Estações escrita por HinataSol


Capítulo 3
Capítulo dois




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— O que quer dizer com isso? — Hinata foi quem se pronunciou.

— Exatamente como ouviu. Não posso simplesmente despachá-los, então espero que consigam demonstrar resistência física mínima para poderem viajar em busca de uma solução.

— Mas nós iremos sozinhos? Não há realmente mais ninguém que esteja interessado? — Naruto interveio.

Não que ele tivesse medo, mas não sabia por onde Hinata e ele deveriam começar.

— Só os veteranos. — Iruka respondeu por Kakashi.

— Não se preocupe! Eles não são ruins. — Kakashi disse — Iruka, leve-os até o pátio de treinamento e os faça se exercitarem. Se eles não caírem ao fim do dia, estão integrados.

— Há algum truque? — Hinata perguntou. — Não é possível que seja necessário só demonstrar um pouco de resistência cardiorrespiratória.

— Não é truque. Infelizmente, como já disse: não tenho escolhas.

Depois de dizer isso, Kakashi fez um sinal para que eles seguissem Iruka.

Logo eles seguiram pelo mesmo corredor, em frente.

Naruto e Hinata estavam presos em seus pensamentos, até o momento que Iruka os chamou atenção.

— Não desanimem! Sei que a situação é meio desestimulante, mas vocês não podem desanimar.

Os dois jovens o olharam e se olharam.

Iruka sorriu.

— Sabem, há seis anos, quando foi editado o decreto, foram poucos aqueles que se dispuseram a integrar esse grupo. A maior parte das pessoas estava assustada e criam que o rei nos havia abandonado, não sumido. Estava tudo um caos, ninguém sabia o que estava acontecendo. Acho que vocês se lembram.

Sim, eles lembravam. Foi um período conturbado. O povo desorientado e todos de mãos atadas. Ninguém sabia o que fazer.

Chuvas. Ventanias. Tempestades de Areia. Nevascas.

O povo foi orientado a não sair de casa enquanto a situação não se estabilizasse e, quando o clima deu uma trégua, logo foi anunciada a criação de uma força de expedição.

Talvez pensassem ser suicídio entrar para um grupo desses.

E talvez fosse.

Poucos se alistaram à força, e menos ainda foram os que voltaram.

Acreditava-se que a maioria havia morrido, outros criam que eles haviam desaparecido.

Mas embora houvesse esses problemas, haviam aqueles que não desistiam.

Naruto e Hinata eram desses.

Por mais que parecesse estranho, ambos concordavam que sentiam a necessidade de saber o que acontecia.

Ficar sofrendo sem agir ou reagir, se acovardar era inaceitável enquanto existisse a possibilidade de avançar e mudar a situação.

Eles concordaram.

— Bom! — Iruka chamou-os a atenção. — Não existem dificuldades. Vocês precisam correr 3800 metros, fazer 42 flexões no solo, impulsão, teste em barra fixa e nadar 50 metros. Vocês têm até 4 minutos de pausa entre os testes. E há limite de tempo para cada prova. Eu direi o limite conforme vocês forem executando os testes para que não esqueçam. Vocês correrão daqui até aquela montanha ali — ele apontou — As mulheres têm vantagem de 400 metros a menos na corrida e cinco flexões de solo a menos, além de poder realizar as flexões sobre os joelhos. Hinata também tem um limite mínimo menor no teste de impulsão e tempo maior para a natação. Alguma pergunta?

— Ei! Essa vantagem para as mulheres não é injusta, não? — Naruto perguntou. Hinata riu.

— Não, não é injusto. Aprenda o que é ser um cavalheiro, Naruto. — Ele disse e suspirou. — Bom, vocês têm 18 minutos para realizar o teste de corrida. Ambos podem ainda se aquecer e se alongarem e comer algo antes dos exercícios. O teste começa em duas horas. Logo volto! Fiquem à vontade.

Iruka apontou a área em volta.

Hinata olhou ao redor e viu o grande espaço aberto. As montanhas não tão distantes, a grande piscina, a barra fixa e perto de onde ela estava, uma pequena área aberta coberta com uma mesa cheia de comida e um Naruto já abocanhando tudo o que via pela frente. Ela arregalou os olhos.

— Naruto! — Ela o chamou — Se comer tanto, não vai conseguir realizar o exame direito.

Ele largou o que estava na mão e engoliu o que estava na boca.

— Foi mal! A última vez que vi tanta comida foi na sua casa na virada de ano. Acabei me empolgando. — Ele lembrou.

— Isso já faz tempo. Naquele ano, apesar de tudo, a colheita do clã ainda foi salva. — Ela lembrou.

Talvez fosse injusto, mas com a escassez que seguia devido à falta de clima apropriado para plantio, o exército tinha uma certa prioridade no abastecimento de mantimentos, porém não era nada exagerado. Aquele dia havia mais comida por conta dos recrutas.

— Sabe, Hinata. Eu achei estranho o senhor Hiashi deixar você participar de um grupo desses. Aqui em Konoha o pessoal costuma dizer que é suicídio entrar para a tropa de expedicionários. Também estranhei ele deixar o Neji entrar dois anos atrás, por ele ser o filho mais velho, pensei que ele viveria para a família Hyuuga.

— Ele disse que não iria interferir nessa escolha nossa. O otou-sama falou algo como: Hanabi ainda é uma criança, mas você e Neji não são mais. Ainda viverão muitas coisas; boas e ruins. Porém, os pais não podem decidir tudo pelos filhos e nem os conduzir a vida toda. É hora de vocês começarem a andar por si próprios, senão nunca irão crescer e amadurecer — Ela citou.

— Hum... isso parece o discurso de um velho sábio. — Naruto brincou.

— Ei! Naruto-kun, não fale assim do otou-sama. — Hinata bronqueou.

Eles ficaram em silêncio.

— Sabe, Hinata, eu não tenho uma família, mas fico feliz em ter os amigos que tenho, mesmo que não sejam muitos. — Ele sorriu com os olhos fechados.

Hinata olhou para ele, sentida.

— O que está dizendo? Só vamos fazer um exame. Nem saímos em missão ainda e você já está fazendo comentários como esse. Além do mais, o Neji-nii-san já disse: você é um Hyuuga também.

— É... é... — Naruto murmurou e quando Hinata o olhou viu-o quase dormindo.

Ela suspirou e sorriu. Naruto era um dorminhoco. Mas o tanto de energia que ele gastava precisava ser compensada afinal.

Acho que não tem problema deixar ele dormir um pouco.

.

.

Naruto viu uma mancha vermelha e ela o envolvia, era quentinha e aconchegante.

Ela cantava seu nome.

Naruto, Naruto...

.

.

— Naruto-kun, Naruto-kun... — a voz ia mudando. — Naruto-kun, acorde! Está quase na hora do teste.

— Humm... Hinata? — Ele resmungou e despertou de supetão. — Eu dormi? Huh! O teste já começou?

— Naruto-kun, ainda falta meia hora para a prova. Você caiu no sono e eu não vi problemas em o deixar cochilar. O Iruka-sensei voltou já tem alguns minutos e deixou algumas roupas para usarmos durante o exame. — Ela apontou para o canto, onde estavam as roupas. — Te acordei agora para dar tempo de se aquecer e alongar. — Ela sorriu.

— Ah... obrigado, então.

Naruto olhou em volta como se estivesse procurando algo. Quando o encontrou, chamou Iruka.

— Iruka-sensei — Naruto acenou para o Umino e correu até ele. — Aonde eu posso me trocar?

Iruka arqueou as sobrancelhas.

— Atrás da Hinata há duas portas, perto do refeitório. — Ele apontou para a menina — São vestiários; um feminino e outro masculino. Por que não perguntou para ela?

— ... hmm.

— Não me diga que ficou com vergonha por ela ser mulher.

— Não é nada disso! Eu só... nem pensei nisso. Ele coçou a parte de trás da cabeça, constrangido. Correu até Hinata, a lançou um sorriso sem graça e entrou na porta que tinha uma plaquinha escrito a palavra “HOMENS” em caixa alta.

Naruto aproveitou para usar o banheiro do vestiário enquanto estava lá dentro, pois a natureza o chamava.

Quando estava lavando as mãos, ele olhou para o espelho e viu que seus cabelos estavam grudando na testa, pois estava suando.

Ele estranhou. Todavia, apenas deu de ombros e lavou o rosto. Saiu do vestiário com as roupas dobradas na mão e fechou a porta atrás de si.

Hinata estava sentada com as pernas esticadas e tocando os pés com as mãos, quando ouviu o barulho da porta e olhou para lá.

Naruto colocou suas roupas ao lado das de Hinata, e foi até ela, e se sentou no chão, imitando os movimentos dela.

Eles levantaram e continuaram a se alongar. Segurando o cotovelo com a mão atrás da cabeça e colocando os pés sobre as barras fixas ali existentes.

— O teste irá começar em dez minutos — Iruka anunciou — Vocês podem ir se posicionando. Hinata ficará ali onde está aquela bandeira. — Ele apontou — São os quatrocentos metros — Ele esclareceu e emendou: Eu tocarei o apito na hora de vocês começarem.

Hinata foi até o local que Iruka indicara.

Iruka verificava com atenção o cronometro em sua mão.

3, 2, 1.

E o apito soou!

Naruto e Hinata chegaram ao pé da montanha quase que simultaneamente. Naruto chegou pouquíssima coisa antes. Talvez por suas pernas serem mais compridas.

Na prova de impulsão, mesmo sendo mais baixa, Hinata alcançou Naruto na marca de dois metros e cinco centímetros do salto.  Iruka havia dito que o limite para mulheres era de no mínimo um metro e oitenta e cinco centímetros e para homens um metro e noventa e cinco, se quisessem pontuar o máximo possível.

Para natação Naruto tinha 58 segundos de tempo limite, já Hinata um minuto e quatro segundos. Nesse teste, eles quase estouraram o limite.

Na barra fixa não houve grande dificuldade, pois o tempo de suspensão era bem pequeno.

Kakashi realmente não havia dificultado tanto. Entretanto, o fato de estarem se preparando para um teste mais rigoroso há quase seis anos, ajudou-os bastante.

Conforme eles iam realizando o exame, Iruka ia anotando os resultados em um tipo de formulário.

— Bom, vocês tiveram resultados muito bons! — Iruka elogiou ao final e anunciou o resultado: Vocês passaram!

Eles comemoraram de forma comedida, sem muito estardalhaço. Sorrindo um para o outro.

— Os veteranos irão chegar hoje pelo início da noite e lhes passarão algumas instruções amanhã pela manhã. Vocês logo terão uma missão. Integrarão o grupo do Neji-kun, junto com Lee, Tenten e Shikamaru. Bom, levarei vocês até a ala de dormitórios e mostrarei o lugar que irão dormir enquanto estiverem aqui.

Iruka fez sinal para que eles o seguissem. Ele os guiou para o outro lado do enorme pátio e seguiu por outro corredor.

— Hinata, você ficará no mesmo dormitório que Tenten. E, Naruto, você dividirá o dormitório com Neji, Lee e Shikamaru. — Ele parou. — Os dormitórios femininos são em menor número e ficam aqui na frente — Ele apontou — os masculinos ficam mais ali atrás e são maioria, pois mais homens integram o exército e também a força de expedição. Hinata o número do seu dormitório é A-21 e, Naruto, o seu é D-05. Podem trazer suas coisas, mas não é necessário. Vocês podem andar e conhecer o local. Se sentirem fome, sabem aonde fica a cantina e há uma cozinha no bloco G também. Eu vou indo. — Ele avisou e se foi, deixando os dois ali.

— Eu havia esquecido que o Shikamaru-kun havia entrado para o grupo ano passado. — Hinata comentou.

— Ele tem dezessete já. — Naruto lembrou.

— Você também. Bom, quase. Falta apenas uma semana.

—É...

Hinata resolveu mudar de assunto.

— Já que o Iruka-sensei autorizou, porque não damos uma volta? Ainda falta algum tempo para anoitecer... uma ou duas horas.

Naruto anuiu.

Eles seguiram na direção contrária à de Iruka, passaram pela ala de dormitórios, atravessaram a cozinha e pararam do outro lado do terreno.

Eles ficaram olhando ao redor e o lugar parecia quase um espelho da outra parte.

Quando perceberam que não havia nada de diferente ali, decidiram voltar. Foi nesse momento que Naruto olhou para o lado contrário e notou algo.

— Hinata, olha! — Ele apontou surpreso.

Quando Hinata avistou se surpreendeu tanto quanto Naruto. Havia uma pequena mudinha brotando ali.

— Um carvalho — Ela titubeou ao reconhecer — Mas como? Não nasce nada há seis anos aqui. Tudo tem sido cultivado em estufas. — Ela exclamou ainda atordoada.

— Eu não sei!

— Naruto-kun, isso é incrível. — Ela expôs maravilhada e esperançosa.

— Naruto? — A voz que chamou parecia surpresa.

Hinata e Naruto olharam para a pessoa já reconhecendo a voz.

— Shikamaru! — Naruto falou e foi até o amigo cumprimenta-lo.

— Ah?! Hinata é você?

— Shikamaru-kun! — Ela respondeu.

— Eu pensei que você estivesse junto com o Neji... você não é do grupo dele? — Naruto perguntou.

— Sou. Nós chegamos agora há pouco. Iruka me disse que havia dois novos membros na equipe e eu já imaginava que deveriam ser vocês dois.

— Aonde está o Neji-nii-san... e os outros?

— Eles foram entregar o relatório para o Kakashi. — Ele bocejou — Bom, eu vou dormir. A gente se vê amanhã.

— Mas ainda nem anoiteceu direito. — Naruto reclamou.

Shikamaru apenas deu de ombros, acenou e saiu.

Hinata então lembrou-se de algo.

— Nem mostramos a mudinha do carvalho para ele.

Ela olhou novamente para a plantinha e a viu morrer quase que instantaneamente.

— Como isso...? — Naruto indagou perplexo.

A jovem Hinata nada respondeu, tamanho choque.

Os dois ficaram sentados ali fora, no pátio da sede do exército, observando o tempo mórbido até anoitecer.

— Pelo menos ainda podemos observar o céu, a lua, as estrelas... — Hinata comentou olhando para o alto e suspirou.

— Hunhun! — Naruto concordou a observando pelo canto dos olhos.

O tempo passou e eles ficaram ali, até que adormeceram um ao lado do outro.


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