Destino Incerto escrita por ShisuiONagato


Capítulo 7
Baile de Primavera - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde galerinhaaaa :) Mais um capítulo novinho saindo do forno! Espero que gostem!

Por favor, se puderem deixar seu feedback eu ficaria grato! Sei que é chato ficar pedindo mas só assim para saber se estão gostando ou não :(

E agora a história vai entrar no seu clímax, então aguardem os próximos capítulos que estou tentando postar toda semana :)

Sem mais delongas, boa leitura a todos ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/769003/chapter/7

 Droga, eu não tinha terno! Nunca havia me preocupado tanto em me vestir bem para os bailes de primavera — o máximo que fazia era colocar uma camiseta social e um sapato preto mal engraxado. Mas dessa vez era diferente, eu não ia com Sabrina como todos os outros anos, Jungkook era meu convidado e queria causar uma boa impressão. Na verdade, eu que fui convidado por ele, mas isso não vem ao caso.

— Porque não usa esse smoking azul mesmo, meu querido? — mamãe insiste inúmeras vezes.

— Fala sério mãe! Isso aí era moda só nos anos oitenta. Vou ser motivo de fofocas durante um mês se usar um treco desses. — brinco.

— Esse “treco” era do seu avô, mas eu entendo... — ela realmente fica decepcionada com meu comentário estúpido.

— Me desculpe, eu realmente não sabia disso.

— O que vai fazer agora? Seu amigo chega em menos de quinze minutos, meu filho.

— O que? Quinze minutos? Como o tempo passou tão rápido? Ainda preciso passar perfume, arrumar meu cabelo, escovar os dentes, tiras umas selfies... E o pior de tudo isso é que... Eu não tenho o que vestir! — desespero-me.

No fim das contas, teve que ser aquele mesmo. Parecia que eu estava envolvido por camadas bem grossas de algodão doce azul em um tom mais suave, mas até que se encaixou bem em meu corpo — que era bem magro e esbelto. A calça era da mesma cor, e haviam pequenas listas horizontais esbranquiçadas para complementar. Minha mãe puxa do bolso de seu avental amarelo de cozinha uma pequena rosa, tão vermelha quanto um tomate bem maduro, e a prende no meu peito enquanto sorria espontaneamente olhando para mim. 

— Agora sim, isso deu um charme a mais. Você está lindo, meu querido. — percebo uma pequena gotícula de água sair de seus lindos olhos castanhos, o que me preocupa.

— O que foi mãe? Por que está chorando? — questiono enquanto a abraço.

— Você só me lembrou alguém, não se preocupe.

Tinha certeza que essa pessoa que ela estava pensando, era meu pai. Apesar de não lembrar muito bem dele, ela sempre dizia que conforme eu crescia, as semelhanças entre nós dois iam aumentando notavelmente. Não sei se isso era algo para se orgulhar, mas no fundo queria realmente saber onde ele se encontrava depois de tanto tempo.

Por fim, aumento a intensidade do abraço, para tentar transmitir a ela que tudo ficaria bem. 

— A regra é abraçar se você chorar. — com certeza ela havia entendido o recado. Tínhamos visto um drama coreano chamado “Are You Human Too”, e essa frase era uma das mais marcantes, então sabia que ela se sentiria melhor.

“Ding Dong”.

Somos interrompidos do momento de família quando a campainha toca. Abro um sorriso bobo no rosto já imaginando como ele estaria me esperando do outro lado da porta.

Mas nem em sonhos eu poderia imaginar como ele estava perfeito — no bom sentido, éramos só amigos. Aquele smoking preto com a grava borboleta vermelha lhe vestiu tão bem. O cabelo estava jogado para o lado e ele segurava um pequeno embrulho na mão esquerda, quase o escondendo atrás de si.

— Nossa! Você com certeza arrasaria o coração das novinhas JK. — brinco, estapeando-o no ombro.

Ele mantinha-se calado. Estende suas mãos de repente, me entregando o presente. A caixinha era azul-marinho e estava cercada por uma fita esverdeada formando um laço na parte de cima.

— Um presente? Não precisa, é muita gentileza sua, cavalheiro. — torno a brincar.

— É apenas simbólico, não ligue muito para isso. — o moreno sorri meio desajeitado enquanto suas bochechas começam a corar lentamente.

Abro-a devagar, desfazendo o laço. Puxo a tampa e retiro os papéis amassados e cor vermelha que cercavam o objeto. Quando finalmente o vejo abro um sorriso bobo no rosto.

— Uma pulseira de couro? Caramba Jungkook, sempre quis uma. — o objeto era feito à mão, todo trabalhado nos detalhes em pequenas tranças continuas, e tinha uma cor preta bem marcada com duas voltas para encaixar no punho.

— São pulseiras de amizade. Veja, também estou usando uma igual. — ele levanta o braço direito e desce um pouco as mangas no traje fino que vestia, eram realmente iguais, a não ser a cor que eram de tons diferentes. Continuo sorrindo e ele torna o ato para mim.

— Vamos? Se esperarmos mais vamos nos atrasar. — digo finalmente.

— Bruno, espere. — minha mãe me para antes de colocar os pés para fora de casa. — Venha cá um pouco, é rápido.

Sigo-a até seu quarto que ficava ao lado banheiro. Ela abre uma das gavetas de sua enorme cômoda que segurava uma televisão no centro. Era toda trabalhada em ramificações de madeira parda e tinha um visual rústico. De lá, ela puxa um pequeno envelope de papel camurça dourado, era onde nós guardávamos nossas economias para seus remédios, que não eram nada baratos por sinal. Por fim, retira um pouco das notas que estavam dobradas lá dentro.

— Antes de irem ao baile vocês devem sair para comer alguma coisa.

— Mãe, esse dinheiro é para seus medicamentos. Não podemos usá-los assim. A gente se vira, não se preocupe, podemos comer uns hambúrgueres ou algumas batatas fritas no caminho.

— Querido, meus medicamentos vão continuar me esperando, e novos surgem a cada dia. Seu amigo só tem uma chance de ir a um evento como esses, faça-o especial, por mim.

— Mamãe, eu realmente não posso, esse dinheiro...

— Vamos conseguir mais querido, não é como se estivéssemos tirando muito dessas economias. Lembre-se, é melhor se arrepender de fazer algo do que de não tomar atitude e depois ficar se lamentando. — me interrompe e continua insistindo.

— Eu não sei como agradecer por isso, mãe.

— Apenas se divirta! Viva sua juventude enquanto pode. — ela diz me abraçando novamente. Consigo sentir toda energia positiva transmitida dela passando aos poucos para mim. Ela era a pessoa mais importe na minha vida.   

Finalmente conseguimos descer as escadas e pisar na calçada. Jungkook estava radiante — e o pôr-do-sol refletido em seu rosto — iluminava seus cabelos morenos e seus olhos castanhos, deixando-os ainda mais perfeitos com os feixes de tons distintos se misturando com as cores naturais, e mantinha um olhar profundo voltado para mim. As mexas castanhas chegavam a ficar levemente douradas com a luz.

 De repente, uma buzina alta nos assusta, quebrando o momento em que nos encontrávamos encarando um ao outro. Era o Sr. Mouro, pai de Sabrina.

— Cuide bem do carro, hein Bruno! — ele diz assim que sai de dentro do automóvel que estaciona em frente de casa.

— Como assim senhor? — fico confuso.

— Sua mãe não te disse? Ela me pediu para que deixasse ir de carro até lá. É um presente nosso para você. Traga minha filha quando vierem embora como pagamento, não confiei muito naquele rapaz que a levou.

— Mamãe... Isso é sério? — viro-me para perguntar se essa verdade, ela se encontrava encostada na porta sorrindo para mim.

Estava tudo perfeito, iria leva-lo para comer um jantar digno antes do baile e sem termos que andar a pé. Queria poder fazer essas mesmas coisas com Sabrina ao meu lado, mas não como simples amigos, como um casal de verdade. Por enquanto isso só era possível nos meus mais profundos sonhos.

— Até logo mãe, senhor Mouro. Obrigado por tudo. — nos despedimos dos dois antes de partimos dali. O pai da ruiva sempre frequentava nossa casa, ajudando minha mãe sempre que ela precisava, principalmente quando eu não me encontrava em casa. Era um bom homem e pai da garota que eu gostava. Sempre ficava nos imaginando como uma família.

— X —

— Por que parou o carro aqui? Não é o colégio. — pergunta o moreno quando estaciono o veículo em frente a um restaurante, onde minha mãe costumava me levar antigamente, antes da sua saúde piorar.

— Vamos, não podemos curtir de barriga vazia. — digo enquanto abro a porta daquele Fiat Uno para que ele descesse.

Subimos um morrinho de grama cercados por flores roxas e umas pedrinhas brancas para decorar, até chegarmos na entrada do estabelecimento.

— Bruno, aqui deve ser muito caro. Eu não ligo pra essas coisas. — diz tentando me impedir de entrar.

— É o mínimo que eu posso fazer por você! Hoje é por minha conta. — sorrio.

Mesmo com receio, o moreno e eu sentamos em uma mesa afastada — como sempre fazíamos de costume. Ela era de vidro com o tronco banhado a ouro, por cima uma toalha branca de um tecido que nem mesmo sabia o nome de tão refinado, e no centro um vaso com ramos de flores distintas e tamanhos variados, posicionados em cima de uma luz fluorescente que saia da parte de baixo.

Após olhar o cardápio, chamo o garçom que estava próximo de nós, que logo pega sua prancheta e a acomoda contra o peitoral, para equilibrá-la enquanto escrevia o pedido.

— Por favor, dois pratos do jantar especial. — profiro.

— E para beber senhores. — me senti um pouco velho quando ele se redigiu a mim daquele modo, mas tudo bem.

— Um champanhe sem álcool, por obséquio. — tentei ser o mais educado o possível, vai que eu ganhava um desconto no final.

O funcionário se retira após descrevermos o que pedimos. Jungkook ainda mantinha sua expressão de preocupado no rosto.

— Ei, já disse que tá tudo bem, eu posso pagar. — solto as palavras enquanto aconchego minha mão sobre a sua que até então tremia.

— Você é o melhor amigo que alguém poderia ter. Na coreia não tenho tantos.

— Certeza? — lembro-me de algo quase que instantaneamente. — E a sua banda? Quando ia me contar que era famoso em seu país?

Logo surge uma expressão de espanto, seguida por um murmuro e uma longa puxada de ar para encher completamente o peito.

— Aonde viu sobre isso? — rebate.

— Esqueceu que eu trabalho em uma banca cheia de revistas? Lá geralmente se tem notícia de famosos no mundo todo. — franzo o cenho.

— Me desculpe... Realmente sinto muito de não ter dito nada. — outro suspiro baixo. — Esse foi o verdadeiro motivo de eu ter vindo ao Brasil. Estava sobrecarregado demais com todos aqueles fãs me cercando fora e dentro de casa, eu e meus amigos de banda vivíamos discutindo porque já estávamos em nosso limite. Resolvemos então dar um tempo, e cada um foi para um lado.

— Caramba, não sabia que você era tão famoso assim. — fico com a boca entreaberta.

— Na verdade eu não era. Mas tudo mudou quando uma empresa de música pop coreana nos fez uma oferta para montarmos um grupo. Então o povo ficou sabendo e nossa reputação aumentou da água para o vinho.

— Entendi... Então vocês três iam entrar para essa suporta empresa e mudar o estilo musical, não é? — prossigo perguntando.

— Não só nós três... O grupo também iria contar com a presença do meu meio irmão, Kim Namjoon e minha ex-namorada, V.

— Você tem um irmão? E como assim uma ex-namorada chamada V? — continuo perguntando.

— Sim, tenho um irmão mais velho, ele é o típico filho certinho que não erra em nada e sempre tenta corrigir meus erros, mas nós nos amamos muito e ele é uma ótima pessoa. Agora, sobre minha ex-namorada é um assunto mais complicado de se falar.

— Estou a todo ouvidos.

— Bem... Digamos que eu namorava essa garota, e ela gostava se ser chamada de V, era seu apelido. Adorava de andar de skate e vivia se machucando pelas quedas. Até que um dia ela terminou comido porque disse que gostava de outra coisa...

— Que outra coisa? — pergunto.

— Aquela coisa, Bruno! — ele esbugalha os olhos, dando a entender que eu sabia sobre o assunto.

— Eu não sei do que se trata, juro!

— Vagina, Bruno! Pepeka! Ela virou um homem! — ele grita, e faz todos voltarem seu olhar para ele, que cora no mesmo instante.

— Ahhhhhh! Essa é a tal “coisa”. Me desculpe por isso, mas de qualquer modo que azar, não? Pelo menos ela foi sincera contigo de que não curtia sua fruta.

— Cala a boca, babaca. — rebate.

— Você precisa passar menos tempo com a Sabrina. Antes não sabia nem pedir uma caneta emprestada, agora até palavrão fala em português. — brinco para descontrair os olhares curiosos ao nosso redor.

Somos interrompidos — de nossa leve conversa um tanto quanto estranha — quando os pratos finalmente são postos a mesa. Tudo parecia estar delicioso, desde os pedaços suculentos de picanha, até o purê de batata roxa.

— Sirva-se meu querido coreaninho. — ele mantinha-se com a cara fechada de constrangimento e ao mesmo tempo de julgamento contra mim.

O moreno adorava a comida brasileira, e era a sua primeira vez comendo uma mais refinada desse tipo. Era tão desajeitado que nem se lembra de limpar o canto da boca que ficara sujo com um do molho da carne.

Sem pensar duas vezes, levo minha mão até o canto de seus lábios, ajudando-o a limpar. Ele se assusta e nesse momento também volto a mim. Jungkook mexia comigo de uma maneira que as vezes eu agia instantaneamente, sem sequer pensar em nada.

— Vamos brindar. — ergo minha taça de champanhe. — A nossa amizade!

Ele sorri e seus olhos brilhavam intensamente em minha direção. Mesmo relutante, meu coração palpitava acelerado como daquela vez, e aos poucos ia aumentando mais e mais os batimentos. Segurava um dos punhos fortemente para me controlar.

— A nossa amizade! — por fim ele faz o mesmo e nossas taças se chocam emitindo aquele som agudo de dois vidros em contato.

Aquela noite mal havia começado, mas eu já não queria que terminasse.

— X —

Quase não acho lugar para estacionar, nunca vi aquela rua tão lotada, nem mesmo nos anos passados. O portão principal estava cercado por flores brancas penduradas em arco e o zelador estava conferindo a lista de alunos para evitar tumultos no meio da festa.

— Boa noite senhor Gabriel! — Jungkook o adorava e eles conversavam todos os dias por bastante tempo durante os intervalos das aulas.

— Olá Jusgook. — ele realmente não sabia pronunciar seu nome, mas o moreno nem se importava, no começo ele também teve dificuldades em alguns nomes brasileiros afinal. — Sejam bem-vindos e bom baile! — sua voz era rouca, porém simpática, e ele sempre mantinha seus cabelos com gel penteados para trás, dessa vez não foi diferente.

Andamos por todo o corredor do andar de cima — que já estava todo decorado com pequenas estrelas feitas de papel crepom e deixando aquelas paredes sem graça, um pouco mais vivas — até finalmente chegarmos na frente do salão de festas do colégio. Também continha um arco de flores contornando a porta de vidro fosco, mas dessa vez eram vermelhas. Assim que colocamos o pé para dentro, vejo que os olhos de Kook dilatam olhando para todos os lados. Eu já estava familiarizado com aquelas decorações exageradas e com os jovens apaixonados dançando aquela música lenta de filme clichê. Mas era tudo uma novidade para ele. Tudo foi avaliado pelos olhos castanhos do garoto — que nesse momento estavam iluminados com os canhões de luzes em movimento do ambiente, que dançavam conforme a música pop dos anos 2000 ia tocando — desde as cortinas brancas penduradas no teto, indo de um lado para o outro e também enroladas por todos os pilares que sustentavam a construção, até pequenas árvores artificiais colocadas por todos os cantos tentando dar uma impressão de algo mais sofisticado. Haviam também vários puffs quadrados na cor dourada — para dar contraste com todo aquele branco — e claro o tão famoso globo de festa, posicionado no centro do salão.  

— Uau! — o moreno fica sem palavras para expressar o que sentia no momento.

— Achei legalzinho até. — não queria demonstrar muita surpresa, senão aquele seria o único papo durante toda a noite. Jungkook tinha  uma mania de gostar de conversar sobre coisas aleatórias.

— Me espere aqui, vou pegar um pouco de ponche para nós. — digo enquanto o outro senta em um dos puffs encostados perto da parede.

Vou até a mesa de aperitivos que já estava praticamente vazia, com os salames cortados em rodelas, espalhados por toda a parte, e alguns cubinhos de queijo deixados de lado. O lugar estava lotado — mesmo que a festa só tivesse começado a uma hora atrás — então não era de se estranhar que os alunos tinham dado um fim nos petiscos que antes se encontravam aos montes naquela mesa extensa. Pego dois copos vermelhos — no estilo daqueles filmes americanos de adolescentes — e os encho com aquela bebida vermelha a base de vinho, champanhe e guaraná.

— Beba. — digo sorrindo ao voltar para perto do moreno.

Ficamos um tempo ali parados, apenas observando o movimento daqueles adolescentes se mexendo ao som da música ambiente. Uns já estavam bêbados, e os que não estavam se encontravam cuidando dos amigos que exageraram no álcool. O dj não era ruim, os sons eram bons e agradáveis aos ouvidos, nada muito exagerado como as festas do Tales, por exemplo.

— Vamos dançar? — pergunta Jungkook, já se levantando e puxando meus braços em súbito.

— Sem chance, eu não sei dançar.

— Para de ser mole, é só me acompanhar... Eu ia debutar em um grupo de K-pop então o mínimo que eu pude fazer é aprender algumas danças.

— Tenho que fazer isso mesmo? Não tem escapatória? — murmuro suspirando fundo.

— Você disse que era pra eu me divertir, então me ajude com isso. — sorri serrando os olhos. Como eu poderia dizer não a uma coisa fofa como aquela? Coreanos e sua maldita mania de serem fofinhos.

Ele me leva até o centro do salão, onde não haviam tantas pessoas. Sinto-me corar de vergonha, antes mesmo de começar a dançar.

— Essa música... Acho que os passos de Don’t Recall do KARD vão servir. — ele abre um sorriso imenso no rosto.  

— Misericórdia Jungkook... — franzo o cenho de preocupação.

O moreno começa a se posicionar e logo inicia os movimentos. Parecia que ele já fazia aquilo a anos, os passos iam fluindo naturalmente pelo seu corpo — mesmo que eu nunca tivesse visto a tal coreografia em questão. Tudo que consigo fazer é apreciar seus movimentos e expressões que fazia durante a música.

— Ei, o que tá olhando? — ele para de repente. — É pra você me acompanhar!

— Acho que não consigo, melhor continuar sozinho.

— Nada disso, venha aqui! — Jungkook me puxa com força para perto dele, fazendo nossos corpos colarem um no outro. Nesse momento meu coração acelera e ele continua a me encarrar sem parar. Nem percebo quando a música é trocada para uma mais lenta. Era The Night We Met de Lord Huron. Sim aquela mesmo que o Clay dança com Hannah na tão famigerada série 13 Reasons Why.

— Que pena né, agora é algo lento. — digo o empurrando para longe de mim. — Acho que sua coreografia não iria se encaixar nesse ritmo.

— Então vamos acompanhar essa música...

— Claro, vamos! Espera aí... O que? — mal consigo questionar. O moreno encaixa seus braços por trás de mim, posicionando novamente seu corpo colado ao meu. Fico imóvel como uma estátua, sem conseguir mover um músculo sequer. Ele aproxima seu olhar e fixa com os meus olhos. Aqueles tons de castanho me prendiam completamente, mesmo contra minha vontade.

Por que meu coração batia tão forte assim por um garoto que entrara a tão pouco tempo na minha vida?

— Jungkook, isso é estranho, melhor pararmos. — mesmo querendo sair, meu corpo seu movia em contrapartida ao seu. Girávamos lentamente em um ponto fixo enquanto nos encaravamos.

— Calma, a música já está acabando. — ele diz sussurrando em meu ouvido, fazendo até meu último fio de cabelo se arrepiar.

Quando nesse exato momento, todos os olhares são voltados para a porta de vidro da entrada. Todos murmuravam coisas nos ouvidos dos outros, e como sempre,  não sabia o que estava acontecendo.

“Ela está linda”, eles diziam. Meu coração para de bater por um segundo quando eu consigo ver a garota por trás daquele lindo vestido vermelho. Seus cabelos ruivos desciam em ondas nos decotes feito a mão daquele traje, e eram iluminados pelas luzes que já se voltavam todas para ela, deixando-os com os fios ainda mais dourados como se estivessem refletidos pela luz do sol da manhã.

Sabrina, você acabou comigo entrando tão de repente daquele jeito...

Ela sorri ao nos ver. O garoto vinha atrás dela, mas não conseguia vê-lo de tão longe. Perto dela, ele parecia uma formiguinha indefesa.

— Olá rapazes. — ela diz ainda com o sorriso angelical no rosto em meio a bochecha corada depois de chamar a atenção de todos no salão. — Nossa, todos estão olhando para mim.

— Também, olha como você está linda! — exclama o moreno.

— Fala pessoal! Achei que vocês não viriam. — Finalmente consigo ver quem era o par dela. Jimin.

Não consigo acreditar que aquele garoto conseguia me deixar mais irritado do que qualquer um. Primeiro fica de graça com Jk, agora convida a minha Sabrina pro baile? Que macumba eu teria que fazer para que ele evaporasse?

— Jimin! Faz tempo que você não aparece lá na mesa. — diz Jungkook.

— Ah, não se preocupem com isso, agora eu posso voltar a frequentar nossa mesa! Estava ajudando um aluno novato nos estudos, por isso mal tinha tempo de parar para comer.

Cof, cof... Engasgo com a taça de vinho que eu pego de um garçom que passava por perto. Bem que podia ficar sem aparecer por mais tempo.

— Você deveria procurar mais pessoas pra ajudar Jimin, assim fica mais tempo longe da gente. — murmuro dando um sorriso sínico.

— Brincalhão como sempre! — o loiro exclama.

— A propósito, Bruno, que porra é essa que você ta usando? Parece que trabalha pro circo. — claro que ela não ia perder uma de suas piadinhas.

— Muito engraçado Sabrina — franzo o cenho. 

— Eu achei que ficou lindo. — rebate o moreno. Caramba Jungkook não parava de me provocar, cacete!

Somos interrompidos dessa conversa horripilante por barulhos de salto alto batendo fortemente no chão. Era Lisa, que se aproximava furiosa de nós, com um olhar penetrante mirando Jungkook. Seu vestido azul estava todo rasgado, provavelmente ela o fez depois que o coreano a dispensou.

— Então você deu um fora em mim para vir acompanhado de um garoto? — ela fala alto, na intenção de todos por perto escutarem. Vejo que Tales a acompanha de longe, mesmo brigados, ele não tirava seus olhos de cima de sua garota.

— Não é bem isso Lisa, me perdoe. — o moreno faz aquele gesto de desculpas típico de sua cultura, inclinando o tronco para baixo.

— Pois agora você vai ter que se acertar com meu ex-namorado. Tales está bem ali atrás, me vigiando, e ele não gostou nada de ver a gente se beijando.

— O que? Como assim? Eu não te beijei! — ele entra em desespero.

Aquela maldita garota faz a pior coisa que poderia pensar em fazer. Em um movimento súbito ela morde seus lábios e os leva até a boca de Jungkook.

Minhas mãos tremiam vendo Lisa beijá-lo bem em minha frente, tudo que queria era arrebentar com a alma daquela vadia sem limites. Seus lábios se movimentavam ferozmente enquanto ele mantinha-se imóvel com os olhos arregalados sem entender o que estava acontecendo.

Mesmo que o beijo tenha durado míseros segundos, para mim, pareceu uma verdadeira eternidade. Sabrina e Jimin encontravam-se com a boca aberta, sem acreditar naquela cena.

— Agora arque com as consequências garotão! Ninguém da um fora em Lisa, guarde isso pra sua vida. — diz enquanto se afasta e sai pela porta. Ela realmente só tinha ido ao baile para colocar seu plano de vingança, e estava dando certo.  

Tales segurava firme os punhos já serrados, e rangia os dentes. Eu, o conhecendo, sabia que aquilo não acabaria bem.

— Seu maldito! — o moreno grita enquanto se aproxima de Jungkook junto a mais dois colegas.

O coreano e segurado pelo colarinho do traje, Tales bufava enquanto falava e ameaçava o garoto que ainda continuava instável. De repente, o pior acontece, Kook é jogado no chão com toda a força o possível, e o outro o esmurra no rosto duas vezes enquanto seus amigos o chutam com os pés. Subitamente eu seguro seus braços antes do terceiro golpe.

— Larga ele, Tales seu maldito! — grito com toda a força vocal que encontrei naquele instante.

— Eu vou matar esse garoto. — falava com a voz engasgada.

— Seu babaca, não viu que foi a sua tão amada namorada que armou pra cima dele? — Sabrina finalmente compra a briga, o que na verdade ela sempre fazia para defender seus amigos.

— Cala a boca sua cachorra! — o valentão rebate.

— Como é que é? — a ruiva também serra os punhos. Aquilo estava a ponto de virar um ringue de boxe.  

Por sorte, os seguranças chegam nesse exato momento. Todos somos expulsos de dentro do colégio, e ainda levamos uma advertência de brinde.

— X —

O pai de Tales busca ele e os amigos, para assim poder abafar o caso, e sequer pede desculpas pelo seu filho. Antes de sair, o moreno abaixa o vidro de seu carro e olha para Jungkook com uma expressão psicopata.

— Escuta aqui seu filho da puta, isso não vai ficar assim. E você Bruno, acho melhor não se meter no meu caminho, caso contrário, vai sofrer junto do seu namoradinho.

— Isso mesmo seu velho babaca, leva seu filhinho embora e aproveita para dar mais um pouco de educação pra esse eu filhote de égua! — a ruiva diz enquanto o carro se afasta de nós.

Eu me sentia mal. Sequer consegui defender verbalmente meu amigo, e não consegui evitar que o pior acontecesse.

— Você está bem? — pergunto ao moreno. — Sinto muito por...

Nesse momento, ele me abraça fortemente, enquanto derrama lágrimas nos meus ombros. Aquilo aperta meu coração.

— Obrigado Bruno... Eu não devia ter insistido para que você viesse. Tudo isso é minha culpa. — ele mantinha-se abraçado comigo.

— Ei, tá tudo bem. Vou te proteger de agora em diante, não importa como. Mesmo que você não esteja por perto, eu prometo que sempre vou te encontrar.

Fecho meus olhos e apenas sinto nosso respirar.

— Não acredito que gastei trezentos reais nessa porcaria de vestido, arrumei um boy topíssimo, me arrumei toda, pra vir um idiota e estragar tudo. Se fiquei três minutos naquela porcaria de baile foi muito! — Sabrina senta com os braços cruzados na beira da calçada enquanto mantinha seu cenho levantado.

— Eu sou topíssimo então? — o loiro coloca um sorrisinho bobo no rosto e cutuca a garota.

— Cala a boca Jimin, não fique se achando tanto também! — ela solta uma bufada de raiva.

Nesse exato instante, seu celular toca e a ruiva se afasta um pouco para atender a ligação, que era de seu pai. Com uma mão ela tampa um dos ouvidos para escutar melhor o assunto que cada vez mais parecia deixá-la nervosa. Resolvo então ir perto dela ver se estava tudo bem.

— Ei, JK, me dê só um minuto. — afasto-o de mim e levanto do chão onde estávamos sentados até então.

Sabrina não parava de me olhar conforme eu ia me aproximando dela. Suas mãos tremiam e seus olhos já estavam cheios de lágrimas ainda sem escorrer.

— Tá tudo bem Sabri...

— Bruno... A sua mãe...

A chuva começa a cair tão de repente e a nos encharcar completamente, mas tudo o que prestei atenção naquele momento foram aquelas poucas palavras receosas que saem da boca da garota e foram o suficiente para fazer o meu corpo gelar. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É agora as coisas ficaram tensas :(

Não sei quanto a vocês mas eu quero que Tales e Lisa desçam juntos pela descarga, não ia fazer falta alguma kkkk

Bom, espero que tenham gostado e se puderem deixem um feedback pra saber :)

Até o próximo capítulo ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Destino Incerto" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.