Definitivamente Ochako sabia que não tinha sido ela que tinha começado aquela merda toda!
Caralhos, ele colou chiclete no cabelo dela e ameaçou cortar antes mesmo que o intervalo para o almoço começasse. Depois, se fingiu de desentendido e esfregou um prato de espaguete no uniforme dela, que não perdeu tempo para derramar aquele copo de suco de laranja no cabelo dele - e o caos se instaurou no refeitório, com uma guerra de comida. E jogaram a culpa em quem? Nela, claro. Mas graças a deusa ele não escapou dessa vez.
Uraraka sabia que era bem cagada com essas coisas, por que foi se meter nisso? Teve sorte de não ter trocado o uniforme de educação física depois da aula, aproveitaria os minutinhos do almoço para ficar com aquela roupa mais folgadinha e confortável. E bem, aquilo tinha sido sua sorte, pelo menos estava menos lascada do que ele, que exalava um cheiro de laranja durante todas as últimas aulas, enquanto ela teve a oportunidade de tomar um banho nos vestiários para trocar o uniforme.
Detenção. Ou mais ou menos isso mesmo.
Em todos os anos do ensino elementar, Ochako tinha sido uma boa aluna. Daquelas que se esforçava ao máximo. Claro, o colégio interno que ela queria conseguir uma bolsa não aceitava nada além da perfeição. Ela nunca tinha sequer cogitado a possibilidade de ir para a detenção um dia. No entanto, graças a Bakugou Katsuki, ela estava ali.
Foi constrangedor quando a diretora da escola puxou-os juntos pelos braços até sua sala. A mulher fumaçava de raiva, e até que era compreensível para ela, eles foram o estopim daquela bagunça toda.
Agora ela estava ali, com ele, limpando o que faltava do refeitório. Podia estar em casa, aproveitando para jogar um pouco ou desenhar naqueles últimos minutinhos da tarde daquela sexta-feira cansativa, mas não, teve que aturar o alarido de Katsuki durante toda a tarde. Por que ele tinha que tratá-la daquele jeito? Já estudavam juntos há anos e logo iriam para o ensino médio! Mas Bakugou se comportava como um menino birrento quando ela estava presente, daqueles que fazia tudo pra chamar a atenção dela. Tudo de ruim, no caso.
Ela se lembrava tão bem de quando se conheceram na infância. Daquelas camisetas de caveira que a tia Mitsuki comprava pra ele, e ela tinha certo medo, e daqueles abraços quentinhos que ele dava nela quando estavam longe dos olhos dos outros meninos.
Ela... Ela verdadeiramente sentia uma baita falta daquilo.