Esposa Sem Querer - CEO escrita por Sra Mellark


Capítulo 8
Capitulo 8


Notas iniciais do capítulo

HOTzinho de leve hehehe



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No banheiro de hóspedes do quarto de Katniss, a banheira antiga e as velas caseiras na cor lilás eram totalmente ao estilo do século XIX. Mas a água quente ilimitada e o es­pesso robe felpudo eram totalmente do século XXI.

Finalmente ela estava com o corpo quente de novo.

Peeta tinha trazido Katniss direto para o quarto dela no castelo, onde alguém havia colocado uma bandeja de fru­tas e bolinhos. Ele ligara para Finnick, no caminho, para avisar que estava tudo bem.

Um dos funcionários da casa tinha estado em seu quarto enquanto ela tomava banho, porque a cama es­tava feita, sua roupa de dormir, pronta, e as pesadas e enfeitadas cortinas, fechadas. Katniss supôs que eles es­perassem que ela dormisse, mas estava mais curiosa do que cansada.

Em sua visita inicial pelo castelo, ela descobriu a ga­leria de retratos da família, que ficava entre os quartos de hóspedes e a escadaria principal, no segundo andar. Tinha olhado brevemente pela manhã os quadros pendurados ali. Mas agora que lera as lápides da família, ela estava ansiosa por dar rostos para os nomes dos antepassados de Peeta.

Abriu um pouco a porta do quarto, olhando a sala re­tangular, de pé-direito alto. Não havia ninguém por perto, então ela andou nas pontas dos pés descalços sobre o ta­pete ricamente estampado.

Luzes menores iluminavam pinturas individuais, co­meçando com o próprio Lyndall Mellark em uma extre­midade. Ele parecia ter 45 anos, segurava o cabo de uma espada ornada com pedras preciosas, a lâmina apontando para o chão. Ela não podia deixar de imaginar quantas batalhas aquela espada enfrentara.

Katniss voltou sua atenção para o rosto dele e espan­tou-se quando percebeu o quanto ele se parecia com Peeta. Alguns anos mais velho, um pouco mais pesado e com algumas cicatrizes. Mas a semelhança familiar era assus­tadoramente forte.

Ela deixou esse retrato de lado e continuou a observar a galeria, chegando ao retrato do pai de Peeta, na extremi­dade oposta.

Katniss contara 12 gerações entre Lyndall e Peeta. Os retratos nessa parede eram todos de homens. Mas ela no­tara que os retratos das senhoras estavam pendurados no lado oposto do aposento.

Katniss voltou, estudando Lyndall novamente. A esca­daria principal do grande salão estava atrás dele no retra­to, então havia, de fato, sido ele quem construíra o castelo. Era estranho estar em um aposento e então ver esse mes­mo lugar retratado quase trezentos anos antes.

— Assustador, não é? — A voz de Peeta chegou até ela, seus passos silenciados pelo tapete.

Por alguma razão, sua voz não a assustou.

— Ele se parece com você. — Ela olhava de um homem para o outro.

— Quer ver algo ainda mais estranho? — Ele foi para a parede dos retratos femininos.

Katniss o seguiu.

— Emma Cinder. — Peeta mostrou o retrato. — Ela era a esposa de Lyndall.

A mulher estava sentada, ereta, e seu longo cabelo castanho estava torcido em uma coroa de tranças. Ela vestia um manto verde sobre uma blusa fina, cor de champanhe, muito decotada. Seus lábios vermelhos estavam franzi­dos, acima de seu queixo delicado. Seu rosto estava corado. E seus profundos olhos cinzas eram cercados por espessos cílios escuros.

— Olhe mais de perto — disse ele.

— O que estou procurando? — Katniss perguntou.

O cabelo castanho, os olhos cinzas, aqueles lábios cheios, a curva de seu queixo. Katniss o olhou confusa. Ele alisou o cabelo úmido dela.

— Ela se parece muito com você.

— Não se parece não. — Mas o olhar de Katniss se voltou para o retrato, observando mais de perto. — Tudo bem, talvez um pouco — admitiu.

Seus olhos eram um pouco parecidos, e a cor do cabelo era a mesma.

— Talvez muito — disse Peeta.

— De onde ela era? — A curiosidade de Katniss estava ainda maior agora do que no cemitério.

O que poderia ter trazido Emma para Serenity Island, com Lyndall?

— Ela era de Londres — informou Peeta. — Uma costu­reira, segundo me disseram. Filha de um dono de taverna.

— E ela se casou com um pirata? — Katniss tinha de admitir, Lyndall era um pirata muito bonito. Mas ainda assim...

— Ele a sequestrou.

— Jura?

— Jogou-a a bordo de seu navio e, acredito, cruzou o Atlântico com ela.

— E então eles se casaram?

— Sim.

— Você acha que ela foi feliz aqui? Com ele? — Por alguma razão, era importante para Katniss acreditar que Emma fora feliz.

— É difícil dizer. Já li algumas cartas que ela recebeu de sua família, na Inglaterra. Eram cartas tagarelas, su­perficiais, e os parentes não se ofereciam para resgatá-la. Então eu acho que ela devia estar bem. Ele construiu um castelo para ela. E tiveram quatro filhos. Olhe aqui. — Peeta gentilmente guiou Katniss pelos ombros, virando-a em direção à parede dos retratos dos homens.

Ela gostava quando ele a tocava. Havia algo de reconfortante em suas mãos grandes segurando firmemente seus ombros.

— O filho mais velho deles, Nelson. — Peeta apontava para o retrato com uma mão, deixando a outra delicada­mente em seu ombro.

— E o resto das crianças?

— Sadie tinha seus retratos espalhados em salas di­ferentes. Os outros dois filhos morreram quando ainda eram crianças, e a filha voltou para um convento em Londres.

— Eu vi as lápides dos meninos — disse Katniss. — Harold e William?

— Boa memória. — Peeta tirou o cabelo úmido dela do rosto, e por algum motivo, ela subitamente se lembrou do que estava vestindo.

Katniss estava nua sob o roupão branco, sua pele quen­te e ficando mais quente a cada minuto. Percebeu que a gola se abrira e notou que a abertura atraiu a atenção de Peeta.

Ela sabia que deveria fechar mais o roupão, mas suas mãos ficaram impassíveis.

Peeta se virou para ela.

A mão dele se moveu lentamente do ombro dela para o pescoço, os dedos roçando sua pele sensível.

— Às vezes, eu penso que eles viviam bem. — A voz de Peeta era um sussurro profundo, poderoso.

— Quem? — Ela conseguiu respirar.

A outra mão dele fechou a gola de seu roupão.

— Os piratas — respondeu Peeta. — Eles devastam pri­meiro e perguntam depois.

Ele pegou o roupão, puxando-a para si, e sua boca en­controu a dela.

Puxou o cinto do robe de Katniss, liberando o nó e fazendo-o cair. Sua mão livre deslizou para dentro, rode­ando sua cintura novamente e pressionando os seios dela contra seu peito largo.

Katniss sussurrava o nome dele, abria os lábios e aco­lhia a língua de Peeta nas profundezas de sua boca.

Ele acariciava a pele delicada que ficava sob os seios dela. Os mamilos dela reagiram, um formigamento cor­rendo por sua pele delicada. Suas coxas relaxaram, abrindo-se em um reflexo, e ele se colocou entre elas.

A mão dele envolveu seu seio. Seus lábios encontraram a orelha dela, seu pescoço e a ponta de seu ombro à medi­da que ele tirava o roupão dela. Este caiu a seus pés, e ela ficou completamente nua.

Ele se afastou por um instante, olhando-a.

— Maravilhosa. — Peeta suspirou, seus lábios de volta aos dela, as mãos acariciando sua coluna, descendo até seu traseiro e chegando até a parte de trás de suas coxas, ao longo de seus quadris, sua barriga, seus seios.

Ela engasgou quando ele acariciou seus seios.

As mãos dele acariciaram seus braços, entrelaçan­do seus dedos com os dela, e em seguida, segurando-os para cima, colocando-os contra a parede, enquanto a boca de Peeta se movia pelo corpo dela. Ele distribuía beijos quentes, que iam dos lábios de Katniss até o pescoço dela, encontravam seus seios, aquecendo-os, sugando-os e fa­zendo-a pensar que perderia o equilíbrio.

Ela gemeu seu nome.

Katniss passava as mãos no cabelo dele, puxando sua boca com força contra a dela, beijando mais profunda­mente, a mente entorpecida com seu gosto e seu toque. Uma de suas mãos se movia mais para baixo, acariciando sua barriga, brincando com seu cabelo sedoso.

Ela colocou os braços ao redor dele, apertando seu cor­po mais firmemente contra o dele, enterrando seu rosto na curva do pescoço de Peeta e sentindo o gosto salgado de sua pele.

Os dedos dele a penetraram, e um raio eletrificou o cére­bro dela. Ela gritou o nome dele, uma urgência cegando-a. Atrapalhou-se com o botão do jeans dele e desceu o zíper.

Peeta segurou o traseiro dela, levantando-a, abrindo suas pernas e apoiando-a contra a parede fria.

Um quê de sanidade ainda permanecia.

— Proteção? — ela ofegou.

— Tenho.

Um braço a sustentava, enquanto a outra mão segurava seu queixo. Ele a beijou profundamente, seus corpos co­lados, os nervos dela gritando quase insuportavelmente, pedindo a conclusão.

— Agora — ela gemeu. — Por favor, agora.

Em um segundo, ele estava dentro dela, seu calor penetrando-a em uma pressa por satisfação que a amolecia.

As mãos dela se fecharam, e seus pés se curvaram enquanto ela se entregava ao ritmo urgente do amor dele. Sua cabeça se inclinava para trás, e o teto girava acima dela. Os relâmpagos iluminavam as janelas altas, enquanto o trovão fazia vibrar as paredes de pedra do castelo.

Katniss gritou o nome dele, e ele respondeu com um ge­mido gutural. Então a tempestade, o castelo e seus corpos latejavam juntos, como se fossem um.

Quando o universo se endireitou, Katniss lentamente percebeu o que eles tinham acabado de fazer.

Já era ruim terem feito amor. Mas eles não o fizeram em algum local seguro, privado. Ela estava nua em um espaço aberto do castelo, onde outras cinco pessoas traba­lhavam e viviam. Qualquer um deles poderia ter caminha­do até a escadaria, a qualquer momento.

Ela soltou um gemido de dor.

— Você está bem? — Peeta perguntou.

— Alguém poderia ter nos visto — ela sussurrou.

— Ninguém faria isso.

Ela não pôde deixar de olhar em direção à escadaria.

— Estou completamente nua.

Ele riu baixo.

— Você é maravilhosa — assegurou.

O beijo dele foi longo, profundo e completo. E quan­do ele terminou, a excitação dela estava voltando. Ela o queria. Ainda.

— Mais uma vez? — perguntou Peeta, mordiscando sua orelha, a palma de sua mão deslizando por suas costelas e indo em direção a seus seios.

— Aqui não. — Ela não queria se arriscar novamente.

— Tudo bem: — Ele gentilmente se soltou do corpo dela, fechou sua calça e, em seguida, ergueu-a solidamente no berço de seus braços e dirigiu-se para a escadaria em di­reção a seu quarto.

— Meu roupão — ela protestou.

— Você não vai precisar dele.

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Peeta segurou Katniss nua em seus braços, inalando o aro­ma de coco de seu cabelo, divertindo-se com a seda de sua pele macia sob os dedos dele. Um lençol os cobria pela metade, mas as colchas tinham sido empurradas da cama king-size.

— Isso é maravilhoso. — Ela suspirava, a mão em volta da coluna esculpida da cama, enquanto olhava para os arabescos no teto.

Isso é maravilhoso — corrigiu ele, acariciando sua barriga.

Ela ficava linda em sua cama, seu cabelo castanho cinti­lante espalhando-se pela fronha, sua pele de marfim bri­lhando contra os lençóis de seda dourada.

— Eu nunca imaginei que algumas pessoas vivessem assim. — Ela pegou a mão dele, dando um beijo demorado em sua palma.

— Levei um tempo para descobrir que algumas pessoas não viviam assim — admitiu.

Ela soltou a mão dele e ficou apoiada em um cotovelo.

— Você, por acaso, foi uma criança mimada?

— Eu não chamaria isso de mimado. — Não conseguia parar de tocá-la, então ele passou a palma da mão sobre a curva de seu quadril, seguindo por sua coxa torneada e chegando à pele macia atrás do joelho dela. — Mas eu ti­nha mais ou menos 5 anos quando percebi que nem todos tinham seu próprio castelo.

Os olhos de Katniss nublaram, e ela ficou em silêncio. Ele se forçou a ficar em silêncio. Ela finalmente falou, em voz baixa:

— Eu tinha cerca de 5 anos quando percebi que a maio­ria das pessoas tinha pai e mãe.

Suas palavras o chocaram intensamente, e sua mão pa­rou com aquela exploração.

— Você cresceu sem pai e mãe?

 Ela balançou a cabeça, um piscar lento camuflando a emoção em seus olhos.

— O que aconteceu? — perguntou ele, observando-a com atenção.

— Minha mãe morreu quando eu nasci. Ela não tinha parentes... não que eu tenha encontrado.

— Kat. — ele suspirou, não sabendo mais o que dizer, seu coração instantaneamente voltado para ela.

Ela nunca havia mencionado sua família. Então ele ha­via deduzido que eles não eram próximos. Ele pensou que talvez eles vivessem em outra parte do país, talvez Chica­go ou Califórnia.

— Ou ela não sabia ou não quis dizer quem era meu pai. — Katniss fez uma forma quadrada no ar com as duas mãos. — Desconhecido. Isso é o que diz minha certidão de nascimento. Pai: desconhecido. A mão de Peeta apertou seu quadril.

— Eu não imaginava — disse ele, penalizado.

— Eu costumava tentar adivinhar quem era ela — Katniss disse suavemente, como que para si. — Uma princesa fugi­tiva. Uma órfã. Talvez uma prostituta.

— Acho que você tem uma imaginação fértil. — Ele aca­riciou suavemente seu rosto. — Você é adotada?

Ela ficou em silêncio por um longo momento, enquan­to seus olhos cinzas ficavam nublados com uma centena de imagens solitárias.

— Abrigos — Katniss finalmente disse a ele. Essa simples palavra fez o peito de Peeta doer.

— Sinto muito, Kat. Não posso acreditar que fiquei exibindo meu castelo para você.

Ela sorriu, melancólica.

— Foi muito ruim? — ele teve de arriscar a pergunta.

— Foi solitário — ela sussurrou. Então deu uma risada e se afastou. — Não posso acreditar que estou dizendo isso para você... logo para você.

— Por quê? — Peeta não pôde deixar de se sentir vaga­mente ferido.

— Você é o cara que está arruinando minha vida.

— Hã?

Ela olhou em torno do quarto e abriu os braços.

— Que, diabos, nós fizemos?

— Nós somos casados — ele respondeu.

— Por Elvis. — De repente, ela saiu da cama.

Ele não queria que ela fosse embora, não poderia dei­xá-la ir embora.

— Meu roupão? — perguntou ela.

— Está lá embaixo. Ela praguejou.

— Você não precisa ir embora — ressaltou ele.

Ela poderia ficar ali, dormir ali, ficar em seus braços durante toda a noite.

Katniss se virou para olhá-lo, ainda nua, ainda gloriosa, ainda a pessoa mais incrível que ele ja tinha conhecido.

— Isso foi um erro — ela disse firmemente.

— Nada precisa mudar.

— Tudo acabou de mudar. — Ela viu a camisa dele no chão e pegou-a. — Nós nunca deveríamos ter cedido à quí­mica, Peeta.

— O quê? — Ele não estava seguindo sua lógica.

— Eu tenho de chamar Annie. — Olhou ao redor do quarto. — Ela deve estar lá embaixo, na certa se pergun­tando onde me meti.

— Annie não está lá embaixo — Peeta anunciou com certeza.

Katniss vestiu a camisa grande de Peeta.

— Como sabe disso?

— Annie não voltará aqui hoje.

— Mas... — Katniss se calou. Depois de um segundo, pa­receu interpretar corretamente o olhar significativo nos olhos dele. — Sério?

— Sério.

— Ela disse que não dormiria com ele até que Finnick admitisse ser um pirata.

Peeta riu alto. Katniss olhou para ele.

— Eu quero reformar seu prédio. Do meu jeito. — Então ela fez uma pausa, inclinando a cabeça. — Essa foi uma mensagem gravada.

— Acho que acrescentar a condição de que você durma comigo para selarmos o acordo seria inadequado, não é?

— E ilegal.

— Eu sou um pirata, não me preocupo com a lei!

Ela não respondeu, mas também não se afastou.

— Durma comigo, Kat.

Ela hesitou, e ele prendeu a respiração.

Finalmente Peeta deixou a cautela de lado, estendeu a mão, puxando-a pela camisa e envolvendo-a profunda­mente em seus braços.

— Eu não posso deixar você ir ainda.

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— Esta é a melhor torta que já provei — disse Annie para Katniss, sua voz na cozinha dos Odair enquanto Maggie jo­gava farinha em uma tigela de aço grande.

— Minha avó me ensinou essa receita. — Maggie limpou as mãos em um avental branco que cobria seu vestido de bolinhas vermelho e branco. Ela usava sapatos de salto alto vermelhos combinando e um arranjo de rendas e ce­rejas de plástico no cabelo.

Katniss estava bastante certa de que Maggie pensava es­tar no ano de 1952.

Maggie dava suas instruções:

— Você precisa da temperatura, do corte e da mistura. Na metade, primeiramente. Assim.

Annie sorriu para Katniss, e Katniss sorriu de volta, se divertindo. Nunca ninguém a ensinara a cozinhar antes.

— Esta é a melhor maneira de prender um homem — afirmou Maggie. — Dê a ele uma boa torta.

— Você já foi casada? — perguntou Katniss.

Maggie usava o nome dos Odair, mas isso podia não significar nada. E ela certamente parecia obcecada com a conquista.

— Eu? Não. Nunca.

— Mas você faz uma torta tão boa — brincou Annie. — Pensei que você tivesse de afastá-los com uma vara.

— Continue descascando — Maggie a advertiu. — Há tam­bém o sexo, como você sabe.

Annie parecia confusa.

— Mas ontem você disse que nós não devíamos...

 O olhar agudo de Maggie a fez calar-se.

— Você não teve relações sexuais com ele, não é?

— Não, senhora.

Katniss olhou Annie com uma expressão de descrença. Annie devolveu um olhar de advertência.

— Boa menina — disse Maggie, sorrindo de novo. — Esse foi o meu problema. Eu sempre dormi com eles, nunca me casei com eles.

— Você tinha amantes? — Katniss perguntou antes que pudesse se censurar.

Quando Maggie era jovem, amantes deviam ser algo es­candaloso.

— Dustin Cartwell — disse Maggie com um suspiro, com um olhar distante, enquanto cortava a gordura, sonhado­ramente, e a misturava com a farinha, dentro da tigela. — E Michael O'Conner. Phillip Magneson. Ah, e aquele menino dos Anderson, Charlie.

— Boa, Maggie! — disse Annie.

— Nunca conheci algum que eu quisesse manter. — Maggie balançou a cabeça branca. — Eles deixam suas roupas íntimas no chão. E o ronco? Sem comentários. — Acrescentou outra colher de gordura. — Agora nós vamos transformar esta metade em pedaços do tamanho de ervi­lhas. Deixe-a em flocos.

Katniss olhou para Annie novamente, seu corpo tre­mendo com o riso reprimido. Maggie era incrível.

No fim, tanto Katniss quanto Annie colocaram tortas razoáveis no forno.

— Você não quer compartilhar isso com Peeta. — Maggie alertou Katniss. Então ela fez uma pausa, uma certa confusão cruzando seu rosto. — Ah! Você se casou com ele, não é?

— Sim — Katniss admitiu.

Maggie deu um tapinha no braço dela.

— Queria que você tivesse conversado comigo antes.

— Há algo de errado com Peeta? — Katniss não pôde dei­xar de perguntar.

Maggie falava sobre a falta de caráter de Peeta desde que eles tinham chegado.

— Aqueles meninos Mellark são destruidores de cora­ções — afirmou Maggie. — Sempre foram, sempre serão.

Katniss teve de admitir, ela podia facilmente ver Peeta partindo corações.

Maggie virou-se para Annie.

— Agora meu Finnick... Esse é um bom partido. Ele é rico, você sabe.

— Eu tenho meu próprio dinheiro — disse Annie. Maggie riu e deu um sorriso coquete.

— Uma garota nunca tem dinheiro demais.

— Você não se importa que eu me case com seu sobrinho-neto por dinheiro?

Maggie olhou de soslaio.

— Que outra razão haveria?

— Amor?

— Ah, não! — Maggie fez um aceno de indiferença. — O amor vai e vem. Mas um saldo bancário é algo com o que uma garota pode contar.

— Seus amantes não tinham dinheiro? — Katniss pergun­tou, fascinada pelas experiências e opiniões de Maggie.

Maggie olhou ao redor da cozinha, como se procurasse bisbilhoteiros.

— Eles tinham juventude e entusiasmo. Acho que eles queriam meu dinheiro.

— Você tem fotos? — perguntou Annie, interessada na vida amorosa daquela senhora.

— Na verdade, tenho. — Maggie limpou as mãos no aven­tal grande, tirando-o. Então acenou para que as duas a seguissem.

Na escadaria, Katniss perguntou:

— Será que os outros Mellark também partiam o coração das mulheres?

— Todos eles — Maggie confirmou decididamente.

— Mas não o de suas esposas. — O tom de Katniss trans­formou a declaração em uma pergunta.

— Às vezes, o de suas esposas também.

— E quanto a Sadie? Ela foi feliz com Cameron?

— Cameron era um bom homem. Mas, assim que eles se casaram, Sadie começou a se preocupar o tempo todo.

— Que ele fosse infiel? — perguntou Katniss.

— Ah, não... Um Mellark nunca seria infiel.

— Então por que Sadie se preocupava?

— Ela era a filha do jardineiro. Ah, ela fingia muito bem. Mas, em seu coração, nunca foi a dona do castelo. É por isso que ela não mexeria em nada.

Elas chegaram ao segundo andar. Objetos de arte se alinhavam nas prateleiras pelo caminho.

— O castelo é realmente bonito — afirmou Katniss. Ela não tinha certeza se mudaria algo nele também.

— Assim era Sadie — disse Maggie, melancólica. — Antes de Cameron, nós nadávamos nuas no mar e corríamos na areia sob a lua cheia.

— Você acha que ele partiu o coração dela? — Katniss persistiu.

Katniss realmente queria acreditar que Sadie tinha sido feliz no castelo.

— Não. Na verdade, não. Mas, às vezes, ela se sentia pre­sa e, às vezes, se preocupava. — Maggie abriu as portas du­plas de um armário e pegou uma caixa de sapatos bastante velha, abrindo-a e revelando uma pilha de fotografias.

— Ah, aqui está. Venham conhecer meus amantes.


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Notas finais do capítulo

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