O Futuro Que (Não) Deveria Ter Acontecido escrita por teffy-chan


Capítulo 2
Capítulo 2 – Mirai Trunks




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Meu Mestre está morto.

Eu mal pude acreditar quando vi o corpo de Gohan estirado no chão no meio daquela cidade destruída. Ele tinha me golpeado para impedir que eu fosse junto e o atrapalhasse. Meu Mestre só queria me proteger, eu sabia disso, mas isso só tornava tudo ainda mais doloroso. Gohan fez tanto por mim e eu não pude sequer ajudá-lo. Não pude impedir que os androides o matassem. Gritei de fúria ao perceber o quanto eu era inútil. A pessoa que me treinou, que cuidou de mim durante tantos anos agora estava morta diante dos meus pés e eu não pude fazer nada para protegê-la. E nisso meu ki aumentou consideravelmente e meus cabelos tornaram-se loiros. Eu finalmente consegui me transformar em um Super Saiyajin. Gostaria que Gohan estivesse vivo para ver isso.

A única coisa que pude fazer por ele foi lhe dar um enterro decente. Minha mãe chorou muito quando soube o que aconteceu, ela tinha praticamente adotado Gohan depois que os outros se foram. Agora a única pessoa que restava para lutar contra os androides era eu. Tinha que confessar que a ideia era um pouco assustadora, mas eu precisava vingar a morte do meu Mestre.

Às vezes eu o escutava dizendo que desejava vingar a morte dos amigos que pereceram em batalha tentando derrotar os androides quando ele ainda era criança. Eu era muito pequeno naquela época, então não me lembro de quase nada sobre isso. Mas agora começava a entender o desejo dele de querer vingar as mortes de seus entes queridos. Pois o mesmo desejo começava a brotar em mim.

Mas não era apenas vingança que eu desejava. Também queria proteger minha mãe, que tinha feito tanto por mim e que não poderia se defender sozinha caso fosse atacada. Também queria proteger as pessoas inocentes que ainda restavam e que não tinham forças para lutar contra os androides. Queria um futuro melhor, não apenas para mim, mas para todos os habitantes da Terra.

Mas era mais fácil falar do que fazer. Sem Gohan, eu precisava continuar o treinamento sozinho. E, por mais que odiasse admitir, sabia que ainda não era forte o suficiente para enfrentar os dois androides que assassinaram meu Mestre. Eu precisava treinar, precisava ficar mais forte. Já conseguia me transformar em Super Saiyajin quando quisesse, agora precisava melhorar minhas habilidades de luta.

Eu realmente tentei me focar apenas no treinamento durante algum tempo, mas esta se provou ser uma tarefa impossível. Eu não conseguia aguentar ouvir o noticiário dizendo o número absurdo de pessoas que tinham sido aniquiladas pelos androides, que mais cidades tinham sido destruídas, tudo isso por pura diversão… até que eu não aguentei mais e fui desafiá-los sozinho pela primeira vez.

Eles riram de mim. Disseram que um garotinho como eu não conseguiria fazer nada sem a ajuda de Gohan. E estavam certos. A luta acabou depressa e eu perdi feio. Se é que podia chamar aquilo de luta, pois eu nem sequer consegui machucá-los. Eles causaram uma explosão que destruiu o último prédio que ainda estava de pé na cidade, fazendo com que parte dele desmoronasse sobre mim. Doeu muito, mas permaneci escondido embaixo dos escombros até que os dois irmãos fossem embora, acreditando que eu estava morto.

Me sentia tão patético. Eu era exatamente o que eles disseram, um garotinho que não podia fazer nada. Certa vez ouvi Gohan dizendo que eu era a última esperança enquanto ele pensava que eu estava inconsciente. Pensar nisso me deixava angustiado. Ele tinha razão de certa forma. Eu era o último Saiyajin que ainda estava vivo. Se eu morrer, acabou. Mas… eu sou tão fraco. Não importa o quanto eu treine, não importa o quanto eu me fortaleça, parece que nunca serei páreo para os androides.

Nessa mesma época, apareceu um inimigo diferente. Um mago que, ao invés destruir o mundo, queria dominá-lo, controlando um guerreiro chamado Tapion que possuía um demônio selado dentro do corpo. O guerreiro me contou que ele possuía uma espada mágica, que era a única coisa capaz de derrotar o demônio e que tinha absorvido o mesmo, mas que agora o tal mago queria libertá-lo outra vez para usufruir de seus poderes.

Minha preocupação apenas aumentou. Como se não bastassem os androides, agora também havia um mago querendo dominar o mundo. Sabia que não conseguiria derrotar os androides com a força que tinha atualmente, mas eu precisava impedir isso. E fiquei surpreso com a facilidade que foi derrotar o mago. Pensei que seria uma luta complicada, que aquele seria outro oponente com o qual não conseguiria lidar, mas não, a batalha acabou mais rápido do que imaginei. Talvez eu não fosse tão fraco quanto pensava afinal. Quando tudo se resolveu, Tapion me deu sua espada mágica de presente como agradecimento antes de partir.

Aquele incidente foi trabalhoso, mas me deu uma ideia. Eu não estava obtendo sucesso em uma luta corpo a corpo contra os androides, mas, e se eu tentasse derrotá-los usando aquela espada? Nunca tinha usado uma arma na vida, mas não custava nada tentar. Infelizmente Gohan não estava mais comigo, então eu precisaria treinar sozinho.

Treinei durante um bom tempo e aperfeiçoei bastante a técnica, considerando que eu estava treinando sozinho. Gostaria que meu Mestre estivesse aqui comigo para ver meus avanços. É claro que Gohan sempre preferiu lutar usando apenas os punhos, foi assim que Piccolo o ensinou a lutar.

Minha memória sobre Piccolo é muito vaga. Assim como de Kuririn, Tenshinhan, Chaos e Yamcha. Parece que eu ainda era muito pequeno quando eles faleceram. Eu nem sequer cheguei a conhecer o pai de Gohan e nem o meu. Minha mãe me contou que eu ainda era um bebê na época em que os dois morreram.

Era estranho como minha mãe e meu Mestre sempre falavam saudosos sobre o pai de Gohan, dizendo que ele era um homem alegre e um pouco ingênuo, mas mudava drasticamente quando estava diante de um inimigo. Falavam que ele era poderoso, que adorava lutar e que sempre fazia de tudo para proteger os amigos e até salvar a Terra. Mas eles quase não falavam sobre o meu pai.

Eu perguntei a ela diversas vezes sobre como era o meu pai, mas minha mãe nunca me contou. Dizia apenas que ele era um homem muito forte e orgulhoso, e nada mais do que isso, como se quisesse me esconder alguma coisa. Certo dia eu fiz a mesma pergunta para Gohan, que o tinha conhecido quando era criança. Ele hesitou em responder e eu tinha quase certeza de que ele me olhava com pena. Por fim, deu a mesma resposta que a minha mãe, e também disse que ele era um homem decidido e um pouco temperamental. Quando perguntei como ele e a minha mãe se conheceram ele mudou bruscamente de assunto.

As informações do noticiário eram praticamente todas sobre os androides. Às vezes o repórter dizia alguma coisa sobre a escassez de alimentos ou sobre a descoberta de um novo remédio, mas nada disso me interessa realmente. Por outro lado, minha mãe pareceu ficar bastante interessada nesta última notícia. Ela me contou com visível empolgação na voz que o remédio recém-descoberto poderia ter curado a doença que matou o pai de Gohan anos atrás. Bem, era uma ironia cruel só terem descoberto a cura agora que o homem já estava morto, isso de nada nos servia.

Ou pelo menos era o que eu pensava.

Depois de ouvir essa notícia, minha mãe não tirava da cabeça a ideia de construir uma máquina do tempo para levar o tal remédio para Goku, o pai de Gohan, e assim impedir sua morte. Ela tinha certeza de que, se o tal Goku estivesse vivo, ele com certeza conseguiria derrotar os androides e mudaria esse futuro que não deveria ter acontecido.

Desde então ela passou a trabalhar arduamente na construção da máquina do tempo, o que me deu mais tempo livre para treinar. Eu aperfeiçoei bastante a minha técnica com a espada nesses últimos três anos. Na verdade sentia que lutava melhor com ela do que antes, usando apenas os punhos.

Quando senti que estava pronto, eu voltei a desafiar os androides. E falhei todas as vezes. Mesmo minha mãe dizendo para que eu ficasse no esconderijo e esperasse que ela terminasse a máquina do tempo, eu não podia evitar. Principalmente em uma ocasião em particular onde os androides estavam atacando uma região próxima à Capital do Oeste, onde estávamos refugiados. Eu não podia permitir que eles se aproximassem do nosso esconderijo. Não podia permitir que eles continuassem destruindo cidades e matando pessoas inocentes. Mas por que… por que eu sempre falhava?  

Ainda que não pudesse derrotá-los, tentava ao menos atrai-los para lugares onde não houvesse pessoas inocentes que pudessem se machucar, assim como Gohan costumava fazer. E, mesmo que conseguisse salvar meia dúzia de pessoas, não conseguia me feliz com esse pequeno feito. Era humilhante perder tantas vezes para os mesmos oponentes. Às vezes eu tinha a impressão de que eles me deixavam fugir de propósito porque se divertiam às minhas custas, como se eu tivesse me tornado um brinquedo deles.

Por que eu era tão fraco? Mesmo treinando tanto… mesmo tendo sangue de Saiyajin correndo em minhas veias, por que não conseguia derrotá-los?! Gohan disse que eu era a última esperança, mas talvez ele estivesse enganado. E se eu não conseguisse derrotar aqueles irmãos sádicos? Eu só tinha dezessete anos e era o último da minha espécie… era um peso grande demais para carregar sozinho. Um planeta inteiro dependia de mim e eu ainda era apenas um adolescente que não tinha mais ninguém ao meu lado para me ajudar.

Eu era um meio-saiyajin, herdara a força do meu pai que nunca cheguei a conhecer, mas também tinha meu lado humano. E, como todo humano, possuía minhas fraquezas e inseguranças, pois ninguém era perfeito. Eu estava sozinho. E mesmo sozinho, carregava sobre meus ombros a responsabilidade de proteger não apenas a minha mãe, mas também todos os habitantes da Terra que ainda estavam vivos.

Como Gohan conseguiu lutar contra aqueles gêmeos sádicos durante tanto tempo? Ele também lutou várias vezes e sempre foi derrotado… e no fim acabou morrendo. E se a mesma coisa acontecesse comigo…?

Não… não, eu não posso me dar por vencido. Não posso decepcionar meu Mestre, que fez tanto por mim. Gohan se esforçou tanto para me treinar, ele sacrificou sua vida por mim. Não posso permitir que esse sacrifício tenha sido em vão. Balancei a cabeça, tentando afastar esses pensamentos negativos. Logo a máquina do tempo de minha mãe estaria pronta. Se eu não podia derrotá-los sozinho, então talvez a teoria dela estivesse correta e o pai de Gohan tivesse sucesso. Eu estava sozinho aqui, mas havia pessoas que poderiam me ajudar no passado. Só restava esperar que a máquina ficasse pronta.

O que não demorou muito. Em poucas semanas minha mãe terminou de abastecê-la e me entregou o remédio que eu deveria dar para Goku. Escrevi “Esperança” na máquina antes de partir. Era a única coisa que podia me motivar naquela viagem.

Aquele era um mundo muito diferente do que eu conhecia. Não havia incêndios por toda parte, nem pessoas correndo e implorando por suas vidas. Em seu lugar, havia árvores verdes e o céu era azul e límpido. Pássaros cantavam e as cidades estavam inteiras. Era uma paisagem completamente desconhecida para mim. Então assim que era uma cidade? Esse foi o mundo que meu Mestre conheceu quando era criança?

Logo que cheguei vi um ser pequeno e estranho. Ah, sim. Devia ser o tal Freeza do qual minha mãe me falou. Ele poderia atrapalhar minha missão caso continuasse vivo, então decidi acabar com ele de uma vez. Quem dera fosse tão fácil assim derrotar os androides.

Havia um grupo de pessoas ali perto. Eram os guerreiros que pereceram na guerra contra os androides, com certeza. Minha mãe estava entre eles. Estava mais jovem, trajava roupas mais sofisticadas e com certeza mais caras, mas, fora isso, não parecia muito diferente. Continuava bonita e alegre. E tinha uma criança com eles… mas é claro. Ele ainda era uma criança nessa época… Mestre Gohan. Era estranho vê-lo daquele tamanho, mais jovem do que eu. A aparência era a mesma, mas ele estava diferente mesmo assim. Parecia mais alegre e mais ingênuo do que o Gohan do meu mundo. Eu queria poder dizer como estava feliz em vê-lo novamente, que estava com saudades, mas não podia dizer quem eu era.

Também havia um homem mais afastado do grupo. Quando minha mãe chamou seu nome, eu descobri que aquele era o meu pai. Senti uma coisa estranha no peito. Queria poder me aproximar, conversar com ele, mas isso também não faria o menor sentido, então precisei me contentar em apenas observá-lo de longe. Enquanto esperava Goku chegar, eu não apenas o observava, mas também prestava atenção em como os outros membros do grupo interagiam com ele, e comecei a entender lentamente o que a minha mãe do futuro de onde eu vim quis dizer quando o descreveu. Que ele era forte e orgulhoso. Bem, ela tinha razão. Meu pai emanava um ki enorme e parecia menosprezar as pessoas ao seu redor. Já meu Mestre o descreveu como um homem decidido e temperamental. Ao invés de “decidido”, ele era teimoso. E, ao invés de “temperamental”, ele era facilmente irritadiço. Meu Mestre estava apenas tentando ser gentil quando o descreveu. Quando ele me olhou com pena na ocasião em que eu lhe perguntei sobre meu pai, eu pensei que era porque ele lamentava que eu não o tivesse conhecido, mas não era isso. Ele ficou com pena pelo tipo de pai que eu tinha.

Antes de viajar no tempo, eu contei para minha mãe sobre o quanto estava feliz por ter a chance de conhecer meu pai, ainda que não pudesse revelar a ele quem eu era. Minha mãe me olhou com preocupação e me avisou para não criar esperanças. Fiquei confuso quando ela disse isso, mas agora aquela frase fazia sentido.

Durante toda a vida eu imaginei meu pai de várias formas diferentes, mas nunca pensei que ele poderia ser assim. Um homem mesquinho e insolente, que não parecia se importar com ninguém além dele mesmo. Como minha mãe pôde se casar com alguém tão arrogante? Pensei novamente na ocasião em que perguntei para Gohan como minha mãe e meu pai se conheceram. Eu já não tinha certeza se queria saber a resposta.

Quando o pai de Gohan finalmente chegou, eu decidi testar sua força antes de contar a verdade. Não adiantaria de nada lhe entregar o remédio e depositar minhas esperanças naquele homem se ele não fosse tão forte quanto minha mãe dizia afinal. E ele superou minhas expectativas. Durante a breve luta que tivemos, pude perceber que ele era mais forte do que minha mãe tinha me contado. Talvez Goku conseguisse derrotar os androides. Depois de lhe contar toda a história e entregar o remédio, precisei partir para minha própria época.

Olhei uma última vez para o pai que nunca tinha conhecido e para o Mestre de quem tanto sentia falta antes de viajar de volta para o meu próprio futuro. Eu sabia que se Goku superasse a doença com aquele remédio e conseguisse derrotar os androides, isso não mudaria o caos que tinha se instalado no meu futuro. Mas eu precisava tentar. Não podia permitir que os androides daquela época despertassem e que mais pessoas inocentes morressem. Não queria que meu pai, meu Mestre e meus amigos dos quais eu mal me lembrava morressem no futuro deste mundo também. Eu ainda era o último Saiyajin da minha época, então eu mesmo precisava derrotar os androides do meu tempo. Mas isso não precisava se repetir na época deles. Eu precisava mudar esse futuro que não deveria ter acontecido.


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Notas finais do capítulo

* Nota: Tapion é um personagem do 13° filme de Dragon Ball. Ele dá uma espada de presente para "Trunks do presente", que é a mesma espada utilizada por Mirai Trunks. Como o filme se passa na época em que Goku está vivo, a história foi levemente modificada, então esse seria Tapion do futuro alternativo de Mirai Trunks.

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Olá de novo!
Bom, eu quis transmitir ao máximo os sentimentos de Mirai Trunks nesse capítulo. Ele sempre se mostrou muito forte e corajoso a história toda, mas acredito que também deve ter tido um ou outro momento de insegurança, já que sofria muita pressão por ser o último Saiyajin da época dele e carregar um peso enorme mesmo ainda sendo tão jovem. Também quis trabalhar mais os sentimentos que ele provavelmente teve quando viajou para o passado e viu tantos entes queridos que morreram na época dele, mas nunca demonstrou muita emoção quanto a isso, principalmente o Gohan, que o treinou durante anos. Já o Vegeta... todo mundo sabe como ele é, né. Mas eu quis transmitir ao máximo os sentimentos de Mirai Trunks mesmo assim.
E me desculpem se a história do Tapion deixou o capítulo um pouco confuso, mas eu queria muito explicar onde Mirai Trunks arranjou aquela espada, não resisti. Recomendo fortemente que assistam o 13° filme caso não conheçam.
Então é isso, gente, a história acaba aqui.Era para ser uma oneshot, mas não deu, já que ela foi narrada por dois personagens diferentes.
Muito obrigada a todos que acompanharam a fic até o fim!
Deixem reviews por favor e façam uma autora feliz! *-*



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