All Out Of Love escrita por Jullie Santana


Capítulo 3
Sempre foi você


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, voltei e dessa vez com um capitulo do ponto de vista do Steve.
Espero que vocês gostem.
Boa leitura.



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Steve se sentou em um dos banquinhos de madeira no balcão do bar e esperou enquanto Bucky lia os documentos que Tony havia lhe trazido mais cedo para Matt Murdock, seu amigo e advogado. 

Ao seu redor, o movimento da noite já havia começado, haviam alguns jovens universitários jogando nas mesas de sinuca mais afastadas e duas ou três clientes regulares tomando cerveja e conversando entre si na parte mais distante do balcão. Seus amigos o estavam encarando, completamente aturdidos, por cerca de dez minutos.

— Espera, deixa eu ver se eu entendi, você está me dizendo que você é casado com Tony Stark há mais de dez anos e nunca contou nada disso pra gente? – Peggy finalmente se manifestou, pequenas linhas de confusão se formando em suas sobrancelhas.

Steve tinha certeza de que ela só não tinha jogado a caneca de cerveja nele ainda porque já estava começando a ficar alegre por causa do álcool.

— Hum... sim? Quer dizer, não é como se a gente estivesse junto em segredo por todo esse tempo... nós só... meio que namorados doze anos atrás, resolvemos nos casar no Canadá e nunca realmente pensamos sobre isso depois que o relacionamento acabou... – Ele engoliu a bola de ansiedade e nervosismo se formando em sua garganta.

Agora, aquilo era uma mentira deslavada. 

Steve pensava sobre seu casamento todos os dias desde que ele foi embora da quitinete deles em Boston. Ele pensava sobre aquele dia no Canada, em que ele e Tony estavam hospedados na suíte nupcial de um hotel cinco estrelas, tomando champanhe caro e transando em cada uma das superfícies horizontais do quarto gigantesco. Ele se recordava do tom de voz exato de Tony enquanto ele gemia seu nome e dizia que o amava. Ele se lembrava da imagem perfeita de seu marido, dormindo espalhado nos lençóis brancos, com sua pele azeitonada quase brilhando sob a luz da manhã que vinha das frestas das cortinas pesadas. Ele pensava muito sobre aquele dia. E sonhava em poder voltar para ele, só para poder beijar cada pedacinho daquele homem outra vez e ouvi-lo sussurrar que o amava enquanto Steve se movia dentro dele.

— Você namorou comigo enquanto estava casado, Steve! – Peggy chamou sua atenção outra vez, levantando-se de seu banco.

​— Você sabe que não foi assim, Peggs. – Steve fez questão de corrigi-la. Ele não traia e ele jamais teria olhado para qualquer outra pessoa se Tony estivesse em sua vida. – Eu e Tony terminamos há dez anos.

— Não tente me enrolar, Rogers. Você tem amado ele todo esse tempo e sabe muito bem disso. – Ela respondeu, sua voz carregada por uma pontada de amargura que, todos sabiam, ela jamais deixaria aparecer se já não estivesse um pouco embriagada.

E contra aquilo, não havia qualquer argumento. Steve amava Tony. Ele o amou desde o momento em que o viu pela primeira vez, vestindo um casaco do MIT grande demais e esperando o metrô, distraidamente encostado em uma das paredes daquela estação suja. Steve o observou por dias, captando cada mínimo detalhe dele em seus desenhos, suspirando e se lamuriando para Bucky por causa do estranho lindo da estação de metrô. Até que um dia, Tony milagrosamente o notou.

O silencio que durou por alguns segundos constrangedores foi toda confirmação que seus amigos precisavam. Peggy voltou a se sentar em seu banco e continuou tomando a cerveja quente em sua caneca em goles muito maiores de deliberados agora.  

— Uau... – Sam assobiou entre os dentes. – Quer dizer, Tony Stark, porra. Steve, você é casado com um milionário!

— Bilionário na verdade. – Natasha o corrigiu, não tão suavemente, enquanto limpava o balcão, aplicando muito mais força que o necessário. – Stark é, atualmente a segunda pessoa mais rica do mundo, depois de Jeff Bezos, o fundador da Amazon.

Steve sempre soube que ele seria grande, mesmo se ele ignorasse o patrimônio da família Stark em primeiro lugar. Tony era um gênio certificado e a pessoa mais empreendedora que Steve já tinha conhecido em toda a sua vida.

— Em primeiro lugar, como diabos você sabe disso, Nat? – Sam perguntou incrédulo.

— Eu leio a Forbes. – Ela respondeu simplesmente, ainda encarando Steve fixamente através do balcão.

Bucky e Matt terminaram sua leitura e Steve ajudou Bucky a guardar os papeis no envelope outra vez. O advogado ajeitou os óculos escuros no rosto e voltou-se para a direção de Steve, as mãos o guiando pelo balcão enquanto ele se virava.

— Olha Steve, pelo que parece os documentos são realmente validos e vigentes. A clausula de validação na certidão de casamento que vocês assinaram era bem clara e, como a atualização de situação matrimonial já está funcionando em território nacional vocês vão ter que passar pelas etapas judiciais americanas para conseguir o divórcio. – Matt explicou. – Essas etapas incluem pelo menos três audiências de conciliação e mediação. Stark quer suprimir essas audiências, o que pode ser feito, desde que vocês assinem um documento dizendo que o divórcio é consensual de ambas as partes. Para isso, ele está te oferecendo vinte milhões de dólares.

Steve sentiu seu estomago afundar. Vinte milhões de dólares. Tony estava lhe oferecendo vinte milhões de dólares para que ele assinasse os papeis de divórcio sem causar problemas. Como se Steve quisesse o dinheiro dele. Como se Steve não estivesse disposto a fazer qualquer maldita coisa no mundo apenas para ter Tony de volta em sua vida. Só Tony. Seu Tony. Infelizmente, ele não poderia culpar ninguém no mundo por isso, exceto por ele mesmo.

— Mas que porra-... – Sam começou, completamente abismado pelo valor citado.

— Steve, você tem que contar a verdade para ele. – Bucky o cortou. Não pela primeira vez desde que Tony havia saído do bar, ele viu o olhar de cansaço e exasperação silenciosos vindo de seu melhor amigo.

Bucky era uma das três únicas pessoas no mundo que sabiam a verdade sobre o que havia acontecido dez anos atrás. Sendo as outras duas pessoas, Sarah Rogers e o próprio Steve. E ele ainda se lembrava perfeitamente bem dos gritos de sua mãe quando ela descobriu, somente anos depois, sobre aquilo tudo. Foi quase um mês e meio antes conseguisse convencê-la a falar com ele de novo.

— Eu sei, Bucky, eu sei que eu preciso dizer a ele, mas não é como se eu pudesse amarra-lo em uma das mesas do Comando Selvagem e obriga-lo a me ouvir, não é? – Steve resmungou de volta.

— Não seria a primeira vez que você o amarra em qualquer coisa, não é? – Bucky rebateu e nem mesmo a barba cheia escondeu o rubor escuro que subiu pelas bochechas de Steve. – Porque eu me lembro daquela vez em que eu cheguei no apartamento de vocês e-...

— Ok, ok! Eu vou falar com ele Bucky, Jesus Cristo. – Steve o cortou antes que metade do bar descobrisse sobre sua movimentada e muito experimentativa vida sexual com Tony Stark.  

— De qualquer forma... – Matt chamou a atenção deles de volta ao assunto, havia um pequeno sorriso em seus lábios, que demostrava que ele tinha entendido muito bem para onde aquela conversa tinha ido. – Stark, esta te oferecendo vinte milhões de dólares pelo divórcio, o que é muito pouco se você pensar no patrimônio dele como um todo, mas eu estou presumindo que você não esteja atrás do dinheiro dele, não é?

— Você está certo, eu não quero nenhum dinheiro de, Tony. – Steve concordou.

— Ei! – Sam interrompeu outra vez e Natasha o calou imediatamente com o olhar.

— Mas eu não vou abrir mão dessas audiências de conciliação se elas forem a única chance que eu tenho de falar com ele. – Steve continuou como se a interrupção nunca tivesse acontecido. – Você pode dizer aos advogados dele que eu não quero nada desse dinheiro, mas eu quero as audiências e eu quero que Tony me ouça por quinze malditos minutos sem correr da sala como se o lugar estivesse pegando fogo.

— Entendido. – Matt concordou, ele pegou a pasta sobre o balcão e se levantou, montando sua bengala. – Eu vou indo então, tenho alguns casos atrasados para colocar em ordem. Eu falo com você assim que os advogados das Industrias Stark entrarem em contato comigo, Steve.

— Certo, obrigado, Matt. – Steve acompanhou o amigo até a porta antes de voltar para seu assento outra vez.

Ele confiava em Matt plenamente para resolver aquele assunto, mas tinha certeza de que Tony não ficaria nada feliz com o novo arranjo. Desde que eles se conheceram, Steve sabia que, para Tony, o melhor método de enfrentamento possível de seus problemas emocionais era correr, se esconder e esperar que eles desaparecessem sozinhos. Infelizmente, aquela era uma característica que, ao que parecia, estava embutida no DNA dele.

— Então é isso. – Natasha finalmente lhe disse. – É ele, Tony Stark. Quem teria imaginado?!

— O que? – Steve ficou confuso com a afirmação da amiga que, agora, estava encarando não somente ele, mas o próprio marido como se ambos fossem algum tipo de animal exótico que ela estava vendo pela primeira vez em sua vida.

— É ele. O motivo de você nunca ter conseguido namorar ninguém por mais de três meses, sendo que esse recorde aconteceu com Peggy aqui, uma de suas melhores amigas. – Natasha explicou. – Ele é o motivo de você nunca levar a sério os encontros que eu arrumo para você e nunca sequer olhar duas vezes para qualquer uma das mulheres que vem ao bar quase todos os dias só para te ver passando para lá e para cá.

Natasha fez um gesto amplo com as mãos. Na ponta do balcão o grupo de mulheres havia triplicado naquele intervalo de tempo, todas estavam olhando para ele através dos cílios longos e cheios de rímel enquanto conversavam entre si.

— Tony Stark é a pessoa para quem você escrevia cartas de amor quando estava no exército, aquelas que você ainda guarda no baú trancado embaixo da sua cama. – Ela continuou. – Foi para ele que você fez a tatuagem no seu peito.

E não havia qualquer desculpa para aquilo também, porque Natasha estava certa. Tudo aquilo era para Tony, sempre foi para ele e sempre seria. Steve sempre soube que não haveria outra pessoa para ele além de Tony.

— Ele me chamou de 'Tony' uma vez. – Peggy disse, a voz oscilando por causa da bebida. Natasha vinha enchendo a caneca dela sempre que chegava perigosamente perto do fundo. – Ele me chamou de ‘Tony’ meio dormindo, na única vez que ele disse que me amava. Eu achei que fosse uma garota.

— Peggy... – Steve tentou, mas a morena levantou uma das mãos, silenciando-o.

— Quer dizer, não me leve a mal, todo mundo aqui sabe em um âmbito teórico que você é bissexual. Você nos disse isso. – Peggy continuou. – Mas desde que nós nos conhecemos você nunca saiu com nenhum cara de verdade, então nós simplesmente pensamos que você só achava homens atraentes, não que você gostava deles de verdade...

Ela estava balbuciando agora, alguma coisa sobre imaginar Steve chupando um pau ou algo assim e Sam, tão bêbado quando ela, estava concordando veementemente com tudo e falando sobre como Steve e Tony provavelmente deveriam transar em cima de pilhas de dinheiro. E foi assim que ele soube que seus amigos já o haviam perdoado por aquilo.

— Você nunca vai dizer para eles que Tony foi o único homem por quem você já se interessou na vida, não é? – Bucky sussurrou e apertou o ombro de Steve.

— Nah, deixe-os descobrir sozinhos.


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Notas finais do capítulo

Gente, não sei se já falei isso, mas as informações jurídicas dessa fanfic são IMPRECISAS E IRREAIS, tá? Elas são moldadas pra dar mais veracidade na história e tal.

Não esqueçam de me contar o que vocês estão achando da história.

Beijos e até mais.