Confusa. Era assim que Lisa se sentiu ao acordar no seu quarto no meio da madrugada. Teve sonhos muito estranhos e intensos. Mas será que foram apenas sonhos? Não tinha certeza, tudo era muito confuso. Só uma coisa era muito clara em seus pensamentos: o rosto do estranho que conhecera naquela tarde antes dela cair na escuridão.

Durante a manha, decidiu faltar a faculdade e ficar perambulando pela casa. Só não faltaria ao trabalho, isso era um fato. E tudo por conta de uma frase que possivelmente não queria dizer nada.

“Tenho uma desculpa para voltar amanhã”

 Chegou mais cedo ao serviço do que o normal. Todos perguntavam se ela estava se sentindo bem a cada meia hora, devido a sua ansiedade e a palidez acentuada em sua pele. Lisa desconversava dizendo que estava tudo ótimo. Não havia como contar o que acontecera, sendo que ela mesma não tinha certeza de nada.

 O dia se arrastou indistintamente. Lisa já tinha perdido a esperança de vê-lo novamente. Foi quando, no mesmo horário de ontem, ele apareceu. Ele pareceu não vê-la atrás do balcão, então, ela o seguiu até um dos corredores. Ele fingia procurar algum titulo quando ela se aproximou.

-Posso ajudá-lo? – ele se virou para ela com um sorriso nos lábios. Olhar aquele estranho ativou a memória de Lisa, fazendo com que todos os detalhes da noite anterior surgissem em sua mente – Você... Você me salvou – disse ela com os olhos arregalados devido ao choque de informações.

 - Não pensei que fosse se lembrar – disse ele serio.

- Por pouco não me lembro e perco a chance de te agradecer.

- Não há o que agradecer. Mas imagino que você tenha algumas perguntas para mim – ele sorriu torto.

- Só algumas – ela sorriu também.

Antes que um dos dois tivesse a chance de dizer mais alguma coisa, uma senhora idosa apareceu pedindo ajuda para comprar um presente ao seu neto. O homem observou Lisa atender gentilmente a pobre senhora. Quando ela terminou, ele ainda a esperava com um sorriso nos lábios.

 -Onde estavamos? – ela perguntou se reaproximar

 -Nas suas perguntas sobre... Você sabe. – ela achou educado da parte dele, não ter comentado nada em voz alta.

-Ah, sim. Eu...

-Acho que aqui não é o melhor lugar para termos esse tipo de conversa – ele a interrompeu – Estarei te esperando quando a livraria fechar.

 - Como posso saber se é verdade. – ela desafiou – Nem sei seu nome – na verdade, ela não queria é que ele fosse embora.

- Que indelicado da minha parte. Meu nome é Leonel e o seu?- ele estendeu a mão para ela.

 -Lisa. Lisa Digory – ela se apressou em dizer. Tudo para sentir a textura daquela mão.

- É m prazer conhecê-la Lisa. E será ainda melhor se você puder me encontrar mais tarde na Alameda Dos Anjos – enquanto falava, Leonel fazia círculos com o polegar na mão de Lisa.

- Eu estarei lá – garantiu ela.

- Então até mais tarde – ele beijou a mão dela antes de sair.

Atualmente...

- Nossa. De bobo seu pai não tinha nada – Dean me interrompeu com uma das suas brincadeiras. O olhei séria até ele parar de rir feito um idiota – Desculpa, eu não...

Revirei os olhos para sua tentativa de se desculpar e sorri.

- Leonel estudava minha mãe a algum tempo a distancia. Demorou quase uma eternidade para ele ter coragem de agir.

- Eles têm uma história bonita. Quer dizer, mesmo com tudo que aconteceu com a sua mãe, eles se apaixonaram desde o primeiro minuto em que se viram.

- Isso é verdade. Apesar de achar estranho você dizer algo assim – o provoquei.

 - É que me lembra a forma com te encontrei – ele me puxou para perto de si e me beijou – Só estou estranhando uma coisa.

- E o que é?

 - Não está faltando mais anjos e demônios nessa historia?

-Calma. Eles já vão aparecer.