—Acho que tenho um palpite. Vem. – A puxou pela mão e os dois seguiram para fora da casa, com destino ao estábulo.

—Não acredito que eles fizeram isso e bem debaixo no nosso nariz. – Bella resmungou levantando a barra do vestido para não o sujar.

—Para onde vão? – Eles se assustaram com a presença de Emmett no escuro.

—O que faz aqui fora? Ninguém está levando esse baile a sério. – Edward reclamou e apontou para as roupas amassadas do irmão. – O que andou aprontando? – Bella riu e Rosalie saiu ajeitando o vestido.

—Acho que está bem claro o que andaram fazendo.

—Ei, temos três filhos, fica difícil aproveitar um momento a sós. – Emmett respondeu corando.

—Tudo bem, cunhado. – Bella tinha pensado na mesma ideia, mas como anfitriões não poderiam fazer aquilo.

—E vocês dois, para onde estão indo?

—Buscar nossos filhos que saíram de fininho. – Respondeu voltando a andar com os três logo atrás dele.

—Os trigêmeos também? – Emmett apressou o passo para acompanhar o irmão.

—Sim. Tirando o Tyler, os menores todos sumiram. – Avisou parando a porta do estábulo e virou para pedir silêncio a eles.

—É melhor descer daí Jackson, você pode cair. – Andando na ponta dos pés, eles conseguiram ouvir a voz hesitante de John. – Se você machucar, os meus pais vão brigar com a gente. – Tentou mais uma vez convencer o amigo a descer, mas foi ignorado.

—Não seja medroso Jackson. – Joshua o provocou e eles escutaram um relincho alto.

—Calma pessoal, não assustem o Zorro. – Henry pediu levando a mão a rédea e assumindo o controle da situação.

—Minha vez. – Julie exigiu e estava prestes a subir no cavalo quando os adultos resolveram intervir.

—Posso saber o que fazem aqui? – Edward cruzou os braços e encarou um por um. – Está faltando gente aqui. – Contou novamente. - Cadê a Lucy e o outro par? – A luz estava fraca e ele não conseguiu diferenciar os sobrinhos.

—Lulu foi mostrar as ovelhas para o Matthew. – Hayley avisou e se colocou a frente do grupo.

—Posso saber de quem foi a brilhante ideia de vir até aqui no meio da noite e sem nenhuma supervisão? – Edward assumiu sua melhor postura de durão e esperava mantê-la até o fim do interrogatório. Emmett ajudou Jackson a descer do cavalo e colocou as mãos nos ombros dos filhos.

—Desculpa paizinho. Queríamos mostrar os cavalos para o pessoal. – Hayley fez um bico e Edward olhou para a esposa em busca de ajuda. Ele não resistia aos bicos dos filhos.

—Assume você. – Pediu e Bella deu um passo a frente. Ele era mais durona.

—O que já falamos sobre virem aqui sozinhos? Se queriam mostrar os cavalos era só nos pedir. – Manteve o olhar firme nos filhos.

—Desculpa. – As crianças murmuram, envergonhadas.

—Pois bem, aqueles que forem Swan-Cullen estão de castigo a partir de amanhã.

—Ah mãe. – Os três resmungaram e ela apontou um dedo ameaçador para eles.

—Nem mais uma palavra.

—Valeu Henry. – Julie deu um cutucão nele. Ela sabia que os pais também a deixaria de castigo

—Você veio porque quis. – Retrucou mostrando a língua para ela.  

—Chega! – Bella pediu interrompendo o começo de uma briga. – Todo mundo para o salão. Isso é um baile e não um rodeio. – Edward a aplaudiu discretamente e as crianças saíram batendo os pés.

—Tio, tia. – Matthew apareceu correndo. – Aconteceu uma coisa. – Ele estava ofegante e com o terno sujo.

—Cadê a Lulu? – Edward agarrou o sobrinho pelos ombros. – O que aconteceu?

—Ela caiu e... – Mal deixou o garoto terminar de falar e saiu correndo até onde as ovelhas ficavam.

—Lucy? – Gritou e a encontrou toda suja, da cabeça aos pés. Teve que tampar o nariz e segurar a ânsia de vômito.

—Tô suja papai. – Apontou o óbvio.

—Está ferida, querida? – Bella ignorou a sujeira e a pegou no colo.

—Não, mamãe. – Deitou a cabeça no ombro dela a sujando também.

—Que ótimo, agora nós duas precisamos de um banho.

—Estávamos correndo atrás das ovelhas e caímos no cocô delas. – Matthew explicou quase chorando e os demais riram dele.

—Bem feito, quem mandou aprontar? – Emmett o censurou.

—Vem querido, vamos arrumar uma roupa limpa para você. – Bella o pegou pela mão.

—Agora os demais para o baile e quero ver todo mundo dançando. – As crianças saíram correndo temendo maiores ameaças. – Não corram para não caírem em nada nojento. – Alertou sendo completamente ignorado.

—Vamos esquecer esse episódio e ir dançar. – Rosalie entrelaçou o braço no do marido e eles voltaram para o salão de festas.

[...]

—Oi mãe, quer dançar comigo? – Tyler estendeu a mão para ela. Ela havia trocado de roupa e arrumado Lucy, bem como ajudado o sobrinho a se limpar.

—Por favor, preciso de uma dança. – Os dois ensaiaram muito para o baile de Tyler e já estavam quase dançarinos profissionais.  – Aprendeu muito bem, hein. – O elogiou quando ele a rodopiou.

—Tive uma boa professora. – Sorriu orgulhoso.

—Está feliz? – Era praticamente uma pergunta retórica, já que ele não parava de sorrir.

—Muito feliz, mãe. Sabe, eu não me canso de agradecer todos os dias por vocês terem me deixado fazer parte da vida de vocês. – Bella deitou a cabeça no ombro dele. – Vocês fazem tanto por mim e acho que nunca conseguirei retribuir. – Os dois choravam em silêncio. – Vi como são os garotos daquele bairro que a ONG ajuda e penso que eu poderia ser um deles. – Bella estremeceu ao pensar naquilo. A ONG tentava ajudar aqueles jovens e muitos estavam dispostos a mudarem de vida, mas outros se negavam terminantemente. – Eu poderia ter tomado o mesmo caminho do meu pai biológico ou o da minha mãe. – A mãe biológica dele havia morrido por overdose. – Mas aqui estou. Não sou perfeito, mas eu me esforço para ser um bom aluno e filho, que dê orgulho a vocês. Mesmo que não vire um jogador profissional, quero ter um bom emprego e uma família bem grande. E eu vou cuidar da minha esposa e dos meus filho igual vocês me ensinaram e eles nunca ficarão tristes. Vou ensinar os meus filhos que mesmo que o mundo os trate mal, eles devem seguir em frente, pois eles têm uma família maravilhosa que vai cuidar deles e os proteger.

—Ty, para de me fazer chorar. – Ela fungou e o abraçou. – Nós temos muito orgulho de você querido e sempre estaremos ao seu lado. Sim, você poderia te tido uma vida diferente, mas nós nos encontramos e é isso que importa. Não tem que nos agradecer por nada. – Eles haviam parado de dançar e Bella segurou o rosto dele entre as mãos. – Seu pai e eu somos muito gratos por termos você em nossas vidas. Não posso imaginar como seria sem você.

—Vocês ainda teriam cinco filhos.

—Sim, teríamos. Mas vocês são tão diferentes e cada um tem uma função nessa família, portanto, a sua ficaria vaga e quem me ensinaria sobre basquete? E quem seria o meu conselheiro nas horas vagas? – Os dois conversavam muito e Tyler era bem maduro para a idade dele. – Quem me impediria de bater em vendedoras preconceituosas?

—Não haveria preconceito. – Deu de ombros e Bella balançou a cabeça em negação.

—Infelizmente, sempre há preconceito. Mas torço para que um dia isso acabe, por hora, vamos começar com a nossa casa. – Eles olharam para Padma e a família dela que conversam animadamente com Agnes, Edward e Esme. – Ela é uma boa garota.

—Sim, ela é. E me aceita como eu sou. – Sorriu envergonhado. – Quero pedi-la em namoro um dia. Não agora. – Acrescentou rapidamente. – Por enquanto seremos apenas amigos, mas eu sei que gosto dela e que ela é diferente.

—Vocês serão muito felizes juntos, pois são boas pessoas e se gostam. Dá para ver isso nos olhos de vocês. Estaremos aqui caso precise de algo.

—Obrigado, mãe. – Ele depositou um beijo na testa dela. – Acho que está encolhendo. – Provocou e ela riu.

—Não estou não, você que não para de crescer.

—A linda dama me concede uma dança? – Eles foram interrompidos por John.

—Por mim tudo bem. – Tyler afastou dando lugar ao irmão.

—Eu não sei dançar, mamãe. – Ele parecia nervoso.

—Tudo bem, eu te ensino, meu anjo. – Os dois balançaram de um lado para o outro e após uma dança, John foi dançar com Lucy e depois com Hayley, agora que aprendeu a dançar, queria aproveitar.

—Acho que é a minha vez. – Henry fez uma reverência e estendeu a mão para segurar a da mãe.

—Meus filhos são perfeitos cavalheiros. Estão aprendendo com quem?

—Com o papai. Ele nos deu algumas aulinhas. – Respondeu um pouco constrangido. – Desculpa por ter levado o pessoal para o estábulo. Só queríamos mostrar a eles os cavalos. Só que o Jackson quis montar no Zorro e acabamos nos empolgando.

—Eu entendo, querido, mas o que fizeram foi muito errado, poderiam ter machucado.

—Eu sei e lamento muito. Não vai mais se repetir. Como o mais velho era a minha obrigação cuidar deles e eu errei.

—Não se preocupe, mas não faça isso de novo. – Pediu dando um beijo nos cabelos dele.

—Vai pegar pesado no castigo? – Bella sorriu enigmática e ele gemeu já prevendo o que poderia vir de castigo.

—Bem, estou de bom humor hoje e seu pai também e como ninguém se machucou, talvez, e só talvez, não peguemos tão pesado assim. Falaremos sobre isso amanhã.

—Seja o que for, assumo a total responsabilidade e podem me punir. 

—Não dá para ficar brava com vocês quando agem de forma tão fofa. – O apertou forte e ele relaxou um pouco. Se preocuparia com o castigo em outro momento.

[...]

—Está sendo muito disputada, sabia disso? – Agnes travou no lugar e Edward também parou. – O que foi querida?

—Nada, pai. – Os dois voltaram a dançar. – Não sabia que a mamãe te contou sobre o Phill.

—O que tem ele? – Perguntou surpreso erguendo uma sobrancelha.

—Então ela não contou? – Ela sabia que havia falado o que não deveria naquele momento. – Não é nada. Ele estava me mandando algumas mensagens, mas a mamãe já resolveu isso.

—E nem me falou nada. – Ele fez uma careta e Agnes riu.

—Ainda bem, ou você teria surtado e ido atrás dele.

—Ora, se um garoto perturba a minha filha é minha obrigação dar um jeito nele.

—Eu sei que é. – Revirou os olhos e apoiou o queixo no ombro dele. – Mas pode baixar a guardar um pouco e relaxar, já está tudo resolvido. Agora me diz, se não era disso que estava se referindo, do que se trata?

—Do Adam, é claro. Ele pediu para namorar com você.

—O que? – Agnes parou de dançar e localizou o amigo, o encarando. – O Adam?

—Disfarça um pouco querida. – A girou para ela ficasse de costas para ele.

—Nós somos praticamente irmãos. – Fez uma careta para a possibilidade de eles namorarem.

—Eu sei disso e que bom que pensa o mesmo. – Resmungou e ela riu.

—Que ideia mais doida a dele. Crescemos juntos e ele nunca falou nada.

—Ele deixou a oportunidade passar e agora terá que conviver com ele. Sugiro que apresente algumas amigas a ele.

—Quando foi que virou cúpido?

—Eu sou feliz e tenho uma esposa maravilhosa. Quero que todo mundo tenha o mesmo. – Deu de ombros.

—Você é o melhor, papai.

—Agora eu. – Lucy exigiu erguendo as mãozinhas para que Edward a pegasse no colo.

—Você não está mais fedida. – Comentou dando uma cafungada nela.

—Tomei banho. – Explicou balançando no colo do pai. – Ovelhas fazem cocô muito fedido. – Torceu o nariz e ele teve que concordar com ela.

—Fazem mesmo. Vê se toma mais cuidado quando sair correndo por aí.

—Tá bom papai, agora me gira. – Pediu e ele prontamente atendeu ao pedido dela.

—Ah, eu também quero. – Hayley parou ao lado deles e Edward as ajeitou cada um em um braço.

—Papai é forte.

—Tenho que ser. – Estava meio difícil manter as duas, mas o esforço valia a pena. – Preciso proteger as minhas princesas.

—Papai. – Hayley colocou as mãos no rosto dele. – A culpa foi minha e não do Henry, não castiga ele não, por favor. – Pediu fazendo bico.

—Falaremos sobre isso amanhã, tudo bem? – Ela assentiu e ele as colocou no chão após o fim da música.

—Pessoal. – Tyler deu uma batidinha no microfone chamando a atenção de todos. – Obrigado por terem vindo ao primeiro baile Cullen e espero que estejam se divertindo bastante. Papai e mamãe, por favor, no meio da pista. – Pediu e Bella foi meio hesitante e todas aplaudiram.

—O que está aprontando? – Perguntou ao ver o sorriso enorme que o marido exibia.

—Já vimos esse filme inúmeras vezes quando pequenos e como isso é um baile. Achei justo dançarmos.

—Edward, ficou maluco? Eu nem lembro mais os passos e só dançamos uma vez. – Connor apertou o play e (I’ve Had) The Time Of My Liffe de Dirty Dancing, preencheu o ambiente.

Now I've had the time of my life
       No, I've never felt like this before
       Yes I swear it's the truth
       And I owe it all to you

Agora, eu tive os melhores momentos da minha vida
       Não, eu nunca me senti assim
       Sim, eu juro é verdade
       E devo tudo a você

—Qual é? Vamos lá. – Ele a chamou e ela riu. – Eu sei que você ainda se lembra. – E ela lembrava mesmo, de cada passo, assim como ele. Edward retirou o terno e todos aplaudiram.

—Se me deixar cair eu acabo com você. – Ameaçou sorrindo.

—Dessa vez eu juro que não vou deixar. – Prometeu.

I've had the time of my life
       (I've had the time of my life)
       No, I've never felt this way before
       Yes I swear it's the truth
      (Yes I swear)
      And I owe it all to you
      Cause I've had the time of my life
      And I've searched through every open door
     (Through everywhere)
     Till I found the truth
     And I owe it all to you

Eu tive os melhores momentos da minha vida
       (Eu tive os melhores momentos da minha vida)
       Não, eu nunca me senti assim
       Sim eu juro é verdade
       (Sim eu juro)
       E devo tudo a você
       Pois eu tive os melhores momentos da minha vida
       E eu procurei através de cada porta aberta
       (através de todo lugar)
       Até que eu encontrei a verdade
       E devo tudo a você

[...]

—É tão romântica essa dança. – Bella suspirou com as mãos no queixo.

—Não vejo nada de mais nela. É tão fácil. – Edward colocou o pé no rosto dela a cutucando.

—Seu nojento. – Bella reclamou empurrando o pé dele.

—Você só está com inveja porque não consegue fazer igual. – Emmett sentou ao lado do irmão, ele havia pegado mais pipoca.

—Não consigo? Eu consigo fazer qualquer coisa, irmãozinho. – Puxou a vasilha das mãos dele.

—Já que é o bonzão. – Emmett levantou e voltou a fita. – Faça melhor. – O provocou e Edward levantou na hora. Ele não resistia a um desafio. Estendeu a mão para Bella.

—O quê? – Ela abraçou as próprias pernas.

—São duas pessoas e não acha que vou dançar com o Emmett, ou acha? – Ele sorriu torto e ela suspirou. Tinha uma paixonite por Edward e dançar com ele seria um sonho. – É só me acompanhar. – Ele tinha uma segurança ao falar que fazia qualquer um acreditar e confiar nele.

Edward e Emmett afastaram os sofás para dar mais espaço a eles.

—Só não me deixe cair, por favor. – Emmett apertou o play e a dança estava indo muito bem, apesar de errarem alguns passos, eles se aproximaram e muito da dança original. Edward já se sentindo o próprio Patrick Swayze estendeu os braços para segurar e erguer Bella, ele só não contava em pisar em falso e a deixar de cara no chão.

—Bella? – Emmett ajoelhou ao lado dela. – Se ela morrer o Charlie acaba conosco.

—Meu nariz. – Para sorte deles, Bella estava viva, mas o nariz dela estava quebrado.

—Todo mundo calmo. – Edward pediu passando as mãos pelo cabelo. – Ele estava com 16 anos e já tinha autorização para dirigir. – Vamos levá-la ao hospital e tudo vai ficar bem. – Os dois irmãos olharam para Bella que chorava enquanto o sangue escorria pelo nariz dela.

—Sabia que era uma péssima ideia. – Choramingou pegando um pano para estancar o sangue. – Nunca mais vou confiar em você, Edward Cullen. – Apontou o dedo para ele e voltou a chorar.

—Desculpa Bella. Eu juro que vai ficar tudo bem e nunca mais vou deixar você se machucar.