Ele me segurava com força pela blusa do meu uniforme.

Ele simplesmente havia virado uma cópia exata do Samurai, mas este permanecia imóvel no chão. Ele estava morto? Vivo? Quase morto? Isto já estava estranho, o Anatoly - sim, o Anatoly Gartinnie Abramovisch - havia se TRANSFORMADO EM SAMURAI POR UM INSTANTE, como isso é possível?

Ele me segurava com força e pude notar raiva e ódio em seus olhos.

— Nos encontramos de novo, não é, vigilantezinho? -- Uma voz rouca e grossa saiu de sua boca. Aquela voz era deveras amedrontadora, ele estava mais forte com certeza, deu pra perceber. -- Você entrou no meu caminho de novo. -- Ele estendeu a mão para trás como se fosse o Thor esperando um martelo, mas foi aí que eu vi que ele estava despedaçando uma parte do teto prédio em que estávamos e os atraindo. Um pedaço enorme e pontudo ficou acima do seu braço formando uma espécie de escudo fino com uma ponta grande e perigosa que apontava pra mim. 

Eu estava amedrontado, sentia que algo de ruim estava para acontecer. Por que eu tinha que estar sem poderes numa hora dessa? Foi nesse momento que senti a ponta afiada tocar a minha barriga por cima da minha blusa. Senti algo entrando. Comecei a sentir uma forte dor. Um pouco de sangue começou a escorrer. Eu não conseguia me mexer. Eu estava pasmo. Eu não conseguia me mexer. Meu cérebro só focava em um pensamento: "Eu vou morrer hoje.".

Vi que o céu estava escurecendo e que a dor estava se tornando mais forte. Ele estava fincando aquilo tão lento que me fazia sentir mais dor. O sangue começou a jorrar. Eu iria morrer. Eu senti que eu morreria. 

— P-Por quê? -- Balbuciei algumas palavras inúteis. Eu não conseguia dizer nada. 

Enfim vi minha salvação: Uma luz verde brilhou um pouco atrás do Anatoly. Minha visão estava fraca mas pude ver um rosto familiar. Era o Shebbaya! Sim! Minha salvação! Finalmente eu poderia me livrar daquela dor.

O Shebbaya, pelo que constatei, pegou a katana do Samurai desmaiado e colocou nas costas do Gartinnie.

— Solta ele! Se vai brigar, brigue comigo! -- Ele dizia enfurecido. 

O russo - Gartinnie - retirou aquela rocha pontuda de minha barriga com uma rapidez que me fez gritar de dor. Eu sempre achei que algum dia aconteceria algo extremamente ruim mas isso foi pior! Uma maré de azar havia caído em cima de mim! O homem que me torturava me jogou de lado. Pelo menos eu não caí do prédio. 

Foi aí que vi que uma luta terrível havia começado.