Welcome to the New Age escrita por Bianca Romanoff


Capítulo 3
Nostalgia


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo tá bem fofinho, bem Romanogers e super levinho. Espero que gostem!



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— Nós não vamos, fim da discussão. — vociferei.

— Vai precisar de mais que isso pra me convencer. — Steve calmamente retrucou, voltando a dobrar suas roupas e colocá-las na mala.

— Não vou repetir, Rogers, não é uma brincadeira. — atirei um punhado de roupas de volta a cama.

— Então me explique!

— Não te devo essa satisfação. — cruzei os braços, observando seu semblante perder a calmaria.

— Não me deve essa satisfação?! Quantas camadas eu vou ter que descobrir até conhecer você de verdade?

Engoli em seco, esforçando-me para não demonstrar o quanto o comentário me afetara.

— Se isso abala tanto você, só quero que você enfrente e fique bem. Não estou fazendo pelo seu mal. — ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. De fato, seu tom era de zelo, mas ele havia tocado em um ponto sensível.

— Vou dizer só mais esta vez, e preste bem atenção: isso não é da sua conta. Isso diz respeito somente a mim, e sou eu quem vai decidir como agir daqui pra frente. Você sabe mais que qualquer um a meu respeito, Capitão, mais ainda que Clint, mas isso está fora de cogitação de se tornar conteúdo compartilhado. Entendeu? — minhas palavras duras fizeram-no congelar. Eu podia ver o espectro de decepção assolá-lo.

Deixei o cômodo, marchando, e Steve não me seguiu. Passaram-se horas, com cada um trancafiado em seu quarto. Olhei pelo notebook onde estava o pequeno ponto que se movia em direção a Terra com o nome de Stark. Estava cada vez mais próximo, e eu sabia que seria uma grande comoção para os Vingadores que restaram.

Aproveitei a solidão também para telefonar para Clint. Laura havia desaparecido com o estalar de dedos de Thanos, e o agente cuidava agora das crianças sozinho. Visitei-o apenas uma vez no meio tempo, e pelo seu tom de voz, senti que devia voltar.

— Onde vai? — Steve indagou, secamente, quando me viu saindo pela porta com uma mala.

— Visitar Clint, você vem?

— Ele não me convidou.

— A mim também não. Você vem?

— Você quer que eu vá?

— Se isso é um pedido de um pedido de desculpas...

— Não me deve desculpas.

— Então por que está bravo comigo? — fechei a porta atrás de mim, aproximando-me de Steve.

— Eu só... Não gosto da ideia de mantermos segredo um do outro.

— Irônico. — abafei uma risada sádica.

— Como é?

— Você não tem sido exatamente a pessoa mais aberta do mundo comigo. As vezes é quase como se nem vivêssemos sob o mesmo teto mais.

— Isso não é verdade. Dormimos juntos toda noite...

— Não exatamente do melhor jeito. — ele corou. — Ainda fazemos tudo juntos, vemos filmes juntos, jantamos juntos, mas... Não conversamos como antes.

— Sinto falta disso também. — arqueei as sobrancelhas, incitando-o a continuar. — De ambos. As... Noites juntos e... As conversas também. E... Obrigado por não ter ido embora ainda, sei que não sou minha melhor versão agora, e... Não quero prendê-la comigo.

— Eu já disse, Cap, não vou embora.

Ele selou o espaço entre nós com um abraço apertado. Seu pescoço quente cheirava à canela, e os braços fortes encaixavam-se perfeitamente na curva da minha cintura. Ele beijou o topo da minha cabeça e se afastou lentamente.

— Vou fazer as malas.

...

Como de costume, Lila e Cooper vieram correndo ao meu encontro. Eles já estavam enormes. Lila já quase alcançava minha altura, e Cooper já mostrava os típicos sinais da puberdade. Quase me derreti por completo ao ver Nathaniel dando curtos passos em minha direção. Peguei-ono colo e girei-o no ar, beijando suas bochechas gorduchas. Quando Clint foi receber-nos, senti um aperto no peito ao vê-lo naquele estado deplorável. A barba por fazer, as roupas largas e claramente sujas, duas bolsas inchadas embaixo dos olhos e a pele lívida. Seu abraço estava murcho, carregado de uma dolorosa apatia.

— Vocês, homens, estão precisando fazer a barba. — comentei, jocosa. Cooper coçou os vestígios de pelo que apontavam em seu queixo, pomposo.

— Você não, idiota. Ela disse homens. — Lila provocou o irmão, que bufou em resposta.

Eu e Steve cuidamos do jantar, já que Clint encontrava-se ocupado demais com um jogo aleatório que escolhera na TV. Não era exatamente minha ideia de uma recepção adequada, mas Clint e eu tínhamos intimidade o suficiente para ignorar as regras de etiqueta e respeitar os momentos um do outro. As crianças se prontificaram em ajudar, mas eram inexperientes e desajeitadas.

Clint não se juntou a nós durante a refeição, jantando no sofá, o que anteriormente levaria Laura a loucura.

— Como está indo a escola? — perguntei, tentando quebrar o silêncio tenso.

— Estranho. Muitos professores desapareceram, inclusive o diretor. Temos muito horários vagos. — Lila respondeu.

— E uma sala vazia. — Cooper complementou. Desejei não ter aberto a boca.

— Nat, você pode ficar no quarto de sempre. E Steve... Pode ficar com ela. — Clint não nos esperou processar para subir pelas escadas e trancafiar-se no quarto.

Tiramos a mesa, lavamos a louça e colocamos as crianças para dormir. E só então nos acomodamos no quarto. Enquanto Steve aprontava-se no banheiro, arrumei a cama e um colchão embaixo, embora esperasse que não fosse utilizado.

Pov Steve

Deixei a porta do banheiro semiaberta enquanto me barbeava. Natasha tinha razão, já era hora de me livrar dela. Deixara crescer para servir de disfarce, mas, naquelas circunstâncias, duvidava que o governo estivesse realmente preocupado comigo ou Natasha.

— Você pode me ensinar? — uma voz desafinada disse atrás de mim. Cooper me observava com olhos esbugalhados e atentos.

— Claro. — talvez aquela fosse, mais especificamente, uma tarefa paternal, mas eu sabia que Clint iria executá-la agora.

E ensinar o garoto foi divertido. Aqueles joviais olhos estavam carregados de admiração, e aquilo me acalentava. Quase pude sentir uma pontada de melancolia, em pensar no futuro que eu planejara no passado, com filhos e uma esposa, e uma casa como esta. Sempre achei que aquele sentimento havia esmorecido, mas ali, pude sentir-me como o moleque cheio de esperança e planos que fui.

— Por que demorou tanto? — Natasha paralisou quando reparou em minha mudança. — Não sabia que você me escutava assim.

— Não escuto. Só precisava voltar aos velhos  tempos. — ela abriu um sorriso. — Acha que a chance de dar errado se eu mesmo cortar meu cabelo é grande?

— Acho. Mas eu faço isso pra você.

Natasha sentou-me de frente para a penteadeira e começou a aparar os fios com uma tesoura por pouco cega. Mas o resultado final foi agradável. E os fios loiros caídos no chão pareciam nunca ter feito parte de mim.

— Suponho que eu tenha que domir ali? — apontei para o colchão.

— Só se quiser. — Tasha abriu um sorriso carregado de malícia, enquanto se esticava no lado esquerdo da cama. Naquele momento, desconfiei que ela escolhera o pijama curto propositalmente.

Deitei-me ao seu lado, e estava prestes a selar o espaço entre nós quando a porta se abriu.

— Tia Nat, posso dormir com você? — Natanhiel segurava um urso de pelúcia nos braços, e o tom dócil descartava qualquer possibilidade de negar o pedido.

A criança se acomodou entre nós,e segurou em cada mãozinha uma das nossas. Observeii como sua palma não media nem metade da minha, e como seu rosto angelical me encantava. Devo ter passado uma boa meia hora fitando-os, pois Natasha não tardara a adormecer também. Seu rosto era uma perfeita mesclagem de traços suaves que pareciam ter sido milimetricadamente desenhados. Senti novamente a nosalgia me atingir, sobre aquele Steve que uma vez sonhara em constituir uma família.

Pela manhã, acordei com Natasha escancarando as cortinas. Protegi os olhos e revirei-me na cama, resmungando. Senti Natasha se aproximando, e então encaixando as pernas dos lados do meu corpo. Fitei-a, curioso e excitado.

— Cade o Nathan? — sussurrei, enquanto dedilhava a linha de sua espinha.

— Ele já foi.

Fazia um bom tempo desde que não compartilhávamos momentos como esse, e eu sabia que aquilo se devia exclusivamente a minha culpa. Resolvi me  fechar da única pessoa que realmente sabia me confortar.

Quando seus lábios tocaram os meus, fui tomado pelo mais puro júbilo nostálgico. Noss anos que passamos juntos, ainda com Sam, evoluimos nossa amizade para um nível de perfeita sintonua e nos envolvemos em um harmonioso relacionamento amoroso. Lembrei-me da nossa primeira noite romântica, em Amsterdam, em um hotel 5 estrelas. Lembrei-me dos nossos momentos nas cachoeiras escondidas de Wakanda, de como, mesmo enfurnados em um cúbiloo de apartamento ou escondidos em um estábulo fétido, éramos felizes.

Esbocei um sorriso entre os beijos e rolei para o lado para inverter os papeis e ficar por cima dela.

— Senti sua falta. — ronronei no vão de seu pescoço.

— Senti a sua também.

— Tia Nat! — o grito de Lila nos afastou.

— Mas que droga... — resmunguei. Natasha abafou uma risada e levantou-se.

— Agora que já convenci você, é hora de convencer Clint a tirar a barba.

Era uma questão bem mais ampla e complexa que somente pelos faciais. Acreditava que Natasha era a única que conseguiria reverter a situação do amigo.


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Notas finais do capítulo

Beijinhos da Bia.



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