Heartbeat escrita por BittersweetFantasy21


Capítulo 4
New Friends




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Eu havia saído do avião há alguns minutos e já estava com minhas bagagens em mãos (não quero nem me lembrar a confusão que foi para encontra-las, o povo naquela esteira parecia mais perdido que cego em tiroteio). Fui em direção a saída do aeroporto, e parei para observar as mais diversas cenas ocorrendo naquele momento; havia famílias se reencontrando em meio a lágrimas, soldados se despedindo de suas amadas, diversos turistas e alguns jovens viajantes confiantes sobre o destino que os espera. Eu queria poder dizer estar confiante como eles, porém meu estomago se revirava e eu pensava em mil possibilidades.

Em meio à multidão dessas cenas eu procurava o motorista que seria responsável por levar me ao estabelecimento onde ocorreria o Reality Show, ou melhor dizendo, as acomodações dos participantes. Enquanto movia minha cabeça nas mais diversas direções, localizei um homem coreano alto uniformizado, aparentando ter uns 30 anos ou mais, segurando uma placa com meu nome escrito. Segui em sua direção mas não sem antes esbarrar em um cara que corria feito louco de uma multidão de garotas gritando e chorando logo atrás. Com o impacto fui jogada no chão e o motorista largou a plaquinha e correu até mim enquanto a pequena multidão ia ficando cada vez mais distante.

— A senhorita se machucou? – ele disse em um inglês num tom simpático enquanto me ajudava a levantar.

— Acho que já estive melhor – disse com um riso abafado – é sempre assim por aqui?

— Vai descobrir que cenas assim são mais comuns do que imagina senhorita...- ele direcionou o olhar para a etiqueta de minha bagagem que se encontrava em sua mão antes de me devolve-la - Yara Campos. Por favor, acompanhe me até o carro.

Assim que chegamos no estacionamento, ele colocou as malas no porta-malas e abriu a porta do carro, fazendo um gesto para que eu entrasse. Antes de tudo perguntei seu nome e verifiquei a placa do carro conforme as informações que haviam me passado online. Percebi que ele ficou um pouco triste (o coitado até abaixou a cabeça). Depois que vi que estava tudo certo, finalmente entrei no carro.

No caminho, pedi desculpas ao motorista, que se chamava Lee HyoSung, mas era carinhosamente apelidado de Joe. Ele disse que não tinha problema, que mesmo na Coréia era preciso ter cuidado sempre e que eu estava mais do que certa em verificar bem antes de entrar no veículo.

Enquanto olhava através da janela do carro, disse:

—Joe, por que te apelidaram de Joe?

—Bom, sou um dos motoristas responsáveis por trazer a maior parte dos participantes estrangeiros; a maioria deles não conseguia pronunciar meu nome, até que um participante americano disse que eu o lembrava de seu tio coreano Joe, e começou a me chamar assim. Não muito tempo depois o apelido pegou e agora todos me chamam assim, até mesmo meu chefe.

— E você se parece com o tio coreano daquele garoto?

— Ele me mostrou uma foto do tio esses dias e era um senhorzinho careca, barrigudo e cheio de rugas. Confesso que não fiquei muito feliz com a comparação.

Nós dois caímos na gargalhada, e durante o caminho Joe foi me contando a respeita da Coréia, do programa, de como seu trabalho era difícil, da adaptação dos participantes...

Contei um pouco sobre o Brasil, da saudade que ia sentir da minha família e amigos...

Depois de um tempo ficamos num silencio amigável, então abri a janela e coloquei a cabeça para fora, apreciando a vista, o vento nos cabelos, me sentindo igual a um daqueles filmes de Hollywood.

Trilha Sonora: Cover Up - Taeyeon

A cidade de Seul era linda. Pela janela do carro podia ver prédios, árvores de cerejeiras pelas ruas, as mais diversas pessoas e cenários. Havia lojas de conveniências e roupas em araras espalhadas pelas calçadas. Avistei o que parecia ser um grupo de dança realizando um pequeno flahmob enquanto eram cercado por algumas pessoas, e mais à frente pude ver famílias se divertindo num pequeno parque. Olhar toda aquela imensidão fez todo meu nervosismo ir embora e meu coração ser entrega a calmaria e agitação das ruas de Seul.

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Joe me deixou em frente ao hotel e me ajudou com as bagagens, se despedindo em seguida e me desejando boa sorte. Respirei fundo e entrei por umas das portas giratórias.

Mal pude acreditar no que meus olhos viam: o lugar era lindo, com paredes douradas e um grande lustre no centro da recepção, além de várias poltronas e quadros chamativos. Secretárias e recepcionistas estavam em mesas atendendo telefonemas e conversando com outros funcionários e participantes. Homens com ternos pretos e funcionários do local corriam de um lugar para outro sem parar. Parecia que se quer de davam conta do lugar maravilhoso onde estavam.

Fui em direção a recepcionista mais próxima, até ser atingida em cheio por uma coisa enorme e peluda, caindo no chão (duas vezes no mesmo dia, pai amado do céu!).

A coisa grande e peluda começou a me lamber sem parar, até eu perceber que se tratava do maior Golden que eu já havia visto.

— JAMEEEEEEESSSS – gritou uma garota de longos cabelos loiros.

Ela se aproximou e tirou James de cima de mim.

— Desculpa! – ela disse enquanto tentava acalmar o cachorro agitado. – Ele é bem difícil de controlar às vezes.

— É eu percebi - falei num tom de brincadeira, enquanto fazia carinho em James, que retribuiu com um latido a amigável e mais uma lambida.

— Você é nova aqui?

— Acabei de chegar.

— Eu me chamo Kylie, e esse aqui como já deve ter notado – ela apontou para o cachorro – se chama James.

— Yara. É um prazer...eu não sabia que podiam trazer animais aqui...- falei curiosa pra saber como permitiam um cachorro tão grande daquele dentro de um prédio.

— E na verdade não permitem, mas James é uma exceção porque é o mascote do programa...Ele fugiu dos bastidores a algum tempo e eu e Bang Bang estávamos tentando ir atrás dele.

—Quem é Bang Bang?

Antes que Kylie pudesse responder minha pergunta, vejo um garoto coreano baixinho, loiro, em cima de um carrinho de bagagens totalmente sem controle indo em direção a recepção.

Os funcionários desviam a medida que podem, enquanto Kylie e eu acompanhamos movendo a cabeça Bang Bang e seu carrinho descontrolado baterem na parede mais próxima. Quando ele bate, apertamos juntas os olhos e encolhemos nossas cabeças.

Bang Bang sai tonto e cambaleando do carrinho enquanto diz:

—Pegamos ele?

Kylie abaixa e mexe a cabeça em reprovação as atitudes dele e em seguida se vira pra mim:

— Eu cheguei aqui a alguns dias e Bang Bang já está aqui a umas 2 semanas. Ele não precisou vir de avião como a maioria de nós, ele mora numa cidade vizinha então foram apenas algumas horas numa caminhonete velha.

— É uma pick-up, mas respeito ao se referir a minha Bong Bong! – disse Bang Bang se apoiando na parede mais próxima.

— Da onde você veio? – Kylie desfez a careta e se voltou para mim.

— Londres, Inglaterra. Você?

— Rio de Janeiro, Brasil. Não falamos espanhol.

— E nem nós tomamos chá da tarde com a Rainha. – ela disse com um sorriso brincalhão, me fazendo rir junto.

Bang Bang escorregou da parede e foi de encontro ao chão, fazendo Kylie suspirar e se levantar dizendo:

— Acho melhor leva-lo a enfermaria. Foi um prazer Yara, adoraria que você me contasse mais sobre seu país depois. – ela apoiou o garoto que mais parecia um bêbado de boteco do que um trainee em seu braço direito, enquanto segurava a guia de James com o outro braço livre – Se precisar de algo, é só falar. Quarto 26, 12º andar - ela dá uma piscadinha e segue seu caminho. Para uma menina miúda, ela é bem forte...

Concordei com um pequeno sorriso nos lábios enquanto me levantava e finalmente me dirigia a recepcionista.

Lhe passo minhas informações e ela me dá as chaves do quarto, o qual dividiria com mais três garotas.

Sigo em direção ao elevador e olho para os números grafados nas chaves: 26,12. É, pelo visto Kylie seria uma das minhas colegas de quarto. Sorri com um pensamento, até o elevador parar, e duas meninas que pareciam ter saído do Instagram de algum grupo de KPop entrarem nele. Elas falavam em coreano e aparentavam estar comentando alguma fofoca. Meu coreano não era fluente, mas foi o suficiente para entender a maior parte do que elas diziam.

— Nem me fala! Não sei como aquela selvagem conseguiu passar na audição!

— Ela mal consegue pentear aquele cabelo de arbusto, imagine se adaptar a um programa musical!

— Por mim, estrangeiros nem deveriam poder participar do programa – a garota enfatizou essa última parte olhando de cara feia para mim, o que me fez abaixar os olhos e me arrepender de tentar entender o que elas diziam.

De repente, o elevador para e tudo fica escuro, a não ser pela luz no celular de uma das meninas.

Um vídeo surge na tela do celular com o boneco de Jogos Mortais e uma voz grossa que diz:

— Que os jogos comecem! – e logo após solta uma risada maligna.

As meninas começam a gritar e surtar dentro do elevador, as luzes começam a ligar e desligar freneticamente e eu apenas tampo meus ouvidos enquanto acompanho toda aquela cena.

Um apito soa e a porta do elevador se abre e a luz se estabiliza, e o mesmo boneco do vídeo surge em frente a porta; sem pensar duas vezes, as meninas saem correndo e gritando para fora.

"Jigsaw" tira a máscara e revela ser uma linda garota negra de cabelos cacheados amontoados num Black Power. Ela começa a rir sem parar e começa a falar enquanto recupera o folego:

— Aí, desculpa por todo essa confusão – ela diz com um sorriso no rosto – mas você tem que admitir que foi divertido!

— Não posso dizer que elas não mereceram – disse numa mistura de alivio e diversão com toda aquela situação.

— Eu me chamo Holly – ela se apresenta – Hacker profissional e melhor boneco de Jogos Mortais daqui.

— Sou Yara, e sua atuação foi melhor do que a do próprio Tobin Bell! – apertamos nossas mãos.

— Parece que tenho um lugar garantido no próximo Jogos Mortais – ela diz enquanto olha para o aparelho em seu pulso que parece um daqueles equipamentos de filme de espionagem. – Bem, é melhor eu me mandar antes que o pessoal daqui descubra quem invadiu o sistema de segurança deles. Se te perguntarem...

Eu faço um sinal de zíper em minha boca e ela diz:

— Gostei de você. – ela diz enquanto sai do elevador e dá uma piscadinha se despedindo.

Solto um suspiro e balanço a cabeça enquanto o elevador volta a funcionar normalmente.

O elevador para no décimo segundo andar e eu me dirijo ao quarto número 24, uso a chave e entro no apartamento.

Mal tenho tempo de olhar o lugar em que iria ficar pois sou surpreendida com uma chave de braço que me deixou agoniando enquanto tentava entender o motivo de toda aquela situação; cortesia de uma garota japonesa de curtos cabelos pretos parecendo ter saído de um filme do Jackie Chan.

— Nome, idade e como conseguiu entrar aqui! – ela diz enquanto me segura com uma força que nunca senti antes.

— Eu..o que tá aconte...Ai! – ela aperta ainda mais o movimento.

— Responde, agora!

— Yara, 18 anos, sou sua colega de quarto, peguei a chave na recepção!

— Yara Campos?

— Isso - falo agoniada.

— Ah! A participante que veio do Brasil! – ela diz me soltando e "limpando" as mãos em seguida.

— A minha recepção foi mais calorosa do que eu esperava – digo enquanto tento me recompor.

— Foi mal, eu faço isso pra nos proteger de uns xeretas tarados que tentam entrar no apartamento da ala feminina. Só hoje já peguei três no flagra.

— Tenho certeza que eles não vão mais tentar entrar aqui de novo – falo ajeitando meu ombro no lugar.

— Enfim – ela diz rodando o olhar enquanto a cabeça acompanha seu movimento – nosso quarto é a segunda porta a esquerda, o banheiro fica no final do corredor e a beliche de cima já é minha. Eu me chamo Mei, e se perguntarem por mim diga que fui visitar minha tia avó Ling. – ela olha pros lados e sussurra – vou estar na academia de artes marciais. – E com isso dá uma piscadinha e sai do apartamento.

— Deus do céu, só tem gente louca por aqui? – falo comigo mesma.

— Eu ouvi hein! – Mei diz do outro lado da porta.

Aperto meus olhos pelo mico que acabei de cometer e decido ir para o quarto arrumar minhas coisas.

É, vai ser um longo dia.


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