Desci as escadas com Lua e fomos em direção a cozinha e peguei uma maça e joguei uma em direção a Lua, bom, imediatamente seus braços levantaram- se como uma luva de beisebol e ela colocou a maça dentro da mochila.

   Ao cruzarmos a porta eu sentia meu telefone tocar, mas, os prazeres que roçavam meus dedos eram muito viciantes e ao mesmo tempo inútil.  Nos meus lábios eram como um rumo sem direção na nossa geração a religião valia mais do que o nosso próprio pensamento e atitudes, eu só precisava de um sinal para me liberta daquela prisão, me restava um minuto pra sufocar meus sentimentos e desafiar o mundo sozinha. Teria indícios que minha pele era linda e nessa pele havia uma bagagem grande de decepções, as vezes eu tentava manter o controle por mim mesma, mas, as vezes eu ficava cansada de ser tudo aquilo que as pessoas achavam que eu era e não o que eu queria.

 Eu pensava em tudo que o Miguel estava fazendo e ao mesmo tempo estava cansada de me amar aos poucos como aquelas cachorras vira-lata jogada na imensa rua por que a droga do ser humano entrava nas nossas vidas e nos abandonava. Eu cansei desse orgulho.

 Bati a porta com tanta força que Lua me olhou e se fixou no celular enquanto alguém cobria meus olhos sem ao menos eu saber quem é.

   -  Lua essa brincadeira tá chata pra caralho, sua merda de insuportável.

         Eu falei tocando os braços da criatura que eu nem sei quem era,

   -  Sei que nos tornamos dois estranhos, também sei que nosso temo está terminando, mas, eu te amo.

      Ele falou se virando pra mim.

  Cara, era a pessoa por quem meu coração batia forte, era possível que eu estivesse pulando de alegria e lembrando daqueles beijos e sonhos escondidos no porão. Já não havia noção do que eu iria perguntar a ele, aquela pele, aquela voz, aquele cabelo era tudo que me deixava mais viva.  Bem, meu orgulho era maior!

 Empurrei ele e respirei fundo....

  -  Isso é muito bonito, muito fofo, mas, amor e eu só em letra de música.

    Falei tirando as minhas mãos do seu braço forte.

— Eu sei que fui um idiota, mas eu quero mudar....

   Ele falou se ajoelhando com um buque de flores.

 - Ah Anahí, isso é muito fofo e olha que eu odeio melação.

   Lua falou fotografando.

   -Miguel chega, sai daqui. Eu não aguento mais esse vai e volta.

   Falei jogando o buque de flores no chão.

 - Não aguenta mais o que Anahí?

   Ele falou recolhendo o buque todo vestido de terno azul, calça azul e seu cabelo bem arrumado.

  - Eu não aguento mais esse vai e volta.

   Falei empurrando-o para longe de mim.

—  Mais agora eu vou estar aqui, eu prometo.

   Ele falou tentando não chorar.

—    Até quando? até você abrir a página do jornal e ver que eu sou mais rica que você? Até você pegar seu violão e ver que o meu é melhor que o seu e que pra você eu sempre vou ser mimada? Chegar...

  Falei chorando e limpando meu rosto.

  - Mas Anahí ......

  Ele falou se aproximando de mim.

 - Desse jeito eu vou ficar maluca e eu não quero mais Miguel, e se você me ama vai embora.

   Falei indo para perto da Lua.

  -  Se você realmente gosta de mim me esquece.

   Falei abraçando a lua e chorando.

   Miguel saiu com o belo buque de flores amassadas, eu estava mal por ter feito tudo aquilo por dentro, mas, eu queria provar que eu não sou um jogo ou até mesmo um cartão de crédito.

  Segurei na mão da Lua e entrei no carro chorando e lembrado de tudo que havia naquele final de semana. foi tudo tão intenso... tão real.

   - Anahí, assume logo que você o ama.

   -  Lua falou me abraçando no banco do carro.

  - Lua, eu to cansada do Miguel fica nessa guerra, eu o ajudei com o lance do hospício por que sei que foi uma armação, mas, hoje eu só quero esquecer esse dia.

    Falei engolindo o choro.

  -  Tá. Só relaxa aí.

  Lua falou.

  Eu não me importava muito que o pessoal da universidade me achasse chata, mimada entre outras coisas. E que talvez quase ninguém me conhecesse tão bem, a cada fechar de olhos era como se a imagem do Miguel viesse a minha cabeça e começasse uma tortura psicológica.

  De repente recebo um sms de um anônimo ...

    De Anônimo para Anahí.

    06:55 da manhã.

  ‘’ SEU DIÁRIO FOI ESPALHADO PELA UNIVERSIDADE TODA, ALGUÉM FEZ QUESTÃO DE COLAR AS PÁGINAS NO MURAL, E POSTAR NO FACEBOOK.’’

 Quando vi esse sms meu coração gelou, eu fiquei em silencio por cinco minutos. Guardei meus sentimentos e esperei pra que toda bomba se afundasse nele eu havia escrito o que eu pensava, e havia segredos de outras pessoas como o do Fernando e o da Carla.  Meu coração batia tão rápido que o motorista dirigia mais lento que minhas lágrimas caindo na merda da minha roupa.  Eu precisava respirar até chega lá.

 Tudo que tivesse que ser ia ser. Eu queria até matar o idiota que fez isso. Entretanto, eu já estava totalmente na merda o carro havia parado na  porta da universidade e lá estava, aquela velha multidão fofocando da vida dos outros na qual meu diário era o alvo certo.