalo e Rachel fica imóvel em pé onde estava se perguntando se acabou de ter uma alucinação ou o que aconteceu foi real.

Em casa, Rachel está sentada na cama. De um lado o celular, de outro o papel com o número de Quinn. Ela fica ali, olhando os dois por cinco minutos.

— Alô?

— Oi… é a Rachel.

— Eu estou fazendo ginástica agora, não posso falar, você acha que consegue vir aqui em casa?

Rachel fica em silêncio, processando o que ela acha que Quinn disse.

— Mas já são 8 e meia…

— Bom, então traz roupa.

— Tipo, pra dormir aí?

— É, Jesus como você é lerda pra entender as coisa, Berry.

Rachel rola os olhos.

— Ok, já estou indo.

— Ótimo.

Rachel fica olhando para o celular depois de desligar. Mas que diabos aconteceu com o mundo hoje? Ela entrou em uma dimensão paralela sem perceber? Ou coisa do tipo?