Todos os dias Arrependo-me.

Lanço palavras ao vento que caem como canivetes.

Arrependo-me.

Diante de teu zelo caro amigo percebo o teu esforço em me salvar de mim mesma.

Sou cortejada pelos teus rivais oh Silêncio! estes usam-se de disfarces mas, mesmo que previamente tenha sido tola ainda que tenha te rompido cuidas de mim. Tal cuidado fez com que eu acordasse de um longo pesadelo e fez eu reconhecer.

Sim eu reconheço!  Reconheço o meu erro de ter aceitado os convites de qualquer rapaz atraente, reconheço que o meu maior erro foi ter dado ouvidos a raiva. Vivo a dançar com ela acreditando que é a minha melhor amiga esta não é de tudo ruim, ela não é. Nas horas em que preciso erguer a cabeça e pedir ao destino que mude o andamento da música ou melhor nos momentos em que preciso enfrentá-lo no baile da vida pois, cansada de ouvir as mesmas melodias tristes algo dentro de mim parece querer gritar e tal sentimento sufoca-me é na raiva que encontro a coragem.

Todavia, a raiva é impetuosa e afobada acaba por tirar sua espada e fere todas as coisas sem definir o que deve ser afastado e o que pode ser aproveitado.

Silêncio, não quero mais ter a raiva como conselheira, não quero mais ficar a dançar com ela, eu não quero mais ferir ninguém! Tão pouco quero ser cortejada pelo ódio irmão mais velho dela.

Peço que chame sua irmã mais velha, quero passar meu tempo com a sabedoria, quero amá-la e fazer dela a minha melhor amiga.  

Desejo que tua família seja a minha família e que teus amigos os meus!

Silêncio, peço desculpas por todos os anos em que te ferir, peço desculpas por não ter contido a raiva e por ter te traindo com o rancor.

Aceite o meu pedido de desculpas e veja o quão arrependida estou. Quero que saibas ainda que ultimamente quando estou no salão da vida, quando busco alguém para dançar comigo, busco o teu aroma.

Silêncio, teu perfume me encanta!