Novos Rumos escrita por nrodlobato


Capítulo 14
Capítulo 14




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Por Elisabeta

Após a minha briga com Darcy, os dias que se seguiram foram menos agitados, pelo menos do lado de fora porque por dentro eu ainda remoía a nossa discussão. Ainda me lembrava das palavras dele, das acusações que me fez, o seu tom agressivo e cheio de rancor, doía saber que ele pensava aquilo sobre mim.

Às vezes olhava para o meu filho e me questionava quando poderia responder às suas perguntas sobre o seu pai, quando poderia apresentá-los. Mas depois do que aconteceu, isso me parecia um pouco mais distante. A ideia de privar meu filho de um direito que era seu, não me agradava e me deixava completamente aflita, não sabia se estava fazendo o certo, mas esperava que sim.

Minha rotina de trabalho estava tranquila, sem mais visitas surpresas.. conseguia levar e buscar meu filho na sua escola e Jane também sempre me auxiliava. Como Darcy e Camilo já sabiam sobre Thomas, não via mais problema em que ele e Ian se conhecessem, pelo contrário, Thomas estava ansioso por conhecer o primo e eu por finalmente conhecer meu sobrinho, e assim fizemos. Eles pareciam que se conheciam há anos, brincaram, conversaram.. já eram melhores amigos. Vê o meu menino próximo a nossa família, pelo menos uma parte dela, me deixava extremamente feliz, passamos tantos anos sem esse contato, o afeto. Mas agora tudo estava voltando ao seu lugar. Tudo iria se ajeitar.

Além da família, aproveitei meu tempo livre para reencontrar alguns amigos, Ludmilla ficou animada com o meu retorno e surpresa quando a apresentei o meu filho, quando estávamos de saída Januário apareceu e foi mais um reencontro emocionante, ele me informou que dentro de alguns dias iria fazer uma exposição dos seus quadros no teatro e que fazia questão da minha presença lá. Reencontrar meus amigos foi como uma injeção de ânimo, eles me deram força em um momento tão complicado que estava passando.

Durante esse meio tempo, após ler um anúncio no jornal, que oferecia um prêmio em dinheiro para quem escrevesse a melhor matéria, me arrisquei a escrever. A pauta que escolhi falar foi Educação e Cultura, sobre a importância da cultura no processo de aprendizagem. Queria que meu texto fizesse com que as pessoas refletissem sobre o assunto, decidi por não assinar a matéria com meu nome. O preconceito ainda era uma questão e por mais que parecesse covarde da minha parte, preferi usar um pseudônimo masculino, faria isso para ser ouvida sem reserva alguma. Depois eu reverteria isso.

Para a minha surpresa o meu texto foi o vencedor e mais, me convidaram para continuar a escrever para o jornal, só que dessa vez eu seria remunerada. Eu estava animada, além de estar fazendo o que gosto, conseguiria um dinheiro extra, isso me ajudaria bastante.

As vezes quando saia da biblioteca eu olhava para os lados pra vê se Darcy não estaria lá, ou quando estava trabalhando em um corredor e ouvia passos, me lembrava do nosso beijo, ele dizendo que me amava, que me queria.. não sei se a constatação de que ele não estava lá me deixava triste ou aliviada.

Por Darcy

Depois que fiquei sabendo que Elisabeta tinha um filho e a nossa briga, minha vida começou a caminhar ladeira abaixo, meu mundo caiu. Não havia um dia sequer que eu não pensasse nela e nessa criança, doía muito.

Depois que ela foi embora, não houve um dia sequer que eu não pensasse em procurá-la, e eu o fiz. Depois nos reencontramos e teve aquele dia na biblioteca onde me declarei e ela disse que ainda me amava. E isso de certa forma me dava uma segurança, tínhamos nossos problemas que nos mantinham separados mas ela ainda me amava, tudo se resolveria.

Então eu descubro que ela teve outro, amou outro, beijou outro, deu um filho a outro. Esse filho deveria ser meu! Ela deveria ter sido só minha! Eu sei que estou sendo completamente possessivo, mas não consigo evitar de pensar essas coisas.

Tento seguir com a minha vida, me distrair com as obras da ferrovia, mas confesso que tenho rendido pouco no trabalho, isso tinha me afetado profundamente. Briana apareceu algumas vezes, tentou me animar, disse que eu deveria seguir em frente, que eu havia estagnado minha vida por anos por uma pessoa que não pensou duas vezes ao se entregar a outro, sem pensar em mim. Me chamou para sair algumas vezes mas eu não conseguia. Ouvir ela falar daquele jeito de Elisabeta me deu asco, eu estava magoado mas não admitiria que falassem dela daquela maneira, então por vezes a interrompia e pedia para ficar sozinho.

Charlotte estava há algumas semanas em viagem para o Vale do Café, mas chegaria hoje. Eu não via a hora de ter a minha irmã de volta, precisava desabafar com alguém sobre esses sentimentos e os últimos acontecimentos e descobertas e só poderia ser com ela. Ela tinha o poder de abrir a minha mente e me fazer tomar as decisões certas. Eu via tanto de nossa mãe nela e eram nessas horas que a saudade de Lady Williamson apertava.

Enquanto aguardava por minha irmã na sala lembrava das minhas conversas com Camilo, ele dizia que eu deveria esquecer, para pensar de outro maneira, tentar entender que Elisabeta não fez nada de errado, que nós estávamos separados.. mas a verdade é que ele não entende. Na razão eu entendo que ela só seguiu com a sua vida, mas a minha emoção me trai me fazendo lembrar dos nossos beijos, declarações, da nossa única noite, da textura do corpo dela nas minhas mãos, o seu cheiro .. mas depois imagino outro com ela, fazendo essas coisas e fico louco. Cheguei a acordar no meio da noite com pesadelos de Elisa com outro. Nada parece mais fazer sentido, nada me traz felicidade, só tristeza e angústia.

Me lembro do modo que agi com ela no dia da nossa briga, eu estava exaltado, fora de mim, gritei, fui pra cima dela. Me recordo do olhar dela, estava assustada, será que pensou que eu a machucaria? ainda bem que consegui me conter, senão nunca me perdoaria.

Já era noite quando Charlotte chegou e eu corri imediatamente para abraçá-la.

— Charlotte, graças a Deus você voltou! - disse intenso e ela pareceu preocupada com meu estado.

— Darcy, o que houve? Porque você está com essa cara? Deixa eu ver se adivinho o nome disso é: Elisabeta Benedito. Acertei? - ela disse sorrindo no final.

— Sim, sim.. você não vai acreditar, ela .. ela.. eu não consigo nem falar..

— Você está me assustando, Darcy. Pare de gaguejar e diga de uma vez, o que aconteceu com Elisa?

— Aconteceu.. aconteceu que ela tem um filho! - disse com pesar.

— O QUE? - disse surpresa - Eu tenho um sobrinho? Meu Deus, Darcy! Você é pai!! - ela estava muito animada.

— Não, não Charlotte. O filho não é meu.

— Como não é seu? Vocês dormiram juntos não dormiram? Pode acontecer meu irmão - ela ainda dizia esperançosa.

— Sim, mas dormimos uma única vez e se esse filho fosse meu ela teria me contado. Eu a confrontei, nós brigamos. Eu não consigo digerir que ela teve outra pessoa e deu um filho a ele, e provavelmente foi algum aproveitador que a abandonou grávida já que ela não está com ninguém. Esse filho que eu tanto sonhei, Charlotte. Eu não consigo reagir, estou muito mal. - falei desanimado me sentando e afundando meu rosto entre as mãos.

— Ei, Darcy! - ela levantou meu rosto para olhá-la - Mais ânimo, meu irmão. Você não pode se deixar sucumbir à tristeza.

— Está difícil.

— Sabe de uma coisa, pelo que eu entendi já faz tempo que você e a Elisa se encontraram. E se ainda está tão difícil e você não consegue… porque não a procura e resolve isso de uma vez?

— O nosso último encontro não foi muito bom! - disse tentando justificar.

— Mais um motivo para procurá-la. Meu irmão, eu sou apenas uma mera espectadora nessa história, mas uma coisa te digo, não estou gostando nada do que estou vendo. Você deveria tentar mudar alguma coisa. Engole esse orgulho e vai atrás dela.

Eu não estava enganado, conversar com minha irmã era sempre esclarecedor. Ela sempre conseguia me fazer tomar decisões maduras e precisas, e me encorajava de todas as maneiras.

Saí de casa para tomar um ar, fiquei andando pelas ruas pensando no passo que estava prestes a tomar quando tive uma bela visão, o destino parecia sorrir pra mim, testificando que sim, aquele era o caminho certo a tomar. Elisabeta estava na porta do Teatro, linda usando um belo vestido vermelho, dessa vez era um tom mais escuro. Ela não me via, então pude observá-la com calma e certa adoração. Para mim não existia no mundo mulher mais linda que ela, analisei sua boca, a imensidão do verde dos seus olhos, seus cabelos, seu corpo.

Então me lembrei do nosso encontro na biblioteca. Eu beijando a sua boca, me declarando e ela dizendo que também me amavam, depois eu roubando mais um beijo dela. Fui invadido por muitas lembranças daquele dia, somente memórias doces. E essa felicidade inundou o meu coração, me enchendo de coragem, quando dei por mim já estava ao lado dela e sorrindo disse:

— Oi...


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Notas finais do capítulo

Então gostaram? O que virá a seguir? Alguma sugestão? Comentem o que estão achando :)



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