A princesa proibida escrita por Helena Melbourne


Capítulo 9
Presente de grego




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Kiara mal podia acreditar que finalmente conseguira. Estava descendo a montanha novamente após atravessar a ponte levadiça com seu cavalo. Era exatamente como ela se lembrara da primeira vez, mas melhor, pois ela não tinha, dessa vez, o sentimento de culpa por estar escapando escondida do castelo. Era seu presente e ela iria aproveitá-lo ao máximo: o dia em que sua cela fora aberta e ela se viu livre enfim.

 Ela chegou à clareira que havia descoberto 6 anos atrás. Saltou do cavalo e amarrou as rédeas a um tronco. Então pôde inspirar profundamente e sentiu o cheiro de orvalho fresco, que exalava da grama fofa e colorida, por conta das flores. Ela havia amado o outono e suas folhas voando soltas com o vento, sem destino. Contudo, devia admitir que, sem dúvidas, a primavera e suas flores eram muito mais belas.

Havia uma grande diversidade de flores. Ela podia identificar as hortênsias, lavandas, margaridas, petúnias, rosas e tulipas. Não eram como as do palácio, que foram planejadas e arranjadas nos jardins, numa altura regular com cores que combinavam entre si, numa beleza artificial. Ali possuía uma beleza selvagem e natural. Kiara sentia que toda sua vida, por mais feliz que fosse, fora artificial. Talvez, por isso gostara tanto daquelas flores. Eram como um presente de Deus para ela.

Deitou na grama como se fosse uma cama macia, por mais que pinicasse e estivesse úmida, ela não se importava. Fechou os olhos e aproveitou a sensação. Ouviu os pássaros cantando, o vento soprando suavemente na copa das árvores e sentiu o sol morno na face. Não podia fazer isso no castelo, senão as servas ou a mãe lhe chamavam a atenção, dizendo que uma princesa não poderia ter sardas.

 A última vez que se sentira assim, em paz, deitada ao relevo sem ninguém lhe perturbando fora no fim de tarde com o filho de Zira. Ao lembrar-se dele, sentiu pontadas no estômago. Pensou, com um sorriso nostálgico no rosto, na aventura que viveram naquele dia e na adrenalina. Daria 10 sacos de moedas de ouro para sentir aquilo de novo. Será que ele havia pensado nela tanto quanto ela havia? Afinal, fora a maior aventura de sua vida até ali, ela nunca esqueceria. Mas como ele bem disse, “era um exilado” e eles eram acostumados a viver emoções do gênero, por que então, ele se recordaria de maneira especial da vivida com ela? Suspirou pesadamente. “Certamente não se lembraria”, pensou. Mal ela sabia quão enganada estava...

— Mas o que ela está fazendo? Será que está desmaiada? -ouviu quase como um sussurro e assustou-se.

— Cale-se, Pumba! A princesinha vai te ouvir! – respondeu outra no mesmo tom.

Kiara bufou pesadamente, reconhecendo as vozes. Ela não acreditara! Seu pai havia quebrado a promessa e mandado Timão e Pumba atrás dela, que típico. Ela deveria ter desconfiado que o grande rei não confiaria nela. Levantou-se então, irritada e se virou na direção de onde as vozes estavam, porém não encontrou os dois à primeira vista. Sabia que estavam escondidos detrás das árvores.

— Timão! Pumba! Eu não acredito em vocês! – bradou irritada. Logo, os dois saíram do esconderijo e o homem alto e magro deu um leve tapa na nuca do baixo e gorducho, que sorriu amarelo. -Meu pai quebrou o juramento. -falou decepcionada

— Veja bem, querida. Ele prometeu não mandar nenhum soldado atrás de você. Teoricamente, não somos soldados de seu pai. -respondeu Timão, tentando aplacar a ira da princesa com humor.

Kiara adorava os dois, chamava-os de tios. Timão e Pumba sempre alegravam as tediosas tardes na corte com suas histórias aventureiras e seu jeito divertido e espontâneo de ser. Entretanto, naquele momento em particular o único sentimento que a jovem princesa conseguia sentir pelos dois era raiva. Aquele era o seu dia e ninguém iria estragá-lo.

— Se meu pai não cumpriu seu juramento, eu não cumprirei o meu. Vou passear sozinha, mas bem longe das terras do reino! – e assim, num impulso desamarrou as rédeas de seu cavalo e disparou com o animal galopante para qualquer lugar que não fosse aquele.

— Kiara! Princesa! Volte aqui! -ambos gritavam, tentando inutilmente correr atrás da menina.

As lágrimas caíam ferozmente do rosto delicado da princesa e eram secadas pelo vento cortante. Nunca iriam entender pelo o que ela passava. O que era sentir-se presa a algo que não escolhera. Se pudesse trocar sua coroa pela sua liberdade, assim ela faria.

Parou de repente num lugar que também lhe parecia familiar. Percebeu então onde estava: no olho d’agua. Seu cavalo estava ofegante, por isso saiu da montaria e deixou que o animal fosse refrescar-se no rio. Fora ali que encontrou o filho de Zira, mas não foi até o local com esperança de revê-lo. Foi simplesmente um impulso, porque era o único lugar onde sentiu-se bem da última vez e na expectativa de sentir algum alívio novamente, seu coração a levou até lá.

 Kovu também sabia que em algum momento daquele dia a menina teimosa que conhecera iria aparecer ali. E lá ele estaria a esperando com a emboscada perfeita, de acordo com o plano.


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Notas finais do capítulo

Então.... Não foi dessa vez, mas tá perto. Próximo capítulo vai compensar a demora do reencontro, prometo, vai ter um bônus também.
Mas olha, teve um momento ali da Kiara pensando no Kovu...
COMENTEMMM!! Quero saber o que vocês estão achando da história e tenho sentido falta da presença de muitos nos comentários. Juro que não cai o dedo escrever um simples "gostei".



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