Senhorita Hooper? – a voz do gerente do clube tirou Molly de seu devaneio.

Sim? – ela sorriu.

Desculpe, mas ouve um problema na sua reserva – ele disse – se incomoda em dividir a mesa com outra pessoa?

Não, tudo bem – a ruiva o acompanhou.

Molly havia acabado de chegar em Paris para suas tão merecidas férias. Estava decidida a se divertir e não pensar em Sherlock e naquela nada boa despedida. Ele nem conseguiu deduzir que ela estava prestes a ir embora e ela comemorou por conseguir esconder dele. Deixar Rose foi a parte mais dolorosa, mas ela sabia que Mary estaria torcendo por ela. Enquanto caminhava pelo restaurante do clube recebia olhares curiosos. Usava uma blusa branca com pequenos laços pretos, saia de cintura alta e salto alto preto enquanto seus longos cabelos ruivos estavam lisos.

Senhor – o gerente disse ao homem que estava sentado na mesa – com licença senhorita Hooper essa é sua mesa.

Obrigada – Molly disse e o homem que estava na mesa levantou-se e sorriu.

Boa noite senhorita? – ele era muito bonito.

Molly Hooper – ela disse e os dois apertaram as mãos – e o seu nome é?

Sebastian Moran – ele disse – sente-se por favor.

Obrigada – ela sentou – então Sr. Moran o que me sugere comer?

Por favor apenas Sebastian – ele deu um sorriso galanteador – a carne de cordeiro é a melhor da cidade.

Então será isso – ela pediu ao garçom que serviu vinho aos dois – adoro esse vinho – ela deu um gole.

Com o que trabalha Molly? – Sebastian estava interessado.

Sou legista em um hospital em Londres – a ruiva o olhou nos olhos ele tinha algo diferente – e você?

Digamos que sou um homem de negócios – ele respondeu então ouviram gargalhadas vindo do salão de jogos do clube – gosta de jogar?

Eu não sou muito boa na verdade – a legista sorriu.

Então será que eu posso ensiná-la? – o olhar do Moran era um tanto sedutor e Molly por um momento esqueceu de sua dor.

Bom eu tirei férias para me divertir então me ensine – ela disse animada.

Os dois estavam na mesa de jogos e Sebastian ajudou Molly a entender o jogo. Eles estavam fazendo uma dupla e tanto já que estavam jogando muito bem e ganhando todas. Molly estava rindo muito e se divertindo como nunca, esqueceu dos problemas que a levaram até ali e estava amando jogar ao lado de Sebastian. Depois de serem a mesa vencedora o clube bateu uma foto deles com mais algumas pessoas que eram da equipe.

E então? – Sebastian disse enquanto caminhava ao lado da legista pelas ruas de Paris.

Eu nunca me diverti tanto! – Molly estava animada e um pouco alta devido ao álcool.

Estou contente por ter te divertido – ele disse e destravou o alarme do carro – posso leva-la até seu Hotel?

Claro – Molly entrou no carro e se ajeitou no banco – você sabe se divertir Moran.

Sei – ele se virou para ela a encarando – você é mais bonita do que eu imaginei.

Ah? – Molly sentiu a mão quente dele sobre a sua nuca a puxando para perto de si.

Os lábios dos dois se tocaram e Sebastian sentiu o quão frios eram os lábios dela. Ele pensou se Jim já havia os beijado e provado do quão deliciosos eles eram, mas antes de conseguir passagem com a língua Molly se afastou o empurrando.

Desculpe – a ruiva tocou os lábios – eu não posso fazer isso.

Porque você tem alguém não é? – Sebastian sorriu de canto.

Quero que o Sherlock se exploda – ela disse entre dentes – aquele imbecil.

Sherlock Holmes é? – o Moran deu partida no carro – você vai ser mais útil do que eu podia imaginar.

Útil? – Molly sentiu sua vista ficar turva e seu corpo mole – o que está acontecendo? – sua voz saiu pesada.

Quando beijei você sua boca entrou em contato com a substância que a deixa sonolenta e sem forças, um ótimo hidratante para os lábios – Sebastian riu alto – você será a causa da queda dele.

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John havia passado por uma cirurgia para retirada da bala e controle da hemorragia. Jane ainda andava de um lado para o outro esperando a autorização do médico para entrar no quarto dele. Mycroft estava sentado na cadeira no corredor encarando a prima, ele entendia tudo o que ela estava sentindo ou melhor, tentava entender.

Pode por favor se sentar? – ele disse já impaciente.

Desculpe – Jane suspirou e sentou ao lado dele – eu não consigo me acalmar.

Deveria conseguir – Mycroft pegou o telefone – parece que a Senhorita Hooper e Sherlock acabaram de chegar aqui.

Jane olhou em volta e viu Sherlock chegando enquanto Molly estava deitada na maca e médicos a socorriam. A expressão do detetive era preocupada e ele estava machucado e sangrando. Ele tentou a acompanhar mas os médicos o mandaram esperar no corredor.

Sherlock – Jane chamou e ele pareceu sair de um devaneio – você está bem?

Sim – ele disse se aproximando e Jane o abraçou – como está o John?

A cirurgia foi bem, mas os médicos ainda estão observando – Mycroft disse – e a senhorita Hooper?

Desmaiou depois de atirar em Sebastian – Sherlock sentou ao lado do irmão.

Ele está morto? – a loira arregalou os olhos surpresa.

Não – Mycroft disse olhando no celular – está num hospital de segurança e depois vai ser transferido para o presídio de segurança máxima.

Então acabou – Jane sorriu minimamente.

Pode ter acabado, mas ainda temos um logo caminho para consertar todo o estrago que ele fez – Sherlock disse e se apoiou nos próprios joelhos.

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Molly abriu os olhos lentamente enquanto se acostumava com a claridade do local. Estava deitada em uma cama num quarto de hospital. No outro canto no quarto viu uma figura conhecida lendo um jornal. Ela se mexeu e estava com um pouco de dor de cabeça, isso atraiu a atenção do detetive que largou o jornal e foi até ela.

Molly – Sherlock segurou a mão dela.

Sherlock – ela sorriu – você está bem?

Graças a você eu estou – ele deu um belo sorriso a ela.

Eu me lembro de tudo agora – a legista fechou os olhos – recuperei todas as minhas memórias, sou eu de novo.

Estou feliz – o Holmes se inclinou e beijou a mão dela – sobre o que eu disse.

Eu sei que era verdade – ela sorriu – eu só disse que era delírio seu para deixar Sebastian vulnerável.

Então sabe que tudo o que eu disse é verdade – ele analisou por um minuto fascinado e impressionado – como consegue mentir tão bem?

Não me pergunte isso – ela riu e suspirou – então o que faremos agora?

Sherlock encarou a mulher a sua frente e muitas ideias se passaram pela sua cabeça, de como seguir dali para frente sendo que havia confessado o que sentia mesmo que por um lado fosse realmente para distrair Sebastian ainda sim tudo era real. Ele a amava e nunca mais a deixaria ir embora.

Me perdoe por tudo o que te fiz passar – ele disse com culpa na voz.

Eu já te perdoei – Molly o puxou pela mão o fazendo sentar ao lado da cama – e eu também sei que estar com o maior detetive consultor é uma tarefa difícil, mas eu sou bem qualificada.

Você é a única qualificada para estar ao meu lado – Sherlock acariciou o rosto dela – proponho uma troca justa.

Troca justa? – Molly arqueou uma sobrancelha.

Você se compromete comigo e eu com você – Sherlock estava preparado para dar um novo passo – como uma troca equivalente, você me dá parte da sua vida e eu lhe dou parte da minha uma troca de igual valor que será boa para ambos e de comum acordo sendo uma via de mão dupla – ele a olhou intensamente com seus orbes azuis – muito mais do que sacrificar algo para ter algo em troca, creio que relacionamentos são assim, dar e receber e muitas vezes abrir mão das coisas e negociar.

Sherlock – Molly sorriu imensamente – isso é incrível é claro que eu aceito.

Ótimo – ele se inclinou um pouco mais – agora se me permite eu preciso beijá-la.

Molly fechou os olhos esperando o toque dos lábios dele, mas ouviram alguém abrir a porta e no mesmo instante Sherlock se afastou e ficou de pé ao lado da cama da legista.

Desculpe a intromissão – Mycroft disse com um sorriso travesso no rosto – vejo que está melhor e já com toda a memória recuperada Srta. Hooper.

Melhor não estar aqui para fazer o que eu acho que está para fazer – Sherlock foi ríspido com o irmão.

Sherlock – Molly o repreendeu e encarou Mycroft – sim eu estou melhor em que posso ajudar?

Precisamos do seu depoimento – ele foi direto – o mais rápido possível.

Ela não está totalmente recuperada – Sherlock se aproximou do irmão – quando ela quiser falar ela dirá.

Então você já responde por ela caro irmão? – Mycroft arqueou uma sobrancelha.

Mycroft você – Sherlock foi interrompido.

Tudo bem – Molly suspirou e estava com uma expressão triste – quando mais cedo fizer mais rápido essa tortura vai acabar.

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John já estava acordado e Jane estava ao lado dele no quarto, ele estava feliz por saber que não deixaria Rose sozinha e sim que ainda viveria muito para ver a filha crescer. Jane estava chorando e o abraçou com força, ele também estava feliz e sentiu uma sensação boa com aquele gesto. Não demorou muito para um Sherlock mal humorado entrar no quarto dele no hospital.

Vocês podem acreditar no Mycroft? – ele encarou John – estou feliz por estar vivo caro amigo.

Obrigada – o Watson respondeu – e eu estou feliz por Molly ter voltado ao normal.

O que o Mycroft fez? – Jane estava interessada.

Ele está interrogando Molly neste exato momento – Sherlock balançou a cabeça – ela não está em condições.

Isso é decisão dela primo – a loira disse – vai ver ela só quer acabar logo com isso para não ter que lembrar mais de tudo o que passou.

Não leia o relatório – John disse e encarou o detetive.

Por que eu não deveria ler? – Sherlock disse firme – eu tenho esse direito.

Não sabemos o que ele fez com ela bem – John abaixou o olhar – podem ter sido coisas dolorosas e se ela não te deixou na sala é porque não quer que você saiba.

Sherlock parou por um minuto e pensou nas palavras de John. Ele tinha razão o que era um ato único porque ele sempre era o mais alienado na sala. Ela não queria ele por perto porque já era doloroso ela lembrar e ele sabia que se culparia ainda mais.