All Out Of Love escrita por Jullie Santana


Capítulo 5
Braços abertos


Notas iniciais do capítulo

Capitulo pelo ponto de vista do Steve, como o capitulo é meio 'introdutório' vocês podem esperar mais um ainda essa semana, tá?

A música do capitulo é Open Arms, do Journey, ouçam enquanto estiverem lendo.

Boa leitura



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Era noite de sexta-feira e, como tal, o Comando Selvagem estava lotado. Sextas feiras, além da movimentação habitual, eram as ‘noites especiais de talento ao vivo’, criadas por Natasha para incentivar a carreira de músicos amadores. Em teoria, aquelas noites eram responsáveis por revelar talentos impressionantes e mudar a vida das pessoas, mesmo que em pequena escala. Na pratica isso só significava que eles teriam mais que o triplo dos clientes e que não haveria hora para fechar o estabelecimento.

Steve suspirou e observou o pub lotado por cima do balcão onde estava encarregado de servir as cervejas naquela noite. No palco, três jovens garotas vestidas em saias minúsculas e camisetas que mal cobriam todo o necessário estavam cantando uma música que se assemelhava muito à Bon Jovi, mas, por causa das vozes arrastadas, ele não poderia ter certeza.

As mesas do bar em geral estavam lotadas e no balcão a sua frente mais de vinte garotas se apinhavam nos banquinhos e fora deles, lutando pela atenção de Steve.

Particularmente, aquilo sequer o surpreendia nos dias de hoje. Desde que havia concordado em participar dos testes militares para ajudar na sua saúde e desenvolvimento, era como se cada mulher e homem gay no recinto notasse imediatamente a sua presença. As tatuagens cobrindo seus braços e a barba que ele deixou crescer quando finalmente conseguiu sua dispensa militar apenas agravaram o nível de interesse das pessoas.

Clint se espremeu entre o grupo de mulheres e bateu a bandeja metálica no balcão de madeira, chamando a atenção para ele.

— Eu preciso de três cervejas para a mesa seis, por favor. – Ele gritou, cobrindo os protestos irritados ao seu redor. – Também preciso de uma garrafa de tequila, sal e limão para a mesa oito.

— Sabe, você fica cada dia mais irritante, Clint. – Uma das clientes regulares apoiadas no balcão, Joanna, informou de maneira brincalhona. – Quando Steve e eu finalmente nos casarmos, minha primeira decisão vai ser te demitir.

Clint revirou os olhos e Steve sorriu enquanto colocava os pedidos na bandeja de Clint.

— Clint é grande parte do charme do estabelecimento, Joanna. – Steve informou graciosamente, impedindo que seu amigo respondesse ao insulto. – E nós não vamos nos casar.

Joanna fez beicinho e se debruçou ainda mais sobre o balcão de madeira, exibindo o decote profundo.

— Mas Steeeevvveee, nós fomos feitos um para o outro. – Ela afirmou e as outras mulheres ao redor protestaram audivelmente. – Nós deveríamos nos casar e ter bebes adoráveis juntos.

— Oh, o chefe ainda não contou a vocês? – Clint arrumou a bandeja, deliberadamente malicioso. – Steve aqui já é casado.

— O que? – O tom de piada da voz de Joanna sumiu imediatamente e as conversas ao redor do balcão cessaram.

— Clint... – Natasha o advertiu por sobre o ombro de Steve.

Uma parcela da clientela regular do bar havia sido conseguida com base no fato de que Steve era solteiro e disponível.

— E falando nisso, a mesa seis quer falar com você chefe. – Clint piscou para Steve e saiu com sua bandeja, ignorando os questionamentos atrás dele.

Na mesa seis, três pessoas muito familiares fizeram Steve paralisar imediatamente. Tony sorriu e agradeceu quando Clint colocou uma das garrafas de cerveja em sua frente, ele estava vestido em uma camiseta de banda e calças jeans, parecendo muito mais com o Tony com quem Steve havia concordado em se casar do que com o homem elegante de seu encontro anterior. Ao lado dele, Rhodes estava conversando com uma mulher ruiva e bem vestida que Steve se lembrava de ter visto na televisão ao lado de Tony em todas as coletivas de imprensa.

— Nat, você pode assumir o meu posto por um instante? – Ele pediu, já retirando o avental e contornando o balcão. – Eu já volto.

— Steve, você tem certeza que é um boa ideia fazer isso agora? – Ela perguntou, mesmo que já estivesse assumindo o posto do amigo no balcão.

— Eu só vou dizer oi, prometo.

Ele atravessou o bar rapidamente, desviando dos aglomerados de pessoas espalhados pelo local. No palco, as garotas pararam de cantar e alguns rapazes universitários sentados em uma das mesas ao redor do palco aplaudiram entusiasticamente.

Steve parou atrás da cadeira de Tony e colocou as mãos nos ombros dele, com os polegares pressionando a base de seu pescoço, sentindo o corpo do moreno relaxar automaticamente. Ele não sabia exatamente o porquê de seu corpo estar resgatando todos aqueles hábitos de dez anos atrás, mas havia uma necessidade nele de tocar Tony. Sentir a pele quente sob suas digitais, provar fisicamente que ele estava ali outra vez.

— Olá, Tony, Rhodes. – Cumprimentou.

— Olá, Steve. Já faz muito tempo. – Havia um tom de repreensão acentuado na voz de Rhodes e Steve sentiu-se tremer ligeiramente.

Tony permaneceu em silencio.

— A senhorita eu ainda não conheço. Eu sou Steve Rogers, aliás.

Ele estendeu uma das mãos sobre a mesa, mantendo a outra do ombro de Tony. Os olhos da mulher estavam grudados no polegar dele preso a base do pescoço do chefe dela. Ela o olhou de cima a baixo, sem esconder sua avaliação.

— Eu sou Virginia Potts, ou Pepper, como todos me chamam. – Ela apertou a mão de Steve firmemente. – É bom conhece-lo pessoalmente senhor Rogers.

— Igualmente. – Ele respondeu, voltando sua mão para a posição inicial. – Clint disse que vocês queriam falar comigo?

— Sim, veja bem Steve, nós tivemos notícias do seu advogado hoje e Tones aqui quer ter uma palavrinha ou duas com você. – Rhodes explicou, franzindo o cenho para Tony, que ainda permanecia em silencio. – Certo, Tones?

Aquilo pareceu acorda-lo de algum tipo de transe, ele se virou deslocando as mãos de Steve de seus ombros e o olhou. Aqueles olhos enormes, castanhos e lindos.

— Nós precisamos conversar sobre seus posicionamentos em relação ao divórcio, Steve. – Soou como uma frase ensaiada. Algo que ele havia repetido em sua cabeça várias vezes antes de dizer em voz alta.

Pepper olhou de Tony para ele repetidamente. Havia uma pequena ruga de questionamento entre seus olhos claros. Rhodes apenas tomou um gole da própria cerveja engolindo um suspiro junto a bebida.

— Claro Tony, nós podemos conversar depois do expediente? Nós estamos um pouco lotados agora e eu tenho que voltar pro balcão. – Steve perguntou.

Tony estava ali. Tony estava pedindo a ele para conversar. Ele finalmente poderia esclarecer tudo sobre o que tinha acontecido há dez anos.

— Sim, certo, ok. – Tony confirmou. – Eu vou esperar até seu expediente acabar.

Steve sorriu, ele deu outro aperto nos ombros de Tony antes de voltar a seu posto no balcão de bebidas. Uma onda de alivio e antecipação varrendo sua mente.

 

***

 

Depois disso, a noite parecia estar passando cada vez mais lentamente. Clint reabasteceu as cervejas na mesa de Tony mais algumas vezes, mas, de onde Steve conseguia ver por sobre o balcão, apenas Rhodes e Pepper estavam bebendo agora.

Foi uma surpresa quando ele viu, enquanto colocava mais bebidas na bandeja de Clint, Tony subindo no palco e arrumando o microfone no suporte sobre o piano na lateral do palco. Ele puxou o banquinho para fora e se sentou, testando a afinação das teclas do instrumento com uma sequência rápida de brilha brilha estrelinha. Assim que sentiu-se seguro ele se voltou para a plateia outra vez.

— Olá, meu nome é Tony, e meu melhor amigo idiota e bêbado me desafiou a cantar uma canção. – Ele falou para a plateia e as pessoas ao redor do palco gritaram em saudação. – Já faz muito tempo que eu não faço isso, então sejam gentis comigo, ok?

Steve sentiu algo quente encher seu estomago. Ele se lembrou imediatamente de outro bar, um lugar pequeno e abafado em Boston. Um Tony muito mais jovem sentado em um piano antigo, os dedos se movendo rápido e precisamente sobre as teclas enquanto ele tocava uma canção de amor: “Nenhuma música é apenas uma música, Steve. Músicas são histórias e sentimentos com melodia.” De alguma forma, aquela frase sempre pareceu algo que ele tinha ouvido de alguém.  

As notas do piano soaram através do bar e a plateia ficou estranhamente silenciosa quando a voz de Tony, rouca, mas ainda assim, inesperadamente afinada encheu o ambiente:

 Lying beside you. Here in the dark. Feeling your heartbeat, with mine. Softly you whisper, you're so sincere. How could our love be so blind... — A voz de barítono embalou o local gentilmente e Steve sentiu um arrepio subir por sua espinha. – We sailed on together, we drifted apart. And here you are by my side. So now I come to you, with open arms. Nothing to hide, believe what I say. So here I am, with open arms. Hoping you'll see, what your love means to me. Open arms...

Os olhos de Tony localizaram Steve do outro lado do bar, abertos, sinceros e tão tristes. E de repente, não havia mais nada além dos dois no mundo inteiro.

— Living without you. Living alone. This empty house seems so cold, wanting to hold you. Wanting you near, how much I wanted you home... – Tony sequer piscou. Tudo o que ele queria dizer escrito em seu rosto enquanto ele cantava. – And now that, you've come back. Turned night into day, I need you to stay... So now I come to you with open arms, nothing to hide. Believe what I say. So here I am, with open arms. Hoping you'll see, what your love means to me. Open arms.

Steve sequer notou quando os aplausos encheram o bar. Seus olhos ainda estavam presos nos de Tony. Seu coração tremendo em seu peito.

De repente, ele não poderia mais esperar, então ele simplesmente atravessou o bar e foi atrás do amor da sua vida.


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Notas finais do capítulo

Não se esqueçam de me dizer o que vocês estão achando e até mais :D



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