60 Minutos de Paixão escrita por Lara


Capítulo 13
Jantar em Família


Notas iniciais do capítulo

Oii Cupcakes ♥! Como sempre, demorei, mas estou de volta. Esse capítulo acabou sendo divido em duas partes, porque ficaria muito grande postar tudo de uma vez. Então, prometo que domingo sai a segunda parte com a narração de Max. Quero agradecer demais a minha cunhadinha Feh, por me falar o nome da música do casal Olicity. Você foi de grande ajuda.

E muito obrigada também Nick10 e Juliana Lorena pelos comentários maravilhosos no capítulo passado. Espero de verdade que vocês gostem desse capítulo. Vocês são incríveis. Boa leitura...



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CAPÍTULO XII - JANTAR EM FAMÍLIA

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 Austin Moon é um dos empresários mais novos a ter o reconhecimento mundial no ramo da música. Com apenas vinte e cinco anos de idade, ele se tornou milionário ao gerenciar a carreira da esposa, Ally Dawson, um dos maiores fenômenos do país. Hoje em dia, com seus quase vinte anos de carreira, nessa indústria tão disputada, não há ninguém que nunca tenha ouvido falar em seu nome ou quem ao menos não conheça um dos seus muitos artistas talentosos.

 Com sua agência de entretenimento, ele conquistou incontáveis prêmios importantes e um modelo de referência de como se administrar um negócio. A DM Music é uma das maiores empresas do mundo e a fórmula de seu sucesso com certeza deve envolver as mentes brilhantes de Austin Moon e Ally Dawson, que permanece sendo a principal estrela da agência e sócia do marido.

No entanto, apesar de possuírem grande sucesso e reconhecimento no âmbito profissional, a vida pessoal da família Moon é um dos maiores mistérios para a mídia. Por decidirem poupar os filhos do estrelado, o casal decidiu manter a identidade das crianças em sigilo e isso só se intensificou ainda mais com o sequestro de Jenny, que eu havia descoberto recentemente.

Agora, de frente para o patriarca da família, meu coração parecia a ponto de sair pela boca. Eu não entendia bem o motivo, mas eu sentia que a maneira séria com a qual o loiro de aparência tão semelhante à de Jenny era sua forma de me analisar. Saber que ele me reconhecia também não me ajudava em nada a me manter imparcial a presença do homem que sempre admirei.

— Como... como sabe o meu nome, Sr. Moon?

Finalmente questiono, sem aguentar mais a minha curiosidade. Eu tenho certeza de que nunca o encontrei antes, então como ele poderia saber? E de repente, a ideia de que ele soubesse da acusação de assassinato que eu estou respondendo me deixa ainda mais apreensivo, pois isso poderia significar que Dan e eu precisaremos nos afastar por completo dessa família que se tornou tão importante para nós em tão pouco tempo.

— Oliver Queen foi um grande inimigo na época da escola. Nossas escolas eram bastante competitivas nos campeonatos escolares e, como capitães dos times de basquete, nós sempre éramos comparados nos campeonatos. Seu pai e eu sempre fomos bastante competitivos, então não foram poucas as vezes em que quase resolvemos nossas diferenças com nossos punhos. – Responde Austin de forma nostálgica com um sorriso em seu rosto. – Depois que nos formamos e cada um seguiu seu destino, seu pai e eu voltamos a nos encontrar apenas em eventos de amigos em comum. Apesar de nos darmos melhor, acho que a rivalidade ainda corre em nossas veias.

— Então as famílias Moon e Queen são inimigos de longa data? – Questiona Ian, surpreso com a explicação do pai de seus melhores amigos.

— Eu diria que sim. – Concorda o loiro, rindo levemente.

— Quase uma versão moderna de Romeu e Julieta. – Comenta a asiática, encarando Jenny, que continuava a observar o pai com os olhos levemente arregalados.

— Bom, por sorte, o namorado de Jen é o garoto Harper, então acho que está tudo bem. Meu problema é apenas com o irritante e prepotente Oliver Queen. – Comenta Austin, sorrindo bem-humorado, enquanto coloca a mão sobre o ombro de meu primo. Ele então se vira para mim. – Nas vezes que eu me encontrei com seu pai, ele me falou muito sobre você, Maximus. Olhando para você agora, não tenho dúvidas de que você é filho de Oliver Queen. Os mesmos olhos selvagens e teimosos.

— Obrigado? – Respondo, incerto sobre o que deveria dizer sobre isso.

Austin Moon continua a me encarar intensamente, com o olhar perdido em pensamentos. Talvez as memórias de sua adolescência e todos os conflitos que tivera com meu pai naquela época estivessem retornando em sua memória. O clima entre nós se torna tenso. Jenny finalmente me encara e sinto como se ela tivesse muito a dizer, mas não fosse capaz de dizer qualquer coisa.

— Bom, infelizmente, nós precisamos ir, Sr. Moon. Em nossa família temos a tradição de comemorar meu aniversário em um restaurante de comida italiana. Já está ficando tarde, então nós já estamos indo. – Intervém Dan, sorrindo sem graça.

— Você também vai, filha? – Pergunta Austin à filha, que apenas parece acordar para a realidade quando recebe uma cotovelada de Melissa.

— Sim. Sim, claro. – Responde a garota, ainda atordoada. – Eu sou a namorada do aniversariante, então seria estranho se eu não aparecesse, certo?

— Tudo bem. Apenas evite chegar muito tarde. – Orienta o homem, suspirando.

— Não se preocupe, Sr. Moon. Nós traremos Jenny em casa em segurança antes das onze horas da noite. – Aviso, sem realmente entender o motivo de ter dito isso, afinal, eu sou apenas o primo do namorado da garota.

— Acho bom mesmo, Sr. Queen, ou eu terei o prazer de te fazer conhecer o inferno mais cedo. – Ameaça o homem com um sorriso irônico.

— Pai! – Repreende Jenny, envergonhada. – Não ligue para ele, Max. Meu pai e meu irmão têm a irritante mania de ameaçar qualquer garoto que se aproxime de mim como se eu fosse uma criança de dois anos que não sabe se defender.

— Eu apenas quero proteger você, querida. – O tom de voz de Austin muda completamente ao falar com a filha.

— Eu não sou uma boneca de porcelana frágil que pode se quebrar a qualquer momento. – Responde a garota, revirando os olhos, antes de deixar um beijo na bochecha do homem. – Boa noite, pai.

— Tchau, querida. Qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, me ligue e eu irei te buscar. – Avisa Austin, encarando a filha como se ela estivesse prestes a se mudar para o outro lado do mundo. E nesse momento preciso me segurar para não ri da proteção exagerada do homem com Jenny, que é tão parecida com a de Josh.

— Tchau, pai. – Resmunga Jenny, suspirando. Ela acena para os melhores amigos e puxa Dan e eu em direção a porta. – Vejo vocês depois.

— Divirtam-se! – Responde Ian, sorrindo, enquanto acaricia a pelugem branca de Kiara, que ronrona satisfeita.

— Depois me conte tudo, Jenny! Eu quero saber de todos os detalhes desse jantar. – Grita Melissa com um sorriso malicioso em seus lábios.

Jenny nem mesmo se dá o trabalho de se virar para os amigos, enquanto continua a puxar Dan e eu para a saída da casa. E assim que ela considera ser uma distância segura, a loira suspira aliviada e nos encara com preocupação. A situação toda havia sido tão estranha que eu nem sabia bem como reagir.

— Eu sinto muito. – Lamenta a garota, suspirando mais uma vez. – Meu pai não deveria ter chegado tão cedo em casa. Ele sempre fica no trabalho até tarde.

— Está tudo bem. Não se preocupe com isso. – Afirma Dan, sorrindo gentil. – Na verdade, conhecer seu pai não foi tão ruim quanto imaginei que fosse. Seu irmão foi muito mais difícil de lidar.

— Ao menos ele parece não saber que eu estou envolvido com o processo de... bem, vocês sabem o que. – Digo, cansado. Observo Jenny e não consigo evitar que a culpa me atinja. Egoísta, eu estou cada vez mais envolvendo a garota em um assunto que ela deveria se manter afastada o máximo possível. – Acho que seu pai já tem motivos o suficiente para não gostar da minha família.

— Você sabe que o que meu pai falou nem mesmo faz sentido, certo? Não estamos mais no século XVI, onde as famílias se odeiam e todos precisam se manter afastado. Não importa o que nossos pais viveram na adolescência. Isso foi há muitos anos e pelo que eu entendi, essa rivalidade deles não passa de infantilidade masculina. – Responde a loira com determinação.

— Eu sei. É só que eu não esperava que seu pai conhecesse o meu e menos ainda que eles se odeiam desde sempre. – Digo, suspirando. A garota me encara com seriedade. – Eu só não quero que isso fique entre a gente e você se afaste de mim. – Jenny e Daniel parecem surpresos com a minha sentença e somente nesse momento é que percebo o que eu havia dito. – Quero dizer, você é uma das pessoas mais incríveis que eu conheço. É inteligente, divertida, bonita de diversas formas e bom, eu.... eu não quero que isso atrapalhe a nossa...amizade.

— Max... – Ela sorri timidamente, enquanto suas bochechas se tornam vermelhas. – Não seja bobo! Nada e nem ninguém vai atrapalhar a nossa amizade.

— Nem mesmo seu pai odiando o meu? – Pergunto, apenas porque ainda não me sinto confiante.

— Nem mesmo meu pai odiando seu pai por motivos bobos. – Afirma a garota, alargando seu sorriso. – Eu prometo.

Por mais idiota que fosse, eu me sentia um pouco mais calmo com a promessa de Jenny. Desde a morte de Nathan, eu perdi muita coisa. Amigos, minha casa, minha paz e minha liberdade. Dia após dia, eu vi minha família se tornar ainda mais solitária do que já éramos. E agora que conheci os gêmeos Moon e seus inseparáveis amigos, eu simplesmente não conseguia mais me imaginar longe deles.

— Certo. – Sussurra Daniel, parecendo não saber bem o que fazer. – Eu odeio ser o estraga momentos, mas acho que temos um problema maior.

— E qual seria esse problema? – Pergunto, preocupado.

— Eu estou preocupado com a possibilidade de o tio Oliver reconhecer Jenny. Quer dizer, não demorou muito tempo até que o Sr. Moon descobrisse que Max é filho de seu rival. E se tio Oliver descobrir e acabar revelando a todos que Fernanda Freitas na verdade se chama Jennyfer Moon e é filha de um dos casais mais poderosos dos Estados Unidos? Nossa avó poderia se tornar um grande problema. Afinal, ela não perderia a chance de fazer de tudo para nos casar, sendo você o pote de ouro no fim do arco-íris que ela sempre desejou. – Destaca Dan, frustrado. – Seus pais são ricos e extremamente bem-sucedidos em um ramo que nossa família ainda não possui tanto conhecimento, você tem uma boa educação e ainda faria que as suspeitas sobre a minha orientação sexual desaparecessem. Isso seria muito conveniente para Moira Queen.

— Por enquanto, não vamos pensar sobre isso. – Pede Jenny, colocando um ponto final no assunto. – Por que não vamos jantar e deixamos para pensar sobre o que iremos fazer com essa nova informação na segunda?

Nesse momento, meu celular começa a tocar. Pego o aparelho que estava no bolso de minha calça e vejo o nome de minha mãe brilhando na tela. Mostro para Jenny e Dan, e sorrio levemente antes de atender. Minha mãe às vezes parecia saber exatamente o momento exato para me ligar.

— Oi mãe. – Cumprimento a mulher, esperando um sermão dela por estarmos demorando a chegar.

Onde vocês estão, Max? Não me diga que esqueceu o nosso jantar! ­ - Repreende a mulher do outro lado da linha.

— Não, mãe. A gente não esqueceu. Apenas tivemos um pequeno imprevisto e acabamos enrolando aqui na casa da namorada do Dan. – Respondo rindo levemente, enquanto encaro Jenny. Ela engole em seco, como se começasse a ficar nervosa pelo jantar em família com meus pais.

Vocês ainda irão demorar? – Pergunta minha mãe, suspirando em seguida. – Seu pai e eu estamos com fome e não aguentamos mais ficar à sós com a megera da sua avó. Thea e Roy resolveram ir a um encontro de última hora e nem mesmo Gina quer ficar perto de nós. Juro que se essa velha falar mais um “a” para mim, eu não respondo mais pelas minhas ações.

— Tia Thea e tio Roy estão em um encontro? – Questiono, surpreso. Dan me encara tão confuso e incrédulo quanto eu.

De tudo que eu falei, isso é tudo que você tem a me dizer, garoto? – Pergunta minha mãe, visivelmente irritada.

— Certo, certo. Me desculpe. – Respondo, rindo. – Por que a senhora e o pai não vão indo para o restaurante? A Je... Digo, a Fernanda já está pronta mesmo. E acho que o trânsito caótico dessa cidade deve estar ainda pior nesse horário. Até irmos em casa para depois ir para o restaurante vai demorar mais.

Tudo bem. Você sabe onde fica o Pane & Vino? Quer saber, nem precisa responder. Você é péssimo de localização. Passe o celular para o Dan. – Pede minha mãe e não consigo evitar revirar os olhos diante do comentário da mulher.

— Nossa, mãe. Muito obrigado. – Resmungo, entregando o celular para o meu primo, que me encara confuso. – Ela quer explicar para você onde é o restaurante em que vamos jantar. Aparentemente, eu sou péssimo com localizações.

— Mas você é mesmo. – Concorda meu primo rindo, enquanto pega o celular da minha mão. Jenny dá uma risada baixa e ao receber meu olhar repreendedor, ela levanta os braços em sinal de redenção. Suspiro, frustrado. – Oi tia. Desculpa a demora. Nós já estamos saindo daqui. Sei. Pane & Vino? Sei. Ah, ele fica perto do Teatro Cameo? Então eu sei onde é. Nós estamos por perto. Se o trânsito não estiver ruim, chegaremos no restaurante em uns vinte minutos. Tudo bem. Até daqui a pouco. Beijos. – Dan me entrega o celular e sorri. – Vamos? Eu sei onde fica o restaurante. Já fui ao Teatro Cameo alguns dias atrás e fica perto daqui.

— Tudo bem. É melhor nós irmos ou minha mãe é capaz de nos matar. – Digo, destravando o carro.

Sigo para o lado do motorista, enquanto Dan se senta ao meu lado e Jenny no banco de trás. Assim que meu primo ativa o GPS – apenas por precaução, segundo ele -, seguimos para um dos restaurantes de comida italiana da cidade. Enquanto eu dirigia, concentrado nas pistas de trânsito intenso de Miami, Jenny e Dan iniciam uma conversa sobre a impressionante história do Teatro Cameo e as peças teatrais favoritas deles.

Por sorte, apesar do trânsito intenso, não demoramos muito a chegar ao local marcado. Depois de muito procurar uma vaga para estacionar, Dan, Jenny e eu seguimos para o estabelecimento de fachada simples e acolhedora, que em nada se parecia com o que eu havia imaginado.

Pela janela de vidro da fachada, vejo meus pais sentados em uma mesa mais ao fundo do restaurante. Eles conversavam de mãos dadas e risos no rosto. Eu gostava de observá-los assim. Era como se nada pudesse estragar aquele mundo somente deles. Olho para o lado e vejo Jenny admirando os dois. Provavelmente sentia o mesmo que eu em relação aos meus pais.

Aproveito o momento para observar a garota de cabelos loiros ondulados. Ela estava ainda mais bonita que o normal. A maquiagem delicada, o vestido preto simples, mas que valorizava toda sua beleza. Parece que a cada dia que se passa, Jenny consegue se tornar ainda mais bonita aos meus olhos.

— Max? – Dan coloca a mão no meu ombro e me encara com a sobrancelha arqueada. – Tio Oliver e tia Felicity estão nos chamando para entrar.

Despertando dos meus pensamentos, noto que estava sendo observado pelos meus pais, meu primo e Jenny, que parecia curiosa para saber o que se passava em minha mente. Sorrio sem graça e sigo para dentro do singelo restaurante, que estava bastante movimentado e exalava um delicioso aroma de comida. No mesmo instante, meu estômago se revira, ansiando por uma refeição.

— Finalmente! – Reclama minha mãe, levantando-se. Ela me encara com repreensão, talvez pela demora em entrar, mas logo abre um grande sorriso ao ver que Jenny estava ao meu lado. Ela então vai até a garota e a abraça apertado. – Fernanda! Eu estou tão feliz que tenha conseguido vir ao jantar de aniversário do Dan. Lamento pelo convite em cima da hora.

— Não se preocupe com isso, se... Digo, Felicity. – Jenny parece se lembrar que minha mãe detesta ser chamada de senhora e sorri sem graça. – Eu não poderia perder um jantar tão importante quanto esse.

— Estamos muito felizes que participe dessa nossa tradição. – Afirma meu pai, sorrindo para a garota. – Por que não nos sentamos? Não deve demorar muito para que eles nos sirvam.

— Ótima ideia. Estou morrendo de fome. – Dan suspira, observando a lasanha sendo servida na mesa próxima a nós. Rimos de sua reação e nos acomodamos. – Esse lugar é pequeno, mas é muito aconchegante.

— Esse restaurante existe desde que sua tia e eu éramos adolescentes. – Relembra meu pai com um sorriso nostálgico nos lábios. – Inclusive, aqui foi um dos muitos lugares que marcou nosso namoro.

— Como assim? – Pergunta Jenny, interessada. Seus olhos brilham em ansiedade pela possibilidade de ouvir uma história de amor.

— Oliver e eu não nos demos bem logo que nos conhecemos. Ele era o típico cafajeste que achava que tinha todas as garotas aos seus pés. – Explica minha mãe, rindo com desdém para meu pai, que dá de ombros e sorri ladino.

— E eu tinha mesmo. Eu conseguia atrair a atenção das mulheres apenas por respirar. – Responde meu pai, convencido. Minha mãe revira os olhos.

— Eu ainda me pergunto o motivo de ter me casado com você. Como pode ser tão convencido assim? – Resmunga minha mãe, mas, por mais que ela tentasse, a loira não conseguia esconder o brilho em seus olhos ao olhar para o marido.

— Simples. Você me ama demais para viver longe de mim. – A resposta cheia de certeza, fazem minha mãe bufar, apenas porque não poderia negar a afirmação. Jenny, Dane e eu rimos da forma como os dois agiam.

— De qualquer forma, Oliver e eu não nos dávamos bem e eu fazia de tudo para ficar longe dele. Só que o destino parecia sempre conspirar para que nos esbarrássemos e ficássemos juntos. Então, durante uma de nossas discussões, nós apostamos que faríamos um se apaixonar pelo outro. – Conta minha mãe, que ri e balança a cabeça, negando. Eu amava ouvir a história dos dois. Era sempre tão divertida e digna de um livro de romance clichê, onde os personagens dizem que se odeiam, mas na verdade tudo é amor reprimido.

— Isso é sério? – Pergunta Jenny, animada.

— Sim. Nós iriamos em encontros e mostraríamos a realidade um do outro. Aquele que se apaixonasse primeiro, acabaria perdendo a aposta e seria obrigado a admitir para a escola inteira que havia se apaixonado pelo ganhador em uma grande serenata de amor. – Complementa meu pai, encarando minha mãe com admiração.

— Obviamente, essa ideia partiu dele e eu, agindo por impulso, acabei aceitando essa loucura. – Explica minha mãe, entrelaçando os dedos aos do meu pai.

— E o que aconteceu? – Pergunta Jenny, curiosa. – Quem se apaixonou primeiro? Vocês fizeram a serenata em frente a escola toda? Como encontros?

— Ei, vai com calma. Que tal respirar antes de metralhar meus pais com perguntas? – Brinco e ela me dá língua. – Muito madura da sua parte.

— Você sabe que eu sou curiosa. – Responde a garota, rindo sem graça. Ela se vira para os meus pais com as bochechas levemente rosadas. – Desculpa.

— Não se preocupe, querida. – Afirma minha mãe, rindo. – Meu filho é que tem a personalidade irritante do meu marido e não perde a oportunidade de nos tirar do sério.

— Isso é verdade. – Concorda Dan, rindo levemente. O garçom aparece com alguns pratos para nós e coloca sobre a nossa mesa. – Finalmente! Eu estou morrendo de fome.

Todos se animam pela aparência incrível das porções tragas pelo garçom. Aos poucos, vamos nos servindo com a variedade de massas que estava a nossa disposição. Jenny parecia não saber o que comer de tão embasbacada que estava. Eu me sentia muito bem por ver que ela estava tão à vontade com a minha família, ainda mais depois do almoço desastroso que havia sido com a megera da minha avó.

— Mas, e então? Vocês não continuaram a contar a história de vocês. – Instiga Jenny, como uma criança traquina, ansiosa pelo desfecho da história.

Minha mãe leva a mão na boca e ri, terminando de mastigar sua macarronada. Ela toma um gole de vinho e encara o marido, que lança uma piscadela para ela e volta a prestar atenção em seu prato.

— Bom, nós intercalávamos os encontros. Uma vez eu escolhia o lugar onde iriamos e mostraria a minha realidade a ele. Diferente de Oliver, eu vim de uma família muito simples e humilde. Meu pai abandonou minha mãe quando ela estava grávida de mim, então éramos somente ela e eu. Minha mãe trabalhava como garçonete e fazia qualquer trabalho que aparecesse no fim de semana. Por isso, eu cresci realmente em um lugar onde tínhamos que virar para conseguir pagar as contas e comer. E bom, você deve saber que a família Queen sempre foi conhecida pelo dinheiro e poder. – Conta minha mãe, despertando ainda mais o interesse de Jenny. – Minha mãe sempre foi comunicativa e tinha muitos contatos. Depois de conversar com um de seus clientes, ela conseguiu que eu fosse recomendada para a Arrow High School, que era a escola em que Oliver estudava. Eu fiz uma prova e consegui uma bolsa integral com todas as despesas pagas até a formatura. A única exigência é que eu não me envolvesse em problemas e mantivesse minhas notas altas. Oliver era o garoto problema que eu tentei de todas as formas me manter afastada.

— Eu jamais imaginaria que você veio de uma família humilde. Você é tão elegante e culta. Parece realmente ter nascido na alta sociedade. – Comenta Jenny com sinceridade, sem esconder sua admiração por minha mãe. Não consigo evitar um sorriso ao ver que assim como eu, ela também conseguia ver a mulher incrível que minha mãe é.

— Você é muito gentil, querida. Mas até hoje eu sou bastante criticada pela alta sociedade. – Afirma minha mãe, rindo levemente.

— Ela é chamada de Ogra Queen por muitas das amigas da minha mãe. – Relembra meu pai, rindo. Minha mãe dá uma cotovelada em meu pai, que se encolhe rindo ainda mais. – Está vendo? É por isso que ela é chamada assim.

— Cala a boca, Oliver. – Repreende minha mãe, revirando os olhos. – Enfim, eu sempre frequentei lugares mais baratos e buscava mostrar para ele que há beleza em lugares que o dinheiro não é importante. E esse restaurante foi o último lugar que eu o trouxe antes da nossa aposta chegar ao fim.

— E quem ganhou? – Pergunta Jenny, curiosa.

— Ela é irresistível demais. E eu, como o indefeso e ingênuo garoto da alta sociedade, fui seduzido pelos encantos de Felicity. Ela me enfeitiçou e desde então eu nunca mais consegui me livrar dessa magia. Eu acabei sendo o primeiro a me declarar. Ao som de Your Eyes, Open, eu revelei a todos da escola que o príncipe havia encontrado a sua princesa. Como o homem romântico que sou, até mesmo cantei para ela e entreguei um buquê de rosas estando de joelhos. – O homem de aparência tão semelhante à minha dramatiza, arrancando alguns risos de Jenny. Minha mãe revira os olhos, mas não demora a sorri, divertindo-se com o comportamento do marido.

— Você é tão romântico! Um perfeito príncipe encantado. – Brinca Jenny, fingindo estar encantada pelo homem.

— Oh, não faça isso, Fernanda. Você só vai contribuir para inflar o já grandioso ego desse idiota. – Avisa minha mãe, arrancando ainda mais risadas de Jenny.

— Eu me lembro como se fosse ontem. Era intervalo. Todos conversavam e reclamavam sobre as aulas. Era um dia quente de verão, então a maior parte da escola preferiu ir para a arquibancada de futebol da escola, pois era coberta e era o local mais fresco da Arrow High School. Meu melhor amigo e eu invadimos o campo de futebol. Ele segurando a caixa de som e eu com um microfone na mão. Todos pararam o que faziam para descobrir o que iriamos fazer. Felicity estava na arquibancada com suas amigas e me olha confusa. Dig liga o som. A melodia de Keren Deberg ecoa pela escola. Eu pego meu microfone. Respiro fundo e... – Meu pai pega a mão de minha mãe e a encara como se ela fosse uma joia preciosa. – And your eyes, open for the first time. And I see that moment all of my life. And I won’t forget the way. Your look in the light When your eyes, open for the first time.

E assim como fez há vinte e três anos, meu pai canta a canção que marcou a vida dos dois como se fosse a mais bela das canções. Minha mãe sorri, completamente apaixonada, e acaricia o rosto do homem com quem tem vivido mais da metade de sua vida. Dan e eu nos encaramos, sorrindo como filhos orgulhosos. Era bonito ver o amor de meus pais, real e intenso. Que mesmo com as constantes brigas, tem sobrevivido a todas as dificuldades diariamente.

— Uau. – Sussurra Jenny, admirada com o que via, e eu a encaro, sorrindo. Porque eu sabia bem o que se passava em sua mente. – Vocês se amam tanto. É como se eu estivesse vendo um conto de fadas da vida real.

 Meu pai suspira e encara a esposa com um sorriso cansado, antes de virar para Jenny. Eu sabia bem que a história de amor deles nem sempre foi um mar de rosas.

— As coisas não foram tão fáceis assim. Enquanto tentávamos viver nosso conto de fadas, minha mãe descobriu sobre nós. Ela não aceitou a origem de Felicity e fez de tudo para que terminássemos. Isso incluiu usar minhas ex-namoradas para nos infernizar, armar para que nós brigássemos e usar a saúde da mãe de Felicity como chantagem para nos separar.

— Oliver tinha acabado de se declarar para mim na frente da escola e todos sabiam que estávamos namorando, então isso deixou a megera da Moira enfurecida. Na época, minha mãe descobriu um tumor cerebral. Foi muito difícil conseguir um tratamento para ela. Moira se aproveitou da minha única fraqueza, que era a minha mãe. Caso Oliver não terminasse comigo, ela cortaria o tratamento da minha mãe. Ele não só não me contou, como também terminou comigo no mesmo instante. A desculpa dele era que tinha deixado de me amar. Eu sentia que ele estava mentindo, então investiguei e não demorei para descobrir a verdade. – Continua minha mãe, suspirando frustrada.

— E o que vocês fizeram? – Pergunta Jenny, apreensiva.

— Eu fui atrás de conseguir a cirurgia da minha mãe. Enquanto isso, nós tivemos que fingir que não estávamos juntos, mesmo estando. Enquanto isso, a bruxa continuava a infernizar Oliver para que ele se casasse com uma mulher rica e bem-sucedida. E quando minha mãe fez a cirurgia e ficou fora de perigo, nós percebemos que realmente nos amávamos. Então, como uma pequena vingança, nós unimos o útil ao agradável e fugimos para Las Vegas, onde nos casamos com um cover do Elvis Presley. Quando voltamos, fizemos questão de anunciar para todos sobre o nosso casamento, principalmente na televisão e sites de fofoca. E assim, Moira não podia fazer mais nada para nos separar. Eu já havia sido anunciada como a graciosa Felicity Smoak Queen, a esposa do presidente das Corporações Queen. – Minha mãe conta como se fosse uma criança que tinha acabado de aprontar com a pessoa que mais detesta. Rimos de suas caras e bocas, com a evidente satisfação de incomodar minha avó.

— Vocês se casaram em Las Vegas? Isso é incrível! – Exclama Jenny, rindo animada. – A vida de vocês daria um livro de comédia romântica perfeito.

— Max e eu vivemos dizendo isso a eles. – Comenta Dan, sorrindo. – Não importa quantas vezes eu ouça essa história, é sempre tão divertido.

— Ainda mais a parte onde a megera da nossa avó não pode fazer nada além de aceitar que eles haviam se casado. – Comento, rindo.

— Moira realmente fez de tudo para nos separar. Mas não foi apenas ela que complicou e muito a nossa vida. – Resmunga minha mãe, chamando nossa atenção. – Chelsea Griffin foi uma das piores pessoas que nós já tivemos o desprazer de conhecer.

— Acho que essa história nós nunca ouvimos. – Comenta Dan, interessado. – Quem é essa mulher?

— Uma ex namorada minha. – Conta meu pai, bebendo um gole de seu vinho em seguida. – De alguma forma, ela tinha certeza de que ela e eu ficaríamos juntos. Ela era bastante psicopata. Eu tive que pedir uma medida protetiva de distanciamento na justiça para que ela ficasse no mínimo 500 metros longe de mim.

— Uau. O quão longe essa garota foi para você ir atrás de uma medida judicial? – Pergunto, curioso.

— Ela perseguia todas as namoradas do seu pai. Inclusive a noiva dos sonhos da sua avó, Laurel Lance. Depois do meu casamento com Oliver, ela piorou ainda mais. Chelsea não media esforços para ter afastar todos de Oliver. Era incrível como ela sempre sabia onde ele estava e com quem estava. Ela o drogou uma vez para tentar dormir com ele, mas graças a Diggle, a louca não conseguiu o que queria. Certa vez ela foi no meu trabalho e esperou até o momento em que eu estava colocando o lixo fora para vir com um carro para cima de mim. Por sorte, eu consegui correr antes que o carro me atingisse. Outra vez ela simplesmente contratou um homem para me bater e levar minhas coisas. Ela só não esperava que na época eu fosse grau azul escuro em muay thai e quem acabaria apanhando fosse o bandido. – Narra minha mãe, rindo. Eu sabia que minha mãe já havia até mesmo dado aulas de muay thai, mas jamais imaginei que ela já tivesse batido em um bandido. – O nível de psicopatia dessa garota era tão grande, que até mesmo Moira e eu nos unimos para pensar em uma solução para afastá-la de Oliver.

— Caramba. – Sussurro, surpreso.

— Você e a vó Moira se uniram? Vocês duas? – Questiona Dan, tão incrédulo quanto eu. Essa possibilidade parecia ser tão improvável que eu nem mesmo conseguia imaginar como isso aconteceu.

— E o que vocês fizeram com ela? – Pergunta Jenny, expondo nossa maior dúvida.

— Não fizemos nada, na verdade. Depois da medida protetiva que eu solicitei, ela simplesmente desapareceu. Não sei o que aconteceu com ela, mas não fui atrás. Estava aliviado por ter me livrado daquela maluca. – Conta meu pai, dando de ombros. – O importante é que ela nos deixou em paz. Logo depois Felicity descobriu que estava grávida de Max e nós preferimos deixá-la em um passado que preferimos esquecer.

O garçom do restaurante aparece para deixar mais alguns pratos e recolhe as louças que já havíamos usados. Eu não sabia o que eram, mas pareciam deliciosos. Jenny se serve do que parecia ser capeletti verde. Observo o prato com curiosidade, tentando descobrir o sabor daquela comida de aparência tão distinta. O cheiro estava bom, mas eu não sabia dizer se ele era saboroso ou não.

— Isso está delicioso! Prove. – Jenny pega um dos capeletti e estende o garfo para mim. Incerto, mordo o capeletti e me surpreendo com o sabor. Ela tinha razão. Estava realmente delicioso. Abro a boca de novo, apenas porque queria mais um. Jenny ergue a sobrancelha e ri irônica, antes de me dar o capeletti na boca novamente. – Folgado.

Rio e coloco um pouco de carbonara em meu prato. Eu realmente havia gostado do capeletti, mas um spaghetti alla carbonara sempre acabaria chamando a minha atenção. No entanto, apenas para não perder o costume de tirar a garota do sério, roubo mais um capeletti do prato dela, que reclama.

— Como pai da sua filha, eu mereço uma parte de sua comida. – Chantageio, fazendo Jenny ri sem acreditar em minhas palavras. Como um pouco do meu spaghetti e gemo de satisfação ao sentir o sabor magnifico daquele prato. Jenny começa a rir de repente, enquanto me encara. – O quê?

— Você come igual uma criança. – Responde a garota, pegando um guardanapo. Ela limpa a minha bochecha atentamente. Observo-a, sem reação. Ela estava tão perto e parecia mais bonita do que nunca. Ela sorri e se afasta. – Pronto.

— Obrigado. – Agradeço, um pouco constrangido.

E nesse momento noto que era observado por meus pais. Daniel coça a testa com um olhar nervoso. Meu pai me encara com curiosidade, como se tentasse decifrar um complicado código. Minha mãe tinha o olhar sério de uma águia, analisando-me com agilidade. Um sorriso presunçoso nasce nos lábios de minha mãe.

— Entendo. – Sussurra minha mãe, pegando um guardanapo para limpar a boca. E eu sabia bem o que isso significava. Felicity Smoak Queen havia descoberto a verdade.

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Notas finais do capítulo

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