Wolf Woods escrita por MrstDream


Capítulo 8
Capitulo 7 - Problemas




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A semana passou lenta, mais lenta do que ele queria. Kyle não via a hora do ensaio geral chegar. Achava que tinha cometido um grave erro e precisava desesperadamente de confirmar se isso era verdade ou não.

Desde que se cruzara com ela na floresta a primeira vez algo em si mudou. Percebera logo de partida que ela traria problemas. As vezes seguintes que se encontram e que, por obra de alguém que queria mesmo muito vê-lo desesperado, cruzaram o olhar, ficavam perdidos. A ligação crescia a cada vez que tal acontecia. Esperava que ela não o notasse, ou sequer tivesse o mínimo pressentimento de que estavam ligados de alguma forma. Kyle ainda não percebera muito bem que tipo de ligação era, mas desde início que o deixava desconfortável. E o facto de não ter respostas só piorava a situação. Fazia de tudo para não se cruzar com ela; mas ela estava no grupo de teatro com quem o seu clube ia cooperar para apresentar a peça que há muito era esperada. E com a sorte que tinha, ainda tinha de ter seções de ensaio particulares com ela por ela ser a pianista. Ela tinha acabado de chegar à cidade, e tornara-se logo numa dor de cabeça para ele. Ainda por cima agora. Depois de ter um dia cheio de tarefas e de finalmente poder ter ido ao café cumprimentar a mãe e relaxar um pouco com os irmãos, lá estava ela, com um sorriso na cara a servir às mesas. Depois dela se afastar recebera um telefonema do pai a dizer que deveria ir rapidamente para a floresta pois haviam atividades suspeitas. Sabia que “atividades suspeitas” queria dizer que alguém cujo cheiro não era reconhecido andava por ali. Alguém invadira o território deles. Se o tivessem feito, mas se fossem notificar não haveria problema. Ao que parece não o tinham feito. Desconhecia ele que esse seria o menor dos seus problemas; Que tudo o que tinha acontecido em redor daquela rapariga tinha sido apenas um teste; Que as coisas estavam para piorar.

Depois de horas a correr pela floresta sem encontrar nada, encontrara-se com os irmãos na clareira das reuniões. Ao que parece, quem quer que fosse estava só de passagem. Discutiram o que haviam de fazer e acabaram por concluir que o melhor era voltar para casa, pois por mais que o pai ficasse frustrado iria ser bem pior enfrentar a mãe por chegarem atrasados ao jantar. Tinham, então, sentido um ténue cheiro de humano. O melhor era mudarem de forma e fazerem o caminho a pé; Como estavam na clareira das reuniões não correriam o risco de ficarem nus pois tinham roupas escondidas nos arbustos mesmo para aquelas ocasiões. Aliás tinham roupas escondidas por toda a floresta, não fosse o diabo tece-las. Sempre que pressentiam humanos trocavam de forma e vestiam-se, assim não corriam o risco de dar início a um tempo de caça ao lobo desnecessária. Não podiam correr o risco de os verem novamente na sua forma de lobo. Se algo assim acontecesse, as consequências eram previsíveis. Teriam de se mudar. E Kyle não se queria mudar, já se mudara três vezes desde que se lembrava e por muito que lhe custasse admitir até gostava daquele sitio, era calmo e pacato.

Os irmãos tinham começado a transformação. Ele fez o mesmo, mas mesmo antes de o seu nariz ter mudado para o de humano sentiu um cheiro mais forte. Um cheiro não. O cheiro dela. Mesmo com o seu olfato mais desenvolvido, na forma humana não conseguia distinguir tão bem, por isso escrutinou tudo à sua volta. Viu algo a mexer-se, mas não teve tempo para o averiguar pois Kira chamava-o.

Agora o assunto remoía-lhe a cabeça todos os santos segundos do dia, até o pai se apercebera que se passava algo com ele e perguntara qual o assunto que lhe exigia tanto pensamento. Ele mentira ao responder que era por a reunião de família estar a chegar.

Tinha de a ver e esclarecer as coisas. Saber se não passava de um mal-entendido ou se o que mais temia era verdade, pois se fosse as coisas tinham piorado bastante, o bastante para o arruinarem, o bastante para terem de tratar dela, inventar uma desculpa e saírem o mais rapidamente da cidade sem dar muito nas vistas.

O tempo passava pesarosamente lento e a hora do ensaio geral nunca mais chegava. Mas mesmo que chegasse, o que faria ele? Como abordaria o assunto sem ser suspeito? Ainda pelo mais eles nunca tinham falado. Nem no dia em que tocara piano com ela, ele fora-se embora antes que ela pudesse dizer alguma coisa, nem no café quando era o seu turno e ela os atendia, era Gabriel ou Kira sempre que falavam. A sua cabeça estava a mil e podia jurar que de tanto pensar chegaria a um ponto em que lhe sairiam fumo das orelhas e que o seu cérebro entraria em curto-circuito. Desejava ele que pudesse simplesmente o assunto. Mas o caso não se podia dar, portanto, durante o tempo que tinha, engendrou planos e tentou preparar-se para a situação. O problema foi que quando abriu a porta da sala de espetáculos e se deparou com a azáfama que decorria no seu interior, dois problemas se deram. O primeiro foi que todos os seus planos, falas e acontecimentos planeados e revidos na sua cabeça evaporaram-se como fumo, o segundo foi que por mais que procurasse ela não estava em parte alguma naquela sala em oposição aos outros elementos do seu clube de teatro que já marcavam presença. Teria de arranjar outra solução. Quando olhou para a janela e viu nuvens de chuva a formarem-se teve uma ideia.


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