Torre escrita por tag ur it


Capítulo 5
Ato II:Equilíbrio Capítulo 4




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Era um dia cinzento. Nuvens negras tampavam o sol dando a entender que em breve começaria a chover, mas nenhum pingo de chuva caia do céu.

No nível do chão, alguns guardas agarraram um jovem mago pelos braços, eles arrastaram o rapaz pelo portão de uma muralha que agora cercava a Torre dos Magos. Essa muralha foi construído numa medida de segurança a Treze, depois do atentado que aconteceu dentro da Torre.

Enquanto era arrastado, o mago observava a pequena cidade que crescia envolta da Torre. Quando ele havia fugido, treze anos atrás, a pequena cidade era formada apenas por algumas barracas de mercadores. A nostalgia acertava ele enquanto se lembrava dos tempos em que ele e seu irmão brincavam com os vendedores que viviam fora da Torre. Mas a cidade estava diferente do que ele conhecia. As barracas dos vendedores continuavam lá, porém elas estavam cercadas de casas de madeira e barro.

O jovem admirou a nova cidade que crescia, mas ao passar por ela era impossível não perceber o medo que se alojava ali. Não havia ninguém na rua, ninguém além dos guardas que andavam de um lado para o outro como se estivessem procurando por algo.

—Vocês levam a segurança a sério aqui. — Disse ele zombando de suas observações.

— Só estamos protegendo nosso povo de pessoas como você! — Responde Polo o homem que caminhava ao lado dos guardas que arrastavam o mago.

Polo era um homem de olhos castanhos e cabelo negro bem aparado. Ele caminhava com postura ereta, vestindo uma roupa leve e elegante que representava sua atitude. Polo era nada mais nada menos que um dos generais de guerra da Torre dos Magos. E ao lado dele andavam seus guardas carregando seu mais novo prisioneiro.

O rapaz continuou sendo arrastado até o último andar da Torre, onde estava o trono do rei.

Ao entrarem Polo se pôs de joelhos em frente a majestade que estava sentado com um vaso de frutas em seu colo. Os dois guardas também se agacharam, forçando o garoto a ficar de joelhos também.

O rei era um homem baixinho e gordo que vestia roupas elegantes e de grande cumprimento. O rei deveria ter uns 50 anos, mas parecia ter 30. Originalmente seu nome de nascença era Aquiles, mas na Torre é falta de respeito chamar a majestade pelo nome de batismo.

Aquiles é um dos muitos descendentes de Heal. No passado Heal teve três mulheres e cinco filhos, com o passar dos anos o número de descendentes apenas aumento, o que dificultou a escolha do herdeiro do trono. Então, para uma melhor organização, as famílias herdeiras decidiram revisar o trono de geração em geração. No caso a geração que assumia era a da terceira mulher de Heal, e o descendente direto escolhido foi Aquiles.

O rei, com a boca cheia, moveu sua cabeça fazendo os quatro se levantarem novamente.

— Com o que me presenteia hoje? — Perguntou ele enquanto limpava sua boca.

— Senhor, — respondeu o general sem dirigir seu olhar a ele — eu encontrei esse forasteiro atacando nossos guardas.

—Atacando! — Protestou — Me desculpe, mas eu pensei que estava os salvando-os...

—Quieto! — Disse vossa majestade — Polo, este homem salvou a vida de seus guardas?

—Vendo de um angulo diferente... talvez esse homem tenha ajudado meus guardas. Mas sua ação não absorver sua pena, esse homem não é diferente de nossos inimigos, eu o vi fazendo uso de uma magia proibida.

O rei fixou seu olhar em Polo, dando sua total atenção a ele, dispensando até mesmo o vaso de frutas em seu colo.

— Você trouxe um mago negro para dentro de meus aposentos?! — Perguntou ele com raiva, tanta raiva que seu rosto começara a ganhar tons avermelhados.

Se tinha uma coisa que o rei detestava eram os magos negros, que conseguiram transformar sua vida e sua Torre num verdadeiro inferno.

— Não senhor, quero dizer, eu não trouxe um mago negro... — disse o homem elegante sobre pressão.

— Então o que é ele? — Perguntou o rei rangendo seus dentes.

O rapaz rapidamente se soltou dos dois guardas que o seguravam. Não foi difícil para ele já que os guardas estavam o segurando de maneira frouxa.

Ao se soltar o homem fixou seu olhar para a majestade e gritou com orgulho:

—Um mago branco! — Disse ele.

Em questões de segundos vários guardas armados até os dentes entraram na sala cercando o homem e apontando suas lanças para ele. Os guardas pareciam fisicamente fortes, mas o mago branco pode ver em seus olhares fraqueza.

—Escute majestade, eu não vim com intenção de atacá-lo! — Gritou em meios aos vários guardas — A verdade é que eu vim até aqui com a finalidade de propor um acordo.

O rei se levantou enfurecido, e no ato de raiva ele deixou o vaso cair no chão esparramando as frutas entre os pés dos guardas.

—Um acordo?! —Perguntou ele agastado.

—Há treze anos uma guerra começou, — continuou — todos pensávamos que os magos negros tivessem sido extintos, mas foi a treze anos que eles atacaram a Torre dos Magos. Foi naquele dia sombrio que eu me dediquei a magia branca para me vingar desses monstros, e hoje eu venho até você oferecendo meus serviços...

—BESTEIRA! — Gritou a majestade — A magia branca não passa de magia negra disfarçada! Nós vamos acabar com essa guerra sem a sua ajuda!

—Vossa majestade acabara morta antes de conseguir atacar!

—Como ousa! — Disse Polo que estava ao lado do rei.

—A magia negra é poderosa e não pode ser parada com simples...

—Os magos negros podem até ser poderosos, — intrometeu-se Polo — mas eles são desorganizados e desequilibrados!

—Desorganizados?! — Zombou o mago branco — Eu vi de perto o quão organizado eles são!

De repente, um olhar assustado surgiu na face de Polo. O general parecia saber de algo que nem o seu rei sabia.

O rei, confuso, virou seu olhar para seu general esperando Polo argumentar o quão louco era o forasteiro, mas isso não ocorreu, ao invés disso Polo ficou parado encarando o forasteiro com um olhar amedrontado.

Ninguém disse uma palavra, mas antes que o mago branco começasse a se explicar o rei se pronunciou.

—Polo, o que ele está se referindo?! — Perguntou o rei tendo certeza de que seu general escondia algo dele.

O general elegante respirou fundo antes de responder.

—São boatos... — Começou ele — Boatos de que os magos negros construíram sua própria Torre. Uma Torre Negra.

—Boatos?! — Interrompeu — Eu pude ver a Torre com os meus próprios olhos! Se tens alguma dúvida perguntem aos seus prisioneiros, qualquer um! Todos confirmar a existência da Torre!

—Você viu a Torre Negra? — Perguntou o general com uma cara surpresa. E não era para menos, os boatos espalhavam que a Torre Negra era tão bem escondida que ninguém, além dos magos negros, sabia de sua localização. Alguns mais fantasiosos inventavam histórias de que a Torre Negra se escondia em uma parte do mundo onde o sol jamais nasceu, outros espalhavam que a Torre era o próprio inferno e os magos negros enviados dos demônios. Mas o mago branco já encontrou a Torre Negra, e já se infiltrou no lugar. Mas isso era um segredo que ele não revelaria tão cedo...

—Eu já fui sequestrado por esses monstros! —Mentiu ele —Por sorte escapei da Torre, mas me perdi no caminho e por isso não sei retornar.

Polo não engoliu as palavras dele. De fato, o general não estava nem um pouco impressionado com o mago branco e suas ideias, mas se o forasteiro escondia algo sobre a misteriosa Torre Negra, Polo faria de tudo para descobrir.

—Mas isso não importa, — continuou o mago branco — o que importa é que há anos eu venho agindo sozinho para derrubar essa Torre, mas sozinho eu não consigo enfrentar todo um exército. Eu necessito da ajuda da Torre dos Magos.

—Isso é verdade? — Perguntou o rei ignorando o homem.

—Sim — respondeu o general envergonhado. —, eu não o contei, pois não tinha uma prova concreta da existência da Torre Negra. Tudo o que eu tinha eram boatos.

—Não me importa as provas que você tinha! —Gritou o rei irado —Você tem ideia do quão serio isto é. Esse tipo de informação teve ser imediatamente levado a mim. Você sabe o que uma Torre Negra significa?

—Não, senhor. —Respondeu Polo.

—Uma Torre simboliza muito mais que uma Torre! Ela simboliza uma nação!

—E é aqui que meu acordo entra, — disse ele se aproveitando da fala do rei — Os anciões já diziam, o único jeito de derrotar os magos negros e com magos brancos. Se queremos derrubar essa Torre Negra vamos precisar de uma nova Torre, uma Torre onde aqueles que lutam contra a tirania dos magos negros se juntarão e formaram um exército de magos brancos treinados por mim. Só assim podemos acabar com o caos que a Torre Negra vem gerando.

—Você está louco se acha que vamos construir uma Torre para você! — Afirmou Polo.

—Uma Torre de magos brancos que lutariam ao meu lado — disse o rei, mais interessado no forasteiro do que em seu próprio general — Não me parece uma proposta tão ruim.

—Majestade, você não pode acreditar nas mentiras desse homem — disse Polo desesperado. — Ele está claramente tentando nos enganar.

O rei virou sua atenção novamente para o general.

—A única pessoa que me enganou hoje foi você! — Disse ele com um tom severo em sua voz. — Sinceramente, eu acreditava que meu general era pessoa em que eu mais poderia confiar, mas agora, só consigo pensar que preciso rever meus aliados.

—Mas... Majestade — Cogitou Polo.

— Basta! — Interrompeu o rei furioso — Todos saiam dessa sala quero ter uma conversa em particular com o forasteiro.

Em segundos a sala ficou vazia, todos os guardas saíram correndo da sala, deixando os dois sozinhos.

O rei desceu de seu trono, e com suas pernas curtas caminhou até o mago branco. Ele olho o mago branco de cima a baixo, examinado cada centímetro, cada detalhe.

—Aron, esse é o seu nome não é mesmo? — Perguntou o rei com um olhar sério.

Aron ficou espantado.

—Sim. — Respondeu surpreso. Em nenhum momento ele havia se apresentado.

—Você foi o menino que fugiu não é mesmo?

—Como sabe? — Perguntou.

—Não me subestime garoto, eu posso ficar preso aqui o dia inteiro, mas sei tudo o que acontece na Torre. E eu sei tudo sobre aquele dia. Seus professores me avisaram que os magos negros atacariam e que talvez eles já estivessem infiltrados na Torre, mas eu não os dei ouvidos, e assim os magos negros raptaram as minhas crianças e causaram uma chacina dentro da minha Torre. Ainda tenho pesadelos com esse dia...

—Os professores que te avisaram...

—Foram vários! Entre eles Adamastor.... Eu queria que pelo menos um desses magos tivesse sobrevivido...

—Vossa majestade já sabia da Torre Negra? — Disse Aron cortando o assunto.

—Não. Eu sabia que eles levaram nossas crianças para transformá-las em magos negros, mas não sabia que eles a levaram para a sua própria Torre.

—Não há de quê. — Respondeu ele se vangloriando.

—Sabe garoto, quando os magos negros foram embora eles deixaram um estrago aqui, um estrago tão grande que as pessoas que vivem do lado de fora da Torre estão aterrorizadas até hoje. Por culpa dos magos negros tivemos que reforçar a segurança e cercar a Torre com um muro imenso. Mas esse muro trouxe a mim e aos meus magos um sentimento de sufoco, a Torre se parece mais como uma prisão do que uma escola, e isso gerou em todos uma vontade de se rebelar e acabar de uma vez por todas com essa praga que são os magos negros...

—Então vamos! — Afirmou o garoto entusiasmado —Vamos acabar com eles juntos!

—Não é assim tão fácil, — respondeu o rei colocando a mão no ombro de Aron — Os magos negros são poderosos, e mesmo que você realmente consiga derrotá-los com a facilidade que afirma, eu não posso da noite para o dia lhe entregar uma Torre e um exército.

—Está dizendo que eu não sou confiável...

—Sim, —respondeu ele de uma maneira seca. — Eu quero dizer, nesse momento devemos tomar todas as medidas de segurança...

—E o que você irá fazer? — Perguntou Aron pronto para o que for necessário.

O rei respirou fundo antes de responder.

—De qualquer modo eu não tenho muitas escolhas. Em breve os magos negros começaram a agir e eu não serei capaz de pará-los. Mas eu não posso correr riscos. Não agora.

—Isso significa que eu não tenho utilidade aqui? —Perguntou o mago branco chateado.

—Sinto muito. —Respondeu o rei dando as costas.

—Espere! —Gritou Aron — Se é confiança o problema então me permita ganhar a sua, eu ainda posso lhe ser útil. Eu posso treinar os seus melhores e mais fieis guerreiros para se tornarem magos brancos, assim aumentando a segurança da Torre.

O rei tomou um curto tempo para refletir, e depois de alguns segundos ele se virou para Aron.

—Talvez você tenha razão, — disse ele reflexivo — você pode treinar meus magos para serem magos brancos, sendo como um general meu, porém mais limitado.... Algo como um general imperito.... um, general branco!

—Eu não o desapontarei —respondeu Aron com um sorriso de orelha a orelha.

 


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