Destino Incerto escrita por ShisuiONagato


Capítulo 3
Roda Gigante


Notas iniciais do capítulo

Ahhh mais um capítulo direto do forno para vocês :)

Espero muito que estejam gostando e se possível deem um feedback para que eu saiba :)

*Não levem as brincadeiras da Sabrina a sério kkkkk*

Mas é isso! Boa leitura a todos :)



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Minha cabeça doía. Meus olhos se recusavam a abrir, por mais que o sol estivesse batendo intensamente em meu rosto. Esfrego-os com as mãos na tentativa de acordar por completo. Deslizo o cobertor para o lado direito da cama, esticando meus braços para que assim despertasse por completo. Sinto algo duro oposto a mim, o que me faz finalmente conseguir abri-los totalmente — em súbito desespero.

— AAAAAAHHHHH! — caio bruscamente da cama com o que vejo, gritando tão alto que provavelmente deveria ter acordado toda a vizinhança.

— Aish! O que houve? — ele pergunta. — Eu dormia tão bem. Você acordou a mim.

— Jungkook! — digo pausadamente e num tom elevado. — Posso saber exatamente o que está fazendo deitado na minha cama? E de cueca? — minhas bochechas avermelham na hora.

— Não sou eu apenas a estar assim. — ele aponta para meu corpo, na parte mais baixa pra ser mais exato.

Engulo um seco. Já imaginava o que ele estava tentando me dizer com aquele gesto. Fecho meus olhos novamente, respiro fundo e abaixo o olhar... Eu também estava só de cueca!

— Escuta aqui coreano, seja lá o que tiver feito...

— Você deveria agradecê-lo filho... — sou interrompido, era minha mãe que havia acabado de entrar no meu quarto.

— Como assim agradecer? — questiono confuso. — E já falei para senhora não ficar subindo essas escadas, sabe que tem que evitar se esforçar.

— Não se preocupe comigo filho, sabe que sua mãe é forte o suficiente para isso. Você estava muito bêbado ontem, este jovem que o trouxe de volta para casa. — até então eu jurava que tinha sido o Tales. — Como já estava tarde e fazia muito frio, não o deixei ir embora. Ainda mais porque ele não conhece os perigos daqui.

— Foi isso mesmo? — pergunto ao moreno.

— Eu não podia deixar sozinho você. — murmura, levantando da cama e encolhendo-se no canto. — O outro partia rápido também.

— O Tales? Ele ia realmente me deixar naquele estado? — Kook apenas acena com a cabeça, entrelaçando suas mãos e colocando-as em frente do abdômen, estava tímido.

— Seu amigo foi muito bondoso fazendo o que fez, mesmo não conhecendo a cidade direito ele te trouxe para casa. Esse olho roxo é tudo que consegue fazer por ele?

— Achei que já tínhamos conversado sobre isso mãe... Sinto muito. Mesmo! — digo isso olhando para ele.

— Não precisa a senhora se preocupar, estou bem! Foi erro meu que causou isso. — o moreno afirma cortando nossa conversa.

— Beleza! O que eu não entendi é o porquê de estarmos seminus e dormindo juntos, ainda por cima em uma cama de solteiro, que foi feita exclusivamente para uma pessoa — reforço bem esse “uma”.

— Não se lembra mesmo? Enquanto esse garoto o ajudava a subir as escadas, você o abraçou se arrependendo de suas ações, e depois vomitou tudo em sua roupa. Coloquei-as para lavar hoje assim que o sol deu sinal de vida.

— Ai cara, como eu sou burro! — penso alto. Não conseguia me lembrar de praticamente nada da noite passada, só meros flashbacks.

— Bruno, de qualquer forma se não fosse por ele poderia ter acontecido algo terrível com você. Portanto, não tem nada a dizer?

— Obrigado... — murmuro bem baixinho enquanto minhas bochechas ferviam de vergonha.

— Eu não escutei. — minha mãe adorava me ajudar numa hora dessas e eu juro por tudo que é mais sagrado que não é sarcasmo.

— Obrigado, Jeon Jungkook! — grito bem em sua frente, o que o faz rir. Ele tinha um sorriso formidável, os dentes inacreditavelmente brancos, e aquela suas risadas estavam me contagiando.

— Acho que devo ir. — ele quebra o silêncio repentino que se forma depois que o agradeço.

— Fique mais um pouco querido. Tome café da manhã conosco. — minha mãe insiste, já o levando até a cozinha no andar de baixo.

— Espere, temos que nos trocar primeiro. Pode ir na frente. — pego uma camiseta branca velha e com uma estampa estranha na cor preta que cobria o tórax, além de uns shorts que não me servia direito, entrego para que ele se vista. Rio descontroladamente quando o vejo com minha roupa e sua expressão envergonhada, o deixava o momento ainda mais hilário. Enquanto a mim, apenas pego a primeira roupa que vejo na frente e a visto rápido.

Desço as escadas ainda cambaleando, fazendo com que Jungkook tenha que me apoiar em suas costas. Naquele instante eu só queria achar um buraco qualquer para enfiar logo minha cabeça.

A mesa já estava pronta. Provavelmente ela já havia preparado tudo antes de acordarmos. A toalha redonda no centro era forrada de flores amarelas, provavelmente girassóis — não entendia de flores afinal. Eram tantas coisas que eu fiquei de boca aberta, nunca tivemos tantas opções, afinal éramos somente mamãe e eu — as vezes Sabrina — então não tinha o porquê de colocar uma mesa tão cheia de coisas.

Jungkook estava tímido, sequer movia um músculo para pegar uma das fatias de pão, ou um gole de café. Tomo a inciativa e encho sua caneca até a metade, depois pego duas partes do pão e espalho um pouco de manteiga. Sem dúvidas não existia café da manhã mais brasileiro que aquele.

Entrego-lhe as fatias de pão e ele me torna um olhar radiante, fazendo nossos olhos se encararem por uns instantes. Os seus eram castanhos bem escuro e tinham um brilho intenso no canto superior direito. Aquela expressão parecia estar me devorando, fico me perguntando se ele viu o mesmo nos meus, que eram de um tom verde, puxando um pouco do castanho. Mesmo não sabendo o motivo, minhas bochechas ficaram parecendo dois tomates frescos e bem amadurecidos. Tudo fica mais intenso quando o coreano pega as fatias, fazendo com que nossas mãos se encostarem por questão de segundos.

— Gomapseumnida! — meus pensamentos estranhos são interrompidos pelo o que julguei ser um agradecimento.

— De nada, Kook! — por que diabos eu disse aquele apelidinho fofo de novo? E por que eu estava tão nervoso perto dele? E por que eu estava me preocupando com isso?

— Comam à vontade. Sinta-se em casa querido. — o moreno sorri com a boca serrada e formou-se uma ondinha embaixo dos seus olhos arredondados. Tenho que admitir que achei encantador.

Apenas fico o apreciando mastigar um pouco e beber em goles pequenos o seu café, as suas bochechas eram avermelhadas e faziam um movimento engraçado enquanto comia. Quando percebo, já estava soltando sorrisos bobos enquanto o encarava.

De repente, meu celular vibra na mesa. Era Sabrina, me chamando do mesmo modo que me chamava pessoalmente.

 

Sabrina Mouro:

Brunoooooo!

Vamos sair? É sábado e eu não quero ficar jogada dentro de casa.

Bruno:

Não posso! Estou com visita :(

Sabrina Mouro:

Uhnnn! Safadinho...

Quem é a mina?

Bruno:

Não é uma garota sua tonta! É um garoto!

Sabrina Mouro:

Bruno...

Bruno:

O que foi? Por que esses três pontos depois do meu nome?

Sabrina Mouro:

VOCÊ É GAY? :o

Bruno:

QUE? Claro que não babaca! É o Jungkook.

Sabrina Mouro:

Então você é um gay que gosta de pinto pequeno!

Bruno:

SABRINA! EU VOU TE BLOQUEAR!

Sabrina Mouro:

Ain! Pode nem brincar...

Mas deixa para lá. Vamos sair os três então?

Chego na sua casa em cinco minutos!

Bruno:

Como assim em cinco minutos?

 

Fico sem resposta, então deduzo que ela já havia saído de sua casa, e nós ainda tomávamos o café. Jungkook estava na metade do sanduiche e a caneca possuía uns respingos sobrando.

— Está bom muito, senhora! — o moreno elogia a comida. — Preciso provar mais das comidas do Brasil.

— Está muito bom! Errou outra vez. — lanço um sorriso semicerrado.

 Aish... — ele bagunça seus cabelos indignado. Sinceramente, era um cara legal, e eu estava gostando de sua companhia, geralmente eu só tinha Sabrina na minha vida.

Ding dong... A campainha toca de repente. Era ela, tinha certeza. Quatro minutos, trinta segundos e dose milésimos foi o tempo que ela levou para chegar. Minha mãe foi atender a porta, mesmo que eu insistisse para deixar que fizesse isso. Não gostava de ver ela ficar tanto tempo de pé.

— Olá tia! — a ruiva sorria alegre, como sempre.

— Oi minha querida, entre. Os garotos estão na mesa.

— Fale ai seus bobocas! — dá um tapa em nossas nucas, quase morro engasgado com a torrada que estava comendo. — Vamos dar um rolê! — novamente com sua animação contagiante.

— O que é um rolê? — pergunta Jungkook.

— É uma gíria para “vamos dar uma volta.” — explico. — Mas aonde vamos Sabrina? Já pensou em algo?

— Vamos para o Mercadão¹ comer um delicioso e gigantesco pão de mortadela, claro. — lanço logo uma cara de deboche.

— O que é uma mortadela? — o coreano é ignorado por nós dois.

— Você tá brincando né? Em lugar grande como São Paulo, onde podemos ir na Avenida Paulista tirar umas fotos tumblr no meio da faixa de pedestres; ir no Parque do Ibirapuera para ficar apreciando o verde, enquanto o vento sopra em nossos rostos e os pássaros cantam longínquos; até mesmo o Museu de Arte de São Paulo. E você quer ir aonde? Numa porra de um mercado gigante. — na verdade fiz esse pequeno discurso só para irrita-la.

Ela segura seus punhos serrados que tremiam conforme ia falando, a cada palavra ela apertava mais, já estava com medo do murro vir e eu nem ver. Adorava deixar ela nervosa, mesmo sabendo dos riscos. 

— Não quero nenhum desses!

— Nossa tu é chata Sabrina.

— Você que não tem senso nessa sua cara. Aliás esses lugares são bem longe de sua casa, e eu não estou a fim de andar.

— Existe uma coisa chamada Uber hoje em dia, sabia? A revolução dos táxis.

— Se tivesse um Josh Hutcherson dirigindo eles tudo bem, mas são tudos uns velhos safados, aproveitadores, estupradores, nojentos...

— Tá legal! Não vamos a nenhum desses lugares, satisfeita?

— Muito! Até que foi fácil dessa vez. — ela sorri maliciosamente, tinha feito de propósito, aquela...

— Apesar de que seria bom mostrar esses pontos turísticos ao Kook, não acha? — pergunto.

— Aiiii Kook! — droga, não acredito que tinha dito isso de novo, ainda mais na frente dela. — A gente pode levar ele nesses lugares outro dia, afinal ele terá que ficar me aguentando por oito meses.

— Coitado. — murmuro enquanto rio.

— Quer morrer babacão?
Ela para de repente, cruza seus braços e parece se concentrar em lembrar de algo. — Já sei! Vi que um novo parque de diversões ia abrir temporariamente em um terreno perto daqui. Vamos pra lá!

— Um parque de diversões Sabrina? Fala sério, eu tenho dezoito anos já sabia?

— Nossa desculpa ai senhor idoso! Não tem problema, JK vai comigo. — primeiro Kook, agora JK? Quantos apelidos ele ia receber?

 Eu adorar parque de diversões. — o moreno por fim da sua sugestão.

— Tá vendo, senhor rabugento? Ele gosta!

— Beleza! Vamos ao parque então. — a ruiva pula de alegria por ter conseguido o que queria no final.

Vou até meu quarto colocar um traje mais descente, afinal seria visto por muitas pessoas pela rua, e eu tinha um resto de dignidade a proteger.

Visto uma calça bordô com os joelhos rasgados, sem exageros, além de uma camiseta preta de manga comprida, e por cima uma jaqueta de couro que havia ganhado do meu pai anos antes dele ir embora.

Resolvo emprestar mais roupas ao coreano, afinal seria bom ele causar boas impressões pela rua e quem sabe achar umas garotas para dar uns pegas. Se não funcionasse, pelo menos ele tem a mim para se consolar — no bom sentido, claro.

Ele entra no banheiro ao lado do meu quarto para se trocar. Depois de alguns minutos, o moreno sai e eu fico paralisado e indignado ao mesmo tempo. Minhas roupas tinham ficado melhor nele do que em mim, como isso era possível? Coreanos tinham mesmo uma beleza absurda, admito.

Aquela minha camiseta social preta tinha caído tão bem em seu corpo que nem precisei perguntar se ele havia gostado. A calça jeans escura o deixou ainda com mais de badboy, mas que na verdade era só um nerd qualquer.

Sabrina — como sempre — parecia que iria participar de um ritual satânico com sua índole gótica, totalmente o oposto de sua personalidade fofinha e durona ao mesmo tempo.

— Vamos meus rapazes?

— Quem disse que nós somos seus? — brinco.

— Isso mesmo! — Kook também entra na brincadeira. — Primeiro temos que beija pra ser seu

— Oi? Que porra se disse Jeon? Quer morrer?

— Vamos logo seus idiotas. — ela ri e ignora o que ele havia dito.

— Até mais mãe. — digo antes de fechar a porta.

Ao longo do caminho, mostramos alguns lugares ao moreno, caso viesse a se perder futuramente, ou simplesmente quisesse fazer uma visita a nossas casas. Ele não parava de apreciar as árvores ao redor, seus olhos brilhavam feito dois diamantes, parecia uma criança quando ganhava um brinquedo novo de aniversário. Não estava nem se importando com a rua toda esburacada, ou a calçada com as pedras soltas jogadas nos cantos. Ele disse não havia tanto verde assim na Coreia, pelo menos não por todo canto como aqui. Seu sorriso me cativava, apesar do pouco tempo de convívio.

Só houve um problema.

Um pequeno detalhe que Sabrina deixou passar.

O parque estava fechado!

No cartaz que estava no portão de entrada dizia o horário de funcionamento, que na realidade era a partir das seis horas da noite, e no momento eram onze horas da manhã. Uma pequena diferença, não é?

— Vamos embora!

— Para com isso Bruno!

— Sabe quanto tempo vai demorar para isso abrir? — digo já me levantando da calçada que estávamos sentados até então.

— Que pena... Queria ver como era o parque. — Kook fica visivelmente desapontado, o que mexe comigo e novamente eu não sabia o motivo.

— Vamos esperar! — grito sem disfarçar.

— Ai meus tímpanos Bruno! Vai gritar assim com suas cachorras. — diz a ruiva dando um soco no meu braço. — Mesmo assim obrigada por esperar, sabia que meu melhor amigo não iria me desapontar. — ela sorri com seus olhos serrados, como sempre fazia.

 

— X —

 

Esperamos... Esperamos... E esperamos. Muito tempo. Ali, sentados na beira da calçada. Percebo que Jungkook começa a pegar no sono conforme o sol vai se pondo, puxo então sua cabeça bem devagar — que até então dançava desgovernada indo de um lado para o outro — e coloco-a sobre meus ombros para que pudesse descansar até a hora que os portões fossem se abrir. 

E finalmente abrem.

— Ei, acorda seu tonto. — brinco enquanto chacoalho sua perna que estava colada com as minhas.

— Abriu ele? — o moreno pergunta ainda meio sonolento enquanto esfregava os seus olhinhos.

— Oxi! Eu não abri ninguém não. — rio levando na brincadeira seu erro no português, mesmo que tenha entendido o que ele queria dizer.

— Aish! Errei outra vez. 

— Venha, vamos logo. — ajudo-o a levantar.

— Desculpe dormir nos ombros seus.

— Relaxa, é o mínimo que eu posso fazer para me desculpar depois de tudo que eu te fiz. — sorrio e ele retribui rapidamente com um ainda mais radiante.

— BRUNOOOO! JK! Vamos logo. — Sabrina e seus berros discretos como sempre.

Depois de tanto tempo parados a beira da sarjeta, entramos com pé direito no gramado verde escuro daquele campo que até alguns dias atrás estava completamente vazio. Não era grande, nem pequeno. Um parque mediano e com bons brinquedos comparados com alguns que eu já havia ido.

— Kook você escolhe, é nosso convidado. — diz a ruiva, após nós comprarmos os ingressos na bilheteria toda enferruja que ficava no centro do parque.

— Hmmm... Quero aquele lá, bem longe da gente. — ele aponta para um que se chamava Samba². 

— Eu gosto daquele também. — digo instantaneamente.

Entregamos exatos três ingressos para o funcionário do brinquedo, que usava seu uniforme vermelho com um boné da mesma cor, e claro, com um logotipo do nome do parque estampado, fora o seu nome no crachá.  

Nos posicionamos lado a lado. O coreano ficou a minha esquerda, enquanto Sabrina a direita. A música que tocava ao fundo era Shape Of You do Ed Sheeran. Franzi o cenho ao ouvi-la, era meu despertador de todas as manhãs, então já estava de saco cheio dela. O grande brinquedo começou a se movimentar bem devagar, ao ritmo da música. A ruiva mantinha seus olhos fechados desde que ele foi ligado, nesse momento ela deve ter se arrependido de nos trazer para cá. Já o moreno mantinha os seus bem abertos, as pupilas negras estavam dilatadas e ele olhava em um ponto fixo sem mexer um músculo. Aos poucos a velocidade ia aumentando e as direções do brinquedo mudavam a todo momento, estávamos dançando nos assentos, já não conseguia mais ficar firme. Sabrina gritava de medo, segurando firme no meu braço com uma das mãos e a outra estava fixa no cano de apoio. Jungkook permanecia intacto com o olhar, também firmado no apoio. Cada vez mais o objeto ficava acelerado e a música ia passando num piscar de olhos.

— Eu quase morri agora sabiam? — a ruiva dá um tapa em cada um de nós quando descemos do brinquedo. — nunca mais peço para você escolher nada, JK.

— Desculpe eu. — ele faz uma espécie de reverencia. Já tinha visto isso em alguns animes asiáticos, então devia ser a mesma coisa.

— Deixa pra lá meu docinho. O que vocês acham de irmos na roda gigante agora? — Droga, eu odiava altura com todas as minhas forças, mas não podia demonstrar isso na frente deles.

— Que tal a casa assombrada? — opino para ver se consigo reverter a situação sem que percebam meu medo.

— Pelo amor de deus né Bruno! Aquilo não assusta nem minha avó.

— Seria legal isso. 

— Boa Jungkook, me apoie desse jeito!

— Que pena que eu não perguntei, não é? A gente vai naquele que eu falei e pronto. Vamos para fila, antes que fique ainda maior. — já estava cheia de pessoas esperando. Ficaríamos no mínimo trinta minutos de pé.

Dito e feito. Já fazia vinte e cinco quando olho no relógio de repente.

— Rapazes eu preciso urgente ir no banheiro. Me esperem que eu volto feito um trem-bala.

— Mas Sabrina, já estamos quase lá, não vai dar tempo. 

— Vai sim! Guardem meu lugar. — quando ela botava algo na cabeça era impossível impedi-la.

A fila foi diminuindo cada vez mais, e consequentemente chegou nossa vez, e ela ainda não tinha voltado.

— Podem subir. — o funcionário abre uma das cabines em forma de lata de tinta, que no nosso caso seria uma de cor laranja.

— Por favor, será que pode esperar um pouco? Nossa amiga está para voltar.

— Meu jovem, olha o tanto de gente esperando para entrar. Você acha mesmo que daria para esperar alguém? Se não forem entrar, vazem daqui. — levei um puta tapa na cara.

— Vamos Bruno, voltar depois aqui. — o moreno interrompe.

— Eu não teria coragem de voltar aqui depois nem fudendo. Vamos só nós dois mesmo, anda. Se Sabrina quiser, ela que enfrente tudo outra vez. — digo já o puxando para dentro.

Sentamos um de frente para o outro. Estava nervoso, entrelaço minhas mãos e junto minhas pernas. Nem consigo ver como o outro se sentia.

O botão é apertado e a grande roda começa a se movimentar aos poucos. Aqueles parafusos rangiam e pareciam que iriam soltar a qualquer momento, fazendo toda aquela estrutura se desprender. Tudo me assustava, e eu não conseguia parar de encarar o nada. Sinto de repente uma gota de suor escorrer desde a minha testa, até pingar no chão de nossa cabine.

— Bruno! — sinto ele me chamar, mas não conseguia mover minha cabeça. Minhas mãos tremiam, e meus pés não ficavam quietos. — Olhar para mim!

Finalmente consigo desprender do meu transe repentino, graças ao tom elevado da voz do coreano. Minha caixa torácica é de repente esmurrada em batidas sequenciais quando o vejo com aquele olhar sério me encarando. A luz da cidade iluminava os olhos e o rosto de Jungkook pela cabine, com tons distintos se misturando e formando novas cores. Fico hipnotizado e meu coração se acelerava cada vez mais.

— Por que você não disse que medo tinha disso?  — sua voz era calma. Não tinha reparado nisso antes.

Apenas abaixo meu olhar e fico envergonhado com sua pergunta.

O moreno desliza de onde estava e cola seu corpo ao meu, que se encontrava do lado oposto. Olha diretamente em meus olhos e sorri, o que me acalmou instantaneamente. Ele segura uma de minhas mãos ainda mantendo seu sorriso voltado a mim.

— Eu estar aqui com você agora, não se preocupe mais... Nunca vou te soltar. — mesmo com seu português falho, entendi claramente suas palavras e o sentimento que elas queriam transmitir. 

Aos poucos meu coração vai desacelerando e minhas bochechas vão corando, mesmo assim não conseguia soltar de suas mãos, aquilo estava me mantendo seguro de algum modo, junto a seu sorriso que prendia-me toda a atenção.

Antes de dizer obrigado, sinto meus olhos se encherem aos poucos, eu sinceramente achava que naquele momento eu quebraria a promessa que havia feito a Sabrina, mas consegui me conter. Eu estava tranquilo e seguro, não me sentia mais em uma roda gigante qualquer, era como se me estivesse em uma onde os sentimentos iam mudando conforme ela girava lentamente.

Jungkook, eu ainda não sabia como, mas você mexeu comigo... 

 


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Notas finais do capítulo

ATENÇÃO: Não tenho a intenção nenhuma de ofender ninguém com as piadinhas, principalmente as da personagem Sabrina, uma vez que ela tem esse jeito mais descontraído, me perdoem por qualquer coisa :)

¹ : https://catracalivre.com.br/wp-content/uploads/2015/12/mercadao.jpg

² : O La Bamba (também conhecido como Smaba, em algumas regiões) é um brinquedo radical presente em alguns parques de diversões. É formado por um pandeiro gigante, com assentos em sua borda, que se movimenta conforme o ritmo da música.

Lembrado que as falas do JK estão escritas de maneira errada de propósito ok? Conforme ele vai passando mais tempo no Brasil, mas fácil vai ser para ele kkkk

É isso! espero que tenham gostado do capítulo! Deem se feedback se possível :)
Até o próximo :)



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