Para Heathcliff, de Miss Pribby escrita por Camélia Bardon


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Oioi, mes amours ♥ Tudo bem com vocês? Espero que sim!
Depois de assistir a essa belezinha que foi A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata ("uau, que extenso título!") resolvi dar um destaque em especial para nossa ruivinha sonhadora. Entretanto, tentei deixar ao máximo "entendível" para quem não assistiu e só teve curiosidade.
Há algumas referências no meio do texto para O Morro dos Ventos Uivantes e Jane Eyre, mas também não é necessário conhecê-los.
Bom, inauguro aqui a categoria HEHEHEH tenham uma boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/767770/chapter/1

Querido Heathcliff,

Espero não estar importunando-o, onde quer que esteja a esta altura do campeonato. Posso não saber escolher palavras bonitas e tocantes como as de Juliet, ou como as da senhorita Brontë, todavia, esta carta está carregada de amor para compensar a falta de cordialidade.

É engraçado como a vida é. Juliet encontrou Dawsey e agora mora conosco. Abandonou a grande Londres para morar numa pequenina ilha por amor. Ela me disse que, enquanto se correspondiam por meio de cartas – cartas essas que contavam a minha história e do restante da Sociedade – parecia que já se conheciam desde sempre.

Eu penso, Heathcliff: mesmo que você não tenha aparecido e eu não tenha ido procurá-lo, tenho esperanças de que você também sinta que já me conhece desde sempre. Porque afinal, você também não era bonito. Ao menos, não nas descrições. Não por fora, ao menos. Dá para se compensar a falta de beleza, não dá?

A sua história e a de Cathy é mais uma das histórias de amor fictícias que me fascinaram através da leitura. É tão cheia de... intensidade, para dizer o mínimo. “Se o amor dela morresse, eu arrancaria seu coração do peito e beberia seu sangue”. Confesso que este trecho em particular deu-me calafrios. O amor é intenso, mas não se pode obrigar alguém a amar, deve ser algo natural – menos um ponto para o senhor.

Ainda não tivemos a oportunidade de ler “O Morro dos Ventos Uivantes” na Sociedade, mas tanto Elizabeth quanto Juliet o leram, então essa é uma possibilidade próxima. Entretanto, não é sobre a história em si que vim tratar aqui, mas sim o amor.

Tal amor implode nesta minha frágil armadura que é o coração. Tal como Cathy, meu amor a ti é uma rocha eterna. Continuo esperando que apareça por aqui, em Guernsey. Não tenho muito a oferecer, fora gim caseiro – mas Juliet acha-os incríveis. Além do amor, é claro.

Prometi esperar pelo amor assim como o senhor, sr. Heathcliff, esperou por Cathy. Mas o amor nunca desabrochou nas primaveras, nem me aqueceu nos invernos. Os outonos foram tão murchos quanto as folhas que caíam, e os verões apenas trouxeram a maré alta e o sol ardente. Contudo, se houve algo que veio todas as estações por anos e anos a fio, foram os livros. E com eles, me veio também Jane Eyre.

É estranho apresentá-la a você, visto que você e Jane são primos literários de certa maneira. De qualquer maneira, Jane Eyre ensinou-me um bocado de coisas, que fico exultante em repassar para o senhor.

Aprendi que a vida continua, apesar da ausência de um amor romântico e apesar das dores infindáveis. Aprendi que o passado é essencial para a formação de um caráter. Acima de tudo, aprendi que nossa própria companhia é a melhor companhia, e não faz há mal em estar só – não é como dizem, “antes só do que mal acompanhado”?

O amor romântico não deve ser nossa ambição principal na vida; ainda mais para mim, que sou uma mulher encaminhando-se para a meia idade. Devemos ser sempre donos do nosso próprio destino, e, se acaso a vida presentear-nos com alguém que caminhe conosco em paz, que assim seja.

Mesmo esperando que apareça para mim um dia, com qualquer nome e aparência – mesmo se for um Armand com um par de dentes faltando, ou um Raphaello com a voz de taquara, ou quem sabe um Jo com uns quilinhos a mais –, entendi, com a ajuda de pessoas reais e fictícias, que o amor é lindo. Principalmente quando ele vem de dentro.

Agradeça, por obséquio, as senhoritas Brontë pela mente fértil e, ainda assim, fincadas à realidade de maneira assustadora. Por enquanto, ofereço o meu “até logo”. Espero que, onde estiver, também tenha o amor como sua companhia.

Cordialmente,

Miss Isola Pribby

Guernsey, 1947.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Digam aqui o que vocês acharam e se há algo que precise ser melhorado, e... bom, nos vemos por aí ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Para Heathcliff, de Miss Pribby" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.