As Prattis escrita por fdar86


Capítulo 18
[Capítulo 17]




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/769245/chapter/18

Luísa estava constrangida com aquele flagrante. Elas estavam sendo tão íntimas, que não cabia à irmã mais velha interrompê-las. Após o conflito interno, decidira seguir o caminho de casa, mas quando virou-se na outra direção, pisara em uma folha seca que estava na grama, e imediatamente fizera um ruído que assustara as duas jovens, e ambas deram um pulo em afastamento.

De costas, Luísa fechara os olhos, envergonhada, e contrariada pela má sorte de não apenas atrapalhar o casal, como ser pega esgueirando-se pelo jardim investigar a vida amorosa das mais novas. Virara para as duas que a encaravam aterrorizada. A expressão de medo que via, especialmente nos olhos de Angelina, a fez sentir uma imensa compaixão pela situação potencialmente caótica em que presenciava. Compreendia o medo delas, e jamais faria nada para prejudica-las. Decidira brincar com as jovens, a fim de acalmá-las e aliviar a tensão do flagrante.

— Ninguém vai dizer "Não é isso que você está vendo”? - disse, rindo.

As duas se entreolharam sem nada entender, diante do confuso brilho que os olhos de Luísa exibiam animados. Como alguém em sã consciência diria pra alguém que não está vendo algo, se a situação está tão óbvia? Elas haviam começado a se beijar quando ouvira o barulho, por Deus. Como negariam uma evidência daquelas?

Após alguns instantes de nervosismos, Jéssica finalmente se levantou da grama, olhando pra Angelina que continuava sentada na grama paralizada. Percebendo que elas ainda não teriam entendido, Luísa riu, e continuou o discurso irônico.

— Poxa, eu esperava mais de vocês. Não vão tentar arranjar desculpas para o que eu vi? Tipo estar tirando um fiozinho de cabelo do rosto da outra, e então: Pah, caiu por cima. - explicou gestualmente, e Jéssica riu, esticando a mão para Angelina, que se deixou conduzir pela namorada, e ambas aproximaram-se de Luísa.

— Não venha me dizer que você já não desconfiava disso. - Provocou, Jéssica, levantando a sobrancelha e Luísa deu uma risada cínica, dando ombros.

— Ela desconfiava? – Perguntou Angelina, pasma. Encarou Luísa de forma fulminante, que soltou um riso abafado assim que ela repetiu a pergunta em sua direção - Você já desconfiava disso?

— O que eu posso dizer? Em minha defesa, eu sou uma pessoa bem observadora. E vocês também dão muito na cara. Somente nossas irmãs tapadas que não vêem.

Angelina deu uma risada de lado, relaxando por fim, diante de um momento inicialmente tão embaraçoso. Era perceptível que Luísa não seria um problema para elas, como sempre imaginara que não seria, já que a jovem sempre fora uma mulher liberal, e livre de pré-julgamentos sociais. Mas ainda assim, a irmã presenciara um momento muito íntimo, e isso a deixara encabulada.

— Agora, eu preciso dar um conselho a vocês. Se vocês não querem ser pegas pela Mônica ou pela Gabriela, acho melhor arranjarem um quarto.

Reativamente, Jéssica jogou o casaco, que estava em seu ombro, em Luísa, que riu novamente, segurando-o em suas mãos.

— Você tem razão, Jés. Há anos eu desconfio que você estava apaixonada pela Angel. Mas há um mês eu comecei a notar que talvez o sentimento não fosse tão platônico assim. Enfim, fico feliz por ver vocês felizes.

Emocionada, Angelina abraçou Luísa, que deu um carinhoso beijo no rosto da irmã mais nova.

— Não deixe ninguém dizer a você pra ser o que não é. Se você a ama, lute por isso. - Sussurrou no ouvido de Angelina , que deixara escapar uma lágrima.

Em seguida, Luísa abraçou Jéssica, e por fim declarou:

— E, graças a vocês, eu terei mais um motivo pra discutir com a Mônica, como se nossa relação já não fosse conflituosa o suficiente.

As duas riram, embora aquela frase expressasse uma realidade futura que era impossível de ignorar. Ambas sabiam que em algum momento aquela bomba iria estourar, e que elas tinham que estar preparadas para enfrentar suas possíveis consequências.


Dias se passaram, e já fazia um mês que Angelina e Jéssica estavam namorando escondido. As duas se tornavam mais íntimas a cada dia, a cada carícia, a cada gesto, a cada encontro às escuras. Passaram a evitar o jardim da casa e encontrar-se dentro de casa, mais especificamente o depósito da cozinha, tudo isso na intenção de preservar o início da relação às possiveis turbulências que certamente enfrentariam se Mônica, e talvez até Gabriela soubessem da real natureza da relação delas atualmente. Apenas Luísa sabia a verdade.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "As Prattis" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.