Sobrevivente escrita por Bê s2


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Quero agradecer pelos comentários e pelos acompanhamentos!
Boa leitura!



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Grissom permaneceu em casa cuidando de Sara por mais alguns dias. Ela se recuperava bem, mas ainda tinha dificuldade para dormir, o que a deixava com o humor instável. Ele estava sendo paciente e dava espaço para ela não se sentir sufocada. Quando chegou a hora de voltar ao laboratório, nenhum dos dois ainda estava pronto.

 

—-Você tem certeza que vai ficar bem?

 

—-Sara, eu é quem deveria estar preocupado. --Ela lhe sorriu. --Eu vou trabalhar.

 

—-Não se incomode com as pessoas. Logo isso tudo vai passar.

 

—-Fico preocupado com você. Não quero que fique sozinha.

 

—-Vou ficar bem. --Ela o encorajou.

 

Incerto e sem vontade nenhuma de sair de casa, Grissom se despediu de Sara e foi para o laboratório.





Toda a equipe esperava ansiosa pelo chefe no locker, que chegou com vários papéis nas mãos.

 

—-Boa noite, crianças. --Saudou. --Hoje temos uma noite cheia…

 

Nesse momento, seu celular tocou. Ele olhou ansioso o visor pensando em Sara, mas era Ecklie. Com uma careta desligou.

 

—-Bem, como eu estava dizendo, temos uma noite cheia. Catherine, você tem um 419 no Tangiers. --Grissom distribuía os papéis. --Warrick, você vai para uma travessa na Strip: três corpos não identificados. Nick: afogamento suspeito. Greg, você vem comigo para outro 419.

 

—-Como a Sara está? --Nick perguntou antes de saírem.

 

—-Está bem. --Grissom respondeu rapidamente. --Bom trabalho, crianças.

 

Grissom seguiu dirigindo para sua cena do crime com Greg ao lado. Uma música tocava baixo no carro e os dois permaneciam em silêncio. No meio do caminho, o celular de Grissom tocou novamente.

 

—-É o Ecklie. --Greg disse.

 

—-Desliga, por favor.

 

Greg desligou e não se conteve:

 

—-Está evitando o Ecklie?

 

—-Alguém não o evita? --Grissom retrucou baixinho.

 

—-Você está evitando os outros também. --Grissom o olhou de relance. --Você só me escolheu porque eu já sabia de vocês dois e não vou te encher de perguntas.

 

—-Você é esperto, Greg.

 

—-Como a Sara realmente está? --Ele disparou preocupado. --Ela está dormindo?

 

O entomologista negou com a cabeça.

 

—-Ela tinha muitos pesadelos. Mas você ajudou ela com isso.

 

Os dois estacionaram na cena do crime e Grissom finalmente encarou o rapaz ao seu lado.

 

—-Agora eu estou com ela, mas ainda assim ela não dorme. --Admitiu. --Ela me contou superficialmente sobre sua dificuldade em dormir, mas nunca aconteceu comigo.

 

—-Uma vez acabamos pegando no sono depois de beber umas cervejas assistindo um campeonato de surf. Acordei muito assustado com os gritos dela. Não sabia o que fazer.

 

Grissom ouvia atento.

 

—-Ela chamou pelos pais e por você. Tremia e suava.

 

Então é sempre o mesmo pesadelo, pensou.

 

—-E o que você fez?

 

Greg deu de ombros e respondeu:

 

—-Eu a acordei. Tentei distrair ela com bobagens, até que dormiu de novo. Eu nunca havia visto ela daquele jeito. --Ele parecia impressionado. --Mas entendi que ela apenas precisava mudar o foco. Talvez fosse bom evitar o lab e o pessoal… pelo menos por enquanto.

 

—-Certo. --Grissom disse pensativo. --Obrigado.

 

Greg sorriu para o chefe e saiu do carro. Grissom se demorou mais alguns instantes. Estava pensativo. Quando seu celular tocou pela terceira vez, ele jogou o aparelho no porta luvas e saiu.



Do outro lado da cidade, Sara entrava no laboratório. Há uma hora, recebera uma ligação de Ecklie, na qual ele pedia por uma reunião. Entediada por ficar em casa, ela se arrumou como pôde e chamou um taxi.

 

Enquanto caminhava pelos corredores do laboratório, Sara podia sentir todos os olhos a acompanhando. Alguns com pesar, outros alegres e ainda havia os orgulhosos. Ela não parou até chegar no escritório de Ecklie, no qual bateu e entrou.

 

—-Oi Sara. Sente-se. --Ele finalizava uma ligação. --Tem ideia de onde Gil está?

 

—-Na verdade não.

 

Como saberia? Estava presa em casa vendo um programa de culinária, pensou.

 

—-Bom, vamos começar logo. Saiba que isso é tão difícil para mim quanto é para você. --Ecklie disse fechando a porta. --Isto é um inquérito administrativo, que diz que membros da mesma equipe forense não podem se envolver romanticamente.

 

Sara se mexeu desconfortável. Teria sido uma boa ideia aceitar a reunião? Teria sido melhor esperar por Grissom?

 

—-Desde quando você e seu supervisor Grissom estavam violando…

 

—-Estamos. --Ela o corrigiu.

 

Conrad a olhou por cima dos papéis por um instante, mas logo retomou:

 

—-Desde quando você e seu supervisor Grissom estão tendo um relacionamento?

 

—-Sempre tivemos um relacionamento. --Disse com firmeza.

 

—-Quero dizer, quando se tornaram íntimos?

 

Ecklie parecia estar no dentista, prestes a fazer um canal.

 

—-Há dois anos. Acho que foi num domingo.

 

Ele parou para encará-la, esperando por mais, mas ela não continuou.

 

—-Em algum momento você foi assediada pelo seu supervisor Grissom dentro deste laboratório?

 

Que pergunta mais descabida! Se alguém o assediou fui eu!, Sara pensava consigo mesma.

 

—-Não. Gil nunca me assediou aqui ou em outro lugar. Sempre teve muito respeito pelo trabalho e por mim.

 

Ecklie anotava tudo o que ela dizia.

 

—-Alguma vez você foi privilegiada no trabalho pelo seu supervisor Grissom?

 

—-Ecklie, o Grissom sempre me tratou como todos os outros aqui dentro. Demoramos muito para nos relacionarmos por causa do trabalho e temos um acordo muito claro entre nós dois que aqui dentro somos apenas colegas de trabalho.

 

Ela estava ligeiramente irritada, enquanto seu superior anotava tudo.

 

—-Mas uma serial killer usou você para atingi-lo. E ele perdeu o controle durante um interrogatório. --Sara franziu o cenho, pois não sabia disso. --Ele não estava de folga para cuidar de você, estava em suspensão administrativa.

 

Sara demorou longos segundos para assimilar e responder:

 

—-Foi um caso extremo, Ecklie. Em dois anos, nenhum perito do maior laboratório de criminalística do país percebeu que estávamos em um relacionamento. --Ela deu uma pausa. --Se você se lembrar, Gil ficou muito nervoso quando Nick foi raptado e quando Greg foi agredido.

 

—-Mas ele não perdeu o controle com um suspeito nessas ocasiões.

 

Sara bufou.

 

—-Nós violamos uma regra do laboratório, mas isso não influenciou nosso trabalho até eu ser sequestrada. Nós sabíamos que um dia nosso relacionamento viria à tona, mas não esperávamos que fosse dessa maneira. --Ela falava rápido. --O que Grissom e  eu temos é sério vai continuar sendo discreto, pois não diz respeito a ninguém. Quanto ao trabalho, gostaria de continuar com a equipe, mas como sei que isso é impossível, estou disposta a mudar de turno.

 

Ecklie a observava sem dizer ou anotar nada.

 

—-Gil já disse que poderia mudar, mas eu não posso fazer isso com eles. --Concluiu.

 

—-Acho que isso é o suficiente, Sara. Obrigado. --Ele fechou sua pasta. --Quando você terá autorização para voltar ao trabalho?

 

—-Mais uma semana, acredito. --Ela respondeu se levantando.

 

O careca assentiu e eles se despediram.

 

Sara saiu do laboratório um tanto nauseada. Chamou um taxi e foi para casa. No caminho, ligou para Grissom.

 

—-Está tudo bem? --Ele perguntou à guisa de cumprimento.

 

—-Acabei de sair do lab. Ecklie me chamou e eu estava bem entediada em casa. --Ela explicou. --Ele me fez umas perguntas e agora está atrás de você.

 

Grissom gemeu do outro lado da linha.

 

—-Já estou chegando em casa. Vou te esperar para conversarmos.

 

—-Ok, honey.

 

Eles desligaram e Grissom voltou ao trabalho.




Horas mais tarde, Grissom estava escondido em sua sala, atrás de uma pilha de documentos. Mas aparentemente, seu disfarce não enganou Conrad Ecklie.

 

—-Gil, você está me evitando. É hora de conversar.

 

Grissom o olhou por cima dos óculos.

 

—-Ninguém quer saber da sua vida amorosa menos do que eu, mas como não conseguiu lidar com isso, faremos um inquérito administrativo. --Ele se sentou em frente ao entomologista e abriu sua pasta. --Isso podia ter sido uma conversa entre amigos. Catherine poderia ter feito as avaliações de Sara! Por que não me contou?

 

—-Não queríamos que você soubesse. --Respondeu simplesmente.

 

Ecklie revirou os olhos. Grissom o tirava do sério.

 

—-A maioria das mulheres não gosta que todos saibam que elas estão saindo com alguém?

 

—-Onde você pega informações sobre mulheres, Conrad? --Grissom alfinetou, tentando manter a calma.

 

—-Ok, bem… Quando vocês dois, você sabe…

 

Grissom pensou um pouco antes de responder:

 

—-Há nove anos.

 

Ecklie revirou os olhos nervoso:

 

—-Quer saber? Vocês precisam alinhar suas histórias.

 

Grissom o encarou confuso.

 

—-Dois anos, nove anos…? --Ecklie tentou esclarecer. --Ah, esqueça isso.  Vocês já tinham um relacionamento quando a convidou para trabalhar aqui?

 

—-Sim, mas não como hoje.

 

—-Você a beneficiou em algum momento no trabalho?

 

Grissom negou com a cabeça, cansado.

 

—-Quais são as suas intenções para o futuro com a Sara?

 

Grissom arqueou uma sobrancelha. Suspirou e respondeu:

 

—-Eu quero me casar, Conrad.

 

Os dois homens se encararam. Era visível a tensão.

 

—-Isso tudo é sério, então?

 

Grissom se irritou:

 

—-Não sei porquê ainda tem dúvidas! --Ele respirou fundo. --Nós somos colegas de trabalho aqui. Nosso relacionamento é da porta pra fora.

 

—-Ok, acho que já tenho tudo o que preciso. Vou me reunir com o xerife em alguns dias e decidir o que fazer.

 


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