Dear Thomas escrita por cecimaria


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

A partir de agora eu começo a citar trechos da música que me inspirou para essa fic. Vocês podem conferir esse hino aqui: https://goo.gl/9vBFDs

Boa leitura!



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“When you came into the world, you cried and it broke my heart. (...) I’m dedicating every day to you.”

 

 

Querido Thomas,

Papai está morrendo de saudades! Ontem a noite choveu bastante e meus pensamentos foram direto para a noite do seu nascimento. *Chovia muito naquela noite de junho, e eu e sua mãe estávamos praticamente sozinhos em nossa casa no Vale. Seu tio Rômulo estava fora da cidade e eu estava praticamente em estado de pânico, em um misto de ansiedade e nervosismo.

Quando você veio ao mundo, você chorou. E isso partiu meu coração. Eu quis calar sua angústia, quis lhe proteger de todo o mal e desejei com todas as minhas forças que meu colo fosse tão aconchegante e confortável como o útero da sua mãe. Você nasceu pelas minhas mãos e aquele foi o momento mais bonito da minha vida. Sempre tive inveja da sua mãe por poder carregar você dentro dela por nove meses,mas ser a primeira pessoa a lhe segurar significou muito. E significa. Significa que eu sempre vou estar aqui para lhe segurar, para lhe amparar, em todos os momentos da sua vida.

A primeira vez que eu lhe segurei foi o momento em que toda a magia aconteceu. E por bom tempo eu fiquei hipnotizado, apenas olhando para cada detalhe seu. O rostinho, os olhinhos, as mãos e pés tão pequenininhos. Você é a coisinha mais perfeita que já fiz na vida. E eu lhe amei tanto. Eu lhe amei desde o dia em que sua mãe me avisou que você estava a caminho, quando ela falou sobre pássaros e me deixou completamente confuso. Às vezes é difícil acompanhar a inteligência da sua mãe, sabia? Mas talvez não para você, porque você, meu filho,  herdou isso dela. Ela me falou sobre pássaros e me deixou nervoso sem entender nada, e então ela disse que estava grávida, e imediatamente eu o amei. Amei você quando me ajoelhei diante de sua mãe beijei sua barriga suspirando um obrigado. Eu amei a ideia de ter você antes mesmo de se tornar uma realidade.

E desde esse dia em diante eu me dediquei inteiramente a você. Eu dediquei cada um dos meus dias a você. E mesmo agora, mesmo estando em outro país, eu ainda dedico cada um dos meus dias a você. Porque a cada hora do dia meu pensamento está em você e em sua mãe, e em como eu gostaria de estar ao seu lado. A sua voz ecoa em minha mente, chamando por papai, e eu lhe procuro pelos lados, os braços abertos esperando sua típica corridinha para meu colo.

É tão doloroso não poder tocar você, afagar seus cabelos, apertar suas mãozinhas,lhe colocar para dormir todas as noites. Mas papai te ama muito, mais do que qualquer outra coisa na vida. E o papai está aqui cuidando do vovô, mas eu volto logo e vou encher você de beijos.

Espero que esteja cuidando da sua mãe. Você é um rapazinho muito corajoso e completamente apaixonado pela mamãe, como o seu pai. Não poderia ser diferente. Mas nós dois sabemos a sorte que temos por ter sua mãe, não é? E saber que vocês estão cuidando um do outro com tudo que podem é o que me tranquiliza todas as noites antes de dormir.

Eu quero transformar a saudade em lembrança. Escrever essas cartas me aproxima de você. E mesmo sabendo que você não vai lê-las, pelo menos não agora, eu sinto que estou pertinho, zelando cada passinho seu. Mas lembre-se: devagar, meu filho. Não precisa correr, tudo tem seu tempo. Uma vez sua mãe me disse para ouvir o tempo. Torço para que meu tempo longe de você seja breve.

 

Morrendo de saudades,

Papai.

 

A primeira carta de Darcy endereçada a Thomas chegou numa terça-feira. Completava quase dois meses que Darcy estava na Inglaterra. Elisa teve certeza de que jamais se acostumaria com a saudade, com o vazio do lado da cama. Olhou para o filho brincando com os primos, ele não chorava mais a noite, apenas abraçava Elisa, como se temesse que ela também fosse embora. Doía em Elisabeta ver o filho sentindo-se abandonado, mas jamais contaria isso a Darcy, aquilo o mataria. Tinha certeza de que ele entraria no primeiro navio, viria nadando se mais rápido fosse.

Duas semanas atrás Elisa começou a diminuir a frequência com a qual falava de Darcy perto de Thomas. Ora o filho ficava ansioso, ora ficava extremamente triste. Ela não sabia o que era pior. Mas agora que a primeira carta havia chegado ela precisava decidir o que fazer. Sabia que aquelas cartas eram mais para Darcy do que para Tom.

Elisabeta sentou-se na varanda e leu em silêncio a carta destinada ao filho. Não conseguiu conter as lágrimas, e nem queria. Toda a situação era dolorosa demais, mas em cada palavra de Darcy o amor dele pelo filho ficava ainda mais evidente. O pai de Thomas o amava. O amava com todas as forças. O filho era um sortudo nesse sentido           

Enxugou as lágrimas e chamou pelo pequeno:

—Thomas, meu amor, venha cá.

O menino deu seus passinhos até a mãe. Elisabeta era paciente, jamais apressaria o filho em nada, era importante que ele respeitasse seu próprio tempo. Quando ele finalmente se aproximou Elisa o colocou no colo, Thomas adorava a cadeira de balanço.

— Olha só o que chegou para você! Uma carta do papai! Ele disse que está com muita, muita saudade, e que chega logo logo. Você tá com saudade do papai?

Thomas falava pouco, mas compreendia muito. Era um menino esperto, e Darcy adorava dizer que ele havia herdado a inteligência da mãe.

— Papai! - o pequeno segurou o envelope e balançou. - Papai.

Elisa o abraçou, as lágrimas em meio ao sorriso. Decidiu dar férias aos livros de histórias infantis antes de dormir. Todas as noites contaria a Thomas histórias sobre ele, sobre o pai, sobre o Vale. E intercalaria com as cartas de Darcy. Todas as noites o pequeno Thomas dormiria tranquilo sabendo o quanto era amado.  


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Notas finais do capítulo

*Uma autora de verdade fazendo referência a sua própria fic "Thomas", sobre o nascimento do nosso Darlisinho
Link: https://goo.gl/E2C8X8