As Prattis escrita por fdar86


Capítulo 3
[Capítulo 2]




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Dias se passaram, e embora visse que aquele rompimento fazia muito mal a sua amiga, Jéssica sentia um imenso alívio - talvez uma sensação bem egoísta - por vê-los terminados. Por muitos anos, Jéssica nutriu um forte amor platônico pela melhor amiga, e sempre considerou suas chances de conquistá-la nulas. Até pela situação de morarem na mesma casa e serem uma só família. Então amara e sofrera calada, por todo esse tempo, porque não seria capaz de arriscar tudo o que tinham por loucos devaneios românticos.

Mesmo assim, Jéssica não conseguia deixar de pensar se Angelina e Henrique continuariam terminados, ou se tudo aquilo teria sido apenas mais um dos imensos desentendimentos daquele conturbado casal, que estiveram juntos por dois anos, ou se a qualquer momento eles iriam voltar como se nada tivesse acontecido como já fizeram antes. Por mais que Angelina jamais soubesse e compartilhasse dos seus sentimentos, tudo o que Jéssica desejava era que a amiga encontrasse alguém que a fizesse feliz de verdade. Mas a verdade, é que nada disso importava! Naquele momento, a única prioridade de Jéssica seria animar a amiga, e tirá-la da fossa em que se encontrava.


Era uma doce manhã de sábado, quando Luísa, Jéssica e Angelina passeavam pela cidade, a cavalo. Percorreram todas as belezas da região, e visitaram por fim, o Lago do Sol, ponto turístico da região, e conhecido por possuir uma forte coloração amarela na água, e pelos belíssimos arranjos florais nas gramas, em seus arredores.

Aquele era o lugar favorito de Angelina, e Jéssica sabia. Teria conversado com Luísa na noite anterior, sobre a amiga andar muito triste após o rompimento do noivado, e estar precisando sair para esfriar a cabeça,
passar um dia juntas em família... Enfim, a Prattis do meio adorara a ideia, e a verdade é que Jéssica já teria convencido a jovem com o simples pronunciamento da palavra "rua".


No lago, Jéssica ria das palhaçadas de Luísa, enquanto caminhavam pelo parque, de vista extasiante. Um pouco mais atrás, estava Angelina, que inalava toda a paz e tranquilidade que aquela visão lhe proporcionava,
internamente agradecida por ter sido levada ali. Lembranças de toda a sua infância, de momentos familiares, e de todas as vezes que teria matado aulas e missas naquele lugar, ao lado de Jéssica, que sempre fora sua companheira de aventuras.


Pegou-se divagando sobre a intensidade daquela amizade, ao recordar a pequena gruta que havia do outro lado do lago, onde elas sempre se escondiam quando chateadas, ou quando simplesmente não queriam ser encontradas. Como andaria aquele lugar? Há muito tempo não passava lá. Por algum motivo, as duas também não passavam mais tanto tempo juntas como antigamente.

De repente, sentira uma enorme saudade daquele tempo, mais do que o lugar que nunca mais visitara. Como adorava aquela família, exatamente como era, com todos os seus pontos extras! Suspirou pesadamente, fechando os olhos, em seguida, apreciando a brisa que lhe acariciava gentilmente.

Abriu os olhos e se abaixou devagar, pegando uma pedrinha na grama. Levantou-se em seguida, jogando-a no lago. Voltou a fechar os olhos, prestando atenção no magnífico som daquelas pequenas ondas de água doce que se formavam, e ao mesmo tempo, se perdiam naquele imenso lago de água amarela, enquanto os periquitos adoravelmente faziam a trilha sonora daquele momento extasiante.

— Eu não sei como agradecer vocês, meninas. – Disse, algum tempo depois, já voltando para casa, sentindo-se de alguma forma renovada.

— Agradeça a Jéssica, porque a ideia foi dela. - Admitiu Luísa, displicentemente, dando ombros, enquanto virara ao chamado de alguém que se aproximara um pouco mais à frente, a cavalo.

Era um belo rapaz de olhos azuis, e cabelos pretos encaracolados, que Luísa parecera conhecer bem. A mais velha fora na direção do rapaz, e normalmente Angelina iria parar para observar o rapaz, e tentar identificar de quem se tratava, porque de toda a família, Luísa sempre fora a mais namoradeira, então seria bem difícil determinar se o rapaz era um caso, amigo, ou amigo com benefícios.

No entanto, naquele momento Angelina deixou essa percepção de lado, para encarar Jéssica, que observava Luísa com o rapaz, pensativa. De repente, a jovem ao seu lado lhe parecera mais interessante do que sua
aguçada curiosidade feminina.

Jéssica, que permaneceu calada por toda a caminhada, percebeu finalmente a estranha movimentação ao seu lado, e a encarou.

— Então isso foi uma ideia sua? – Perguntou Angelina, de imediato, recebendo de Jéssica uma expressão confusa como resposta. Ela não havia
escutado uma só palavra da conversa das outras irmãs, e aquilo estava claro. Angelina repetiu, sendo finalmente ouvida.

— Sim. - Respondeu Jéssica, tímida. - Espero que você me perdoe por ter sido indelicada com você naquele dia.

— Já perdoei. Eu não guardo mágoas de você, Jéssica. Nunca, e você sabe. -  A timidez da morena deu espaço a um brilhante sorriso, que acendeu na audição daquelas palavras.

As duas deram as mãos, enquanto se entreolhavam em silêncio. Jéssica sentia que tinha tantas coisas a dizer, e as palavras pareciam querer jogar-se para fora, mas a jovem simplesmente as engolia, antes mesmo de pronuncia-las. E teria sido sempre assim, pelo tanto de anos que se lembra. Antes de qualquer coisa, sempre teriam aquela verdadeira amizade, e aquela sensação familiar que deveria ser preservada, custe o que custasse.


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