Sob o luar escrita por Pixel


Capítulo 5
Capitulo 5 - Novos sentimentos




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Marinette

 

 O resto da tarde passou mais rápido que Marinette tinha planejado inicialmente. Com a ajuda das videoaulas, ela conseguiu progredir bastante com o trabalho de física, até que chegou num ponto onde nem as videoaulas podiam ajuda-la mais. Tudo ficou confuso demais e Marinette amaldiçoou em voz baixa.

 A mestiça se reclinou na cadeira soltando um suspiro pesado, ela deu um breve olhar para seu relógio na parede e franziu as sobrancelhas. Eram exatamente seis horas, o sol já estava começando a se por deixando o quarto de Marinette num tom alaranjado e meio escuro. Ela forçou seu corpo para cima e acendeu as luzes.

 Marinette deu algumas voltas em seu quarto, pensando com cuidado em seu próximo passo. Não era errado pedir ajuda a Adrien, ela sabia que ele iria lhe ajudar de bom grado, mas ainda assim se sentia errado.

 — Marinette, não vai ser o fim do mundo se você pedir ajuda ao Adrien — Tikki disse, chamando a atenção da mestiça. Ela se virou, e olhou para seu kwami com um olhar distante, ainda muito pensativa — Além do mais, você gosta de passar o tempo com ele

 Marinette não pode deixar de se surpreender com essa afirmação. Sim, era verdade, ela ama a companhia de Adrien. Quando está ao lado dele o tempo parece passar mais rápido; ela não precisa ter medo de ser ela mesma. É o tipo de amizade que deve ser tratada com carinho.

 A mestiça parou de vagar pelo quarto e cruzou os braços. Ela fechou os olhos e deu um suspiro pesado, tomando uma decisão.

 — Odeio admitir Tikki, mas você tem razão... — Marinette disse num sussurro — Bem... espero que ele não enjoe de Ladybug tão cedo...

 Tikki bateu as pequenas mãozinhas com felicidade brilhando em seus olhos azuis. Marinette sorriu de canto ao ver a reação de seu kwami, tentando esconder ao máximo o seu contentamento.

— Acho melhor você se apressar então! — Tikki disse.

 Marinette deu meia volta e andou até seu guarda roupa em busca de um novo par de pijamas. Ela podia sentir a tensão do dia em seus ombros e isso estava deixando ela de mau humor.

 — Antes disso eu vou tomar um banho — Ela jogou a toalha por cima dos ombros e caminhou até o alçapão, sendo seguida constantemente por Tikki.

 ...

 Ladybug não tinha muitas opções. A mansão Agreste estava mergulhada em um silêncio estranho e desconfortável, claramente não tinha ninguém além dos seguranças na casa.

 Ela se lembrou vagamente de um compromisso de Adrien e seu pai, algo relacionado a um almoço ou encontro; ela não tinha certeza. Mas seja lá o que for, parecia ter tomado mais tempo do que o planejado originalmente. Ladybug considerou retroceder e voltar para casa, mas sabia que isso seria inútil.

 Ela não iria avançar mais do que o que já avançou. Sem memória das explicações de Mendeleiev, fazer esse trabalho sozinha era praticamente impossível.

 Com um suspiro pesado ela se encostou na janela do quarto de Adrien, apenas para se surpreender quando a mesma abriu. Ladybug quase perdeu o equilíbrio, mas conseguiu se instabilizar. Soltando um suspiro de surpresa, ela se inclinou para dentro do quarto.

 O ar ali dentro estava gélido e enviou um arrepio pelo corpo da heroína. O quarto de Adrien, assim como todo o resto da casa, estava completamente escuro, sem nenhuma fonte de luz para iluminar o lugar.

 Ladybug apertou o caderno e a sacola de papel mais forte, chegando a quase abraçar esses itens. Ela se sentiu levemente incomodada por estar invadindo um lugar desse jeito, não era da sua praxe entrar em lugares onde não era convidada.

 Ladybug piscou quando um pedaço de papel passou na frente de seus olhos, ela observou ele flutuar e cair no chão lentamente. Com uma sobrancelha levantada, ela pulou para dentro do quarto e pegou o pedaço de papal.

 Era claramente uma folha rasgada as presas, desigual. Ladybug virou ela de um lado para o outro e fez um enorme esforço para ler o que estava escrito, mas diferente de Chat, ela não tem visão noturna. Ela desistiu depois de várias tentativas e andou pelo quarto, em busca de alguma fonte de luz.

 Foi difícil não tropeçar em alguma coisa, já que a única coisa que Ladybug conseguiu discernir era a sombra dos moveis. Ela conseguiu chegar a um abajur e o ligou.

 A forte luz fez ela piscar algumas vezes até se acostumar com a iluminação, agora, uma pequena parte do quarto estava iluminada pelo abajur. Ladybug ergueu o papel e dessa vez ela conseguiu lê-lo. Ela reconheceu a letra na mesma hora. Era curvada, mas ainda legível.

 É uma mensagem de Adrien.

 " Oi Ladybug!

 

 Eu não tenho certeza se você ia realmente aparecer, mas mesmo assim decidi deixar esse recado. Nesse momento estou posando de bom filho para os sócios do meu pai. Geralmente esses almoços se tornam horas e horas de blá blá blá então provavelmente vai demorar mais do que o normal.

 

 De qualquer forma eu não devo demorar muito. Você é bem-vinda e pode fazer o que quiser, só não faça muito barulho para não chamar a atenção dos seguranças.

 

 Com carinho, Adrien"

 Ladybug soltou uma risada baixa e deu dois passos para trás. Adrien tinha sido atencioso o suficiente para deixar um bilhete para ela, e isso por algum motivo encheu seu coração se felicidade e carinho.

 Adrien realmente sabia como ser um fofo carinhoso as vezes.

 Ladybug dobrou o bilhete e deixou ele ao lado do abajur. Agora que ela sabia que era bem-vinda naquele quarto estava um pouco mais confortável. Ela deixou o caderno e a sacola de papel — dessa vez cheia de croissants — em cima do sofá e deu uma olhada no quarto de Adrien.

 O lugar era imenso, Marinette se perguntou em como seria dormir num lugar assim. Tinha basicamente tudo. Um computador, televisão, sofá, uma cama de casal e até mesmo plataformas de jogos. Por mais gigante e bem decorado que o quarto de Adrien fosse, ela não pode deixar de sentir um pequeno vazio, como se algo estivesse faltando.

 Será que Adrien se sentia solitário nesse quarto imenso? Provavelmente sim.

 Ladybug olhou para a estante próxima a televisão, a mesma que ela se escondeu na noite passada. Ela era vagamente iluminada pelo abajur, então dava para ver alguns dos detalhes.

 A estante estava recheada de livros, jogos e revistas em quadrinhos. Como se já não bastasse existia também miniaturas de super-heróis por todo o lado, ela se surpreendeu quando encontrou uma dela.

 Claro, produtos baseados em Ladybug e Chat Noir estava por todo o lado, mas ela se surpreendeu ao notar que Adrien tinha se dado ao trabalho de comprar um. Ela estendeu a mão lentamente e pegou a miniatura.

 Era claramente algo definido para a decoração e não para crianças brincar. Ela encarou os olhos azuis da boneca por alguns instantes, se sentindo um pouco estranha ao olhar para a mini-ladybug.

 Ladybug riu e devolveu a boneca ao seu lugar original. Ela começou a inspecionar os livros e quadrinhos que estavam na estante, podendo reconhecer um ou outro livro graças a Senhorita Bustier, mas nada além disso.

 Sua atenção foi chamada para algo que se assemelha a uma revista em quadrinhos e por isso Ladybug decidiu tira-la da estante. Assim que o pequeno livro estava em suas mãos ela pode entender do que se tratava.

 Muitas vezes Marinette ouviu falar sobre os mangás. Desenhos em quadrinhos japoneses, o qual Alya geralmente gostava de falar por horas a fio, sempre recomendando algum, mas Marinette nunca se interessou realmente.

 Até agora.

 Esse em especial, tinha a capa toda decorada com morangos em um fundo rosa, e no centro, tinha uma garota com orelhas de gato preto. Ladybug se lembrou de Chat e isso fez ela abrir um sorriso.

 Ela ainda tinha um tempinho extra.

 ...

  O mangá realmente a surpreendeu. Primeiro, veio a dificuldade em entender como a história era contada, já que parecia que tudo estava de trás para a frente, mas depois que Ladybug entendeu as coisas ficaram mais fácies. Depois disso veio e enredo.

 Era basicamente sobre uma garota que ganhava poderes e se transformava em uma super-heroína, quase igual a própria Ladybug.

 Ela ainda estava no final do primeiro volume quando ouviu passos no corredor. O som era tão alto que ganhava destaque no silêncio desconfortável da mansão. Ladybug foi rápida em apagar o abajur e se esconder, dessa vez em baixo da cama. Ela não tinha certeza se era ou não Adrien, então por vias das dúvidas era mais seguro se esconder.

 Como o esperado, a porta do quarto abriu e logo em seguida a luz foi acesa. Passos ecoaram por todo o quarto e ela pode ouvir um suspiro pesado.

 — Wow... Isso foi tenso! — Uma voz desconhecida disse. Ladybug nunca tinha ouvido ela antes e isso fez ela arquear uma sobrancelha.

 — Finalmente acabou... — Era Adrien. Ladybug sentiu um aperto em seu coração ao ouvi-lo falar tão desanimado. Parecia que ele também tinha tido um longo dia.

 — Estou com fome! — A voz desconhecida disse, prolongando a última palavra mais do que o necessário — Tem certeza que não tem ninguém na cozinha a essa hora?

 — Sim, tenho — Adrien pareceu andar pelo quarto—- Só não deixe Nathalie te ver

 — Você me subestima — Dito isso, a porta se abriu e fechou, mas nenhum som de passos pode ser ouvido. Ladybug não tinha certeza se a outra pessoa tinha realmente saído do quarto, mas ela se sentiu mais segura em sair de baixo da cama.

 Ela se arrastou para fora de seu esconderijo, pegando Adrien de surpresa.

 — L-Ladybug? — Ele perguntou assustado, falhando em encontrar a própria voz. A única coisa que a mestiça fez foi se virar para ele e oferecer um sorriso travesso.

 Adrien estava elegantemente arrumado. Seus cabelos estavam perfeitamente penteados e parecia estar duramente preso pelo gel. Ele usava um terno cinza com uma gravata preta, que já estava completamente aberto. Seus sapatos já tinham sido deixados de lado e ele estava calçando uma pantufa verde.

 — Ei Loirinho! — Ela o saldou com um aceno de cabeça — Quem era o seu amigo?

 Adrien ficou visivelmente tenso com a pergunta. Ele ajeitou os óculos e desviou o olhar, tentando manter sua visão em qualquer coisa menos nela.

 Se ela não o conhecesse, teria ficado insultada.

 — U-Um amigo... — Ladybug bufou em resposta e revirou os olhos—- Ele j-já estava de s-saída... — Adrien estava gesticulando com as mãos em desespero, claramente perturbado.

 — Tudo bem tudo bem! — Ela acenou com as mãos tentando tranquiliza-lo um pouco — Não surte

 Adrien se atreveu a olhar novamente para ela e foi recebido com um sorriso tranquilo, que o fez soltar o ar.

 — Eu não avisei que estava vindo, mas aquele bilhete foi o suficiente pra me fazer ficar — Ela disse, tentando mudar de assunto e deixar Adrien mais confortável. Por mais que Ladybug estivesse curiosa, ela não questionou seu nervosismo.

 — Ah sim! — Adrien acenou firmemente, seus óculos escorregando levemente e ele teve que empurra-los para cima de novo — Está aqui a muito tempo?

 Ladybug agradeceu internamente pela gagueira ter sumido e ousou se aproximar um pouco mais do loiro.

 — Não muito — Ela confessou — Isso aqui me manteve distraída! — Ela apontou para o mangá que ainda estava em suas mãos.

 — Oh... — Adrien coçou o pescoço desajeitadamente, corando com a menção do mangá.

 — Você tem um gosto estranho — Ela disse por fim e andou até a estante, devolvendo o mangá ao seu lugar de origem.

 — Você não pode me julgar... — Ladybug andou até Adrien, parando quando estava o menos de três passos dele. Observando-o com cuidado — Garotas magicas são legais! — Ele disse e ofereceu um sorriso. Adrien alcançou a gravata e começou a desata-la.

 Ladybug inclinou um pouco a cabeça para lado, tentando processar o que ele disse. Tecnicamente, ela era uma garota mágica.

 — Tecnicamente — Ladybug colocou uma mão na cintura e soltou uma risada — Eu sou uma garota magica

 Ladybug podia jurar que viu algo de diferente quando Adrien olhou para ela novamente. Um lampejo vago passou pelos olhos verdes, dando a ela um estranho déjà vu.

 Ele deixou a gravata em cima do sofá e começou a andar na direção dela.

 — Isso só torno você mais legal ainda — Ele disse quando passou por ela, num tom baixo e quase rouco, mas ainda estampando um sorriso. Ladybug sentiu um calor se instabilizar em seu rosto e perdeu a postura firme de antes.

 Seu coração se apertou com uma alegria e orgulho estranho. Foi apenas um elogio, e ela estava se sentindo no topo do mundo.

 — Espero que não se importe de esperar mais um pouco — Ele disse, agora andando em direção ao banheiro, deixando Ladybug para trás — Eu preciso tirar todo esse peso de mim

 — Claro... — Sua voz estava no automático, soando baixa, mas ainda assim alta o suficiente para Adrien ouvir.

 — Já volto! — A porta do banheiro bateu.

 Novamente sozinha no enorme quarto, Ladybug se sentiu perdida. Seu coração estava martelando contra seu peito de uma forma desconfortável. Ela sentiu um embrulho no estômago, ainda pensando no jeito que Adrien falou.

 Ele a deixou tão sem jeito com tão pouco. Somente uma pessoa tinha tanto poder assim sobre ela...

 E é claro que foi Chat.

 Seus olhos se arregalaram quando ela se tornou consciente de seus sentimentos. Ladybug cobriu a boca com as mãos para evitar um xingamento ou um grito — o que viesse primeiro — Ela balançou a cabeça freneticamente, como se para apagar a mínima ideia.

 Ela não podia estar se apaixonando por Adrien.

 

 Adrien

 O loiro suspirou aliviado assim que terminou de se vestir. O almoço com os sócios de seu pai tinha sido horrível, a pior parte foi no final, isso porque Gabriel estava furioso com o atrasado de Adrien e não economizou na bronca.

  Adrien estava realmente se sentindo mal quando entrou em seu quarto, mas somente a visão de Ladybug lhe deu um pouco de paz. Ele sabia que podia ter um bom tempo com ela e esquecer o Gabriel lhe disse.

 Adrien abriu a porta do quarto vestido, mas ainda com o cabelo molhado. Ele avistou Ladybug sentada no sofá, completamente imóvel. Ela parecia perdida em pensamentos, com a postura curvada e encarando seriamente o chão. Adrien decidiu sem aproximar com passo lentos.

 — Você está bem...? — Adrien perguntou quando estava quase ao seu lado. Ainda um pouco relutante, ele se sentou no sofá.

 Ladybug endireitou a postura e olhou para Adrien. Ele se surpreendeu quando viu que seu rosto estar completamente vermelho.

 — Eu... — Ela fechou os olhos e respirou fundo — Trouxe isso pra você

 Ladybug levantou uma sacola de papel — idêntica à do dia anterior — e ofereceu para Adrien com um olhar tímido. O rapaz se animou com visão, se lembrando dos deliciosos macarons do dia anterior. Ele ajeitou os óculos que insistiam em escorregar pelo nariz e pegou o embrulho com entusiasmo.

 — Você vai me acostumar com isso... — Adrien disse com um sorriso enquanto abria a sacola, dentro ele encontrou três croissants. Sua boca se encheu de água, mas ele fez um esforço para fechar a sacola.

 Seria melhor come-los no café da manhã.

 — Não reclame! — Ladybug se recostou no sofá e cruzou os braços. Ela não estava olhando para Adrien enquanto falava — Você precisa engordar um pouco... parece até uma lombriga...

 Adrien não pode conter uma risada sincera. Ladybug tinha soado pateticamente emburrada e ele não pode se ajudar. Sua risada ecoou pelo quarto.

 — Preciso concordar com você... — Ele disse depois de se acalmar, olhando diretamente para Ladybug. Ela olhava para ele com surpresa; os olhos levemente arregalados e a boca entreaberta, o rosto ainda estava corado, deixando ela adorável.

  Ladybug foi a primeira a quebrar o olhar e se virou. Ela pegou um caderno que estava ao seu lado. Ele era preto, com uma grande rosa vermelha no centro. Adrien arqueou uma sobrancelha, sentindo um leve déjà vu.

 — Eu me lembro de você ter dito que iria me ajudar com o trabalho de física... — Ela resmungou, ainda sem olha-lo diretamente — Tô aqui para cobrar — Adrien observou um rubor surgir no rosto de Ladybug. Novamente, ele riu.

 — Certo então... — Ele se levantou do sofá — Vou pegar meu caderno! — Ladybug acenou levemente e começou a vasculhar seu próprio caderno.

  Adrien encontrou sua bolsa e pegou o caderno de física, voltando para Ladybug em segundos. Ele a encontrou sentada de pernas cruzadas no sofá, com o caderno aberto nas mãos e o rosto vermelho.

 — Então — Ele se sentou ao seu lado novamente, e abriu seu próprio caderno — Você está com dificuldade em que parte?

 — Er... — Ladybug virou algumas folhas para se localizar — "trocas de calor..." — Ela disse com um encolher de ombros.

 Adrien sorriu, antes de ajeitar os óculos novamente. Ele não tinha certeza se poderia ser um bom professor para Ladybug, mas ele ia tentar o seu melhor.

 — Calorimetria ein... — Ele olhou para Ladybug de soslaio — Você está com sorte Buggie — Ladybug ficou visivelmente desconfortável. Adrien apenas riu com sua reação. Não foi a primeira vez que ele a chamou desse jeito, mas pareceu afeta-la mais duro do que a primeira vez.

 — Só vamos começar logo com essa desgrama! — Ela disse, levemente irritada.

...

  Durantes as horas que Adrien e Ladybug ficaram ali, eles acabaram, escorregando para o chão, que por incrível que pareça era mais confortável do que o sofá. Desse jeito eles podiam ficar de frente um para o outro e as coisas ficaram mais simples.

 Por sorte do destino — ou não — Adrien tinha todo os 54 exercícios feitos no caderno, então o trabalho mais difícil foi fazer Ladybug entender o que estava fazendo. Ela tinha um jeito próprio de chamar as letras gregas usadas nas equações, algo que fazia ele cair na gargalhada toda vez que ela as mencionava.

 Em suma, eles conseguiram resolver muitos dos exercícios, deixando apenas 10 para amanhã. Adrien propôs uma pausa quando viu que Ladybug estava exausta.

 Na verdade, essa pausa teve dois motivos, um era a exaustão de sua companheira e o outro era o estranho sumiço de Plagg. O kwami tinha saído horas a trás e Adrien ainda não tinha visto um vislumbre dele.

 — Eu já volto está bem? — Ele disse para Ladybug, que apenas acenou. Os olhos azuis dela estavam cansados, ele podia ver que ela estava lutando para não pegar no sono sem querer.

 — Vou estar aqui loirinho — Ela encostou a cabeça no sofá, sorrindo para ele.

 Adrien não perdeu tempo, ele saiu do quarto e correu para a cozinha, tomando cuidado para não tropeçar em nada no caminho. Assim como o esperado, a cozinha estava um completo breu, ele acendeu a luz.

 A primeira coisa que ele percebeu foi que a geladeira estava aberta.

 — Plagg? — Ele chamou pelo kwami e recebeu um murmúrio em troca — Plagg cadê você...? — Adrien lutou para manter sua voz baixa, ele podia chamar a atenção de alguém se falasse muito alto e isso era a última coisa que ele queria.

 — Estou aqui... — A voz veio de dentro da geladeira e Adrien arqueou uma sobrancelha.

 — O que está fazendo aí dentro? — Adrien se aproximou, apenas para encontrar o kwami deitado em cima de um prato, a geladeira estava desligada, mas totalmente escancarada.

 — Você estava ocupado com a sua namorada e decidi — Plagg não terminou a sentença, em vez disso soltou um arroto alto que fez Adrien recuar um pouco — aproveitar...

 — Que nojo Plagg! — Adrien o repreendeu com um revirar de olhos — Vem logo

 O kwami lutou contra o próprio corpo e entrou no bolsa da camisa de Adrien. O loiro negou com a cabeça. Às vezes Plagg podia ser muito inconveniente, mas isso só tornou as coisas mais engraçadas.

 Adrien fechou a porta da geladeira e saiu da cozinha, apagando as luzes no caminho. Lentamente ele voltou para seu quarto, tentando fazer o mínimo de barulho possível.

 Ele entrou no quarto em silêncio. Ladybug ainda estava no mesmo lugar de antes, completamente imóvel. Adrien se aproximou, pronto para chama-la, mas parou quando percebeu que ela estava adormecida.

 Ela estava apoiando a cabeça em um braço, tomando o sofá como apoio. Era uma posição desconfortável para dormir, mas considerando o quão cansada ela estava não era de se surpreender.

 Adrien sorriu, balançando a cabeça negativamente. A visão o divertiu, mas ele não podia deixar ela assim. O loiro olhou para o relógio ao lado de sua cama e franziu as sobrancelhas quando viu que horas eram. 00:45.

 Eles tinham passado mais de cinco horas sentados, resolvendo os exercícios. Não era à toa que suas costas estavam doloridas.

 Adrien olhou para Ladybug com pena. Ele pessoalmente não queria acorda-la, mas também não podia deixa-la desse jeito. A posição era desconfortável e ela merecia algo melhor.

 O loiro considerou as opções. Ele podia acorda-la e manda-la para casa, ou podia coloca-la no sofá. Adrien balançou negativamente, o sofá também era desconfortável, a cama era a melhor alternativa.

 Adrien suspirou. Ignorando a dor nas costas, ele se abaixou e passou um dos braços pelos ombros de Ladybug e a outra por baixo dos joelhos. Ela não era pesada, o que facilitou muito seu trabalho.

 Ladybug resmungou um pouco, mas não acordou, em vez disso ela se aconchegou nos braços de Adrien. Ele sorriu com o quão adorável ela soou.

 Lentamente ele a carregou para a cama, deixando-a na superfície macia. Novamente Ladybug resmungou alguma coisa ilegível, mas não acordou. Adrien aproveitou isso para jogar um cobertor em cima dela, que apenas se aconchegou mais ainda.

 Ele tomou o raro momento para observa-la. Ladybug estava completamente adormecida, respirando calmamente. Inconscientemente, Adrien se abaixou um pouco para olha-la mais de perto. Ele tirou uma mexa do cabelo preto-azulado, revelando um pouco mais do rosto corado e suspirou quando viu o quão bela Ladybug é.

 Ele nunca tinha parado para observa-la dessa forma. Adrien sentiu seu coração se apertar com carinho. Ladybug é tão preciosa, uma joia rara.

 Ele queria cuidar dela, ter certeza de que estava segura.

 — Garoto você tem um gosto estranho — Plagg disse de repente. Ele tinha saído do bolso da camisa e agora flutuava entre Adrien e Ladybug.

 O loiro corou com o comentário do kwami e se afastou. Ele deu um último olhar para Ladybug e pegou uma manta para se cobrir.

 — Não tá planejando dormir no sofá, né? — Plagg perguntou, seguido Adrien.

 — Eu vou — O loiro disse e jogou a manta por cima dos ombros, sendo envolvido por um calor agradável — Você pode dormir na geladeira se quiser — Plagg resmungou alguma coisa ilegível, mas Adrien o ignorou. O loiro andou até o interruptor da luz e o desligou, voltando para o sofá com passos lentos.

 Ele se deitou e tirou os óculos, deixando eles no chão ao seu lado. Foi só então que ele notou o quanto estava exausto, seu corpo parecia clamar por um descanso. Fechou os olhos, pronto para mergulhar no mundo dos sonhos.

 Se passaram alguns minutos de puro silêncio no quarto e Adrien estava quase adormecendo quando um brilho iluminou o quarto. Ele arregalou os olhos no mesmo instante, se sentido desconfortável.

 Isso tinha que ser a transformação de Ladybug, mas Adrien estava com muito medo para olhar. Ele tinha a sensação de que poderia vê-la se o fizesse.

 Ver Ladybug sem a máscara.

 A ideia era ao mesmo tempo agradável e horripilante. Ele tentou ignorar a sombra que flutuou pelo quarto, indo ao encontro do que seria Plagg, tentou ignorar também a sua curiosidade e voltar a dormir.

 O loiro fechou os olhos firmemente, rezando para que logo caísse num sono profundo. Para sua sorte, isso não demorou a acontecer.

 Nem mesmo a voz dos pequenos kwamis conversando o incomodou


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