Ramphya Adventure World escrita por DantaKun


Capítulo 2
Piichi — Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Eu poderia fazer um texto explicando o porquê do meu sumiço, ou porque desanimei da história após ter apenas postado um capítulo... Mas prefiro apenas postar o próximo, dois anos depois, como se nada tivesse acontecido.

Boa leitura :3



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Apesar de haver me transformado em um avatar customizado de um game online, eu estava me sentindo surpreendentemente tranquilo. Não havia "aceitado" a situação, obviamente... Não é o tipo de coisa com a qual você se acostuma assim tão fácil. Mas eu não surtei por causa disso, tampouco dei um escândalo muito grande — o que, para mim, era raro.

— Sabe como se chama isso nas suas costas? — Perguntou-me Salfo, após cerca de uns quinze minutos de caminhada. Ele vinha saltando atrás de mim.

— Asas...? — Olhei para ele e pisquei.

— Ora, você sabe! Então... Por que não as usa?

— Huh... Bem, é que... Eu nunca tive asas antes, sabe? — Passei a mão na nuca. — Eu... Não sei direito como fazer isso.

— É só bater. Querubins são leves como uma pluma, suas asas foram feitas para alçar voo facilmente. Tente.

— C-Certo, mas... Eu não tenho nenhuma experiência em voo. E se eu não souber como descer depois? Ou... Se não conseguir controlar bem as asas?? Eu posso acabar sumindo no meio das nuvens! — Gesticulei, erguendo os braços e o rosto para o alto. — É melhor não arriscar por enquanto. Talvez mais tarde.

—... Você tem medo de altura, não tem?

— H-Hein?! — Olhei para ele e, logo em seguida, rapidamente desviei o rosto, sentindo minhas bochechas se aquecendo. Ao mesmo tempo, fiz uma cara indignada. — Claro que não! Por que acha isso?

— Pois bem... Se já tinha medo antes, imagine agora que está com menos de um metro? Cada vez que subir em uma cadeira, será um ataque cardíaco. É algo que você precisará trabalhar para perder enquanto estiver por aqui.

— Eu tenho menos de um metro? Quanto eu meço exatamente? — Parei para refletir sobre o assunto, até cair a ficha da outra coisa que Salfo havia dito. —... Hein?! Como assim?

— Então, como expliquei antes, é só bater. Suas asas. Querubins voam. É algo tão natural quanto andar para frente.

— Não foi o que eu perguntei...

— Precisa perder o medo. Bata as asas!

— Não tô a fim, ok? — Revirei os olhos.

— Vai se cansar bem mais depressa se for andando.

— Tá bom.

— Ainda mais com as perninhas curtas desse jeito, tendo de aguentar o peso desse cabeção.

— Tá booom...

— Ah, e além disso... Voando se chega mais rápido, você sabe.

— TÁ BOM!

E continuamos andando.

Tempo depois, não sei dizer se havia passado minutos ou várias horas, estávamos sentados em uma pedra, debaixo da sombra de uma grande árvore.

— Eu cansei... — Suspirei, exausto. Usava meus dois braços, com as mãos apoiadas sobre a pedra, para sustentar o peso de meu pequeno corpo.

— Eu avisei. Se fosse voando... — Começou Salfo, mas eu o interrompi.

— Também estou começando a ficar com fome — encostei a mão na barriga, sentindo meu estômago roncar. — Tinha até esquecido... Mas não como nada desde a noite passada, porque virei a madrugada jogando RAW com o pessoal.

— Tsc tsc, isso não é bom — Salfo balançou a cabeça devagar, em negação. — Vencer o desafio era muito importante para vocês, é claro... Mas precisam se lembrar de cuidar de si mesmos também. Seria péssimo se algum de vocês adoecesse ou enfraquecesse...

— Por que está tão preocupado com nossa saúde? — Fitei-o de canto com um olhar desconfiado, enquanto balançava as duas perninhas no ar.

— Você vai entender. Tudo a seu tempo.

— "Tudo a seu tempo" — repeti, só porque ele já tinha usado essa frase antes. — Ok... Então acho melhor eu continuar procurando — disse ao me levantar.

— Ah, pequeno... Não sei se percebeu, mas nessa árvore tem frutas. Você está com fome, certo? Então, precisa se alimentar um pouco, ou não vai conseguir continuar sua caminhada. Você pode pegá-las, se quiser, basta voar até lá em cima — Salfo indicou o topo da árvore com um gesto de cabeça.

— Está me dizendo isso só pra me fazer voar, não está? — Estreitei os olhos.

— Se fosse o caso, eu diria que sim. Mas não dessa vez. Veja bem, a única maneira de chegar até as frutas é alcançando o topo da árvore. Eu, obviamente, não alcanço, você é o único com asas. Faça as contas.

— Ok, ok... Já entendi... — Soltei um suspiro. Depois ergui o rosto para olhar o topo da árvore.

Tão alto... Tão distante...

E realmente, como Salfo havia mencionado, com menos de um metro de altura, tudo parecia mil vezes maior!

— Uh... — Meu corpo deu uma leve estremecida, mas tentei disfarçar. — E-Eu... Não gosto tanto assim de fruta. Talvez, se a gente continuar andando, dê pra encontrar alguma coisa melhor. Tipo uma cenoura, ou sei lá... Algo que cresça no chão, sabe?

— Não devia deixar seu medo te dominar.

Por um instante, pensei em negar que tinha medo, fingir que fiquei ofendido com o que ele disse e fazer uma cara de irritado. Porém... Só o que fiz foi voltar a me sentar ao lado dele na pedra, apoiei o rosto entre os punhos e os cotovelos sobre os joelhos, deixando escapar mais um longo suspiro.

— Eu tento... Mas é mais forte que eu.

— Admitir que tem medo é o primeiro passo para vencê-lo, minha criança — pela primeira vez, Salfo falou comigo de um jeito um tanto quanto... Gentil?

Encarei-o em silêncio por alguns segundos.

— Obrigado... — E não pude deixar de sorrir. — Posso tentar pegar as frutas então, se quiser. Isso é... Se não estiver com pressa de continuar andando, porque pode ser que eu demore até conseguir criar coragem.

— Tenho todo o tempo do mundo. Fique à vontade.

Levantei-me outra vez. Não exatamente confiante, porém um pouco mais decidido que antes. Avancei alguns passos e dei a volta, parando de frente para a grande árvore com meu rosto erguido, a observando e analisando, sem dizer uma palavra.

Eu só precisava bater as asas... Foi o que Salfo disse. Mas como faria para controlar uma parte do corpo que antes eu nem mesmo tinha? Bom, eu não saberia enquanto não tentasse. Então, resolvi fazer um teste: Fechei os olhos e joguei toda minha concentração em... Algum ponto localizado entre minhas omoplatas. E qual não foi minha surpresa, ao abri-los novamente e virar o rosto para trás, quando descobri que as duas pequenas asas brancas estavam se movendo, bem devagarinho?

— Woah! — Exclamei, sorrindo admirado.

— Isso, está indo bem — disse Salfo, fazendo um sinal positivo com a cabeça. — Continue assim.

A sensação era meio estranha... Eu podia sentir aquelas asas em minhas costas, elas agora faziam parte de mim. Se alguém puxasse as penas ou as espetasse com uma agulha, isso me causaria dor, da mesma forma que aconteceria se fizessem algo parecido em minhas pernas ou braços. E não era nada difícil controlá-las, diferente do que imaginei. Era tão fácil quanto levantar a mão para acenar. Não dá para explicar em palavras... Eu simplesmente as controlava e pronto.

Lentamente, meus pés foram deixando de tocar o solo. Estavam flutuando a poucos centímetros do gramado. Apertei os olhos com força, fechando os punhos e tentando manter em ritmo contínuo o batimento das asas. Estava assustado, devo admitir... Mas, ao mesmo tempo, aquilo me dava uma sensação de liberdade inexplicável, que fazia até meu coração bater acelerado.

— Espera... — Salfo saltou da pedra de repente. — Você ouviu isso?

— Hum? — Abri meus olhos e os virei na direção do sapo, confuso. Não tinha ouvido nada demais.

— Parece o som de... Passos? Passos se aproximando bem rápido — os olhos dele estavam arregalados, mais do que naturalmente eram, e inquietos.

— Passos...? — Não consegui dizer mais nada além disso... Pois, no instante seguinte, fui envolvido por um par de braços imensos, que me agarraram subitamente.

— Garoto!!! — Salfo gritou com o susto.


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Notas finais do capítulo

Obrigado a quem leu, e também a minha amiga Lala pelo apoio de sempre ♥ (tô agradecendo aqui porque ela eu tenho certeza de que leu q)

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