—Então… - Edward levantou e parou atrás dos filhos. - Quem foi a mente brilhante por trás da travessura de ontem?

—Fui eu. - Henry levantou, tremendo um pouco.

—Não. Eu que tive a ideia. - Hayley ajoelhou na cadeira e virou para encarar o pai. - Mereço o castigo.

—Não castiga eles não papai. - John implorou. - A culpa foi toda minha. - Edward e Bella trocaram olhares e sorriram discretamente. Apesar dos filhos terem aprontado, eles estavam protegendo um ao outro e aquilo era bom, mostrava que eles eram unidos.

Hayley cutucou Lucy e a pequena se manifestou.

—A culpa foi minha, papai. - Edward disfarçou o riso com uma tosse.

—Então você que arquitetou tudo? - Ela balançou a cabeça concordando.

—Sim. Tudinho. - Empinou o nariz e cruzou os braços para parecer mais com uma pessoa capaz de induzir os irmãos e primos a fazerem algo escondido dos pais.

—Até a parte em que caiu no cocô das ovelhas?

—Isso também? - Perguntou virando para os irmãos e eles fizeram sinal positivo.

—Certo. Querem falar mais alguma coisa em defesa de vocês? - Perguntou antes de dar o veredito.

—Queremos falar a sós com o nosso advogado. - Hayley anunciou e apontou para Tyler que acompanhava a tudo sem saber o que estava fazendo ali.

—Tudo bem. - Edward agradeceu por sair do escritório, ele precisa desesperadamente ri e Bella não estava em melhor situação.

—Não dá para ser severo com eles. - Apontou com a cabeça e levou as mãos ao joelho.

—Eles estão se protegendo, mas merecem um castigo. - Falou firme e Edward a olhou em dúvida.

—Tem certeza? Ninguém se machucou e eles não fizeram por mal. - Ele odiava punir os filhos.

—Ainda bem que todos estão bem, mas alguém poderia ter se ferido e eles precisam aprender que não podem agir assim. - Dos dois, Bella era a mais firme com as crianças e eles sabiam muito bem disso e aproveitavam do coração mole do pai.

—O que pretendem fazer? - Os cinco formaram um círculo e discutiam em tom baixo. - Sabem que vão ficar de castigo, não sabem?

—A culpa foi toda minha, então mereço levar todo o castigo. - Hayley fez uma careta e Henry a abraçou.

—Deixa que eu levo a culpa. Eu sou o mais velho de nós quatro e deveria ter dito não.

—Vocês podem colocar a culpa na Lulu. - Tyler sugeriu testando até onde os irmãos chegariam para se livrarem do castigo. - Papai nunca a castigaria.

—Isso é errado Ty. - John estava horrorizado com a sugestão. - Vamos todos levar a culpa.

—Concordo. E é o papai que está no comando, os castigos dele são tão fracos. - Todos concordaram com ele e Henry foi até a porta e a abriu. - Somos todos culpados, igualmente.

—Então os quatro serão castigados igualmente. Uma semana sem televisão. - Anunciou e todos riram. - O que foi?

—Querido, desde quando isso é castigo? Eles têm computador, tablet, celular, por que precisam de televisão?

—Eu disse que os castigos dele são fracos. - Henry sussurrou e eles aproveitaram para darem o fora de lá.

—E que castigo daria a eles?

—Cancelaria o acampamento ou os deixaria sem aula de equitação por duas semanas.

—Na próxima deixo você conduzir a sessão. - Avisou e Bella deu um beijo nele. - Agora, já que o acampamento vai mesmo acontecer, é melhor organizarmos isso direitinho.

[...]

—Já estamos chegando? Não aguento mais andar. - Henry reclamou e foi amparado por Agnes.

—Aposto que agora prefeririam estar acampados no quintal de casa. - Edward provocou e os filhos fizeram uma careta.

—Vamos seus molengas. – Tyler, como um bom atleta não se deixou abalar pela curta caminhada pela montanha. Lucy, confortavelmente empoleirada nos ombros do irmão, incentivou os irmãos a continuarem a andar.  

—É muito divertido.

—Claro que está achando divertido, está sendo carregada. - Hayley resmungou passando por eles e indo parar ao lado do pai.

—Está tudo bem, querida? Como está seu coração? - Ela estava um pouco vermelha e cansada, mas parecia tudo em ordem.

—Estou bem papai. - Garantiu sorrindo para ele. - Vai ser muito divertido.

—Contei para os meus amigos que ia acampar e eles acharam muito legal. Eles não acampam. -John comentou com pesar. Ele era o mais animado e a mudança dele era bem visível.

—Fez muitos amigos? - Bella o ajudou a subir uma parte mais íngreme.

—Alguns. Nem todos são legais. Ninguém me bate nessa escola. - Bella engoliu em seco, ela andou investigando mais sobre a vida do filho antes de ir morar com eles e descobriu que na última casa em que esteve, ele apanhava das outras crianças também.

—Se alguém implicar com você é só avisar que o Ty e eu vamos lá e damos uma lição neles. - Henry avisou e Tyler acenou em concordância.

—Nada de violência, meninos. - Bella os alertou.

—Podemos usar o Mamute ou o Fish II. - Henry sugeriu.

—Viu? É com você que eles aprendem essas coisas. - Edward cutucou a esposa.

—Foi só uma vez e apenas ameacei. - O lembrou e Agnes riu, ela conhecia muito bem a história.

—Você colocou o Fish II para correr atrás de alguém, mamãe? - Hayley estava curiosa e queria detalhes.

—Acho tão chato quando contam as coisas pela metade e Agnes sabe de tudo, já nós não. - Tyler reclamou colocando a irmã no chão. Eles haviam finalmente chegado ao local onde acampariam.

—É mesmo, a Agnes sabe de tudo. - Henry também protestou.

—A mãe de vocês ameaçou soltar o Fish I para cima de uma amiga minha. Aquele animal demoníaco.

—Está falando da sua amiguinha? - Bella retrucou. - Fish era maravilhoso e super dócil. - Edward riu.

—Dócil? Fui atacado várias, não, inúmeras vezes por ele.

—Não estou entendendo nada. - John olhou de um para o outro.

—É por isso que eu sei das coisas e vocês não. É muito complicado de entender o começo do relacionamento deles. - Agnes apontou.

—Queremos saber mesmo assim. - Hayley amava ouvir as histórias dos pais.

—É melhor arrumarmos o acampamento. - Edward sugeriu mudando de assunto antes que as crianças fizessem mais perguntas. - Agnes, Henry e John venham comigo, vamos procurar lenha para a fogueira. Os demais ficam aqui arrumando as barracas. Tudo bem, amor?

—Sou especialista em montar barracas. Já dormi em várias quando mais nova.

—Acampava muito? - Tyler começou a separar os equipamentos.

—Não exatamente. Mas às vezes os protestos se estendiam muito e não poderíamos sair de lá, então acampávamos até alguém nos tirar de lá.

—Devia ser bem legal.

—A senhorita nem pense em virar uma ativista assim. - Edward apontou para Hayley.

—Desde que não ultrapasse os limites e nem se coloque em perigos, não vejo problema algum. - Bella saiu em defesa da filha.

—Eu vou com papai. - Lucy avisou ao vê-los saindo.

—É melhor ficar aqui com a mamãe. - Balançou a cabeça negando.

—Eu quero. - Apontou para um esquilo.

—É claro que você quer. - Edward a pegou no colo, antes que a filha tentasse subir na árvore. - Até se visse um hipopótamo iria querer ele.

—Hipopoto. - Lucy gargalhou achando graça do nome.

—Eles são impressionantes, até eu gostaria de ter um. - Edward olhou em choque para a esposa.

—Diga que está só brincando e que nunca se aproximou de um. - Pediu gaguejando.

—Quer que eu minta? - Provocou sorrindo. Ela ajudou a fechar um safari que maltratava animais e conheceu bem de perto alguns hipopótamos.

—Qualquer dia você vai me matar de tanta preocupação e vai ficar viúva com seis filhos para criar sozinha.  

—Tão dramático esse meu marido. - Deu um beijo nos lábios dele. - Vão pegar lenha e água também, deve ter alguma nascente por aqui. Não tem sinal por aqui. - Reclamou olhando frustrada para o celular.

—Só lá embaixo. Quis garantir que teríamos um final de semana em família sem interferências externas. Precisa falar com alguém?

—Eu ligo na segunda. - Deu de ombros e virou para ajudar Tyler. Edward desconfiava de algo, mas preferiu não dizer nada.

—Certo. Equipe, vamos lá. - Chamou os filhos. - Lucy, não pegue em nada que se mova.

—A Lulu tem que morar num zoológico. - Henry segurou a irmã pela mão.

—Nossa casa já é um zoológico. - Agnes emendou.

—Achei que fosse trazer a sua nova sombra. - Ela revirou os olhos, o pai nunca deixaria de implicar com o namoro dela.

—Connor tinha que estudar para uma prova muito importante. E esse é um momento apenas para a família e ao contrário do que o meu pai pensa, eu amo a minha família e passar um tempo com eles, apesar de serem malucos.

—Você também é maluca. - John completou e depois se arrependeu do que falou. - Desculpa, Agnes.

—Tudo bem. Você disse a verdade. - Ela bagunçou os cabelos dele. - Se não fosse maluca não poderia fazer parte da família.

—Eu sou maluco também? – John queria ser para fazer parte da família.

—Não somos malucos, somos diferentes. - Edward explicou. - Somos a melhor família desse mundo.

—São mesmo. - John concordou sorrindo. Ele estava muito feliz por fazer da família.

—Henry, pegue esse pedaço aí. - Apontou e ao abaixar, o garoto deu um pulo.

—Tem uma cobra aqui, pai. - Avisou travando no lugar.

—Não se mexa. Queria que seu avô estivesse aqui para dar um tiro nela. - Ele tentava pensar rápido em uma solução para o problema. Deu um passo para frente e viu que a cobra não parecia ser venenosa, mas ainda assim era uma cobra. - Lucy, nem se atreva a tentar pegar nesse bicho. - A alertou e ela fez bico.

—É bonitinha. - Argumentou, mas ele não lhe deu atenção.

—Mantenha a calma que ela está indo embora. - Os cinco observaram a cobra rastejar tranquilamente para longe deles.

—Ufa! - Henry sentou, aliviado. -Na próxima vamos acampar no nosso quintal. - Sugeriu e todos concordaram com ele.

—Tomem muito cuidado e olhem bem antes de pegar em algo. O Acampamento Cullen segue firme, forte e seguro.

—Tomara que não apareça nenhum urso. - John sussurrou.

—Nem brinque com isso, filho. - Ele tinha verificado o local antes de o escolher e o guia do local disse que era bem seguro, nem tanto assim, ele pensou lembrando da cobra.

[...]

—Queria ter ido com o papai. – Hayley resmungou entregando uma peça para o irmão.

—Você precisa descansar um pouco, meu anjo. – Bella tinha muita habilidade e conseguiu montar rápido uma das duas barracas que montariam. – Quer ajuda, Ty?

—Estou tranquilo, mãe.

—Eu já estou bem. Meu coração não dói mais. – Resmungou sentando ao lado da barraca.

—Eu sei, mas é melhor garantir para que você possa curtir o acampamento sem maiores problemas.

—Conta uma história? – Pediu com uma cara sapeca, ela era muito curiosa.  – Do Fish I e da amiga do papai. – Bella sentou ao lado da filha, não teria como fugir.

—Seu pai tinha uma amiga e ela estava no nosso apartamento e foi muito grossa comigo. Então disse que se ela não saísse de lá, eu mandaria o Fish pegá-la e ela teria que sair correndo.

—Ele era igual o Fish II? – Tyler também estava interessado na história.

—Sim. Foi por isso que a Agnes quis comprá-lo. Gostava muito dele e fiquei bem triste quando ele morreu. Foi o pai de vocês que me ajudou a superar. Fizemos um enterro bem bonito para ele.

—Acho que sofreria muito se Mamute morresse. – Tyler finalizou a montagem da barraca.

—Sempre tive uma ligação muito grande com os animais e fico feliz que vocês também gostem deles. Uns mais do que outros, é claro. – Os três riram.

[...]

—Seria bom se tivesse trazido um fosforo. – Bella reclamou tentando acender a fogueira.

—Quis promover uma experiência completa ao ar livre e que minha família vivenciasse um acampamento real. – Edward estava sentado ao lado de John o ensinando a tocar violão. Além do piano, John também queria tocar violão e estava se saindo muito bem.

—Eu sei muito bem o que está fazendo. Quer que odiemos esse acampamento para nunca mais fazermos outro. – Ele sorriu constrangido e Bella finalmente conseguiu acender a fogueira.

—Você me conhece muito bem. – Piscou para ela. – Mas não quero que odeiem por completo, só que não queiram mais vir para as montanhas.

—Eu não quero mais. – Henry estava arrependido de ter insistido tanto naquele acampamento. O quintal de casa parecia ser mais atraente.

—Nada de ficarem triste. – Pegou o violão das mãos do filho. – Vamos fazer desse acampamento algo bem divertido. O que acham de uma música para animar todo mundo?

—Da Era do Gelo 4? – Hayley sugeriu.

—Ótima ideia. Todos juntos? – Edward afinou o violão e sentaram em volta da fogueira.

We are, we are

Not your ordinary fama-mily

But we can all agree that

We are, we are

Close as close can be

So it don't matter what it looks like

We look perfect to me

We got every kind of lover

We're so lucky indeed

They can keep on talking

It don't matter to me cause

We are, we are family

Nós somos, nós somos

Não somos uma família comum

Mas nós podemos todos concordar que

Nós somos, nós somos

Feche o mais próximo possível

Por isso, não importa o que parece

Nós olhamos perfeito para mim

Temos todo o tipo de amante

Nós temos sorte mesmo

Podem continuar falando

Para mim não importa o que causar

Nós somos, nós somos uma família

Cada um tinha o seu jeito de ser e não importava se alguém não gostava de algo, eles faziam mesmo assim para ajudar e agradar o outro. Eles eram uma família e estavam juntos. E isso era tudo o que importava.