Sob o luar escrita por Pixel


Capítulo 2
Capitulo 2 - Problemas com números




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Marinette

 O vento batia em seus cabelos, fazendo eles se espalharem por seus ombros de forma desajeitada. Ladybug se sentia muito leve em cima da torre Eiffel. Já era madrugada e não tinha nenhuma nuvem no céu e ele estava lotada por estrelas, apesar disso, a lua não podia ser vista.

 — Ladybug! — A voz a chamou e Ladybug sentiu todo o seu corpo se arrepiar completamente.

 Ela conhecia e amava essa voz.

 — Chat! — Ela se virou. Seu coração pulou uma batida quando ela viu os olhos verdes olhando diretamente para ela.

 Pareciam até mesmo brilhar na escuridão.

 Ladybug se sentiu pequena enquanto era observada por aqueles olhos. Sempre foi assim. Chat sempre teve poder sobre ela.

 — Finalmente te encontrei — Ele disse e soltou um suspiro contente, dando alguns passos para frente.

 Ladybug piscou atordoada quando Chat lhe deu um sorriso malicioso. Um calor se espalhou por todo seu corpo fazendo suas pernas fraquejarem.

 — Estava me procurando? — Ela perguntou, alto o suficiente para ele ouvir. Ladybug endireitou as costas e tentou agir de forma sensual, assim como sempre faz quando está ao redor dele.

 — Por todo lugar

 Ele estava agora a apenas alguns passos de distância de dela. Tanto que ela podia ver com clareza os fios loiros balançando contra o vento, contornando o rosto lindo do rapaz.

 Ladybug não tinha controle sobre seu corpo naquele momento, ela se aproximou com passos pequenos até ficar cara a cara com ele. Seu corpo estremeceu quando Chat agarrou sua cintura, puxando-a para mais perto.

 Marinette podia sentir o calor irradiando do terno preto. Ela fez o possível para levantar o olhar e olhar diretamente para os olhos verdes, que brilhavam com malicia.

 — Marinette... — Sua voz soou distante, distorcida e diferente da que ela estava acostumada a ouvir.

 — Sim, Chat? — Ladybug sentiu suas pernas fraquejarem e por um momento ela pensou que fosse cair. Seu corpo tremeu violentamente, e ela se sentiu como se estivesse sendo sacudida por alguém.

 — Marinette! — Ladybug piscou atordoada. A voz de Chat não era mais a voz dele, era uma voz feminina que estava enfurecida, e que parecia extremamente familiar.

 Ladybug arqueou uma sobrancelha.

 — Marinette Dupain-Cheng!

 Marinette deu um solavanco para trás quando um livro bateu em sua carteira, fazendo um barulho extremamente alto. Ela foi tirada abruptamente da torre Eiffel e dos braços de Chat Noir, e agora estava no meio da aula de física, com a senhora Mendeleiev a encarando furiosamente.

 Risadas ecoaram por toda a sala e Marinette apenas se reclinou em seu assento, ignorando todas elas.

 Ela teve uma noite difícil.

 Claro que ela não queria magoar Adrien de propósito, ele sempre foi um bom amigo — ao seu ver, ele era apenas isso, um amigo. Mas ainda assim ela se sentiu culpada, pois nem ao menos lhe deu uma chance.

 Sua consciência e Tikki a acusaram pelo resto do dia. Ela não espera que, após sair um pouco para respirar um pouco as 3 e meia da manhã, ela o encontraria ainda acordado e tão transtornado quanto ela.

 O resumo se tudo isso foi que ela dormiu apenas três horas, e não ajuda o fato dela odiar física.

 — Preciso ter uma palavrinha com você senhorita Dupain-Cheng! — Marinette revirou os olhos, não era a primeira vez que a Mendeleiev iria chamar a sua atenção, e nem seria a última — Venha falar comigo depois da aula!

 A professora de Física de virou e retornou ao quadro. Aproveitando a oportunidade, Marinette mostrou a língua para a mais velha.

 Seu humor estava no lixo hoje e a professora não estava ajudando.

 — Menina... você parecia uma pedra! — Alya sussurrou ao seu lado, tão baixo que Marinette quase não ouviu.

 — Não me culpe — Resmungou entre os dentes.

 Marinette podia dizer que todo o seu corpo estava esgotado. Ela queria apenas fechar os olhos novamente e dormir.

 — Você não é a única que teve uma noite difícil... — Alya sussurrou e apontou discretamente para o loiro na sua frente.

 Adrien estava curvado sobre a mesa, claramente em um sono pesado. Só que diferente de Marinette, ele estava usando um livro grosso de física para impedir que a professora notasse sua breve ausência.

 Garoto esperto.

 Marinette deu um sorriso de canto. Ela sempre iria admirar Adrien pela sua inteligência. O rapaz era basicamente um gênio.

 Ela se lembrou da noite anterior e sentiu uma enorme vontade de estender o braço e afagar as madeixas loiras, mas se conteve.

 Ele nem sequer lhe deu bom dia hoje.

 Marinette não pode julga-lo, ele está apenas tentando lidar com a sua rejeição. Mas ainda assim ela sente falta dele. Adrien é um ótimo amigo e faz muita diferença em seu dia a dia.

 Marinette se forçou a olhar para o quadro, onde algumas fórmulas foram escritas. Ela franziu a sobrancelha e soltou um suspiro pesado.

 Existe alguma matéria tão horrenda quanto física?

 ...

 As horas se passaram muito lentamente. Marinette teve que forçar seu corpo a não sucumbir ao cansaço. Pelo menos ela teve a ajuda de Alya, que a cutucava uma hora ou outra.

 Ela não sabia se estava feliz quando o sinal bateu, isso porque o som estridente da campainha enviou ondas dolorosa por toda a sua cabeça. Ela tapou os ouvidos e só abaixou quando o som desapareceu.

 Marinette jogou todos os seus pertences dentro da bolsa o mais rápido que conseguiu, ganhando um resmungo baixo de Tikki, mas a ignorou.

 — Já encontro com você... — Ela disse e acenou para Alya, que já estava na frente da porta. A morena apenas acenou e se juntou com os demais.

 Marinette jogou sua bolsa por cima dos ombros e andou até a professora Mendeleiev, que já a encarava com uma carranca no rosto.

 Isso nunca a intimidou, na verdade, Marinette já perdeu as contas de contas vezes levou uma bronca da Sra. Mendeleiev. É algo quase diário.

 — Sra. Dupain-Cheng... — Mendeleiev caçou entre um embaralhado de papeis um especifico, quando o encontrou, virou para que Marinette pudesse ver — Sabe me dizer o que é isso...

 A mestiça reconheceu na hora o papel. Na última semana Sra. Mendeleiev tinha passado uma prova, e é claro que ela não sabia nenhuma das respostas. Seus olhos vagaram por todo o papel, e somente uma das questões estava certa.

 Marinette sorriu, ela tinha acertado uma pelo menos.

 — Minha prova da semana passada — Ela disse e desviou o olhar da prova para encarar a professora, o sorriso presunçoso ainda estava presente em seu rosto.

 Marinette cantou vitória internamente quando uma sobrancelha da professora tremeu em irritação.

 — Essa é a pior nota que eu já vi! — Sra. Mendeleiev esbravejou.

 Marinette cruzou os braços e respirou fundo. A bronca estava vindo e ela estava pronta para ouvir.

 — Se continuar desse jeito você irá repetir de ano! — Ela abaixou a folha, que se misturou com os demais papeis em cima da mesa.

 Marinette considerou responder, mas percebeu que já estava ultrapassando os limites e mordeu a língua. Ela devia deixar seu lado rebelde de lado, principalmente quando está conversando com a Sra. Mendeleiev.

  Longos segundos de puro silêncio se passaram e Marinette apenas encarou a professora que demorou um pouco para se acalmar.

 — Eu que você me entregue um trabalho com todas as atividades que eu já passei, desde o início do ano — A professora simplesmente ajeitou os óculos e se recostou na cadeira — Ele vai servir como recuperação para essa nota detestável

 Marinette arregalou os olhos e cerrou os punhos. Esse era o pior trabalho que a professora Mendeleiev poderia passar nesse momento. Não é como se ela tivesse tempo o suficiente para isso.

 — Mas... — Ela lutou para manter sua voz baixa — São mais de 50 questões!

 — Quero que você me entregue na segunda, na primeira aula — Disse ríspida.

 Marinette rangeu os dentes e agarrou a alça de sua bolsa, apertando-a fortemente para resistir ao impulso de quebrar alguma coisa.

 Sem mais nenhuma palavra, ela se virou e saiu da sala pisando duro. Quando passou pela porta, fez questão de fecha-la. Suas mãos chegaram a coçar, mas ela não bateu a porta.

 Marinette andou pelo corredor, indo em direção ao refeitório. Os corredores estavam relativamente vazios, com exceção apenas de alguns alunos.

 Ela parou de andar quando chegou no pé da escada e deixou a raiva transparecer. Ela rosnou em frustação e mudou o peso de um pé para o outro.

 A raiva estava borbulhando dentro dela. Ela tinha apenas dois dias para fazer o trabalho que envolvia mais de 50 perguntas, e o pior é que ela não sabia nem metade.

 Marinette não tinha tempo nem para dormir, como iria arranjar tempo para um trabalho desse tamanho?

 Ela rosnou entre os dentes e chutou a coisa mais próxima — uma lata de lixo vazia.

 Marinette cerrou as mãos em punhos e observou a lata de lixo rolar pelo chão algumas vezes, fazendo um barulho relativamente agradável, que acalmou um pouco seus nervos.

 — Ela não tem culpa dos seus problemas... — A voz de Tikki veio de dentro da bolsa, meio abafada e Marinette gemeu alto.

 Por que que seu kwami tem que estar sempre certo?

 A mestiça fechou os olhos e contou até dez mentalmente, sentindo parte de sua fúria se desvanecer ao longo do caminho. Ela respirou fundo e relaxou.

 Seria um longo final de semana.

 Marinette abriu os olhos e olhou para a lata de lixo que estava a pelo menos dois metros da posição original. Considerou, por um instante, em deixa-la daquele jeito, mas mudou de ideia e caminhou até a lata de lixo, apenas para deixa-la na sua posição original.

 Ela andou até o refeitório com passos lentos, e não demorou para encontrar Alya e Nino juntos em uma mesa.

 — E ai? Com foi com a Sra. Mendeleiev? — Alya perguntou assim que viu Marinette.

 — Um horror! — Ela quase gritou e se sentou na outra extremidade da mesa, de frente para Alya — Ela me passou um trabalho imenso!

 — Deixa eu adivinhar... — Ela deu uma mordida em seu sanduíche e mastigou lentamente antes de voltar a falar — Tirou nota baixa

 Marinette desviou o olhar e fez um biquinho irritado.

 — Eu acertei uma questão... já é o bastante — Ela resmungou ainda sem olhar para Alya, que deu uma risada.

 — Não deve ser um trabalho tão difícil assim... — Nino disse, tentando de alguma forma tranquilizar Marinette.

 A mestiça olhou para ele com uma carranca.

 — Eu tenho que entregar todos os exercícios, desde o começo do ano! — Ela explicou, revirando os olhos.

 Alya se engasgou com o sanduíche quando riu com a boca cheia. Nino deu alguns tapas em suas costas para tentar ajuda-la, quando voltou ao normal ela olhou para Marinette e a onda de gargalhadas voltou.

 A mestiça franziu o cenho e fez uma careta.

 — Você tá ferrada!

 — E você não vai me ajudar? — Ela perguntou, com uma pitada de raiva em sua voz, mas ainda suplicante.

 — Eu até ajudaria, mas tenho que atualizar o Ladyblog! — Ela disse e sorriu, seus olhos tinham um brilho determinado que enviou calafrios pelo corpo de Marinette — Estou quase descobrindo quem é a Ladybug!

 Marinette não pode se conter e revirou os olhos. Alya nunca iria desistir disso, não importa quanto tempo passe. Ela se curvou sobre a mesa e apoiou o queixo em uma mão, suspirando.

 — Não vai comer? — Nino perguntou depois de um tempo em silêncio — Posso garantir que o sanduíche de carne está bom dessa vez! — Ele deu uma piscadela e mordeu o próprio sanduíche.

 — Tô sem fome... — Ela resmungou.

 — Ei Marinette! — Nino a chamou e ela fez questão de olha-lo.

 O rapaz parecia levemente perturbado, com receio de continuar a falar. Marinette arqueou uma sobrancelha, se perguntando o que estava lhe deixando inquieto.

 — Você sabe o que aconteceu com Adrien...? — Ele perguntou num sussurro, como se estivesse com medo do próprio Adrien ouvir.

 Marinette suspirou.

 Ela sabia perfeitamente o que tinha acontecido.

 — Ele passou a manhã inteira calado e extremamente sério... Ele até tirou um cochilo na aula de física... — Explicou — Eu até perguntei pra ele o que estava acontecendo mas ele não respondeu...

 — Eu sei o que aconteceu... — Marinette soltou a frase como se fosse uma bufada de ar.

 Os acontecimentos do dia anterior repassaram em sua mente como um filme, deixando ela novamente com o sentimento de culpa.

 — O que? — Alya e Nino disseram em união, ambos muito supressos pela resposta de Marinette.

 A mestiça suspirou antes de responder.

 — Não acho que devia dizer... é coisa minha e dele — Ela se recusou a encara-los e não desviou o olhar da sua pulseira desbotada.

 — Marinette — Nino estava aflito, e foi somente pelo tom de voz que Marinette levantou o olhar para ele — Ele... fez... — Nino não sabia exatamente o que queria dizer, mas moveu as mãos dando uma certa sugestão.

 Ela sabia perfeitamente o ele estava sugerindo.

 — Sim... — Marinette fechou os olhos e acenou positivamente.

 — Gente o que está acontecendo? — Alya perguntou, demonstrando claramente sua confusão no assunto. Nem Nino e nem Marinette lhe deram ouvidos.

 — E você...? — Perguntou, ainda no tom de voz sugestivo.

 Ela suspirou e se ajeitou na cadeira. É impossível evitar esse assunto por mais tempo, então era melhor ela deixar as coisas claras de uma vez por todas. Abriu os olhos e encarou Nino intensamente.

 — Por mais que o Adrien seja um doce e extremamente gentil, eu já gosto de uma outra pessoa — Sua voz não vacilou em nenhum momento — Não podia mentir pra ele sobre meus sentimentos, estaria magoando ele mais ainda do que já magoei

 Marinette não notou, mas Nino congelou em seu assento. Olhando fixamente para algo que estava atrás dala. Depois de um tempo, ele fez alguns sinais com as mãos para Marinette parar, mas ela o ignorou.

 — Eu não vejo Adrien desse jeito, para mim ele é só um grande amigo e isso não vai mudar — Sua voz era firme e decidida, soando um pouco mais alto do que deveria.

 — ... Marinette... — Ele a chamou, mas novamente foi ignorado.

 — Talvez... sei lá... Ele encontre alguém que combine mais com ele... — Marinette gesticulou com as mãos, dando ênfase ao que estava querendo dizer — Um nerdizinha que seja boa em física ou algo do tipo...! 

 Marinette gemeu quando uma dor aguda atingiu seu joelho. Ela olhou furiosa para Nino e estava prestes a perguntar o porquê de ele tê-la chutado, mas o mesmo fez um gesto com a cabeça para ele olhar para trás.

 Ela se virou, e seus olhos se arregalaram.

 A menos de três metros de distância estava Adrien, parado no meio de mesas como uma estátua. Ele segurava uma bandeja e seu rosto estava completamente branco de cor e expressão.

 Ela tinha certeza que ele ouviu cada palavra.

 Os dois se encararam por longos segundos que mais pareciam séculos.

 O que se diz para a pessoa que você acabou de rejeitar pela segunda vez?

 — Er... — Marinette travou por completo, ela não tinha ideia do que dizer. Sua boca abriu e fechou várias vezes, sem que nenhuma palavra fosse pronunciada.

 Ela observou Adrien se virar e andar para longe como se fosse um robô. Ela só se virou para frente quando a cabeleira loira sumiu de vista.

 — Eu sou um ser humano horrível... — Ela gemeu e bateu com a cabeça na mesa em frustação. Tikki se mexeu em sua bolsa, quase como se estivesse tentando consola-la de alguma forma.

 O consolo foi bem-vindo e Marinette fechou os olhos.

 — Tenho uma ideia do que está acontecendo... — Alya resmungou.

 

 Adrien

 Ele entrou no banheiro masculino como se tivesse um akuma logo atrás dele. Adrien entrou na primeira cabine livre e abaixou a tampa do vaso, se sentando em cima logo em seguida.

 — De acordou com os conceitos dela — Plagg saiu de dentro do bolso da camisa e flutuou na frente de Adrien — Você deveria namorar a Sabrina!

 Adrien piscou os seus olhos ardentes e tentou conter as lágrimas ao máximo. Ele já sabia que ela não gostava dele daquele jeito, mas ainda assim doía ouvi-la falar assim, tão abertamente.

 Sem nem ao menos hesitar.

 Ele tirou os óculos e secou as lágrimas que ainda não haviam caído. Suas mãos estavam tremendo levemente e a aperto em seu peito foi dolorido. Ele provavelmente não podia nem ao menos falar agora, por conta no nó em sua garganta.

 Adrien desejou poder se encolher em uma bola e sumir dar face da terra para sempre.

 — Qual é garoto? — Plagg deu dois tapinhas nos ombros de Adrien, fazendo o melhor para consola-lo de alguma maneira — Você vai superar isso!

 Ele colocou novamente os óculos no lugar, e encarou a bandeja de comida na sua frente. Um sanduíche de queijo, uma maçã e algo que era para ser um suco de laranja.

 Seu estômago embrulho com a visão.

 Comer era a última coisa que ele queria no momento.

 — Por que não pede a Sabrina em namoro? — Plagg sugeriu e recebeu um  — olhar irritado de Adrien.

 — Eu não vou namorar a Sabrina! — Esbravejou.

 — Ui tá bom tá bom... — Plagg rolou os olhos e cruzou os braços  Exigente...

 Adrien enterrou o rosto nas mãos e gemeu em descrença.

  Ele ia ficar ali dentro durante um bom tempo.

Marinette

 Quando chegou da escola Marinette estava com uma carranca emburrada, ela cumprimentou seus pais e foi direto para seu quarto.

 Ultimamente ela tem conseguido errar em tudo que faz. Parece até um dom.

 Ela colocou a bolsa em cima da cadeira e gemeu alto.

 O trabalho de física iria levar horas e horas, isso se ela começasse a fazer agora. Deixa-lo completamente para o final de semana seria o mesmo que deixar para a última hora. O único problema é: Ela só dormiu por três horas na última noite.

 Marinette se jogou na cama e sentiu um alivio nas costas ao fazer isso. Sua cabeça estava latejando e suas pálpebras pareciam mais pesadas do que o normal.

 — Trabalho. Física. — Ela gemeu e se sentou na cama, completamente curvada. Seu cabelo estava saindo das marinhas chiquinhas e caindo sobre seus olhos.

 — Você não pode fazer nada com sono — Tikki disse, surgindo ao seu lado. Ela estava comendo um biscoito já pela metade.

 — Ahhh por que eu só me ferro? — Marinette balançou a cabeça, desfazendo e uma vez as marinhas chiquinhas. Seu cabelo caiu por toda parte e o cheiro de shampoo invadiu seus sentidos — Onde está a minha suposta sorte?

 — Se você fizesse as coisas do modo certo não iria precisar da sorte — Tikki explicou, soando sabia demais para Marinette.

Ela desistiu e deixou a exaustão tomar conta de seu corpo. Seu corpo caiu para trás e se aconchegou nos lenções.

 — Me acorde daqui a duas horas... — Ela disse, já de olhos fechados.

 — Não se esqueça que você prometeu ao Adrien visita-lo hoje — Tikki disse e Marinette abriu os olhos novamente, encarando seu kwami.

 — Verdade. — Ela sussurrou.

 Ela tinha pisado na bola de novo hoje, mas não como se estivesse mentindo. Ela apenas... falou o que realmente sentia.

 Isso é um erro?

 Talvez sim, as palavras têm poder e ela mais do que ninguém sabe disso. Deveria apenas ter dito o básico e não feito um discurso longo sobre seus sentimentos.

 Mas quem pode culpa-la? Afinal, ela não tem olhos atrás da cabeça para ver que Adrien estava bem atrás dela.

 Marinette gemeu e enterrou o rosto no travesseiro.

 — Você pode dar um bolo nele se precisar.... — Tikki, mesmo que suas próprias palavras estivessem contrariando seus conceitos.

 Marinette balançou a cabeça negativamente, ela já deu uma mancada com ele hoje, duas no mesmo dia é pedir demais. Mesmo que seja como Ladybug.

 — Eu vou — Ela levantou um pouco a cabeça do travesseiro para falar, voltando para baixo logo em seguida.

 — Você pode pedir ajuda para ele com o trabalho — Tikki sugeriu, dando mais uma mordida no biscoito — Ele é bom em física, não é?

 Marinette abraçou o travesseiro e pensou por alguns instantes nessa proposta, apenas para balançar a cabeça novamente.

 — Não quero abusar da bondade dele... — Ela confessou, sua voz saindo nada mais do que um murmúrio baixo.

 — Você que sabe... — Tikki disse e deu de ombros — Te acordo daqui a pouco.

 Marinette deu apenas um aceno franco em concordância e fechou os olhos, deixando o sono a levar embora.

 Talvez ela tenha a sorte de sonhar com Chat novamente.

...

 As duas horas passaram mais rápido do que Marinette realmente queria. Logo Tikki a acordou com alguns cutucões.

 Marinette sentou na cama e coçou os olhos, se sentindo ainda um pouco atordoado pelo cochilo. Ela se espreguiçou.

 — Obrigada Tikki...

 — Eu não queria te acordar, você parecia tão bem dormindo — Tikki disse e deu uma pequena risada no final.

 — Que horas são...? — Marinette olhou ao redor. Ela podia ver que ainda era dia, por causa dos raios de sol que entravam pela janela.

 — 5 e 30 — Tikki sorriu.

 — Certo...

 Marinette se levantou da cama e desceu as escadas, tentando não tropeçar em seus próprios pés. Foi até o banheiro, sendo seguida por Tikki ao longo do caminho.

 Ela entrou no banheiro e trancou a porta, ao se virar, deu de cara com seu reflexo.

 — Carambolas! — Ela engasgou. Estava totalmente acabada.

 Tikki apenas riu da sua reação e Marinette revirou os olhos.

 Seu cabelo estava solto e espalhado por diversos cantos. As pontas que haviam sido pintadas de vermelhos há dois meses já estavam desbotadas e extremamente quebradiças. Sua franja parecia cum confusão de fios enrolados e como se já não bastasse seu rosto estava amassado e o sono ainda estava claro em seus olhos.

 Marinette apenas coçou os olhos e procurou por uma escova.

 Ela lutou durante longos minutos para pentear seu cabelo e colocá-lo de volta no lugar.

 — Você deveria corta-lo... — Tikki disse.

 — Eu sei eu sei... — Marinette resmungou. Pegou um dos elásticos de cabelo e prendeu uma das marinhas chiquinhas — Mas se eu cortar vou pintar de novo!

 Há pelos menos 4 anos ela está acostumada a pintar as pontas do cabelo de vermelho, isso se tornou sua marca registrada — além dos três piercing na orelha esquerda. Na verdade, é uma surpresa que ninguém a tenha reconhecido como Ladybug ainda, afinal, quantas garotas de cabelos pretos azulados e com as pontas tingidas de vermelho tem em toda Paris?

 As vezes isso chega a sem cômico, mas Marinette não pode fazer nada além de agradecer.

 — Pronto! — Disse e se olhou novamente no espelho. Dessa vez, sua figura estava um pouco mais apresentável — Agora... — Marinette se virou e olhou para Tikki com um sorriso grande no rosto — Você acha que o Adrien gosta de macarons?


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