Sob o luar escrita por Pixel


Capítulo 7
Capitulo 7 - Revelações (parte 2)


Notas iniciais do capítulo

Saiu mais cedo do que eu esperado, e isso é animador! Estou um pouco insegura sobre esse capítulo mas dei o meu melhor!

~~Boa leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/767165/chapter/7

 Marinette

 O domingo passou mais rápido do que o normal; Marinette terminou o trabalho de física com um grande sorriso triunfante no rosto. Ela estava se sentindo confiante, basicamente, nada podia tirar o sorriso do seu rosto.

 Na segunda, ela levantou antes do despertador tocar, pronta para enfrentar mais um dia de aula. A Marinette normal estaria resmungando xingamentos enquanto se arrumava para a aula, mas hoje, ela estava saltitante — algo que surpreendeu até mesmo Tikki.

 Marinette não sabia o que era mais animador, entregar o trabalho pronto e ver a cara da professora Mendeleiev quando o visse ou ver sua nova paixão, Adrien. Ela não tinha visto o loiro desde o incidente no domingo de manhã e já estava com muitas saudades dele.

 Ela não sabia o que iria dizer, nem como iria agir, mas ela iria falar com ele nem que as coisas soassem estranhas.

 Marinette decidiu usar uma roupa diferente do normal. Uma camisa do Jagged Stone e um short jeans. Infelizmente ela tinha perdido os rabicós na casa de Adrien — eles eram um presente de Alya e ela estava rezando para que a morena não desse por falta — então sua única opção era os elásticos normais de cabelo.

 Marinette desceu as escadas, já com a bolsa da escola nas costas e Tikki bem escondida lá dentro. Pela primeira vez desde que as aulas começaram ela estava saindo de casa mais cedo.

 — Marinette? — Sua mãe perguntou assim que viu a mestiça entrar na cozinha.

 — Bom dia maman! — Ela abriu um grande sorriso. Sabine arqueou uma sobrancelha para filha, mas não disse nada. Era estranho que Marinette tivesse levantada tão cedo com todo esse bom humor.

 — Bom dia... — A chinesa voltou a trabalhar com a massa, aparentemente ela estava fazendo biscoitos para a padaria.

 — Se importa? — Marinette perguntou, apontando para uma forma cheia de biscoitos com gotas de chocolate. Sabine sorriu e acenou.

 — Claro querida — Sem hesitar, a mestiça pegou 5 biscoitos. Ela passou pelo balcão e deu um beijo na bochecha de Sabine — O que foi isso? — Ela perguntou, olhando para a filha com uma sobrancelha levantada. Marinette apenas deu de ombros.

 — Estou de bom humor hoje! — Ela disse e andou até a porta da cozinha — Estou indo!

 — Mas não ia tomar café? — Sabine perguntou em um tom de confusão.

 — Tenho que chegar no colégio cedo — Marinette acenou para a mãe — Te vejo depois!

 Marinette saiu da padaria de seus pais e olhou para o céu, ela guardou três biscoitos na bolsa, dando eles para Tikki, e os outros dois ela iria comer no caminho para a escola. Assim como no domingo, o céu estava nublado, escondendo completamente os raios do sol. Tudo indicava que iria chover mais tarde. Marinette considerou em voltar e pegar um guarda-chuva, mas a preguiça falou mais alto, ela continuou seu caminho para o colégio sem um guarda-chuva.

 Não demorou para a mestiça chegar ao colégio, logo se viu dentro dos corredores de Françoise Dupont. Ainda era cedo demais e os alunos aos poucos iam dando as caras. Foi estranho para Marinette chegar tão cedo assim, os corredores estavam quase desertos e quando ela entrou na sala, somente Alix, Nathaniel e Kim estavam ali.

 Ela foi direto para seu acento, dando apenas um cumprimento para os três colegas. Assim que ela estava sentada no seu lugar de costume, Marinette abriu sua bolsa, pegando seu caderno de esboços. Fazia alguns dias que ela não esboçava nada de interessante, já que as coisas ficaram tão corridas nos últimos dias.

 Ela pegou o lápis e sem nenhuma base começou a desenhar.

 Marinette ficou alguns minutos ali, curvada sobre a mesa e trabalhando loucamente em um vestido que surgiu em sua mente. Ela se desligou do mundo e das outras pessoas ao seu redor, se concentrando apenas no esboço.

 Vários colegas de sala entraram, passando por ela, mas Marinette nem ao menos notou a presença deles. O único que foi capaz de tirar ela de seu estupor foi Adrien. Marinette pegou uma pequena movimentação no assento logo na sua frente.

 Ela abaixou o lápis e levantou o olhar lentamente. Seu coração pulou uma batida quando encontrou com a figura de Adrien. Marinette sentiu o nervosismo se revirar em seu estômago, ela tentou ignorar esse sentimento e se levantou.

 O que ela diria? Talvez um simples "bom dia" funcione.

 Marinette contornou sua mesa e se aproximou de Adrien, ainda um pouco hesitante. Ela ignorou as batidas incessantes e seu coração e decidiu agir por impulso.

 — Bom dia Adrien! — Ela disse, colocando um sorriso no rosto. Marinette se sentiu triunfante por sua voz não ter falhado.

 Adrien levantou a cabeça e olhou para Marinette espantado. Os olhos verdes se arregalaram quando encontrou com ela, ele ficou tenso na mesma hora e Marinette podia ver o desespero em seus olhos. Ela reprimiu um suspiro.

 — B-B-Bom dia... — Ele disse, sendo rápido em desviar o olhar. Marinette reparou que Adrien apertou as mãos juntas em um claro estado de nervosismo.

 — Como foi seu final de semana? — Ela perguntou, sua ansiedade estava quase esquecida e quase tudo parecia normal novamente.

 Adrien olhou para ela, claramente confuso.

 — Er... — Ele piscou algumas vezes, antes de balançar a cabeça firmemente — Foi l-legal...

 — Eu queria saber s— Marinette foi interrompida quando recebeu um forte empurrão. Veio do nada, ela nem sabia quem tinha lhe atingido.

 O golpe não foi forte o suficiente para fazer Marinette cair, mas aparentemente a outra pessoa estava carregando alguma coisa de vidro, que caiu no chão e foi completamente destruída. Alguma coisa liquida respingou nas pernas de Marinette e ela foi forçada a dar alguns passos para longe.

 — Essa não! — Sabrina disse espantada.

 — Tá tudo bem ai? — Marinette se virou para a ruiva e notou que a mesma estava entrando em desespero.

 — Não, não está! — Ela encolheu os ombros, olhando fixamente para o chão enquanto balançava a cabeça negativamente.

 — Não foi nada Sabrina — Adrien se levantou e inclinou para a frente, tentando ver o estrago — É só um perfume

 — Não é só um perfume! — Ela disse, perdendo o controle da voz — Era o perfume da Chloé!

 Marinette gemeu com essa informação e revirou os olhos.

 — Tenho certeza que ela tem dinheiro o suficiente para comprar outro... — A mestiça disse, cruzando os braços totalmente despreocupada.

 — Ela vai me matar... — Sabrina abraçou o próprio corpo, com uma expressão de completo medo no rosto — Era um perfume de rosas e já esgotou... — Ela olhou para Marinette com uma mistura de medo, culpa e desespero nos olhos — Me desculpa!

 A mestiça não pode evitar, o olhar que Sabrina lhe deu era uma mistura tão grande que fez Marinette sentir simpatia por ela. Ela não pensou em suas ações quando se aproximou e estendeu sua mão, apertando o ombro de Sabrina numa tentativa de consola-la.

 — Não precisa se desculpar — Marinette disse. Seu tom não era necessariamente gentil, mas ainda estava cheio de compaixão — Era eu quem estava parada no meio do caminho... desculpa...

 Sabrina arregalou os olhos e encolheu os ombros. Ela estava surpresa pelas palavras de Marinette e não escondeu isso.

 — M-Mas... Foi eu q— Sabrina desviou o olhar, lutando pelas palavras, Marinette apenas apertou um pouco mais forte o ombro da ruiva.

 — Vamos limpar isso antes que o sinal bata — Marinette disse, dando um sorriso gentil e confortável. Ela estava tentando animar um pouco mais Sabrina— Sim?

 Sabrina ficou sem palavras, ela encarou Marinette por alguns segundos antes de acenar firmemente com a cabeça.

  Adrien

 Adrien piscou algumas vezes, tentando entender o que estava acontecendo bem na sua frente. Não era a primeira vez que Marinette era gentil dessa forma, mas ainda assim o pegou desprevenido.

 Quando as duas garotas saíram da sala foi que Adrien se sentiu confortável em voltar para seu assento. Com tudo o que estava acontecendo em relação a Ladybug, ele tinha se esquecido brevemente o porquê de ter se apaixonado por Marinette.

 Mas agora estava tão claro quanto água.

 Ela sempre foi assim, defensora das pessoas, disposta a oferecer uma palavra amiga ou a ajudar quem precisa. Foi por essa bondade, foi por essa Marinette que Adrien estava apaixonado.

 Adrien fechou os olhos e respirou fundo. Justamente quando ele estava tentando esquecer ela; tentando superar sua paixão não correspondida, ela volta com força total e abala seu mundo de novo.

 Ele engoliu em seco e abriu os olhos, olhando diretamente para seu pulso. Lá estavam eles — sim, eles — os rabicós que Ladybug esqueceu em seu quarto no dia anterior. Adrien passou o dedo sobre o enfeite de joaninha e se permitiu sorrir. Ele tinha mantido os acessórios, na esperança de devolvê-los assim que visse a heroína novamente. Agora aqueles rabicós se assemelhavam a uma ancora, mantendo ele firme no chão.

 Ladybug era seu novo amor, não importa quem ela seja por de baixo da máscara, ele a ama com toda a certeza. Por mais indeciso que seu coração fosse, ele já tinha se decidido.

 Se for para escolher uma das duas, ele vai escolher Ladybug. Mas agora a parte mais difícil era fazer seu coração aceitar essa escolha e parar de bater tão forte quando Marinette aparece.

 Adrien respirou fundo, tentando relaxar seu corpo e sua mente. Tudo estava um misto de sentimento e ele estava começando a se sentir enjoado, com um nó preso em sua garganta.

 — Bom dia Adrien! — Uma voz que ele reconheceu como Alya disse. Adrien abriu os olhos e olhou para a morena.

 Ela estava logo na sua frente, com um sorriso amigável no rosto.

 — Bom dia — Ele retribuiu o sorriso, ainda alisando o enfeite do rabicó em seu pulso.

 — Você por acaso não viu o Nino? — Ela perguntou, olhando brevemente ao redor da sala. Adrien acenou negativamente.

 — Ele ainda não chegou — Adrien disse e logo depois ajeitou os óculos.

 — Ei o que é isso? — Alya perguntou, apontando para o pulso de Adrien.

 O loiro olhou para a morena novamente. Ela estava com uma sobrancelha levantada, esboçando total confusão. Adrien olhou para o rabicó em seu pulso e deu de ombros.

 — Rabicós...? — Ele inclinou um pouco a cabeça para o lado.

 — É.… disso eu sei — Alya acenou com as mãos e deu uma risada nervosa — Acontece que eu dei um par idêntico pra Marinette

 O coração de Adrien afundou com a menção do nome da mestiça. Ele franziu as sobrancelhas; os rabicós eram de Ladybug e não de Marinette. Por que Alya estava insinuando algo assim?

 Adrien engoliu em seco. Um pensamento estranho surgiu em sua mente, mas ele o empurrou para longe.

 Seria impossível. Marinette não ia brincar com seus sentimentos desse jeito. Ela é gentil e sempre leva os sentimentos dos outros acima dos seus, não iria engana-lo dessa maneira.

 Além do mais, se fosse verdade, ela teria que ser oficialmente Ladybug. Isso significa que ele lutará ao lado de sua paixão do colégio durante os últimos três anos.

 O destino não seria tão maldoso assim.

 — Esquece... — Alya disse depois de alguns segundos — Muita gente usa esse negócio! — Adrien concordou com a cabeça, aceitando essa explicação. Mas mesmo assim essa ideia não saiu de sua mente.

 Alya está certa, muitas pessoas têm rabicós temático de joaninhas.

 A morena se afastou, deixando Adrien pensativo para trás. Quando ele estava com Ladybug, sempre teve a estranha sensação de que a conhecia; as vezes ela agia de uma forma que lhe dava um breve déjà vu. Pensado um pouco nisso, até mesmo faria sentido se ela fosse Ladybug, já que ambas pareciam ter muitas semelhanças.

 Ele ficou ali sentando por alguns segundos, mas foi tirado de seus pensamentos quando Marinette e Sabrina voltaram para a sala. Marinette carregava uma vassoura e uma pá, já Sabrina um esfregão.

 — Pode deixar que eu limpo — Ele ouviu Sabrina dizer. As meninas pararam e Marinette começou a varrer os cacos de vidros.

 — Se fizermos isso juntas vai ser mais rápido — Marinette disse, e apenas o som de sua voz fez o coração de Adrien acelerar.

 O loiro desviou o olhar, encarando o rabicó firmemente. Seu coração estava martelando em seu peito, ele tentou controlar sua respiração e se acalmar um pouco; sem grande sucesso.

 Adrien se forçou a olhar para Marinette, em busca de alguma semelhança física que ela pudesse ter com Ladybug. Seus olhos vagaram pelo rosto da mestiça e ele engasgou.

 A primeira coisa que ele notou foi que Marinette tinha os mesmos olhos que Ladybug. Eram da cor de safiras, tão brilhantes e expressivos. Adrien sentiu seu coração afundar quando notou outras semelhanças além dos olhos. Os cabelos, preto-azulado, com as pontas pintadas de vermelho. Como ele não tinha notado isso antes? Os cabelos de Ladybug também eram tingidos de vermelhos.

 Sua garganta secou e Adrien sentiu seus olhos arderem. Ele perdeu o controle da sua respiração, hiperventilado. Adrien levou a mão esquerda para o peito, sentindo seu coração doer dolorosamente.

 — Ei cara — Era a voz de Nino, que tirou ele se deu estupor. Adrien deu pulo na cadeira assustado e piscou os olhos várias vezes para tentar dispersar as lágrimas — Tudo bem...? — O amigo colocou a mão em seu ombro e deu um breve aperto.

 Adrien se forçou a respirar pelo nariz para acalmar sua respiração.

 — Ei Adrien...? — Ele levantou o olhar e encarou Marinette. Ela parecia preocupada, os olhos de safira pareciam estar atentos a qualquer movimento. Tinha parado de varrer e agora se inclinava levemente sobre a mesa dele.

 Adrien engasgou. Ele estava sentindo uma mistura e sentimentos e nada estava realmente claro. A apena um dia ele estava completamente dividido entre dois amores, e agora estava completamente sem chão.

 Claro, podia ser um engano, mas eram muitas semelhanças para se negar, e agora que ela estava inclinada sobre ele, as coisas ficaram mais e mais claras. Ele notou as pequenas sardas que pontilhavam seu nariz, uma característica que ele já tinha há muito tempo assemelhado à Ladybug.

 Adrien abriu a boca, ele queria dizer algo, mas as palavras pareceram entaladas na garganta. Nada saiu. Ele observou Marinette levantar uma sobrancelha, seus olhos lindos se estreitaram e ela parecia realmente preocupada.

 Adrien desistiu de falar, ele apenas fechou a boca e olhou para as orelhas de Marinette, em busca da verdade. Foi quando ele viu os brincos, quase idênticos aos de Ladybug, exceto pelos pontos pretos.

 Seu velho e seu novo amor eram a mesma pessoa; ele lutou ao lado dela durante três anos; ele esteve ao seu lado, tão perto e tão longe ao mesmo tempo. O pior de tudo, ele se apaixonou pela mesma pessoa duas vezes, e ainda assim foi rejeitado.

 Adrien sentiu seus olhos encherem de água. Quais eram as chances de Ladybug realmente ama-lo? Se Marinette não gostava dele como Ladybug iria? Elas eram a mesma pessoa, afinal.

 Todas as suas esperanças foram jogadas pelo ralo. O seu azar tinha ultrapassados dos limites. Ele queria contar a ela que sabia, queria contar a ela que não precisava mais fingir.

 Queria dizer tudo, mas nada saiu. As palavras estavam presas, ele só conseguiu emitir alguns murmúrios ilegíveis.

 Adrien piscou, sentindo um par de lágrimas salgadas descerem pelas suas bochechas. Isso surpreendeu tanto Nino — que ainda segurava seu ombro — quanto Marinette.

 O loiro balançou a cabeça firmemente. Com as mãos tremulas ele fez a única coisa que podia: Tirou os rabicós do pulso como se eles pegassem fogo, estendeu a outra mão para a de Marinette, e nela deixou os rabicós.

 Adrien agarrou sua bolsa e passou a alça pelo ombro. Ele ouviu alguns protestos de Nino, mas a voz do amigo parecia tão distante. A voz de Sabrina, o grito de Chloé, as perguntas de Nino, tudo parecia em baixo da água.

 Quando se levantou, o loiro se sentiu fraco, como se seu corpo fosse desmoronar a qualquer segundo. O mundo girou ao seu redor, parecia que ele iria cair. As lágrimas já escorriam firmemente pelo seu rosto e ele não tinha mais forças para conte-las. Quando contornou a mesa, ele tropeçou em seus próprios pés, mas conseguiu se apoiar na mesa.

 Adrien passou por Marinette, por Sabrina e por Chloé correndo. Ele não ficou para ver a reação da mestiça, muito menos o que estava prestes a acontecer.

 Marinette

 Ela estava boquiaberta. A única coisa que Marinette pode fazer foi observar Adrien sair correndo da sala. Seu coração afundou com a visão das grossas lágrimas escorrendo pelo rosto do loiro.

 Ela não sabia o que fazer.

 — O que aconteceu com ele? — Alya perguntou, falando mais com Nino do que com Marinette, mas isso não impediu que ela ganhasse a atenção da mestiça.

 — Não sei... — Nino franziu as sobrancelhas, parecendo realmente preocupado — Eu vou atrás dele...

 Nino fez menção de levantar, mas foi parado por Alya. A morena o segurou pelo ombro, impedindo que ele levantasse.

 — Acho que ele não quer falar com ninguém agora... — Ela disse, convencendo Nino — O que é isso? — Ela perguntou, apontando para as mãos de Marinette.

 A mestiça piscou algumas vezes. Até então ela não tinha dado muita atenção no que Adrien lhe deu. Ela abaixou o olhar e abriu a mão.

 Ela arregalou os olhos, perdendo totalmente o ar que estava em seus pulmões. Marinette tampou a boca com a mão livre, tentando evitar um grito.

 Ele sabia. Como? Ela não sabe, mas ele tinha descoberto de alguma forma.

 — Marinette? — Alya se levantou do seu assento, olhando para Marinette com os olhos arregalados.

 Marinette balançou a cabeça negativamente e deu um passo para trás. Toda a cor tinha sumido do seu rosto. Seu coração se apertou, um aperto doloroso e ela sentiu como se fosse desabar em lágrimas.

 Ela precisava encontrar Adrien, precisava se explicar. As coisas aconteceram da pior forma que ela poderia imaginar, ainda não estava pronta para enfrentar isso.

 Marinette não podia perde-lo. Agora mais do nunca ela sabia que o amava. Perde-lo estava fora de cogitação.

 Marinette se virou, colocando os rabicós no pulso no processo. Ela ia passar pela porta e correr à procura de Adrien, mas uma figura loira impediu que ela fizesse isso.

 Chloé impediu que Marinette passasse pela porta da sala. Ela parecia furiosa, os olhos azuis estreitos e as sobrancelhas franzidas. Ela estava com as mãos na cintura; logo atrás dela estava Sabrina, com um olhar apológico — ainda segurava o esfregão, quase o abraçando.

 — Onde pensa que vai?! — Ela perguntou. Sua voz soando extremamente estridente, repleta de uma raiva que não era desconhecida para Marinette.

 — Sai da frente Chloé — Marinette disse com os dentes cerrados. Ela cerrou as mãos em punhos, deixando elas firmemente presas ao lado do corpo. A ansiedade estava revirando no seu interior. Marinette estava praticamente correndo contra o tempo e ela não tinha paciência agora para lidar com Chloé.

 — Você quebra o meu perfume e ainda quer sair impune?! — Chloé disse, balançando um dedo na frente do rosto de Marinette, a unha perfeitamente pintada e lixada. A mestiça sentiu a raiva borbulhar dentro dela e franziu os lábios, fazendo o possível para se controlar — Você vai ficar e ouvir!

 — Olha aqui — Marinette fechou os olhos, falando entre os dentes — Você pode encher meu saco depois! Tenho algo melhor para fazer agora!

 A mestiça tentou passar pela loira, mas a mesma seguiu seus passos, tampando novamente a porta. Marinette rosnou, a raiva dominando seu corpo e ela sentiu como se fosse explodir a qualquer segundo.

 — É bem típico da sua laia fazer isso — Chloé cruzou os braços, fazendo uma posse de deboche. Marinette olhou para ela com raiva nos olhos.

 A cada segundo que ela estava ali parada estava perdendo cada vez mais suas chances com Adrien. A ideia só fez sua raiva aumentar, e agora era impossível dela se controlar.

 — Sai da frente demônio! — Marinette rugiu. Sua voz ecoando por toda a sala. Ela acabou chamando a atenção de alguns alunos que até então estavam alheios a discussão.

 Chloé encolheu os ombros com a ira de Marinette, mas seu orgulho não deixou que isso durasse. Ela se recompôs e não moveu um músculo para sair de frente da porta.

 — Como ousa falar comigo assim?! — Ela perguntou, colocando uma mão na cintura, se sentindo mais superior que Marinette — Meu pai é o-

 — Foda-se o seu pai! — Marinette esbravejou, cuspindo as palavras com uma fúria ardente que assustou Chloé. Com os olhos arregalados a loira deu um passo para trás — Foda-se o seu perfume e vá se foder você também!

 Marinette emburrou Chloé para fora do caminho, assustando todos que estavam vendo a cena. Se não fosse sua pressa ela provavelmente teria puxado Chloé para uma briga.

 A mestiça saiu da sala, deixando a loira completamente apavorada, Nino e Alya preocupados.

 O casal se entreolhou, ambos compartilhando a mesma questão e a mesma resposta. Eles se levantaram e foram atrás de Marinette.

 A mestiça tinha avançado, já descia a escadas e olhava para todas as direções. O coração martelando e sua caixa torácica.

 Ela correu pelos corredores do colégio, passando por diversos alunos, sempre olhando ao seu redor, ainda com a esperança de encontrar Adrien. Ela passou pelo refeitório, pelos banheiros, pela quadra, pela piscina, mas não teve nem um vislumbre de Adrien. Logo suas pernas a levaram para fora do colégio.

 Ela olhou para as ruas, procurando em todas as direções algum sinal do garoto loiro, mas ele não estava em nenhum lugar.

 Marinette estava tremendo, o coração tão apertado que chegava o doer. Logo ela não tinha mais condições de conter as lágrimas. Cambaleando, ela andou até as escadas, e ali se sentou. A cabeça enterrada nas mãos, permitindo que as lágrimas caíssem.

 — Me desculpa... — Ela murmurou entre soluços. O nó em sua garganta dificultava que as palavras saíssem de sua boca, mas ainda assim ela se permitiu lamentar — Por favor... me perdoe...

 Com a visão embaçada, Marinette olhou para seu pulso direito, onde os rabicós estavam seguros e presos. Ela piscou, sentindo as lágrimas rolarem pelo rosto.

 — Eu não devia ter feito isso com você... — Ela passou a mão pelos acessórios, se permitindo chorar mais ainda. Tikki estava longe agora, dentro da bolsa que ficou na sala. Provavelmente nem ela poderia animar Marinette agora; ninguém poderia.

 — Eu menti... — Ela murmurou, tão baixinho que ninguém além dela poderia ouvir.

 Marinette sentiu seu nariz escorrer, ela fungou, pouco antes de enterrar a cabeça nas mãos novamente. Sua mente estava trabalhando as mil.

 Ela deveria ter ignorado Adrien naquela noite. Ela deveria ter passado reto; se não fosse por isso, ela não teria se apaixonado, não teria usado ele, não teria mentido.

 Não teria feitos ambos sofrerem.

 O sinal tocou, alto e agudo. Marinette não se moveu, ela ficou ali, parada nas escadas, completamente indisposta para voltar a sala. Ela não queria ver ninguém; queria sucumbir num buraco, deixar a terra tomar seu corpo e desaparecer.

 Marinette soluçou, uma e outra vez, tão perdida em suas lamentações que nem ao menos notou a borboleta preta pousar em um dos rabicós.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Perdoe-me por qualquer erro que tenha passado despercebido...

~~ See y later ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sob o luar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.