Sai mais cedo do trabalho para dormir, mas isso foi que eu menos consegui fazer. Eu estava muito ansiosa pela entrevista, pensando em como agir, o que vestir, que dizer… Estou me sentindo com medo, medo de falhar mais uma vez e ter que ficar para sempre trabalhando em um bar só para manter o sonho Americano. Na manhã seguinte fiz todo meu trabalho e como esse turno é muito parado e a New York Magazine fica muito longe daqui, pedi novamente para sair mais cedo e John concordou, e antes que eu saísse ele me chamou:

         - Hey Dani! - eu já estava caminhando em direção ao metrô e ele deu uma corrida leve até mim. - Se você quiser uma carona, não tem nenhum problema em te levar -  John falou, seus olhos brilhavam na luz do dia, convite tenta  

         - Obrigada, mesmo, mas prefiro ir de metrô não quero atrapalhar seus planos - falei um pouco desajeitada. 

         - Não atrapalha em nada, mas não vou ser chato… - ele baixou a cabeça e colocou as mãos nos bolsos, olhando para seus pés.

          - Nos vemos à noite - dei um sorriso e continuei andando.

          - Nos vemos à noite - John caminhava de volta para o bar.

        Não via a hora de chegar lá e ver como era tudo, já sentia calafrios na barriga, escolhi uma roupa bem básica e que mostrava quem eu realmente era, acho isso muito importante. Uma blusa preta com ombros levemente caídos, calça Mom Jeans dobrados nas pernas, All Star branco, uma gargantilha, minha bolsa e meu portfólio. Desci na estação mais próxima que havia do prédio e de lá peguei um táxi, gastei metade do que havia guardado para a semana às coisas não costumam ser muito baratas por aqui, mas estavam sendo gastos por um bom motivo. Olhei para o relógio e já eram 14hs 25 minutos. Vou me atrasar!

          - Parabéns Danielle! Vai chegar atrasada e suja, como sempre - falava para mim mesma enquanto atravessa uma rua.

        Ao me aproximar do prédio percebo um grupo de fãs, provavelmente aguardando seu ídolo, algumas com rostos pintados, cartazes, falavam um pouco mais alto do que o normal. Tokio Hotel era o nome da banda escrito ali, elas estavam bloqueando a porta de entrada, fui pedindo com licença até chegar a porta onde haviam dois grandes seguranças.

          - Desculpe… Com licença - acenei para um deles - Eu tenho uma entrevista as 15hs com o Sr Moss, preciso entrar. - falei tentando olhar através da porta

          - Sim e eu sou a Beyonce! - ele se olharam e riram, como é que é?

          - Olha, moço, eu não sou fã nem nada só quero entrar para fazer a entrevista - algumas meninas me empurram devido a uma confusão e eu quase derrubei todas minhas coisas, peguei meu celular na bolsa e mostrei o e-mail para eles - Aqui, veja com seus próprios olhos, Adam Moss - apontei para a tela do celular, os dois homens se olharam e um deles passou a mão por trás das minhas costas me empurrando através da porta.

            - Você deve passar ali na recepção primeiro - um deles disse e apontou para uma enorme mesa onde uma moça falava ao telefone.

            - Obrigada! - acenei e fui até lá. Dei uma leve pigarreada ao chegar - Com licença… - a moça me encarou com o mesmo ar de desconfiança dos seguranças, mas qual é o problema deles? Será que é minha roupa? Meu cabelo?

             - Em que posso lhe ajudar? - falou gentilmente, em seu terninho dizia Lisa 

            - Tenho uma entrevista com o Sr. Adam Moss e estou atrasada! - falei sabendo que faltavam 15 min, mas com todos esses andares para subir, provavelmente me atrasaria

             - Preciso de um documento de identificação - ela deu um sorriso que pareceu forçado, entreguei meu passaporte para ela, minha identificação americana não estava pronta ainda. Tenho visto de trabalho. Ela digitava rapidamente no computador e fez uma ligação. - Ela está aqui… Claro… Sim… Sem problemas, obrigada! - desligou - Bem vinda Mr. Danielle! Você pode subir ao 16° andar o Sr Moss lhe aguarda. - ela me devolveu o passaporte e caminhei até o elevador.

           Olhei para o indicador de andares do elevador, havia 4 elevadores e todos eles estavam em todos os andares, até que percebi que um deles estava abrindo a porta no térreo. Estava com o portfólio debaixo do braço, a bolsa aberta em uma mão, celular em outra, passaporte na boca para tentar desemperrar o fecho da bolsa que havia trancado, acelerei meu passo para não perder a oportunidade de pegar elevador que estava ali e não me atrasar, estava completamente desajeitada, virei para entrar no elevador e POOF!

           Esbarrei fortemente em alguém que reclamou de dor, derrubando todas as minhas coisas, algumas fotos caíram da proteção e se espalharam pelo chão. Merda!

            - Cuidado! Você pode machucar alguém com toda essa pressa - Uma voz suave falou, mas era masculina - Deixe-me te ajudar com isso - a voz falou, mas eu olhava para o chão.

            - Desculpe… Merda - disse juntando o mais rápido que conseguia e olhando para meu relógio - Desculpe mesmo, estou super atrasada, o que é quase normal, mas não poderia estar atrasada hoje porque isso é muito importante para mim e agora minhas coisas estão arruinadas, eu não sei o que fazer para me desculpar… - eu estava nervosa e não parava de falar, foi então que o encarei.

          Sim, eu sabia quem ele era, sabia quem a banda era. Fui fã deles na adolescência, gosto de algumas músicas ainda confesso, mas isso foi demais. Ele me encarava seriamente, segurava em sua mão algumas de minhas fotos que havia pegado do chão, fiquei o encarando e aquele segundo parecia ter se tornado minutos e todo aquele barulho se transformou em silêncio, éramos nós dois e mais ninguém.              - Prazer, eu sou Bill - ele deu um sorriso meio tímido sem mostrar os dentes. 

             - Dani - falei ainda olhando em seus olhos, peguei as fotos das mãos dele - Estou realmente atrasada Bill, me desculpe, de verdade, se eu puder fazer algo… - eu não terminei de falar e ele complementou

              - Um café talvez… Depois do seu compromisso? - Parada cardíaca. O irmão dele, Tom Kaulitz, o encarava com uma expressão quase que incrédula sobre o irmão. Não preciso dizer mais nada. Era apenas um café, pare de pensar que tudo gira ao seu redor Dani!!!

               - Claro - de novo a resposta rápida.

               - Tome, anote seu número - ele alcançou seu telefone e não pude disfarçar o nervosismo de todos ao redor, Gustav encarou minha mão que tremia levemente, mas aparente e Georg tinha um sorriso de sarcasmo no rosto, mas encarava o Bill.

                - Pronto - devolvi o celular e entrei no elevador evitando o encarar.

             Encostei-me contra o espelho do elevador, longe da porta, respiração acelerada e 5 min atrasada. Que ótimo! Enquanto o elevador subia, tentei me recompor, claro como posso ser tão ingênua! Ele nunca vai me ligar ou mandar uma mensagem, ele anotou meu número, eu não anotei o dele, ele se livra daquela situação desconfortável e é isso. Preciso de calma, preciso respirar.

16° andar

             Era um andar claro, limpo, com algumas decorações e bastantes flores e pequenas folhagens. Acolhedor. Uma recepcionista do andar me acompanhou até a porta da sala do Sr Moss, ela deu duas batidas na porta e anunciou minha chegada. Era agora a decisão de algo importante na minha vida, mas eu não conseguia me livrar da cena do elevador.