Ordem e Liberdade - As Primeiras Memórias escrita por Lady Chiris


Capítulo 3
O Abrir de Olhos




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Quando abri os olhos demorei um certo tempo para me lembrar onde estava. Sabe como é aquele poucos segundos que parecem muitos no qual você leva para perceber o que está acontecendo ao seu redor? Eu era eu novamente e eu estou deitado na mesa no laboratório com o olhar fixo para o teto branco. A primeira pessoa que vi foi Diego sentado na mesa que está em minha frente. Levantei enraivecido e fui em sua direção

 - O que você está fazendo com a minha mente?

 A princípio Diego levou um susto, mas logo fechou a cara e direcionou seu olhar para alguém que está em minhas costas.

 - O que aconteceu? Não faz nem meia hora que começou.

 - Ele conseguiu se desconectar sozinho, Senhor. - Eik respondeu.

 - O que está fazendo comigo? Estou falando com você, me responda.

 Diego limitou-se a me olhar com certo desprezo, um olhar de superioridade.

— O que afinal de contas estou fazendo nesse projeto? O que são essas coisas acontecendo em minha mente? Vocês estão desenvolvendo algum tipo de manipulação da mente? Implantar memórias? Apaga-las? Isso pode fuder minha mente?

— Senhor Almassy, eu até poderia perder o precioso tempo tentando te explicar exatamente o que está acontecendo aqui, mas ai eu me lembro que na verdade você não precisa saber de nada disso. O seu trabalho é simplesmente se deitar naquela cama e processar todo tipo de informação que tiver passando em sua cabeça.

 - Mas eu tenho direito de saber o que vocês estão fazendo comigo. É um tipo de experimento ilegal que vocês pretendem manipular a mente das pessoas?

 Ele se dirigiu novamente para a pessoa que está atrás de mim.

 - Senhorita Meice, vou dar uma saída para resolver algumas coisas e espero que quando eu voltar o senhor Almassy esteja mais calmo, cooperativo e deitado naquela cama e só se levantar quando for ordenado a fazer isso.  - depois saiu pela porta.

 Senti um leve toque meu ombro. Olhei para trás e Verônica me olhava preocupada.

 - David, vamos dar uma saída e tomar um café?

 Eu apenas assenti e olhei para o Eik que ainda estava em seu computador, ocupado com alguma coisa.

 Nosso caminho até a cafeteria foi silencioso. Compramos os nossos cafés e fomos até um jardim interno que ficava no último andar do edifício. Na verdade parecia mais um pracinha, pouco ali tinha de verde, apenas alguns pequenos canteiros com grama, flores e arbustos e em um deles uma grande arvore que fazia sombra contra a luz que vinha do teto de vidro. Aquele horário o lugar estava sossegado com poucas pessoas. Nos sentamos embaixo da árvore.

 - Verônica, quando foi chamado para fazer esse projeto eu não imaginei que estaria novamente naquela mesa. O que está realmente acontecendo? O que são exatamente essas experiências? O que são essas coisas em minha mente? São as memórias de alguém? Vocês estão implantando memórias em mim?

 Verônica segurava o seu copo de café e olhava fixamente para ele sem coragem de me encarar diretamente.

 - Desculpe por talvez não ter sido muito clara com minhas explicações, mas é uma política do próprio Diego. Ele pede que os novatos sejam informados diretamente por ele para que não haja erros. Entenda, o Diego é um homem de negócios e um pesquisador do tipo que gosta de resultados e de não perder tempo. O fato de ele não te explicar exatamente o que está acontecendo é mais um capricho da parte dele do que realmente querer ocultar informações de você. David, você foi escolhido nesse procedimento porque o seu cérebro se comporta de uma maneira diferente do que os outros. A Terveisth não funciona 100% para todas as pessoas, no entanto você é 100% compatível com ela e isso lhe faz uma fonte de informação para entender o quê e como exatamente o seu cérebro funciona para que exista esse 100% de compatibilidade e como podemos transferir isso ou estimular outras mentes ou, quem sabe, criar uma variáveis para que a máquina se adapte as outras mentes para que haja 100% ou pelo menos uma porcentagem próxima a isso.

 - Então eu sou uma cobaia? É isso? Eu sou uma pessoa excepcional, como vocês gostavam de dizer, só porque por sorte eu e aquela cama temos 100% de compatibilidade?

 - Eu não gosto de pensar dessa maneira, David. Você não é uma cobaia, é uma pessoa perfeita para termos dados e informações do melhor uso da Terveisth e, com você, podemos ajudar outras pessoas a poder usá-lo também.

 - E o que são essas coisas em minha mente? Parecem memórias, mas como funciona isso?

 - Não são memórias. Até porque seria impossível retirar memórias tão antigas. Se notar vai perceber que as coisas que está vendo são de uma pessoa que vivia há quase mil anos. É uma outra civilização, outra realidade. A verdade é que o projeto compõe-se com vários grupos de estudo fazendo várias pesquisas diferente sobre a máquina. Com essa política do Diego, não estou por dentro de todos os grupos e pesquisas, mas pelo que eu andei pesquisando essas o que você chama de memórias na verdade foi o projeto de um outro grupo acreditava que havia montado uma história com estímulos elétricos, não me pergunte como, e um cérebro junto com a máquina poderia decifrar como imagens, ou como memórias, e aparentemente eles conseguiram. E não se preocupe, nada disso vai fazer mal a sua mente. Pesquisei sobre isso quando fiquei sabendo que você faria parte dessa coleta de dados e não há nenhuma evidência de que esses procedimentos podem de alguma forma de causar lesão neurais. Eu não permitirei que nada grave aconteça com você, pode confiar em mim.

Ela era tão  bonitinha preocupada.

— Mas se você não tem todas as informações dos outros grupos de estudo, como pode ter certeza de que realmente isso não vai me causar nenhum mal?

 - Sei no que está pensando, mas até agora não há nenhuma evidência disso. Vou continuar de olho em qualquer coisa e se eu descobrir alguma coisa, você saberá logo em seguida. Sei que está chateado por acreditar que estão escondendo informações, que não estão lhe contando tudo, contudo fique tranquilo. Não é só com você, todos nós trabalhamos na mesma forma, sabendo exatamente e apenas o que devemos saber. O Diego, nós e o projeto precisamos de você. Você é a única pessoa que pode nos ajudar a obter as respostas para o aperfeiçoamento da Terveisth. Tem ideia de quanto ela pode ajudar a humanidade? Nós conversamos sobre isso na viagem a praia, lembre-se? E, deixando de lado a arrogância do senhor Sans, você consegue entender porque desse jeito conservador?

 Sim, é claro que eu lembrava sobre a ajuda em curar doenças mentais e a loucura e até mesmo fazer concreto algo que só seria um pensamento. Tudo aquilo é incrível, mas com todo esse potencial que a máquina tem eu começo a me questionar se não há motivos mais egoístas e perigosos que a empresa poderia usá-la. Talvez realmente eu esteja fazendo parte de algo ruim, de um esquema ilegal em que estou sendo usado manipulado, acreditando que estou fazendo algo bom e, na verdade, só entrando numa guerra de poderes, aperfeiçoando uma máquina com o poderoso poder de criar memórias, manipular a mente e implantar mentiras em seus inimigos. Olhei para a Verônica e eu conseguia ver que realmente ela acreditava que o projeto fazia parte de algo maior, algo que realmente seria o próximo passo da evolução humana. Sendo menos desconfiado e olhando um pouco mais pelo lado do Diego, até dava para entender o porquê da sua forma tão reservada. Aquele projeto nas mãos de uma empresa concorrente poderia colocar o histórico de pioneiro e sempre a frente nas pesquisas no passado e assumir a liderança. Talvez toda aquela apreensão e desconfiança de sua parte fora um pouco por influência pelas teorias conspiratórias e pela última conversa que teve com a minha mãe sobre a empresa e, quiça, todas as pessoas diziam, pensavam e criavam histórias espantosas estimuladas pela forma rígida da empresa em esconder suas informações e manter tantos projetos em segredo. Afinal, eles só estavam protegendo o que era deles.


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Notas finais do capítulo

Até a próxima.



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