—Tem certeza de que não aprontou nada? Vai ver se esqueceu de alguma coisa. - Edward perguntou pela vigésima vez ao filho. Ele não gostava de ir despreparado para as reuniões nas escolas dos filhos. Era sempre melhor já ir com um bom argumento e assim conseguir livrar as crianças de maiores problemas.

—Eu já disse que não fiz nada. - reclamou cruzando os braços e Bella passou o braço em volta do ombro dele.

—Não precisa ficar nervoso, querido. Vai dar tudo certo.

—Sr. e Sra. Cullen que bom que puderam vir. - a professora sorriu para o casal e eles suspiraram aliviados. Aquele sorriso não era de quem estava prestes a dizer que o filho seria expulso da escola. - Henry, pode esperar aqui fora um pouco enquanto converso com os seus pais? - o garoto engoliu em seco e puxou na memória o que poderia ter aprontado. - Que ótimo. Queiram me acompanhar, por favor. - os conduziu até a sala e sentou de frente para os dois, que a encaravam com preocupação.

—Pode dizer logo o que o Henry aprontou? Ele é um bom garoto e tenho certeza que não fez por mal. - Edward começou a defender o filho e a professora riu.

—Ele não fez nada de errado. - garantiu e eles relaxaram um pouco mais. - Vocês já devem ter percebido como o Henry é ótimo em matemática. - os dois sorriram orgulhosos. Ele realmente era muito bom, tanto que ensinava Tyler os deveres, e que os pais nunca descobrissem, mas ele fazia algumas tarefas e trabalhos para o irmão.

—Ele é muito bom mesmo. - Edward concordou.

—Estive conversando com a direção e com alguns colegas e chegamos a conclusão de que o Henry deveria participar de aulas especiais. Ele tem muito potencial e até cogitamos a chance de ele avançar um ano, mas as notas dele nas outras matérias não são o suficiente, apesar de serem muito boas. Ele ainda é novo, mas acredito que seja uma excelente oportunidade para ele. Aqui está um pouco sobre o programa que sugerimos que ele participe. - estendeu um panfleto e os dois inclinaram para ler. - Posso levar vocês para conhecerem a sala e os professores.

—Acho que precisamos de um tempo para pensar e ver se o Henry quer participar. - Bella gostou muito, mas não queria forçar nada ao filho. Os pais dela a forçaram a muitas coisas e ela jurou que não faria o mesmo com os filhos.

—Deveríamos inscrevê-lo agora mesmo. - Edward a interrompeu e ela se mexeu na cadeira para ficar de frente para ele.

—Vamos conversar com ele primeiro. – falou entre dentes.

—Bella, o que tem para conversar? Ele vai amar ter essas aulas extras.

—Henry quer aprender a jogar basquete, com essas aulas não vai sobrar muito tempo para ele se dedicar ao esporte.

—Ele não tem o mesmo talento para basquete como tem para cálculo. Deveríamos investir no que ele é realmente bom. - a professora pigarreou, não queria que eles começassem uma briga ali.

—Não vamos tomar nenhuma decisão agora. Conversem com o Henry, leiam com calma sobre o projeto e depois nos encontramos para definir como ficará a situação dele.

—Ótimo. - Bella resmungou e levantou rápido. - Obrigada por querer ajudar o nosso filho e vamos tomar uma decisão em família. - frisou bem a última palavra. - E depois entramos emcontato.

—Sem problemas. Só quero o melhor para o Henry. - sorriu constrangida para o casal.

—O que era? - Henry levantou num pulo e olhou assustado para os pais. A cara deles colocou medo no garoto.

—Você não está encrencado, garoto. - Edward bagunçou o cabelo dele. - Recebeu um elogio e tanto da professora.

—Sério? O que ela disse?

—Ela quer que você tenha aulas avançadas de matemática. - ele fez um bico diante da sugestão. Sabia como era o programa e não estava interessado em participar.

—Gosto das minhas aulas normais. - deu de ombros.

—Vamos conversar em casa sobre isso. - Bella avisou.

 Edward não concordava, queria que o filho participasse do programa, mas não discutiria na frente dele e muito menos na escola. Ele estava orgulhoso do garoto e queria o melhor para ele, por isso tentaria convencê-lo e também Bella de que deveriam aceitar a sugestão da professora.

Não obrigaria o filho a fazer aquelas aulas, ele havia jurado protegê-lo e prometeu a Bella que jamais seriam como os pais deles, porém faria de tudo para que ele tivesse as melhores oportunidades.

—Certo, conversamos em casa. Tenho uma reunião agora. Vejo vocês mais tarde. - deu um beijo rápido na esposa e um na testa do filho e depois saiu apressado.

—Mãe. - Henry olhou aflito para ela. - Não quero fazer essas aulas. Não gosto de matemática e os vovôs ficam me perturbando. - Charlie e Carlisle, após voltarem a sociedade, estavam em busca do sucessor de Emmett, e Henry era o melhor candidato até o momento.

—Meu anjo. - sentou num banco próximo e o puxou para sentar ao lado dela. - Você não será obrigado a fazer nada que não queira. Vamos olhar com calma, conhecer o projeto e se mesmo assim não quiser, tudo bem.

—Papai não vai ficar com raiva?

—Deixa que eu cuido do papai, tudo bem? - piscou para ele e ele sorriu aliviado. - Só tem que prometer que vai pelo menos pensar no assunto e ver como são as aulas. - ele fez uma careta, mas parecia ser um bom acordo.

—Vai trabalhar agora?

—Vou dar uma passada na ONG e depois podemos fazer algo legal.

—Amo você mamãe. - deu um beijo estalado na bochecha dela.

—Também amo você, meu pequeno. - sussurrou emocionada quando lembranças no nascimento dele surgiram.

[...]

—Você é Edward Cullen. - falou encarando o espelho. - Você é um homem, é um adulto, é pai e tem uma esposa que está preste a colocar seu filho para fora. Então, não aja feito um doido. Não desmaiei, não vomite e não deixe a Bella ainda mais maluca do que ela já está. Seja forte. Você é lindo e vai vencer. - sorriu para própria imagem. - Vai dar tudo certo. Coragem homem!- gritou e deu um tapinha nos dois lados do rosto. - Seu filho vai nascer, força! - gritou mais uma vez antes de ir socorrer a esposa.

—O que estava fazendo? - guinchou se contorcendo de dor. - Eu aqui sofrendo e você se arrumando?

—Não estava me arrumando. Estava fazendo o meu ritual para ganhar confiança. - Bella revirou os olhos.

—Pouco me importa. - ergueu o braço pedindo ajuda para conseguir levantar do sofá. A bolsa havia rompido e as contrações estavam vindo com mais frequência. - Agnes! - gritou pela filha que chegou correndo na sala com duas bolsas.

—Já peguei tudo. - avisou estendendo a chave do carro para o pai.

—Não precisamos nos estressar, vai dar tudo certo. - por incrível que pareça, Edward estava muito tranquilo, tranquilo até demais para o gosto de Bella, ela desconfiava de que ele havia tomado algum calmante. Ele surtava por qualquer motivo, imagina o que faria no nascimento do filho? Por isso, ela estranhou tanto o comportamento do marido.

—Querida. - virou para Agnes. - Pode ligar para vovó Renée e pedir para ela ir ao hospital?

—Sim, mamãe. - assentiu animada. - Eu vou junto? - olhou de um para o outro.

—Sim. Aproveite e ligue para todos da família avisando e pegue um casaco. - Edward pegou as bolsas da mão dela e ajudou a esposa a chegar até o carro.

—Não está nervoso? - perguntou sufocando um grito quando outra contração veio.

—Acho que entrei em um estado de choque diferente. Meus níveis de surto chegaram no máximo e eu simplesmente me acalmei. Talvez, quando estiver com o nosso filho nos braços, eu tenha um ataque, mas por hora, está tudo sob controle. - apertou a mão dele em sinal de conforto. - Não vou te decepcionar, querida. - garantiu e ela relaxou. Ainda achava que ele estava sob efeito de calmantes, mas desde que ele não agisse feito um doido e que ficasse ao lado dela, não importava como tinha alcançado aquele estado.

O parto foi muito tranquilo. Henry colaborou bastante e não fez a mãe sofrer. E quando o médico o ergueu, Edward e Renée estavam lá para serem os primeiros a vê-lo. Eles soltaram as mãos de Bella e sorriram emocionados ao ver o garoto gritar a plenos pulmões.

—Ele é perfeito. - Edward depositou um beijo na testa da esposa. - Obrigado, amor. Não sabe como estou feliz.

—Eu que tenho que agradecer. Você me deu muito mais do que já imaginei. - sorriu, cansada, mas completamente desperta. - Quero vê-lo. - exigiu e seu pedido foi prontamente atendido. - Ele é muito lindo. - as lágrimas rolavam sem parar e os três olhavam com admiração para o novo membro da família. -Seja bem vindo ao mundo, Henry Alexander Swan Cullen.

[...]

—Oi. - Edward murmurou aproximando por trás da esposa. Ela bateu com força a porta da geladeira e o ignorou. - Precisamos resolver isso. - colocou as mãos em volta da cintura dela e a puxou para que ficasse de frente para ele.

—Você agiu igualzinho aos nossos pais hoje. - reclamou tentando se afastar, mas ele a segurou mais firme no lugar.

—Só estava tentando fazer o melhor para ele. É uma oportunidade incrível e acho que ele deveria fazer essas aulas.

—Também acho, mas não vamos obrigá-lo a isso. Conversei com ele e nós três vamos avaliar a situação e se ele quiser, ele faz.

—Concordo, mas deveríamos incentivá-lo a fazer.

—Ele é só uma criança. Não quero que ele fique apenas estudando e que não aproveite a infância dele. Pesquisei sobre o programa e ele é excelente, mas requer muito foco e tempo. Henry quer ter aulas de basquete.

—Só que ele não é bom no basquete, o Tyler que é. - retrucou irritado e Bella o empurrou.

—Ele pode ser bom também, se dedicar bastante.

—Você quer arriscar por algo que é incerto e que pode não dar em nada? - elevou o tom de voz e ela cruzou os braços. - Ele é bom em matemática e isso vai garantir o futuro dele, o esporte não.

—Você não sabe. - gritou com ele. - Não vou ser como os nossos pais. Não quero obrigá-lo a fazer algo que não goste e que depois ele nos odeie, vá embora para longe e se case com uma louca só para nos ver sofrer. - começou a chorar e Edward a abraçou com força.

—Baby! - ergueu o queixo dela para que pudesse a olhar nos olhos. - Ele não vai nos odiar. E agora entendo o que está sentindo. E de uma pessoa que é super exagerada, posso afirmar que você está sendo exagerada com esse medo. Nós nunca agiremos como os nossos pais, se um de nós tentar passar dos limites, o outro estará lá para impedir. Quero que o Henry tenha essas aulas, mas se ele realmente não quiser ou se fizer e vermos que não está fazendo bem para ele, não vamos insistir. Vamos dar uma passada por lá e avaliar bem antes de tomar uma decisão. - beijou os cabelos dela. - Desculpa por ter agido feito um idiota, mas quando ouvi e visualizei tudo o que poderia acontecer, acabei me empolgando. Tenho muito orgulho dos nossos filhos e da mãe deles.

—Apesar do pai deles ter agido muito mal hoje, também tenho orgulho dele.

[...]

—Por que o papai e a mamãe estão gritando? - Tyler perguntou a Henry, os dois estavam sentados na escada ouvindo a discussão dos pais.

—Por minha culpa. - fungou.

—O que você aprontou? - olhou espantado para o irmão, ele sabia da reunião com a professora, mas não imaginou que fosse algo tão grave a ponto dos pais terem uma discussão, principalmente porque eles raramente brigavam.

—Eu não aprontei. - levantou as mãos, irritado. - A professora quer que eu faça umas aulas avançadas de matemática. O papai também quer, mas a mamãe não, então eles estão brigando. - Tyler abriu a boca, mas não soube o que dizer. - Eu não quero. - apoiou o cotovelo no joelho e colocou as mãos no rosto.

—Por que não? Você é fera nisso. - deu um cutucão no irmão.

—Eu não quero ser um nerd. Quero ser como você, ter vários amigos, jogar basquete e me divertir. - Tyler colocou um braço em volta do ombro do irmão. - Não quero que as pessoas me olhem estranho.

—Você não quer fazer as aulas porque não gosta ou porque tem medo do que as pessoas vão falar?

—Eu gosto, é legal, sabe? - sorriu torto. - Mas os meus amigos não acham legal e ficam debochando.

—Henry, você não deve ligar para o que as pessoas pensam. Tem que fazer o que gosta. Você gosta de basquete? - perguntou incerto sobre as reais intenções do irmão em querer aprender o esporte.

—Não muito. - deu de ombros. - Quero ter amigos como os seus, eles são legais.

—Irmão, tudo tem o seu tempo. Você ainda é muito novo e vai fazer um monte de amigos e ter várias meninas aos seus pés. - o cutucou de novo e ele riu.

—Você acha? - perguntou surpreso.

—Você é a cópia do papai e ele é bonitão. Todas as meninas da minha turma falam isso e já ouvi várias professoras falando o mesmo, que a mamãe não descubra isso. - os dois trocaram um sorriso cúmplice. - Não tem com o que se preocupar, faça o que gosta e se as pessoas não gostarem de você por isso, problema é delas. Não sabem o que perdem. Eu sou seu amigo e nada vai mudar isso. Se alguém falar mal de você, eu quebro todos os dentes dele. - Henry virou e deu um abraço apertado no irmão mais velho.

—Obrigado, Tyler. Você é o melhor irmão do mundo.

—Sempre vou te proteger, irmãozinho. - garantiu o abraçando. - Não se preocupe com nada.

—Que barulhos são esses? - Henry endireitou os ombros e olhou para cozinha. Tyler deu uma risadinha e levantou.

—Vamos jogar vídeo game. Papai e mamãe já fizeram as pazes.

—Como sabe disso? - perguntou ainda olhando para mesma direção. Ele não sabia se deveria ir ver o que estava acontecendo.

—Sabendo… - murmurou rindo e Henry apenas deu de ombros. Ele admirava e confiava no irmão e se ele disse que estava tudo bem, era porque estava.