A arte de se expressar escrita por TMfa


Capítulo 6
6 - Aquele em que a Jirou se atrasa


Notas iniciais do capítulo

Bem, aqui começa um arco NADA A VER com a história, bem, não tão nada a ver, só que não tem foco no romance, eu acho muito fofo a ideia de uma relação de amizade da Jirou com o Shinsou (talvez até um pouco mais que amizade) e acabei incluindo isso aqui sem me tocar que estava fazendo isso. Então, não perde muita coisa se ignorar esse e os próximos três capítulos.



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Kyouka acordou com uma batida em sua porta. Ela se remexeu na cama e pensou que fosse imaginação sua até que ouviu a delicada batida novamente junto com a voz de momo chamando-a.

— Momo? É você? – perguntou a garota sentando-se e esfregando os olhos rapidamente. Se sua melhor amiga estava batendo na sua porta deveria ser importante.

— Desculpe por entrar assim – disse Momo abrindo a porta e pondo o rosto dentro do quarto – Mas eu fique preocupada.

— Preocupada, com o quê? – devolveu Jirou levantando-se da cama desperta pela preocupação. – O que aconteceu?

— É o que eu quero saber. – respondeu Momo agora entrando no quarto, vestida com seu uniforme - Por que você ainda não se arrumou? – ela cruzou os braços percebendo que a amiga ainda estava de pijamas – Vamos nos atrasar!

— O quê? Como? – soltou Jirou atordoada alcançando seu celular – Merda! – exclamou ela após ver as horas. As aulas iriam começar em 10 minutos – Eu não ouvi o despertador! Eu vou me arrumar agora – explicou a garota correndo pelo seu quarto e pegando seu uniforme.

Ele estava debaixo do casaco de Yoarashi, pendurado na porta do armário de Kyouka. Ela jogou o casado da Shiketsu na cama e começou a puxar sua camisa quando percebeu que Momo continuava em seu quarto sem dar muita importância ao fato que sua amiga estava trocando de roupa.

—Momo, pode ir sem mim. Não quero que você se atrase por minha causa! – disfarçou Jirou ainda com as mãos na base de sua camisa.

Ela sabia que Momo não se importava com exposição da pele, dela ou de outras pessoas. Mas não importa quantas vezes ela e as outras garotas já tivessem visto uma as outras sem roupa, Jirou não estava trocando de roupa na frente dela.

— Pare de falar e se apresse! Com sorte você ainda come algo antes da aula – rebateu Momo ficando impaciente.

— Momo! – gemeu Jirou envergonhada e gesticulando em direção ao seu corpo.

— Ah... – Momo compreendeu o motivo da vergonha da amiga – Ok, mas seja rápida.

— Obrigada – agradeceu Jirou puxando sua camisa assim que Momo virou as costas.

— E tome café antes da aula! – comandou Momo virando se para a amiga, Jirou se encolheu e se escondeu atrás de sua camisa – Se quando chegar na sala não estivermos lá, nos encontre no vestiário. – continuou Momo sem dar importância pra o embaraço de Jirou – O treinamento de hoje deve ser tão pesado quanto ontem.

— Sim! Eu vou comer – concordou Jirou – Agora só saia! – murmurou ela irritada.

Momo saiu com um risinho. Ela nunca ia entender por que Jirou tinha tanta vergonha de seu corpo. A heroína da criação apressou o passo e suspirou. Como vice-representante era seu dever ter chamado Jirou mais cedo, agora a garota punk tinha que escolher entre um café da manhã decente e chegar no horário da aula.  Ela devia saber que Kyouka-chan iria perder a hora hoje. Ela estava muito cansada no dia anterior e ainda dormiu tarde por causa do Yoarashi.

A propósito, aquilo era um casaco da Shiketsu que a sua amiga jogou na cama? Não, mesmo que fosse, Jirou teria uma boa explicação para isso. Não é como se Jirou levasse um garoto, que ela mal conhece, para seu quarto tão tarde da noite. Simplesmente não fazia o estilo de sua amiga. E mesmo que Yoarashi tivesse subido para o quarto dela – O que claramente não aconteceu — eles teriam deixado os casacos na entrada, certo?

Eu não tenho tempo para isso. Pensou Yaomomo, ela estava atrasada e estava pensando coisas tolas! O que Iida-kun e Todoroki-kun diriam sobre esse comportamento bobo dela?

—___________________

Jirou estava muito, muito atrasada. Ela tomou uma xícara extra de café por que sabia que o dia ia ser pesado hoje. Mas ela não percebeu que essa xícara extra havia levado tanto tempo. Ela havia passado pela sala de aula e todos já haviam saído, isso era esperado. Ela só percebeu seu grande atraso quando chegou ao vestiário e não havia ninguém lá também. Então ela começou a correr para o campo de treinamento indicado no bilhete de Momo deixado no vestiário.

Hoje eles estariam no Gran Beta. E foi lá que Jirou entrou ofegante. A turma 1 A e B estavam lá, e também 2 A e B e todas as turmas da Shiketsu, incluindo o segundo ano. Os professores estavam falando em uma elevação do campo. Jirou não sabia o quanto tinha perdido.

— Como a Shiketsu tem mais alunos do 2 ano e uma turma inteira extra do primeiro ano, algumas duplas do primeiro ano podem cair contra secundaristas – Continuou Aizawa sensei – Então escolham bem seus companheiros para esse treinamento. Vocês tem cinco minutos para decidir.

Jirou ficou um pouco perdida por alguns segundos, então viu Ashido batendo um high five com o garoto da 1-B que solta escamas, Hiryu. Ela procurou rapidamente por Momo, se tivesse que ter uma dupla, ela esperava que fosse com ela ou Kaminari. Não demorou muito para encontrar sua amiga.

— Momo! – chamou ela acenando quando viu a heroína da criação.

— Kyouka-chan, que bom que chegou. – sorriu Momo se aproximando dela – tomou café, não foi? – perguntou estreitando os olhos.

— Sim, mãe – brincou Jirou revirando os olhos. – Então, treinamento em dupla? – continuou ela pondo a mão na cintura.

— Sim. Eu e Kendo-san estamos ansiosas para saber contra quem ficaremos – confirmou Momo apreensiva e juntando as mãos.

— Kendo-san? – perguntou Jirou decepcionada – Hm, pensei que seriamos uma dupla. – confessou ela esfregando a nuca.

— Ah, não, Kyouka-chan! Não entenda mal – interrompeu Momo agitada – Seria muito bom sermos uma dupla, mas temos que escolher alguém de fora da turma. Você não ouviu Aizawa-sensei?

— Ahn... não tudo, eu cheguei no final... – Suspirou Jirou chateada. – Droga, por que isso? – resmungou ela irritada. Ela não conhecia quase ninguém fora da turma dela, seria horrível ter que ser ela a procurar uma dupla entre desconhecidos.

— Ei, Jirou – ela ouviu uma voz monótona atrás dela.

— Hey, soneca – brincou ela virando-se para Shinsou.

— Eu... Ahn...  – começou ele olhando para baixo e com as mãos para trás – Eu pensei... você é basicamente a única pessoa da 1-A que eu meio que conheço... E a gente não se vê faz um tempo...

— Claro! – concordou Jirou sabendo o que o garoto de cabelos índigo queria dizer. - Ainda bem que você apareceu, comecei a achar que eu teria que fazer par com o Monoma

— Vocês se conhecem? – Sorriu Momo.

— Mais ou menos – afirmou Jirou devolvendo o sorriso – Ei, o que você tem aí atrás? – perguntou Kyouka quando percebeu que Shinsou estava segurando algo nas costas.

— Ah, é – lembrou-se ele puxando uma espada prateada e oferecendo-a para Jirou – Eu pensei, já que a primeira rodada é combate, qualquer ajuda para você seria bom.

— É para mim? – agradeceu Jirou tomando a espada e testando seu peso.

— Sim, eu peguei na mesa de equipamentos – explicou ele apontando o polegar para trás – Acho que é um pouco mais pesada que a sua usual, mas vai servir.

— Com certeza – concordou Jirou manipulando a espada com o punho em uma dança pelo ar. – Obrigada, Hitoshi.

— Como sabia que Kyouka-chan sabia usar espadas? – perguntou Momo

— Está brincando? – devolveu Shinsou com seu monótono habitual – Ela chuta minha bunda com elas toda semana.

— Isso é porque você sempre deixa sua guarda aberta pela direita – rebateu Jirou com um sorriso debochado.

— Ah... – soltou Momo com um sorriso e as sobrancelhas erguidas - Jirou-chan, por que não me disse que vocês eram tão próximos? – questionou ela inclinando a cabeça para o lado.

— Não muito, certo, Hitoshi? – disfarçou Jirou olhando com um sorriso nervoso para o garoto. Ela agradeceu que era Momo, e não Ashido, ela sabia como funcionava aquela cabecinha rosa conspiratória.

— O suficiente – concordou Shinsou inalterado.

— Bem, eu e Kendo vamos conversar sobre nossas estratégias, até mais. – Despediu-se Momo acenando com as mãos.

— Ah! Sim, sobre isso – começou Kyouka preocupada – Por favor, me explica o que vai acontecer. Eu cheguei um pouco atrasada.

— Ainda dá tempo de me arrepender de ser sua dupla, Jack? – brincou Shinsou com um sorriso cansado. Jirou socou seu ombro e desviando o olhar escondendo um riso – Ok, ok. – concordou ele com um meio sorriso esfregando o braço para aliviar a dor - Basicamente vai ser um lance UA vs Shiketsu. Vai ser dividido em duas etapas, combate e resgate.

            Nos dividimos em duplas de diferentes turmas mas da mesma escola. Como a Shiketsu tem mais alunos então eles vão misturar tudo e alguns primeiroanistas podem lutar contra secundaristas. Nada está muito certo, vamos escolher fitas coloridas e amarrar nos punhos, depois vão nos soltar no Grand Beta e teremos que encontrar outros com as mesmas fitas e retirar dos dois. Cada escola tem um par de fitas da mesma cor, e não temos como saber quem da Shiketsu vai escolher a mesma cor que nós. A luta acaba quando a dupla tem as duas fitas do adversário, e enquanto um dos dois tiver a fita, a dupla ainda pode lutar. Depois vem o resgate, que o sensei vai explicar depois do treino de combate.

Jirou soltou um suspiro longo.

— Isso é muita informação.

— Jirou-chan! – Ela ouviu a voz de Midorya – Que bom que chegou antes do treino. Está tudo bem? – perguntou ele preocupado.

— Sim, sim. Eu só perdi a hora, Midorya, desculpe se preocupei você – ela acenou com a cabeça – Então, já tem uma dupla?

— Ah, sim! Minami-san do 2-B concordou em ser minha dupla – declarou Midorya com um sorriso de orelha a orelha

— Um secundarista? – perguntaram Jirou e Shinsou surpresos

— Sim. As habilidades dele de desaparecer quando quer são muito úteis para evitar roubar a fita. Então, mesmo que eu perca a minha ainda poderei continuar lutando – Midorya começou a murmurar inconscientemente – Da mesma forma, ele é muito ágil e forte, tornando o resgate mais simples, já que, mesmo que ele só possa levar uma pessoa por vez, a velocidade dele compensa a pouca...

— A gente entendeu, Midorya – afirmou Jirou tensionando os ombros – Bem, a gente vai... ahn, ali – continuou ela empurrando Shinsou para o lado, querendo fugir das paranoias do Midorya.

— Ahn? Ok! Até mais – Despediu-se Midorya indo para o outro lado.

— Você tinha me dito que ele ficava esquisito, mas eu não acreditei – Comentou shinsou andando ao lado de Jirou

— Você devia ter manter sua fé em mim, soneca – Declarou Jirou fingindo solenidade.

— Vou manter isso em mente – devolveu Shinsou com um sorriso sarcástico.

— Dirijam-se ao lado de fora do Grand Beta – soou a voz de Present Mic nos autofalantes – UA pelo portão frontal, Shiketsu pelo portão oposto. Vocês vão encontrar uma mesa com as fitas! Escolham seus pares, amarrem no pulso e preparem-se! YEEEEAAAH.

— Vamos lá! Só um atraso por dia é o suficiente – Brincou Jirou correndo para fora dos portões.

Shinsou não correu atrás dela, apenas seguiu com os demais. Quando chegou à mesa com as dezenas de fitas de diversas cores e tamanhos ele percebeu que Jirou estava testando várias delas, esfregando-as perto do lóbulo da orelha.

— O que você está faz....?

— Shh! – chiou ela e continuou o que estava fazendo.

Ela deixou a fita que estava na sua mão e trocou por outra, uma purpura profunda com um tecido mais grosso. Shinsou ergueu uma sobrancelha e cruzou os braços.

— Ali, rápido, pega aquela pra mim – ordenou Jirou apontando para uma fita específica perto de outros da UA.

— Qual? Seja mais específica – resmungou Shinsou tentando entender isso.

— A roxa com listras vermelhas!

Ele obedeceu contrariado e entregou a fita para Jirou.

— Pode me dizer para quê tudo isso? – indagou ele irritado.

— Só um minuto – Então Jirou esfregou a fita com dedos perto de seu lóbulo e sorriu – Perfeita! Aqui, ponha a sua – Ela entregou a fita a Shinsou.

— Se importa em explicar?

— As cores tem frequências de som, se eu me focar bem, eu posso ouvi-las. – Começou ela amarrando em seu pulso e puxando um lado com os dentes para apertar melhor – Desculpe não explicar antes, mas tinha que garantir que pegaríamos a melhor fita antes dos outros.

— Ok, ainda não entendi.

— Você disse que não sabemos quem da Shiketsu vai escolher a mesma fita que nós, certo? – perguntou ela, Shinsou assentiu – Então eu pensei que seria melhor se nós os encontrássemos primeiro, assim podemos dar o primeiro ataque e nos preparar melhor.

— Bem, isso seria ótimo. Mas como você pretende encontra-los pelas fitas? – questionou ele erguendo o pulso e apontando para sua fita – Você é médio ou algo assim?

— Eu te disse. – afirmou ela incisiva – As cores tem som.

— Isso é uma coisa da sua peculiaridade ou isso é verdade? – disse ele desconfiado

— É verdade – Jirou revirou os olhos – Cores não são mais do que frequências da luz. Nossos olhos só captam uma determinada faixa de frequência, os nossos ouvidos são mais sensíveis e os meus... bem, mais sensíveis ainda. Eu só preciso me focar MUITO e posso achar a frequência de uma cor específica. O problema é a distância. Quanto mais longe mais difícil, por isso quis escolher essa faixa. Violeta e Vermelho são as cores que abrangem mais notas. Então, ao invés de me esforçar demais para filtrar uma única nota, eu posso me concentrar em qualquer nota entre o Ré e o Sol sustenido.

— Isso é... incrível – comentou Shinsou impressionado.

— Obrigada – Jirou corou.

Os dois ouviram uma buzina como um trompete. Em seguida ouviram a voz do Present Mic gritando “Staaaaart”.


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Notas finais do capítulo

Mas, honestamente? Eu viajei muito na maionese aqui com umas teorias que eu adoro (Motivo alias de a Jirou ser minha preferida, eu amo essas coisas relacionadas a frequências e cores).
Curiosidade aleatória: O xamanismo da tribo Yanomami se constitui principalmente de cânticos de proteção onde o Xamã "pinta" uma imagem para os espíritos com os diferentes tons de sua voz. O que faz muito sentido se você pensar que sons e cores tem frequências, a diferença é o valor dessa frequencia, onde o ouvido e os olhos tem diferentes faixas de captação.



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