Wolf Woods escrita por MrstDream


Capítulo 11
Capitulo 10 - O Dia Seguinte




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Chloe acordou com barulhos vindos da cozinha. Olhou para o relógio. Eram nove e meia da manhã. Levantou-se sobressaltada. Agarrou nas primeiras roupas apresentáveis que achou e colocou-as num piscar de olhos. A seguir saltou para dentro dos ténis e pegou na mochila da escola. Trocou os livros num ápice e saiu disparada do quarto em direção à cozinha, fazendo um rabo-de-cavalo pelo caminho pois não tinha tempo de se pentear. Ao chegar à divisão de baixo encontrou os avós que olharam para ela como se de uma louca se tratasse.

— Porque não me acordaram? Estou super atrasada para a escola! – exclamou enquanto agarrava em algo que servisse de pequeno almoço.

— Oh filha, se é isso que te preocupa hoje não há escola. – informou a avó com a maior das serenidades continuando a bebericar a sua chávena de chá fumegante.

— Claro que há! É sexta. E agora vou levar um sermão da Miss Arujo por chegar atrasada e interromper a sua aula.

— Calma. Acalma-te por um segundo. A escola está fechada porque inundou devido à tempestade. Por isso não te acordamos, estavas a dormir tão bem e não havia ponto nenhum em fazê-lo. – esclareceu o avô.

Ao ouvir a palavra tempestade todas as lembranças da noite anterior atingiram-na como um relâmpago. Olhou desesperada em volta com medo de encontrar Kyle em alguma parte, mas este parecia nem estar perto. O cobertor e a almofada que lhe dera também estavam desaparecidos. Ainda tentando juntar todos os factos sentou-se à mesa poisando a mochila no chão. Deixou que a avó lhe pusesse um prato com torradas à frente e uma caneca de chá nas mãos. Após sorver um gole daquele líquido quente que lhe desceu pela garganta ouviu a avó fazer-lhe perguntas.

— Mais calma?

— Sim.

— Como correu o trabalho? Aposto que o café encheu outra vez como se ali se desse uma demonstração da coisa mais incrível do mundo. Toda a vez é assim. A Sandra ligou a agradecer a tua ajuda. Eu disse-lhe que ainda estavas a dormir e que mais tarde passávamos pelo restaurante para tomar um café e conversar. Conseguiste chegar em casa sem te molhar muito?

— Sim. O Kyle deu-me boleia. – ao ouvir o nome do garoto a avó encarou-a. Adivinhando o que lhe ia na mente apressou-se a advertir – Áh, não! Não é isso que estás a pensar. O Kyle foi á procura da Sandra no café. Mas ela já tinha saído porque surgiu um imprevisto e ela teve de ir para casa. Como a chuva piorou e eu estava ali sozinha ele ofereceu-me boleia. Foi só isso. – optou por não incluir a parte em que ele tinha entrado na casa, tomado banho e ficado lá a dormir. Principalmente porque não fazia a mínima ideia de quando ele se tinha ido embora ou o que fizera depois de ela ter subido. Além disso não queria responder às perguntas que teria de responder se revelasse essa parte da noite. A avó observou-a desconfiada até que encolheu os ombros e continuou a beber o seu chá.

— Tu é que sabes minha querida. Eu não disse nada.

— Não foi preciso… – murmurou. O avô riu-se e aproveitou o momento para interromper a conversa.

— Então e hoje? O que vais fazer visto que tens o dia livre?

— Bem… - pensou no assunto – vou aproveitar para acabar uns trabalhos que tenho para entregar e depois logo vejo.

Acabou de comer e subiu ao primeiro andar. Instalou-se na sua secretária e começou a trabalhar. Uma hora se passara sem que progredisse muito no trabalho quando decidiu que aquilo era inútil. Com tudo o que se passara não conseguia tirar da cabeça a conversa que tivera com Kyle. As coisas que descobrira e as coisas que ainda queria perguntar. Decidiu então que um melhor uso do seu tempo seria enumerar as perguntas que ainda queria fazer numa folha de rascunho de forma a que, quando o momento oportuno surgisse, não se esquecesse-se de nenhuma. Assim o fez até ser interrompida pela avó que a chamava para comer.

Após o almoço optou por ficar a ver um pouco de televisão. Não era como se tivesse pressa para algo ou alguma coisa parecida. A certa altura a avó perguntou se ela a queria acompanhar até ao café, mas por estranho que parecesse não lhe apetecia fazer nada. Nem encontrar Kyle para esclarecer as suas dúvidas. De alguma forma preferia ficar em casa, pensar sobre o assunto, terminar a lista de perguntas… Por volta das três da tarde voltou a subir para o quarto, trabalhou mais um pouco na lista e depois, como se o aborrecimento se tivesse apoderado de si e não soubesse mais o que fazer, mas não querendo fazer nada, esticou-se sobre a cama e fixou o teto à espera que o tempo passasse.

Não se apercebeu que adormecera até acordar com o barulho de um carro a entrar na propriedade e a estacionar perto da porta. Permaneceu imóvel com a inércia a trabalhar contra si.

“Hoje está a ser um daqueles dias…,” pensou.

A campainha tocou. Reconheceu a primeira voz. Era o avô. Se fora o avô a atender a porta queria dizer que a avó ainda não voltara. Rodou ligeiramente a cabeça de forma a ver as horas. Passava pouco das cinco. Rodou a cabeça voltando à posição inicial. Inspirou e fechou os olhos. A intensão de voltar a dormir durou apenas uns segundos pois foi imediatamente desfeita assim que ouviu a voz de quem estava do outro lado da porta.

— Boa tarde Senhor Maer. Como está? A Chloe está em casa? Preciso de falar com ela.

— Ela está lá em cima. Se quiseres esperar um pouco posso ir chamá-la.

Pela segunda vez naquele dia desceu ao andar de baixo o mais rápido que pode. Desta vez não se preocupou com a sua aparência. Apareceu ao lado do avó num bater de coração. Ou assim lhe parecia. Kyle sorriu ao vê-la.

— Estou aqui avô. Ouvi-vos a falar. – disse enquanto tentava acalmar a sua respiração ofegante da corrida.

— Está bem. Se precisares de mim estou no meu escritório. – disse enquanto o seu olhar viajava de um para o outro dos dois adolescentes.

— Ok. Obrigada.

Chloe esperou até que o seu avô saísse da divisão antes de voltar a olhar para o rapaz à sua porta. Ao perceber que ele ainda tinha um sorriso posto, uma vergonha tímida percorreu o seu corpo. Ajustou alguns cabelos rebeldes que fugiram do apanhado atrás da orelha e aclarando a garganta falou.

— Ahn… O que fazes aqui?

— Vim saber se querias ir beber um café ou alguma coisa do tipo. – Chloe olhou para ele desconfiava. Aquele convite não era tão simples quanto isso. – Apesar da conversa de ontem ter sido bastante esclarecedora para ambos os lados, ainda existem coisas que temos de falar. E aposto que depois de uma boa noite de sono tens perguntas que queres que sejam respondidas. Eu não sei quanto a ti mas quero resolver este assunto sem deixar pontas soltas e quanto mais rápido melhor.

Ela pensou na lista em cima da sua secretária que estivera a fazer. Suspirou. Ele tinha razão. E agora que ele tinha confirmado o que era, era normal estar ansioso por ver o assunto resolvido. Voltou a suspirar.

— Deixa-me só ir avisar o meu avô e buscar um casaco.

Após agarrar num casaco que lhe pareceu apropriado e de ter o consentimento do avô de que poderia sair, juntou-se a Kyle que a esperava encostado à frente do carro. Ao vê-la, desencostou-se e foi abrir a porta do lado do passageiro para ela. O gesto fê-lo ganhar um aceno de cabeça de cortesia por parte dela. Após iniciar o motor e ouvir o carro ronronar deslizou pela estrada saindo da propriedade e tomando o caminho da direita.

— Aonde vamos? – perguntou algum tempo depois de estarem a andar.

— Quero mostrar-te um sítio. É sossegado e raramente vai lá alguém por isso podemos falar lá à vontade. – ao ver o modo como ela o olhava acrescentou – Não te preocupes. É perfeitamente seguro.

O estranho era que Chloe realmente se sentia segura quando estava com ele. Nunca conseguira explicar bem a situação. Mesmo quando tinha medo que ele lhe pudesse fazer alguma coisa má por aquilo que ela tinha visto se sentia segura. Não havia lógica alguma naquilo tudo. Ela recostou-se no banco. Ele ligou o rádio fazendo com que ambos se mantivessem calados pelo resto da viagem. Os dois sentiam que ao ter tido aquela conversa, ao ter revelado aquele segredo tinham iniciado alguma coisa. O que era? Não sabiam. Mas tinham o leve pressentimento que poderiam ultrapassar qualquer coisa que viesse a seguir.

 


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