Promessas de um Cadáver escrita por Trash Mammal


Capítulo 2
Capitulo 2




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No dia seguinte, eu acordei com o som do chuveiro, indicando que a folgada da Lena deixou a cama bagunçada para eu arrumar.

O que eu fiz, porque eu sou trouxa.

Quando ela saiu, eu entrei, tentando ignorar o tanto de cabelo que ela tinha deixado no ralo. A gente saiu de casa bocejando e consegui convencer a teimosa a não parar no Starbucks porque ela não gostava de café e aquele bagulho era caro pra cacete e ela NÃO IA USUFRUIR DA CARTEIRA HH, NÃO NOVAMENTE!

Chegamos na escola cansados, e combinamos de pular a reunião de apresentação, onde todos os novos falavam seus nomes e etc. Decidimos ir para as salas e escolher nossos lugares, e Lena ficou atrás de mim, ela falava, para fazer tranças em meu cabelo na hora de tédio na sala. Saímos logo após, e decidimos desenhar uns aos outros num morrinho que tinha atrás da escola. Estávamos quase chegando, quando...

—MEU LÁPIZ DA SORTE! –Eu gritei, referindo-me ao lápis de tabuada com um furão na ponta, acima de uma borrachinha.

—Agora, Luk—

—SIM!! –E ela suspirou.

—Vai, te espero lá, debaixo da nossa árvore... –e trocamos nosso aperto de mão suuuper secreto, antes de eu sair correndo de volta.

A sala ainda estava vazia quando eu cheguei lá. Remexi um pouco minha mochila e estojo, até achar o Draco. Meu lindo, precioso Draco! Lápis da sorte, animal da sorte e a tabuada estava apontada até o número cinco, então... NÚMERO DA SORTE DO DIA!

Eu passei pouco tempo apreciando o quão lindo meu filho era, porque eu sabia que a Lena estava me esperando; e aquela filha da puta não ia perder a oportunidade de contar cada segundo na minha ausência e, de alguma maneira, usar esse tempo contra mim no futuro.

Basicamente, eu voltei correndo.

Mas eu sou um garoto curioso, um cara que repara em tudo e admira as mosquinhas que voam encima de cocô por seu trabalho duro e cansativo. No momento, eu corria, admirando o quão vermelho e limpo os armários novos eram...

Ótima ideia, Max! E eu não estou nem sendo irônico! Foi desta forma que eu conheci ela: Um esbarrão bruto que jogou ambos a mais de 5 km de distância um do outro.

Foi mágico.

Eu, que era o mais lento, provavelmente, estava desnorteado e bambeando, quase como se fosse cair no chão.

—Desnecessário... –Eu murmurei, olhando triste para o lápis, caído no chão.

Obviamente, eu pensava que era um daqueles moleques infernais que gostavam de derrubar as coisas dos meus braços. A verdade era que eu e Lena... não éramos muito populares. Quer dizer, não éramos nada populares. Eu era o nerd, ela a irritadiça que xinga todo mundo e parece um homem.

A dupla perfeita para ser zoada na escola!

—Perdão... –Eu escutei uma voz fraquinha dizer, lutando para ser ouvida de tão baixa.

—Oi? –indaguei, confuso. Quem jogaria minhas coisas no chão e depois pediria desculpas??

Ao levantar a cabeça e ver meu agressor, eu dei de cara com A COISA MAIS LINDA QUE EU JÁ TINHA VISTO NA MINHA VIDA! Seus cabelos loiros presos num rabo de cabalo alto, deixando duas mechas pequenas demais para serem presas caírem sobre suas bochechas naturalmente avermelhadas. Ela estava corada, dava pra perceber, e, ah!, o vermelho de seu rosto entrava em um grande contraste com o azul de seus olhos, límpidos e claros como um riacho no amanhecer.

Ela era quase um anjo.

—Sinto muito por esbarra em você e derrubar... –ela olhou para o chão, puxando uma das mechas soltas para trás da orelha (aaah ♥) – Seu lápis de furão.

—O nome dele é Draco... –Eu comentei, automaticamente, como um idiota que eu sou, e agora a garota mais linda do mundo saberia que eu dava nome às minhas coisas.

MAS VALEU A PENA MEUS AMIGOS! A RISADINHA QUE ELA DEU LOGO DEPOIS FOI A MELODIA MAIS DOCE QUE EU JÁ TINHA OUVIDO! Ah, o jeito que ela cobria a boca quando ria era... Inesquecivelmente mágico.

—Você nomeia as coisas... –ela comentou, antes de me olhar nos olhos, sorrindo – que fofinho.

E eu senti meu rosto queimar. Muito. Então eu desviei o olhar para não parecer mais bobo do que eu já parecia. Foi aí que eu decidi fazer algo nobre: fugir. Eu abaixei para pegar meu lápis e sair voado dali, mas antes que eu pudesse, eu senti um toque suave em meu antebraço, me puxando para cima.

Quando olhei, vi aquele ~anjo~ com um rosto determinado, e uma expressão séria.

—Tudo bem. Eu pego.

—Coméquié? –Inguei, com uma voz estridente, como eu fazia quando ficava surpreso, e foi minha vez de pegar no antebraço dela, que já abaixara para pegar Draco. – Não! Ta tudo bem. Eu que esbarrei em você, e, o lápis é meu; pego eu!

—Eu derrubei suas coisas, posso me redimir ao pegá-las! –ela reclamou, fazendo biquinho –Por favor, me deixe me redimir...

E eu acho que todos sabem que já tinham me perdido no biquinho, porque meu corpo, simplesmente, parou de funcionar, ok? Eu não conseguia me mexer nem se eu tentasse. Ela provavelmente percebeu esse meu estado instável, e aproveitou para pegar meu lápis no chão e me entregar, ouvindo um automático “obrigado”, da minha boca; eu estava chocado, ainda.

—Sou Victória, por sinal... –ela comentou, virando-se de costas, e eu tentava reunir forças para bradar “não vá!” bem alto. –Mas eu prefiro Vicky.

Eu queria falar e fazer tantas coisas! Mas a única coisa que eu, de fato, consegui, foi responder um breve “Max” de volta para ela que, satisfeita –demonstrando isso com um sorriso -, se foi.

                Eu devo ter ficado parado ali por uma hora. Ou seis segundos, qual é a diferença? Meu rosto deveria estar tão vermelho que eu podia ser confundido com aqueles armários, e era o que eu queria fazer mesmo! Desaparecer porque eu sou idiota e devia estar com cara de idiota!

—Tenho que contar isso pra Lena! –e saí correndo em direção ao morrinho, onde ela me esperava com cara de bunda.

Quando ela me viu, abriu um sorriso; um sorrisinho pretencioso e nojentinho que ela sempre fazia quando me vencia.

—Você demorou doz...

—Foda-se! Me escuta. –eu interrompi ela, me jogando do lado dela na grama de joelhos, sujando minha calça.

Eu normalmente ficaria muito irritado por sujar minhas coisas, mas no momento eu não conseguia pensar direito; Não me culpe! Depois de dezesseis anos eu achara minha alma gêmea e a espera VALEU A PENA!

—Que grosseria! –ela reclamou – Que que deu em você hoje?

Esticando as pernas para eu poder deitar, ela me olhava como se quisesse uma explicação, e eu comecei a falar, tagarelar, com todos os detalhes que eu conseguia me lembrar. TODOS. Ao final da minha estória, que provavelmente era muito menos mágica do jeito na qual aconteceu do que como contei, Lena me olhava com uma cara de pura desaprovação.

—Então... –ela começou, ainda incrédula – Você se apaixonou por uma garota... porque ela derrubou seu lápis da sorte e se arrependeu?

—E ela pegou ele do chão, também! Caramba, Lena, você tava ouvindo a minha estória?

—E você a deixou pegar? –ela dizia, com aquela merda de sorriso que me fazia querer socar a cara dela, além de deixar escapar uma risadinha de deboche.

—...Sim?  -ela olhou para o outro lado, rindo –Mas essa é a questão, sua cabeça dura! Ela insistiu em pegar!

“ela insistiu” Eu repetia, lentamente.

—Ta, ela abaixou e você pode ver a bunda dela, grande coisa! –eu estremeci com a falta de respeito ao meu anjinho por parte de Lena –Isso não é motivo para se apaixonar!

Nesse momento, eu sabia que tinha algo errado. Estreitei os olhos, como fazia quando me concentrava, e a olhei nos da Lena que, em puro espírito de me desafiar, me encarou também. Então, eu percebi tudo –ou achava que tinha percebido, pobre e inocente Max do passado! -, então, abri um grande sorrio e me sentei novamente. Obviamente a Lena tava um saquinho de confusão.

—Ai meu Deus, Lena... –comecei. -Você está com ciúmes!

—QUE?! –Ela exclamou, claramente indignada, antes de começar a rir, desviando o olhar –Você tá loquinho, Standwell.

—Ah, que fofinha! - e a abracei, ignorando seus tentativas de se soltar, que incluíam me socar, me arranhar e me xingar de todos os nomes possíveis; a Leia não gostava de abraços, e isso era um problema, porque eu os adorava. –Eu nem sabia que você podia sentir coisas!

—Ah, vai à merda, Maxwell! –Ela gritou, entre suas tentativas de escapar, o que só me vez aperta-la ainda mais.

—Não se preocupa, não, Lena: tu é minha Leia! –Eu acariciava seus cabelos.––Shh, Shh. Vai ficar tudo bem.

Ela desistiu e, com um suspiro, me abraçou de volta, antes de começar a rir.

—Acho bom, Luke. E que você não me encha o saco falando da garota.

—Você vai ter que se acostumar a não ser a única fêmea da minha vida...

—Fala isso pra Barbie, macho; Tenho certeza que ela vai adorar!

—O nome dela é Victória. –Eu repeti, falando as silabas bem devagar, como se tivesse falando com alguém com deficiência.

—Bem, a Victória –ela repetiu, imitando meu jeito de falar – vai ter que se acostumar a te dividir comigo, e com sua mãe, também.  —ela ficou calada por um tempo – Eu realmente espero que isso não acabe com a nossa promessa de morar juntos!

—Não, que isso! –Eu disse, e a olhei, quase ofendido – Um lugar frio, um prédio barato! Eu vou dividir o apartamento com a Vicky e você pode morar no apartamento ao lado!.. sabe, pra não ficar esquisito...

—Eu vi coisa o suficiente quando criança para entender que eu não quero ficar no mesmo ambiente que um casal apaixonado.

—Não, chega. –eu me levantei, e saí andando –Vai à merda.

—Volta aquiii! –ela reclamou, pulando nas minhas costas...

E obviamente que a gorda me derrubou e saímos rolando morro abaixo...

E lá se vai minha calça e blusa da sorte; sujos de grama e terra!


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Notas finais do capítulo

LEMBRAM DO NOME VICKY? TA AI A FILHA DA PUTA MARAVILHOSA



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