Powerless Against You escrita por Shiroyuki


Capítulo 8
Capítulo 8. Coragem


Notas iniciais do capítulo

Oi pra todo mundo! É com uma leve surpresa (porque eu não prestei atenção no arquivo onde eu escrevo) e bastante satisfação, que eu anuncio que chegamos ao último capítulo da fanfic! É, eu sei, não estava vendo isso se aproximar também, mas aqui estamos~

Sem enrolação (deixo isso pras notas finais), espero que gostem, e boa leitura!



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Capítulo 8

Coragem

 

Shouto não era bom com sentimentos, mas isso já era conhecimento público. Ele nunca soube rejeitar as poucas garotas com coragem suficiente que tentaram declarar-se para ele durante o início do ano letivo. Era seco, acabava com aquilo com pouquíssimas palavras, e talvez, elas acabassem odiando-o após isso, mas ele nunca ligou. Não se importava com o que pensavam dele. Elas nem o conheciam de verdade.

Agora era diferente. Ele se importava – e muito – com o que Midoriya pensava dele. Qualquer passo em falso poderia custar tudo. E ele já havia errado tanto. Não havia margem para erros. Além disso, não estava pensando em rejeitar ninguém. Exatamente o contrário.

Precisou de alguns minutos. Ou horas? Ele não havia reparado nas horas, só notava que já estava escuro lá fora. Olhando para o teto branco, ele pensou por tanto tempo, sem chegar a lugar algum, e não havia sentido o tempo passar. Estava sinceramente, muito cansado. Sua vida ainda era controlada pelo pai, mesmo quando ele estava longe. A influência dele era tão grande que ele não sabia separar o que era sua intuição de como agir da melhor forma possível e o que eram as lições fixadas na sua mente após anos e anos de repetição e regras forçadamente aprendidas.

Aceitar o poder destrutivo do seu lado esquerdo e decidir usá-lo da melhor forma possível, para o bem, para atingir seu objetivo, era uma coisa. Aceitar que ter Midoriya na sua vida era, além de um desejo e de uma necessidade, algo bom. Algo que ele podia, sim, querer. Que não era errado ter vontade de estar perto de alguém que o fazia bem. Que ele não seria punido por estar se sentindo feliz. Que Midoriya não sofreria por estar ao seu lado.

Que não era errado amar, e, principalmente, não era errado deixar-se ser amado.

Essa era a parte difícil.

Ele passou tantos anos ouvindo que sua existência era limitada a apenas ser uma continuidade daquilo que Todoroki Enji não pôde ser, que ainda encontrava dificuldades em aprender a viver por si só, e descobrir que coisas boas não eram sinônimo de punição. Quanto tempo aquilo ainda duraria, e o faria pensar que não merecia tudo o que acontecia ao seu redor? Havia decidido cortar tudo isso da sua vida, e ainda assim… essas raízes estavam tão profundamente enterradas na sua existência que ele já não se dava conta.

Quando enfim, todas essas conclusões vieram à tona e o fizeram perceber as dimensões do erro que estivera a ponto de cometer, ele apenas pulou para fora do quarto, sem um plano de ação. Desceu os andares pela escadaria mesmo, sem tempo para esperar o elevador. Seu coração parecia prestes a explodir. Sentiu cheiro de queimado – talvez sua pele estivesse soltando um pouco de fumaça, no ápice do descontrole, mas ele não se importou tanto com esse detalhe.

Chegou ao segundo andar, a frente da porta de madeira que o separava do seu objetivo final, parou de súbito, ofegante, desajustado, a camisa do uniforme que ele não havia se incomodado em tirar quando chegou ao dormitório levemente chamuscada na manga esquerda, os primeiros botões desfeitos e a gola torta no pescoço. Nada apresentável, e ele nem havia decidido o que fazer primeiro, não havia tempo para pensar, porque se pensasse, iria hesitar, e ele já não aguentava mais nem um segundo disso.

Ele tentou se recompor, passando a mão pelos cabelos desordenados, e desamassando a camisa branca. Seu coração parecia um tambor. Devia estar audível lá do térreo, de tão alto que batia. 

E o que ele devia fazer agora?

Bater na porta? Começar a falar ali mesmo, antes mesmo de Midoriya abrir? Mandar uma mensagem para ele antes seria mais educado? Droga, seu celular havia ficado no quarto. 

Quem sabe ele devesse fazer isso no dia seguinte.

Já era noite, Midoriya poderia estar dormindo e ele não fazia ideia do que queria dizer quando correu até ali. Só sabia que precisava dizer, e tinha que ser agora. Mas não fazia ideia sobre qual conclusão havia chegado com toda aquela divagação. Algo se abriu na sua mente, uma revelação tão íntima que ele ainda temia colocar em palavras, mas ele não sabia definir isso, ainda. Precisava de tempo para se acalmar, pensar e decidir. Tinha que ser claro, objetivo o bastante para não deixar margens para dúvidas, e para Midoriya entender perfeitamente o que ele queria dizer.

E… Todoroki não era bom com palavras. Quanto mais com discursos. Havia tanto a ser dito, tanto querendo pular do seu peito, atravessar aquela porta e chegar até Midoriya, e ele não possuía qualquer habilidade para fazer isso acontecer da maneira que precisava.

Um clique o tirou dos pensamentos efusivos que se juntavam incoerentemente na sua cabeça, e segurando a respiração instintivamente, Todoroki viu a porta abrir antes mesmo que ele tivesse sequer cogitado bater nela. Do outro lado, um inquieto e ainda mais chocado do que ele próprio Midoriya aos poucos absorveu a imagem dele, parado no meio do corredor, diante de si. Nenhum dos dois disse qualquer coisa. Seus olhos se encontraram, e imediatamente, tudo o que Todoroki estava ali para falar pulou na sua mente de uma só vez.

“Me desculpa…” “Eu não queria ter dito aquilo.” “Eu fui estúpido” “Cometi um erro” “Você não merecia isso” “Eu não mereço você” “Fica comigo…” “Eu acho que amo você mas nunca senti isso então não sei como lidar” “Podemos tentar de novo?”.

Todoroki acabou com a distância que havia entre ele e a porta recém aberta com dois passos tão rápidos que mal foram notados, e quando deu por si, suas mãos seguravam o rosto de Midoriya no lugar, e seus lábios se chocavam em um estúpido, inexperiente e absolutamente necessário toque.

Era macio, quente, e Todoroki não fazia ideia do que estava fazendo.  Havia batido os dentes com os de Midoriya, e isso provavelmente não devia ter acontecido, mas ele não teve tempo de racionalizar. As mãos fortes de Midoriya estavam apertadas na sua camisa, trazendo-o para tão perto quanto podiam, e eles deram um jeito de encaixar aquele projeto de beijo para algo confortável e que parecia mais certo.

Midoriya moveu os lábios delicadamente sobre os de Todoroki, e ele impulsionou o rosto para frente, entendendo o ritmo e o que deveria fazer. Todos os seus sentidos estavam adormecidos, ou talvez, ligados ao mesmo tempo. Todoroki desceu a mão até a cintura surpreendentemente firme de Midoriya, e o manteve naquele lugar. Aquele calorzinho que o acompanhou durante todas as vezes que esteve com Midoriya, segurando sua mão, com a cabeça dele em seu ombro, ou qualquer outra ocasião, parecia mil vezes maior, mais intenso e mais abrangente. Sua mente girou rápido demais para ele entender,  mas o corpo de Midoriya ainda estava em seus braços, e ele não queria soltá-lo. Queria isso há tanto tempo que não conseguia pensar em nada que não fosse a sensação extremamente Midoriya Izuku que preenchia toda a sua existência naquele instante. Não havia dúvidas mais sobre o que ele queria e sobre o que deveria ser feito.

Os dois garotos, abraçados, perderam levemente o equilíbrio na tentativa de ficar ainda mais perto, e só porque estavam quase caindo, se afastaram. Recuperando o fôlego, se entreolharam. O quarto de Midoriya estava no mais completo breu, mas a luz que vinha do corredor era o suficiente para tornar evidente a vermelhidão que cobria ambos os rostos.

— Isso… isso foi…

— É.

Midoriya soltou o ar e mordeu levemente o lábio inferior. Todoroki teve vontade de beijá-lo de novo, dessa vez fazer isso direito, mas não se moveu.

— Sua camisa queimou, um pouco… – ele observou, atento, a respiração ainda ofegante. Todoroki sentiu dificuldade em processar a informação.

— Sim. – respondeu sem ligar para isso, distraído pela forma como Midoriya parecia balançar parado no mesmo lugar, inquieto, sem saber onde focar o olhar primeiro. Finalmente, ergueu aqueles olhos incrivelmente verdes para ele.

— Nós… precisamos conversar, não é?

Todoroki notou o esboço de sorriso e o brilho esperançoso na expressão diante de si. Ainda estava tenso, mas aquela visão desanuviou pelo menos uma parte de todas as suas preocupações. Um sorriso pequeno e tímido atravessou a parede construída através dos anos (e que havia sido aberta com um Detroit Smash certeiro já há algum tempo), e lá no fundo, Todoroki sentiu, pela primeira vez em muito tempo, que tudo ficaria bem.





Ele entrou no quarto coberto de itens All Might™ para onde quer que se virasse, e repentinamente, não sabia o que fazer, para onde olhar ou o que dizer. Ele havia descido até ali movido apenas pela força daquela constatação que queimava em seu peito, mas agora que a adrenalina dessa revelação havia se esvaído de uma só vez naquele beijo impulsivo, ele se encontrava mais uma vez perdido.

Midoriya não parecia muito diferente, o que aliviava ao menos um pouco do embaraço que ele sentia (mas só um pouco). Desajeitadamente, ele convidou Todoroki para entrar, mas não se atreveu a ligar a luz – talvez, às claras, ficasse um pouco mais difícil de encarar a situação, e ele preferiu deixar que Todoroki se sentisse mais confortável possível. Apenas a iluminação dos postes espalhados pelo campus do lado de fora traziam luz ao cômodo, o suficiente para não bater em nenhum móvel ali dentro ao se locomover, ao menos.

Sentando-se na beirada da cama como Midoriya sutilmente sugeriu que fizesse, ele observou enquanto o dono do quarto parecia debater internamente sobre qual lugar tomar, antes de se acomodar desconfortavelmente na cadeira giratória que estava na escrivaninha logo em frente. Sentados diante um do outro, com a luz azulada vinda da janela fazendo um tênue contraste em suas expressões, os dois se encararam por um breve momento, sem saber exatamente o que havia para ser dito ali, nem como começar.

— Todoroki-kun…

— Me desculpe.

Os dois falaram em uníssono, e se atrapalharam. A estranheza do momento parecia não passar nunca. Há menos de dois minutos, eles estavam agarrados no meio do quarto escuro, com os lábios colados um no outro. Não havia como se recuperar de uma situação como essa em tão pouco tempo.

— V-você primeiro, Todoroki-kun. – Midoriya indicou, coçando a bochecha, sem jeito, com aquele sorriso hesitante. Shouto respirou fundo, fechando os olhos por um breve segundo, tentando focar naquilo que precisava ser dito.

— Eu vim até aqui para me desculpar com você. De novo. – Parece que tudo o que ele era  capaz de fazer era pedir perdão sem parar, Shouto não queria continuar a se repetir e isso não era de forma alguma justo com Midoriya. Ele só… se sentia péssimo. Ele não sabia o que estava fazendo, para ser sincero. E não tinha intenção de machucar Midoriya, era a única coisa que ele queria mais do que tudo evitar, e acabou fazendo exatamente isso. Ainda era difícil definir o que ele ansiava tanto para demonstrar e não sabia como começar. – Parece que no fim das contas eu acabei sendo mais parecido com o meu pai do que pensava…

— Não! – Midoriya negou, como se a sentença proferida por Todoroki fosse uma ofensa pessoal e gravíssima. Remexeu-se inquieto, agindo como se fosse fisicamente torturante ter que se manter sentado, quando a vontade que tinha era de voar na direção de Todoroki para confortá-lo. – Você não tem absolutamente nada de semelhante com Endeavor, eu sei disso, e não vou deixar você pensar assim sobre si mesmo! Eu entendo, Todoroki-kun, de verdade. Eu não estou triste pelas coisas que você disse nem pelo que decidiu, porque eu compreendi isso. Eu entendi os seus motivos. Eu só me sinto meio incapaz, porque eu sei que não há nada que eu possa fazer para te ajudar, por mais que eu queira e… argh, eu detesto me sentir assim. Queria que houvesse alguma coisa, qualquer coisa, que eu pudesse fazer para… eu não sei, pra te ver melhor.

Shouto fitou Midoriya por um breve segundo, sentindo novamente aquela afeição que parecia acabar com todas as dúvidas que ainda resistiam em seu peito. Midoriya era tão perfeito. Parecia poder ler seus pensamentos, e dizer exatamente aquilo que ele precisava ouvir para se sentir melhor. Todoroki queria poder fazer o mesmo para ele. Sem intenção, Todoroki se inclinou para frente, na direção do outro. Suas mãos se remexeram, desejando poder acabar com a distância que ainda os separava e segurar as mãos de Midoriya nas suas mais uma vez.

— Não há nada que você possa fazer, Midoriya, porque você já fez o bastante. É a minha vez de agir, eu que tenho que fazer algo para mudar. – Ele não queria mais ser assim. Não queria mais pensar tanto, se restringir, se limitar. Odiava isso. Parecia que quanto mais tentava, mais longe esse objetivo se tornava.  Era como se ele estivesse dentro da sua cabeça, o tempo todo repetindo o que ele devia fazer para ser o que ele quer. E ele não ia embora.  Todoroki fechou os olhos, franzindo o cenho como se a sensação de invasão o atingisse naquele mesmo instante. – E eu não sei como fazer isso da maneira certa.

— Não existe maneira certa… – Izuku sussurrou, a voz tão suave que para Shouto soou quase como um toque carinhoso. Shouto se encolheu em si mesmo. Não merecia esse tratamento, não depois de tudo. Ele não saberia como retribuir tudo o que Midoriya oferecia tão naturalmente, porque nunca aprendeu como, e isso era tão injusto com ele. Midoriya merecia o mundo. 

— Eu… não quero mentir para você, Midoriya. Eu jamais vou saber como… retribuir – ele gesticulou a esmo, quase sem forças,  sem saber como descrever aquele sentimento abstrato que pairava sobre eles já há algum tempo –… como dar o que você merece. – As palavras de Todoroki contradiziam tudo o que ele pretendia expressar. Ele só queria ser capaz de seguir em frente e alcançar o que seu coração tanto desejava. E essa era a atitude mais egocêntrica que Todoroki já pretendeu na vida, mas ele queria tentar. Ele queria ser o melhor que poderia ser, e queria fazer isso por Midoriya. Ele queria desesperadamente implorar então me ensine como fazer isso mas essas palavras também não saíam.

Midoriya parece prestes a recusar as desculpas de Shouto, bradar que ele não precisava retribuir nada – ele não havia dito nenhuma palavra, mas isso estava mais do que claro em seus olhos, ou talvez Shouto estivesse aprimorando a sua habilidade de ler as expressões de Midoriya mais intensamente do que percebera. Ele continuou a falar antes que ele dissesse qualquer coisa, embora não fosse do seu feitio interromper a fala dos outros dessa forma.

— Eu nao fui criado para sentir… – Ele era uma ferramenta, o resultado perfeito, calculado, criado com um propósito. Sentimentos não cabiam nessa equação. – E não importa o quanto eu me afaste disso, o quanto eu tente ser eu mesmo, o que quer que isso seja, isso sempre… volta. De alguma forma. Quando eu estou lutando, e perco por um segundo a noção de que é um treino e… – ele balançou a cabeça, como se afastasse a visão da sua mente, sem concluir o pensamento. – Ou quando eu faço algo como… andar, ou falar, exatamente como ele faz. Às vezes eu olho para os nossos colegas, e começo a pensar em qual deles seriam obstáculos, e quais seriam vantajosos para o meu objetivo. Eu odeio isso… eu nunca quis ser assim. Calculista, impessoal… eu… nunca quis. Mas ele continua aqui, na minha cabeça.

— Não é sua culpa. São consequências do que ele fez a você, isso nunca vai ser culpa sua, da sua mãe, dos seus irmãos ou de mais ninguém.

Izuku, como o herói inato que era, não lidava bem com injustiças. Shouto percebia a maneira como as mãos dele cerravam com força, os músculos tremendo com a vontade de fazer algo, embora não houvesse nada a ser feito. O alvo da repentina fúria estava há quilômetros dali, e isso justificava sua frustração. Não era o que ele queria, indo ao encontro de Midoriya apenas para causar mais mal estar, despejar tudo aquilo em cima dele e esperar que alguma coisa saísse disso.

Ele pensou em levantar, pedir perdão (mais uma vez) por ser tão irresponsável e egoísta, mas suas pernas não se moviam. Com algum custo, ele percebeu que suas mãos também tremiam, fechadas com tanta força que os nós dos seus dedos se destacavam em branco, uma finíssima camada de gelo se formando contra sua vontade, como se seu corpo se preparasse para criar um escudo ao seu redor, protegê-lo do que quer que estivesse formando a ansiedade que crescia em seu peito.

Um calor inesperado e confortável o fez abrir os olhos e soltar o ar. Midoriya ainda o encarava, com os olhos preocupados, quase transbordando, e suas mãos seguravam a mão direita, acariciando-a lentamente até desmanchar o gelo sobre sua pele.

— Você é bom, Todoroki-kun. Um bom herói, um bom amigo, uma boa pessoa. – Midoriya afirmou com toda a certeza que conseguia reunir na sua voz embargada pelo choro que ele não queria de jeito nenhum deixar sair. Só queria que Todoroki acreditasse naquilo que dizia.

— Como poderia… qualquer coisa que venha dele ser boa? – Shouto fechou os olhos com força, e baixou a cabeça. Dizer aquilo doía, mas era o que vinha passando na sua cabeça por muito tempo, e ele sentiu-se fraco por deixar isso sair, assim, tão facilmente. Era o seu maior temor.

Se fosse para ser fraco, que fosse diante de Midoriya, então. Ele não confiaria em mais ninguém no mundo para ouvir aquela confissão.

Midoriya mordeu o lábio, na ânsia de ter tanto para dizer e naquele momento, não conseguir expressar. Como qualquer um teria coragem de fazer o próprio filho… de fazer uma pessoa como Todoroki Shouto sentir-se assim. Sentir-se como alguém que não merecia ser amado.

Mais do que a tristeza que sentia em Shouto naquele momento, Izuku percebeu que as lágrimas que ele enfim deixava cair eram de raiva. Cansou de esperar e se conter, e avançou para o lado dele na cama, apoiando-o pelos ombros com ambas as mãos, oferecendo o toque e o conforto que ele tanto parecia necessitar. Ele pareceu relaxar, ainda que minimamente, com a demonstração da presença de Midoriya ali, e deixou que ele o envolvesse em seus braços, em um desajeitado abraço, dada a diferença de altura e as posições de ambos, sentados lado a lado na beirada da cama.

— N-não acredite nele, T–… – Izuku hesitou, tão brevemente que ninguém notaria. Chamá-lo pelo sobrenome dele naquela situação não parecia correto. – Shouto. Você é muito mais do que o que ele fez de você. – afagou de leve os cabelos lisos que estavam ao alcance das suas mãos, e sentiu o rosto dele pressionando com mais força contra seu peito – Você é forte. E é gentil, inteligente, adorável… –  sua mão deslizou pelos cabelos, passando suavemente pela lateral do rosto de Shouto, acarinhando enquanto secava as lágrimas que estivessem pelo caminho. Sua voz não era nada além de um cálido sussurro.

— Perdão, Midoriya. – ele sussurrou, mais uma vez. Mesmo sem ver seu rosto, Izuku sabia que ele estava constrangido com os elogios. Sorriu brevemente para si mesmo, esperando que a mensagem que estava querendo reforçar fosse compreendida. Recostou o rosto no topo da cabeça dele, e deixou que Todoroki se acomodasse em seu ombro, enfim. – Ficar longe de você doeu mais do que o pensamento do que o meu pai é capaz de fazer se descobrir, eu sei que isso é egoísta… 

— Shh… – Midoriya murmurou, do mesmo jeito que sua mãe fazia, quando ele invadia o quarto dela no meio da madrugada, ao acordar em um pesadelo. Isso pareceu funcionar. Todoroki se acomodou melhor em seu ombro, deitando a cabeça ali, e abraçando Midoriya pela cintura cuidadosamente, como se ainda estivesse avaliando até onde poderia ir. – Não é egoísta querer algo, Todoroki-kun. Não é egoísmo fazer o que você tem vontade. É o que eu quero também. Quando você chegou, eu estava prestes a subir no seu quarto e pretendia bater na sua porta até fazer você me ouvir, na verdade.  Você me acha egoísta por isso?

Todoroki se ergueu, os olhos ainda úmidos, mas com a expressão séria cheia daquela impassibilidade que só ele conseguia tornar tão encantadora.

— Não. – afirmou, com tanta convicção que Midoriya deixou escapar uma risada fraca, enquanto erguia a mão direita para acariciar de leve o rosto de Todoroki. Tinha certeza de que isso o faria corar, apesar de não conseguir distinguir direito no quarto escuro, mas ele estava se sentindo especialmente corajoso naquela noite, então, não iria mais se segurar.

— Então. Acho que chegamos em uma conclusão. – Midoriya foi sentando cada vez mais perto de Todoroki, nenhum pouco sutil em sua aproximação.

— Qual? – ele questionou, a voz ainda fraca. Izuku sorria, e de repente, Shouto não conseguia nem lembrar mais qual era o motivo pelo qual hesitara tanto. Não era errado estar ali, não quando aquele sorriso estava ali, para provar o seu ponto. Midoriya fazia tão bem para ele. Por que ele ainda tinha que se punir? Endeavor não merecia nem mesmo a sua preocupação.

— Você gosta de mim. E eu de você. Nós queremos estar juntos, e não há nada que possa impedir isso agora. Não vamos nos preocupar com um problema que ainda nem aconteceu. E seu pai é um bosta. – Todoroki arregalou ligeiramente os olhos, chocado com o linguajar e com a convicção que Midoriya trazia ao afirmar aquilo, embora, sinceramente, partilhasse do mesmo sentimento. Midoriya deu de ombros, bem-humorado, com um sorrisinho nada inocente. – Desculpe, eu cresci com o Kacchan. O que você esperava?

Shouto sorriu, e finalmente – finalmente, se rendeu a um impulso a muito guardado, erguendo a mão e passando o polegar lentamente sobre as sardas adoráveis de Midoriya, sentindo a pele dele sobre seu dedo e apreciando cada segundo disso. Antes que esperasse, já não havia mais espaço entre eles. As respirações se misturaram, e sem perder tempo, ambos decidiram que já não havia mais nada a se refletir. Dessa vez, foi impossível distinguir quem havia se movido primeiro, mas o fato era que eles estavam se beijando, de novo, e não havia qualquer motivo para que eles não estivessem fazendo isso naquele exato momento, e talvez, por todo o resto do tempo que tivessem a partir daquela noite.

Exceto, talvez, o toque de recolher do dormitório. Os passos duros no corredor foram um lembrete forte o suficiente para que eles se dessem conta de que ainda estavam em ambiente escolar monitorado, e era melhor Todoroki voltar para seu próprio quarto o quanto antes, de preferência sem ser notado por Aizawa, que muito possivelmente era quem estava andando pelos corredores vazios na sua usual ronda noturna.

— Você devia voltar para o seu quarto. – a voz da razão em Midoriya expressou em voz alta o pensamento que havia atingido a ambos naquele segundo, mas mesmo assim, o garoto não fez menção alguma de se levantar ou de soltar o rosto de Todoroki, que ele ainda beijava com o afinco de alguém inexperiente mas rápido em aprender com a prática.

— Devia. – Todoroki tentou se afastar, acariciando de leve os cabelos atrás da orelha de Midoriya, e depositando mais um beijo em seus lábios. E mais um. E só mais outro, rápido. Ele podia se acostumar com isso muito rapidamente. – Devia sim. Melhor ir agora.

Ele fez menção de se levantar, antes que acabasse preso ali para sempre, o que não parecia uma ideia tão ruim assim. Voltou atrás, só mais um beijo rápido em Midoriya, e então levantou de vez.

— Sim. – Midoriya concordou, se erguendo também. Suspirou, segurando a mão de Todoroki na sua, fitando-o com ar sonhador. – Boa noite. Durma bem.

Shouto tinha a sensação de que teria uma perfeita noite de sono aguardando por ele. Sorriu, já que parecia impossível tentar controlar seus músculos faciais naquela situação, e seguiu em direção à porta, com Midoriya ainda segurando sua mão.

— Boa noite para você também. – ele se inclinou enfim, movendo os lábios até os de Midoriya outra vez. Passou tanto tempo desejando poder fazer isso com naturalidade, que agora parecia um desperdício sem tamanho não estar beijando Midoriya a cada segundo disponível.

— Nós estamos namorando, agora. Não estamos? – a pergunta, direta e certeira, pegou Todoroki desprevenido. Midoriya estava determinado.  O semblante dele parecia dizer que ele não estava disposto a deixar margens para segundas interpretações ou quaisquer dúvidas entre eles, o que parecia uma decisão sábia, considerando o que havia acabado de acontecer quando eles não se dispuseram a conversar direito sobre um assunto que envolvia ambos. Comunicação direta e objetiva era a chave, aparentemente.

— Seria extremamente errado da minha parte se eu estivesse aqui, nessa situação, com você, sem que minhas intenções fossem sérias, certo? … Eu… deveria pedir sua mão para sua mãe antes ou algo assim? – Todoroki ponderou, ficando sinceramente perturbado com a ideia de que talvez estivesse fazendo as coisas do jeito errado, mesmo quando estava tentando acertar. Ele não tinha a menor ideia de como funcionava esse tipo de protocolo social. Era tarde demais para ligar para Fuyumi e perguntar?

Izuku riu, dando um tapinha leve no ombro de Todoroki, e deixando a mão ali, casualmente. Tocá-lo era um hábito rapidamente adquirido, e ele nem percebia mais o quanto fazia isso naturalmente enquanto falavam.

— Só se você quiser, mas não vejo necessidade. – Ele admitiu, embora estivesse divagando com a ideia de Todoroki em sua casa, jantando junto com sua mãe, assistindo tv na sua sala, em um ambiente tão doméstico que era quase surreal imaginá-lo lá. Mas não parecia uma ideia tão longínqua. — Ela já gosta de você, na verdade. Vive perguntando quando é que vou levar você para conhecê-la, já que o Iida-kun e a Uraraka já foram lá em casa algumas vezes.

— Eu adoraria. – Todoroki respondeu, com um sorriso sincero. A perspectiva de conhecer a mãe de Midoriya era um tanto aterrorizante, ele tinha que admitir, porque não tinha um background dos mais agradáveis com a ideia de pais, figuras de autoridade, família no geral, mas se a Senhora Midoriya fosse tão adorável quanto o filho dela, ele sentia que não teria problemas com isso. Parecia ser o certo a fazer, considerando que suas intenções naquela relação eram das mais sérias. Além do mais, Midoriya parecia tão radiante com essa hipótese que ele não recusaria de forma alguma. Impossível dizer não para aquele rosto.

— Bem… acho melhor você ir, não é mesmo? – Relutante, Izuku lembrou, embora não tivesse soltado a mão de Todoroki ainda. – Amanhã nós podemos conversar mais.

— Sim. Até amanhã. – Shouto inclinou-se ao mesmo tempo em que Midoriya ergueu o rosto, encaixando em mais um beijo de despedida, doce e sutil. Logo depois, ouviu atrás da porta, para garantir que Aizawa ou quem quer que fosse já não estivesse mais passando por ali, e então, esgueirou-se para fora, sorrateiro.

— Boa noite, Shouto. – Midoriya sussurrou antes que ele se afastasse, e fingiu não perceber quando ele perdeu o passo e quase tropeçou ao ouvi-lo.

Shouto não olhou para trás, sabendo que Midoriya já teria fechado a porta. Não arriscaria ser pego daquela forma, afinal. Seu coração ainda martelava contra o peito, enquanto ele subia pelas escadas, fazendo seu melhor para não fazer barulho algum e se manter fora do foco das câmeras de segurança dali. O caminho todo até seu quarto, ele não conseguiu desmanchar o discreto e inédito sorriso bobo que teimava em enfeitar seu rosto.

 

 






Estava infinitamente mais difícil se concentrar em não demonstrar nada no decorrer do dia de aula. Izuku não havia combinado nada de antemão com Shouto, mas a ideia de que eles não iriam contar nada do que ocorrera na noite anterior para ninguém estava implícita na conversa que tiveram, ou pelo menos, era nisso que ele acreditava. Sua memória estava embaçada pela sensação de borboletas revoando em seu estômago cada vez que parava para recordá-las, então ele não podia confiar tanto assim no que lembrava.

De qualquer maneira, Izuku não estava em posição de exigir nada, e achava melhor continuar a agir como se nada tivesse acontecido, até que Shouto afirmasse com todas as letras estar pronto para assumir algo – já esperara tanto para entender e expressar os sentimentos que tinha pelo amigo, aguardar um pouco mais não custaria nada. Ele queria muito acreditar nisso.

Logo pela manhã, ainda inebriado pelas lembranças da noite anterior misturadas com os sonhos confusos que teve durante todo o restante daquela noite, Midoriya mal conseguia se concentrar em preparar algo comestível. O sentimento não se aliviou quando Shouto surgiu no refeitório, parecendo tão distante da Terra quando ele próprio, e os dois trocaram tímidos “bom-dia” e “dormiu bem?” em voz baixa, como se temessem arruinar a atmosfera que os rodeava com qualquer palavra errada. 

Tomaram café da manhã juntos e em silêncio, apenas fitando um ao outro, e Izuku mal conseguia conter uma risadinha que ameaçava surgir, toda vez que percebia o olhar de Shouto distraído em sua direção. Os dois trocavam olhares, cúmplices, e voltavam a se concentrar na comida, sem conseguir conter a óbvia eletricidade que transmitiam com somente aquilo. Desnecessário complementar que naquele breve momento só existiam os dois no meio daquela névoa cor-de-rosa, e se alguém notara o que acontecia ali, nem Midoriya, nem Todoroki seriam capazes de perceber, tão absortos um no outro que estavam.

Se havia em Izuku alguma esperança em agir normalmente, essa se esgotou logo no primeiro período de aula. Iida chegou a perguntar se ele havia tido uma boa noite de sono, já que parecia tão distraído, sorrindo sozinho durante a primeira aula como um idiota (isso nas palavras de Bakugou, que ele ouviu de relance comentando sobre isso na sala de aula, mas não se importou o suficiente para prestar atenção no que ele dizia). Uraraka comentou, com ar surpreso, que Todoroki também não parecia bem, e havia passado o primeiro período inteiro rabiscando alguma coisa aleatória no caderno, sem tomar nota de uma única palavra dita pelo professor. Midoriya sorriu tolamente diante dessa observação, e Uraraka pareceu ainda mais horrorizada após a reação dele.

A segunda parte da aula seria no laboratório de ciências, o professor anunciou diante de todos, logo após o breve intervalo da troca de professores. Iriam observar a composição de quirks como as de Sero e Mina, que tinham origem no próprio corpo dos seus usuários, e Midoriya estaria mentindo se dissesse que isso não capturou a sua atenção e curiosidade novamente, apesar da evidente distração que o tomara durante toda aquela manhã.

Começando a deixar suas preocupações de lado e a focar pelo menos um pouco no assunto da aula daquele dia, Izuku distraiu-se novamente, ficando para trás do grupo. Embora agora fosse por motivos mais nobres, por causa disso não percebeu a aproximação por trás de si, enquanto toda a turma 1-A se deslocava pelo andar até a ala de Laboratórios.

Um toque sutil e familiar em seu antebraço, e Midoriya sentiu-se ser deslocado para a lateral, até uma bifurcação. Seus colegas seguiram em frente, sem sequer notar sua ausência. Era por essa e outras que invariavelmente um deles acabava sendo sequestrado por vilões – mas Izuku não teve tempo de se ater a esse detalhe, já que encarava mais perto do que o previsto o motivo pelo qual ele estava agora num corredor adjacente ao principal, completamente vazio àquela hora da manhã.

— O-oi Todo… Shouto… – ele murmurou, sem saber o que poderia ser dito em uma situação como aquela. Todoroki o fitava em silêncio, apertando os lábios levemente, do jeito que Izuku sabia que só podia significar que ele tinha algo a dizer mas não sabia exatamente como. – Aconteceu alguma coisa?

O semblante preocupado do outro provavelmente incentivou Todoroki a organizar os pensamentos, e ele respirou fundo, deixando os ombros rígidos relaxarem ao menos um pouco. Não havia motivo para se sentir pressionado quando Midoriya estava ali, diante dos seus olhos.

— Eu tenho algo a dizer. – ele respondeu, o mais objetivamente possível. Considerando que Midoriya continuava encarando-o, tenso e apertando as mãos umas nas outras, talvez ele não estivesse fazendo o melhor dos trabalhos em manter um diálogo calmo – Uma dúvida. Não é nada de ruim… – tentou consertar, erguendo a mão permanentemente aquecida para envolver as mãos unidas de Midoriya até desfazer o nó que elas formavam, e deixar que segurassem firmemente a sua.

— Pode falar. – Midoriya balançou levemente nos próprios pés. Às vezes, ele era exatamente como um coelho, sobressaltado e ansioso, não conseguia ficar parado no mesmo lugar por muito tempo. O pensamento fez Todoroki sorrir para si mesmo, um sorriso discreto mas ainda assim, fez Midoriya inclinar a cabeça para o lado, intrigado.

— Preciso saber a sua opinião sobre… bem, sobre nós. – Todoroki gesticulou sutilmente com a mão livre, entre os dois. – Nosso… relacionamento. – Ainda era estranho, pensar e falar sobre isso com esses termos. Todoroki ainda estava incerto sobre quais palavras se usaria para situações como essas, tinha medo de errar, mas havia aprendido naquele curto período que era melhor tentar se comunicar na maneira que podia do que remoer tudo sozinho. No mínimo, iria acabar aprendendo com o tempo, junto com Midoriya. Essa resolução serviu para acalmá-lo, enfim.

— Bem, nós temos um relacionamento, sim. Entre nós dois. Foi isso que decidimos ontem à noite, não é? – Izuku afirmou lentamente, ainda sem entender aonde o colega… amigo… namorado (?) queria chegar. Ele ainda não tinha certeza, mesmo depois da noite anterior? Ou Izuku entendeu algo errado?

— Sim, eu sei. – Ouvir do próprio Midoriya uma afirmação como aquela trazia aquele calor imediato para o seu coração. Izuku suspirou, aliviado também. – O que eu quero saber é em relação aos outros. Você acha que já devemos contar à todos sobre isso?

— Você diz, agora?

Shouto não tinha certeza. Por um lado, não se importaria de poder segurar a mão de Midoriya mais vezes, sentar bem perto dele durante o almoço, poder tocar em seu rosto sempre que tivesse vontade, ou até mesmo sucumbir à enorme vontade que tinha de deitar sobre ele quando estavam dividindo um sofá com os outros na sala comum do dormitório. Para isso, teriam que contar para seus amigos o status do seu relacionamento, e como haviam evoluído até ali, já que pouco mais de dois dias atrás, ele e Midoriya não eram nada além de amigos normais, como todos os outros.

— Não vejo porquê não. – ele admitiu, sinceramente. Seu medo era unicamente a reação de Endeavor, e ele tinha certeza absoluta que nenhum dos seus amigos iria contar isso a ele diretamente, então, não havia mesmo motivos para manter segredos. Gostava de todos eles (ou quase todos), e dividir uma das melhores coisas que já havia acontecido em toda a sua existência parecia apenas natural. Exceto por…— … Só que eles são tão… 

— Exagerados? E intrometidos? E absolutamente escandalosos? – Izuku supriu a falta de vocabulário específico de Shouto com primor, e ele aquiesceu, sorrindo minimamente em agradecimento. – Pensei sobre isso também. Não me leve a mal, eu amo todos eles! Mas… só de pensar no escândalo que com certeza vão fazer…

— Podíamos adiar isso um pouco, não é? – Shouto sugeriu, a voz baixa, a mão esquerda ainda presa ao toque delicado e ligeiramente áspero das mãos de Midoriya. Ele se aproximou, quase instintivamente, o rosto vindo em direção ao ombro de Todoroki embora não o tocasse. Aproveitar esses momentos de privacidade sem qualquer suspeita, apenas os dois, parecia uma ótima ideia, agora que ele pensava sobre isso.

Izuku ergueu os olhos, fitando Shouto por baixo, de uma maneira que era quase insanamente cruel pela forma como o afetava. Ele não sabia que poderia entrar em ebulição por dentro tão rapidamente. Soltou a mão de Midoriya, delicadamente, esperando que aquele seu lado incontrolado não evocasse seu poder e acabasse chamuscando-o.

— Vamos manter em segredo por enquanto, então? – o tom de voz de Midoriya parecia quase emocionado com a ideia de encontros furtivos e segredos escondidos. Shouto poderia apostar que por baixo daquela nuvem macia e verde que era a sua cabeça, já estavam sendo maquinados uma centena de planos diferentes para fazer isso acontecer. Confie em Midoriya Izuku para ficar animado em planejar formas de namorar sem ser descoberto debaixo do nariz dos seus amigos.

— Só entre nós. – Todoroki concordou, e só precisou inclinar o rosto para baixo para que suas testas encostassem. A estática que percorria o ínfimo espaço entre eles era praticamente visível. Midoriya sentia seu corpo inteiro em alerta, semelhante ao sentimento de ativar o One for All, embora fosse completamente diferente ao mesmo tempo.

A respiração de Todoroki era morna, batendo em seu rosto, uma perfeita mistura dos dois extremos que o completavam; as mãos dele em sua cintura foram uma reação quase instintiva, mas esperada. Midoriya o abraçou, cheio daquele sentimento que mal cabia em si. Apenas fechou os olhos e  impulsionou o corpo para cima, erguendo os calcanhares do chão, para encerrar de vez aquela distância e acabar com o anseio que vinha sentindo desde o momento que despertara naquela manhã.

Saber que podia fazer isso sem o medo de não ser correspondido era uma sensação única. Ele esperava acostumar-se a isso muito em breve.

 


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Notas finais do capítulo

Bem, não posso acrescentar nada além da minha expectativa de que vocês tenham gostado da história, e de terem acompanhado até aqui a saga desses dois bolinhos de inocência que são o Shouto e o Izuku ♥ ♥ Espero que o final seja satisfatório para todo mundo, e eu me sinto tão realizada e feliz por ter conseguido escrever essa história até o final (eu tenho um longo histórico de fanfics inacabadas, então...)
Enfim! Tem mais um epíiilogozinho pequeno para finalizar totalmente a fanfic, e eu postarei ele amanhã~ sem falta! Então, até logo, e já agradeço por todos que leram a história até aqui e por todos os comentários e incentivos! Muito obrigada!



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