sete

(a verdade?)

Nathaniel recorda de cada espaço do apartamento velho e mofado. Ele inclina o nariz — um sinal nítido de superioridade. Não senta no sofá. Apenas encara o ruivo, que está sentado em uma poltrona nojenta.

— O que faz aqui, Nathaniel? Bem, você me dispensou não tem nem... Acho que trinta minutos. — Castiel diz e um sorriso sarcástico surge (mas agora não é só sarcástico, parece melancólico também).

Nathaniel engole o seco.

— Nós precisamos conversar.

— Ah, porra, sério? É o que estou tentando dizer desde que você simplesmente terminou comigo.

O ruivo então levanta da poltrona, inquieta. Ele não se aproxima de Nathaniel.

— O Dakota não quis entregar você. Não sei se o Dake só está sendo um cara legal ou se... ele sabe sobre nós. Eu acho que todos eles sabem, afinal — Nathaniel diz de uma vez só. É mais fácil assim. — Meio que eu sempre soube. Isso entre nós nunca vai funcionar. Somos diferentes demais, e você sabe disso tanto quanto eu, Castiel.

Num lapso de insanidade, Castiel desiste de ficar longe. Ele anda até o loiro e os olhos se encontram. É inevitável. Castiel respira o perfume doce do loiro. Um perfume importado. Castiel sente vontade de tocá-lo. No meio da bagunça e escuridão do seu apartamento, Nathaniel é como um anjo.

Ele tenta não se mover. Está perto demais.

— O que o Dakota te contou? — Castiel pergunta.

Por outro lado, Nathaniel também não consegue tirar os olhos dele. Se Nathaniel é como um anjo, Castiel é como o pecado. Tudo nele é convidativo, mas parece errado.

Ele o encara. Castiel é lindo, em absoluto.

— A verdade. — Nathaniel sussurra.

Um silêncio estranho paira entre eles. Castiel não se move. Nathaniel também não. Os dois se encaram — o anjo e o pecado.

— Qual verdade, anjo? — Castiel parece realmente confuso, e Nathaniel estremece quando escuta o apelido que só ele, só ele, pode chamar.

Ou podia.

— Você e o Dake.

Nathaniel está tentando facilitar a conversa. Quer que ela seja simples e objetiva, mas sabe que nada nunca será simples e objetivo com Castiel.

E sem ponderar, o ruivo responde:

— Eu não posso contar. Você não me perdoaria.

E Castiel até tentar explicar, mas antes disso, Nathaniel o deixa.

O apartamento sujo e mofado agora parece abandonado.