Le Passé escrita por amanda c


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, como vocês estão?
Só falta o epílogo da fanfic, onde eu vou explicar tuuuuuudo e todos os motivos disso ter acontecido, ok?
Bem, caso tenha erros de ortografia, por favor me avise!
Boa leitura e até mais ♥



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Ao acordar, Adeline não conseguiu abrir os olhos. Sua cabeça estava doendo e a luz que iluminava o cômodo parecia ser brilhante demais. Sentia um gosto estranho na boca, como se não escovasse os dentes à muitos dias e respirando fundo se obrigou a levantar.

Ao tocar os dedos do pé na superfície gelada do chão Adeline finalmente se recordou de tudo que havia acontecido nos últimos dias. Aquilo parecia só um sonho, lembrar de tudo que aconteceu parecia só sua imaginação. Porém, ela sabia que as coisas foram reais.

Abriu a porta do quarto e não viu ninguém no corredor. Sem sinal de seus pais e nem de Adrien. Sentiu um aperto no coração e engoliu em seco, imaginando o pior. Olhando ao redor, notou que a casa continuava a mesma. Os mesmo porta-retratos pendurados na parede, os mesmos quadros de flores e a mesma tábua que rangia sempre que alguém pisasse nela.

Ficou parada, muito tempo, observando um retrato na parede. Nele estava Adrien, seus pais e ela. Uma família feliz. Lembrava-se daquela foto ser tirada. Foi no primeiro natal de Adrien e ele não parava de chorar graças aos fogos de artifício. Abriu um largo sorriso com a memória e então ouviu a tábua do piso do corredor ranger.

— Bom dia querida — Louise cumprimentou. Ela usava uma camisola larga e cor-de-rosa, com os cabelos todos despenteados e um sorriso sonolento nos lábios.

— Bom dia mama — foi a única coisa que conseguiu pronunciar antes de abraçar a mulher com todas as forças que conseguiu nutrir.

— O que aconteceu querida? — a mulher riu e então Adeline afastou o rosto para observar melhor a mãe. Notou algumas cicatrizes em seu rosto que antes não faziam parte daquela área. Uma dor no coração lhe deixou desconfortável ao lembrar do acidente que ela havia sofrido no lugar de Lysandre. Sem pensar muito, Adeline alisou a maior cicatriz no rosto da mais velha, que se encontrava da bochecha ao queixo.

— Desculpa — ela sussurrou e a mulher sorriu, alisando os cabelos brancos da filha.

— Pelo que má cherie?

— Por nada.

Afastou-se da mãe e sorriu largo, engolindo o nó que havia se formado na garganta.

— Vou preparar o café da manhã. Enquanto isso, chame seu pai para dar banho em Adrien.

Ela concordou e entrou no quarto de seus pais, onde Lysandre estava deitado dormindo.

— Papa, acorde!

Lysandre resmungou com o som da voz de Adeline e simplesmente se virou de lado, de costas para a filha. A garota riu e balançou o homem, que abriu os olhos heterocromáticos e sorriu ao ver o rosto da menina.

— Bonjour.

— Bonjour papa — ela sorriu largo ao ver o pai sonolento. Lysandre estava com várias marcas de expressão no rosto, a pele branca deixava claro a idade que o homem já possuía — Mamãe quer que você dê banho em Adrien.

— Oui. Pode deixar mon amour.

A voz de Lysandre estava tão embriagada de sono que Adeline achava graça naquela conversa. Ajudou o pai a se levantar, puxando-o pelas mãos. Ele usava um pijama de moletom azul escuro, repleto de ursinhos estampados.

— Vá se trocar. Não deve se atrasar para a escola.

Adeline concorda, saindo do quarto dos pais e voltando para o próprio. Estava transbordando de felicidade. Parecia que tudo havia voltado ao normal. Ouviu seu celular vibrar sobre a escrivaninha. Não se preocupou em olhar de imediato, começando a colocar o uniforme escolar primeiro.

— Se apressa, Adeline! — ouviu a voz da mãe gritar no andar de baixo. Não conseguia parar de sorrir, estava tão feliz com tudo que estava acontecendo.

Prendeu os cabelos brancos em um rabo de cavalo e alisou a saia azul enquanto se olhava no espelho. Sentia-se radiante, esplendida, muito mais que bonita.

Guardou o celular na mochila escolar e desceu a escadaria até a sala de jantar. Seu pai e Adrien ainda não estavam sentados à mesa; sua mãe ainda estava passando café e fritava alguns pain perdu.

— Hoje o papai vai me levar? — Adeline perguntou, procurando a manteiga para passar na torrada.

— Não querida. Ontem eu não te levei por causa do exame do Adrien, mas hoje eu te levo.

Ela concorda, pegando o celular da mochila e notando que se tratava do segundo dia de aula. Logo abaixo da data estava uma mensagem de Nicole perguntando se ela estava bem.

Colocou o celular sobre a mesa e ouviu a tábua do piso do andar de cima ranger. Não demorou muito para ouvir os gritos e choro de Adrien, enquanto Lysandre dava banho no mais novo.

— Mãe… O que aconteceu depois do seu acidente?

Estava curiosa para saber sobre seus pais, já que não estava presente quando Lysandre lhe refrescou a memória.

— Agora quer ouvir essa história? — ela perguntou irônica, colocando todos os Pain Perdu na mesa e o café quente em duas xícaras. Abriu um sorriso ao ver o espanto da menina e se sentou à mesa — Como sabe perdi a memória por causa do acidente, fiquei alguns dias sem lembrar quem era todo mundo além do Castiel e Nathaniel.

Franzindo o cenho, Adeline se lembrou que sua mãe havia estudado com os dois quando muito nova. Apoiou os cotovelos à mesa e encaixou seu queixo entre as mãos, para conseguir olhar melhor para a mãe, que contava sua história.

— O seu pai, um dia, foi me visitar e começou a cantar para mim uma música que ele havia escrito para mim. Não consegui lembrar dele, para falar a verdade — ela ri baixo, cobrindo a lateral da boca antes de falar a última frase — Mas aquela música me fez lembrar de um sentimento muito forte e a partir daí eu comecei a melhorar muito. Fui liberada do hospital e duas semanas depois consegui voltar para a escola.

Adeline concordava com cada palavra que a mãe falava, apenas sorrindo com cada sílaba. Então Lysandre apareceu com Adrien no colo, colocando o menino na cadeira especial e se sentando ao lado da filha mais velha.

— Eu comecei a escrever poemas e músicas para sua mãe enquanto ela estava de repouso na casa dela. O Castiel me convenceu de publicar aquelas poesias. Anos depois disso publiquei mais alguns livros, além do de poesia.

Adeline arqueou a sobrancelha e pensou o quão diferente era aquela história. Não sabia que seu pai havia publicado livros, tampouco que Castiel havia ajudado-o a publicar poemas.

— Eu posso ler?

Lysandre ri pelo nariz e concorda, apontando para a sala de estar com o polegar.

— O livro de poesia está na sala. Ele se chama Amour Et Amour. Por quê esse súbito interesse?

— Por nada — respondeu, sentindo suas bochechas ficarem vermelhas. Então Lysandre agora era um escritor famoso de não apenas poesia, mas também livros infanto-juvenis, enquanto Louise trabalhava em uma empresa de cinemas.

— Vamos se apressar querida. Você já se atrasou ontem — Louise diz, entregando a xícara de café ao marido e colocando uma tigela de mingau na frente de Adrien.

— Não deixe ele ficar sem comer! O pediatra disse que Adrien está sem alguns nutrientes — ela deu uma bronca em Lysandre, que apenas balançou a cabeça e começou a procurar por uma colher para alimentar o filho.

— Bonjour papa! Tenha um bom dia!

— Até a noite querida.

Ao entrar no carro, enviou a seguinte mensagem para Nicole:

“Je vais bien. Je serai bientôt à l’école. Bisous :)”

Minutos depois já estava na escola. Ao tentar subir a escadaria para o corredor principal, deparou-se com Nicole e Roger aos beijos. Não conseguiu pronunciar frases muito coerentes de tão surpresa que estava.

—  Desde quando? — gritou e chamou atenção do casal. A reação deles não foi algo instantâneo, já que continuaram durante alguns minutos se beijar. Os dedos de Nicole se enrolavam nos cabelos de Roger e eles pareciam estar em um mundo só deles naquele momento. As bochechas de Adeline estavam vermelhas de vergonha por estar encarando tanto o casal.

—  Vamos logo casalzinho — Aaron disse ao ver os dois finalmente pararem de trocar saliva. Ele andou ao lado de Adeline até dentro da escola —  Senão vão precisar de um quarto caso continuem assim.

O armário de Aaron ficava três armários ao seu lado direito. Ambos colocaram seus materiais no compartimento e ela pegou seu caderno para se preparar para a primeira aula.

Viu Roger e Nicole se espremerem em um canto entre dois armários e franziu o cenho, se perguntando como conseguiam ficar daquele jeito em um lugar tão apertado.

— Você está bem Aaron? — ela perguntou sorrindo. Viu então Aaron encarar seus olhos de forma estranha, sentindo seu coração se acelerar com aquela atitude. Não ouviu nenhuma resposta do mais alto durante alguns minutos, perguntando-se o  que ele poderia estar pensando.

—  Posso conversar com você? A sós! —  ele perguntou e concordando com a cabeça, Adeline não pode deixar de arquear as sobrancelhas.

Acompanhou o rapaz até uma sala de aula vazia e se sentou em uma carteira próxima da porta. Viu o menino se sentar logo na frente, com o olhar sério sobre si.

— Olha Adeline — ele respirou fundo — Eu não sei se você sabe, mas eu gosto de você.

Aquela frase pegou Adeline de surpresa. Ela não esperava que alguém se declarasse daquele jeito. Sentiu suas mãos se congelarem e um formigamento em seu estômago lhe deixou desconfortável.

Viu Aaron colocar suas mãos sobre as dela e então seu coração se acelerou ainda mais. Ela estava quieta e encarava Aaron com os olhos vidrados nos dele.

— Eu gosto de verdade de você — e aquela frase fez Adeline ficar ainda mais envergonhada. Como se não bastasse um amigo estar se declarando para você, você ainda por cima não se sentia da mesma forma por ele. Sentiu suas bochechas esquentarem e ela tentou disfarçar sua vergonha engolindo em seco.

— Eu não sei como te dizer isso Aaron.

— Não precisa dizer nada — respondeu, soltando as mãos de Adeline e escondendo-as no bolso escolar — Eu sei que gosta do Adam. Só achei que seria bom para mim conseguir tirar esse sentimento do peito.

Ela não sabia o que responder, o que pensar ou fazer. Finalmente encarou o rosto de Aaron, querendo sumir da escola.

—Ainda acho que ele não te merece — foi como um tapa em seu rosto aquela frase

— Você é demais para alguém como ele; mas se isso te faz feliz, isso também me faz feliz.

Ele se levantou e se aproximou da porta, chamando por Adeline com os olhos. Ela acompanhou o menino em silêncio até o corredor onde Jaqueline, Nicole e Roger estavam conversando.

— Vamos atrás de Adam, estou preocupada com ele — Jaqueline diz sorridente, passando um dos braços pelo braço de Adeline. O armário de Adam ficava no segundo corredor, perto da biblioteca da escola. Então eles caminharam até lá e encontraram o Roux guardando seu material silenciosamente.

Ao ver Adam de costas, Adeline sentiu seu coração se acelerar. Abaixou os olhos ao ver o menino se virar para encarar os amigos e ouviu a conversa que ele mantinha com os outros. Ficou calada durante todo o momento, até que Jaqueline soltou seu braço e cutucou o ombro de Adam.

— Tenho que ir pra minha sala — ela disse se despedindo do grupo e começando a ir em direção à sala de artes.

— Nós também temos de ir — Nicole diz, segurando a mão de Roger com a intenção de nunca mais soltar.

Os gêmeos e Nicole abandonaram Adeline e Adam para trás, como se fosse proposital aquela atitude. Ela, então, finalmente levanta a cabeça para encarar melhor o Roux.

Um sorriso tímido nasce em seus lábios e ele pergunta:

— Como você está?

— Très bien e você?

— Acho melhor irmos, né? — ele não responde a pergunta, começando a andar em direção a sala de História. Adeline sentiu seu coração dolorido ao ver o rapaz sair andando deixando-a para trás, porém, antes de sair do segundo corredor parou para esperar Adeline alcançá-lo.

Andaram juntos até a sala de aula, sem trocar nenhuma palavra. No horário do intervalo, Jaqueline se junta à mesa dos mais novos e todos conversam calmamente enquanto comem uma fatia de bolo.

— Decidi parar de ter uma dieta tão restrita — Jaqueline diz sorridente. Adeline apoia a amiga. A conversa flui naturalmente enquanto os seis estão por perto. Parece que são amigos durante anos, o que é estranho de se ver de fora, já que as aulas começaram no dia anterior.

— Eu queria conversar com você depois da aula — Adam sussurra no ouvido de Adeline assim que todos os outros já saíram da mesa. Adeline apenas concorda e acompanha o grupo para a sala de aula calada.

Já na sala, Adam conversava com os gêmeos antes da aula começar enquanto Nicole e Adeline escreviam mensagens em seus cadernos aos risos. A aula de Saymon começou e daquela vez não houve detenção. O homem passou uma pilha de trabalho para a semana seguinte e liberou a turma no horário exato.

Como Adam pediu para conversar antes de irem embora, Adeline e Adam se despedem dos outros, ficando para trás ainda na escola.

— O que queria falar comigo? —  Adeline sentia suas mãos suadas por estar sozinha no corredor com Adam. Já ele, estava encostado em um dos armários, com as mãos nos bolsos e um dos pés apoiados no armário de metal.

—  Eu queria falar uma coisa para você, mas não sei se é o momento certo.

Um silêncio reinou naquele corredor. Mil pensamentos se passavam na mente de Adeline. Ela não conseguia pensar em algo coerente com o comportamento do Roux durante todo o dia.

— Eu também quero falar uma coisa pra você — foi sincera, colocando as mãos unidas contra os seios.

— Tive uma ideia então. Podemos falar ao mesmo tempo. Assim não é tão chato.

— Pode ser — ela respondeu tentando relaxar os músculos. Adam se afastou do armário e se aproximou alguns passos de Adeline, que sentia seu coração pulsar contra o peito.

— Un — ele começou.

— Deux — ela continuou.

— Trois — ambos falaram ao mesmo tempo — Je t’aime.

Parecia coisa de filme adolescente aquele momento. Os dois se encaravam abismados com a fala do outro. Adam, por ser mais alto que Adeline, olhava para baixo para conseguir encarar os lindos olhos da menina.

Ela, por sua vez, continuava a apertar as mãos contra os seios, tremendo por dentro de tanta emoção.

Ficaram calados durante alguns minutos, antes de Adam dar mais alguns passos para frente. Ela se recusou a recuar, ficando exatamente onde estava, fincando os pés no chão. Estavam muito perto, ela conseguia sentir sua respiração quente batendo em seu rosto. Eles não desviam os olhares, tampouco falavam alguma coisa.

Em um movimento calmo, Adam abraçou a mais baixa e encostou seus lábios nos dela em um beijo tímido. Aquele era o primeiro beijo de Adeline, por mais atrapalhado que poderia ser, Adam tomou o controle da situação e não deixou as coisas fugirem do controle. Foi um beijo delicado, calmo e apaixonado.

Os braços de Adeline estavam ao redor do corpo de Adam, enquanto ele estava com uma das mãos entre os cabelos brancos da menina. Ambos corações estavam acelerados, batendo em quase sincronia perfeita.

Ao separarem os lábios, continuaram abraçados e de olhos fechados. A cabeça de Adeline se encostou no peito do garoto e naquela posição ficaram durante alguns minutos.

— Acho melhor eu te levar até sua casa — ele disse soltando o abraço e pegando a mochila que estava jogada no chão.

— Não precisa.

— Eu quero — respondeu sorridente, pegando a mão da menina e começando a andar para fora da escola. Durante todo o caminho, os dois conversaram sobre como era bom estar de volta ao seu verdadeiro tempo. Riram algumas vezes e trocaram alguns olhares cúmplices antes de finalmente pararem na porta da casa de Adeline.

— Está entregue.

— Muito obrigada — ela sorria largo. Viu então o carro de seu pai parar do outro lado da rua e sentiu seu estômago revirar. Em um salto rápido, Lysandre apareceu na calçada onde os jovens estavam e perguntou:

— Bonsoir — já estava anoitecendo quando os dois chegaram — Quem seria o rapaz, filha?

— É o Adam, papa. — ela disse e vendo o rosto curioso do pai compleotu — Filho do Castiel.

Demorou um pouco para que associar de quem a filha estava falando. Sorriu largo e abraçou o rapaz dizendo estar cheio de saudades do amigo.

— Quer jantar conosco hoje, rapaz?

— Não não, obrigado.

— Eu insisto! — Lysandre espalmou sua mão nas costas do rapaz e empurrou-o para dentro da casa — Me conte de seus pais. Como estão?

Adam estava sem escapatória daquela vez, porém estava adorando poder conhecer ainda mais sobre a vida de Adeline; e Adeline sentia uma mistura de ansiedade e medo por ver seu amado tão próximo de seu pai logo naquele dia.


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Notas finais do capítulo

Glossário: Francês — Português
"Amour et Amour" — Amor e amor
Mama — Mamãe
Má cherie — Minha querida
Papa — Papai
Bonjour — Bom dia
Oui — Sim
Mon amour — Meu amor
Pain Perdu — Rabanada francesa
“Je vais bien. Je serai bientôt à l’école. Bisous :)” — "Estou bem. Logo chego na escola. Beijos :)"
Très bien — Estou bem
Un, deux, trois — Um, dois, três
Je t'aime — Te amo.
Bonsoir — Boa noite.



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