Balto IV: O Retorno da Lenda escrita por 2la1n


Capítulo 8
Ato VIII




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Não tinha como fugir ou evitar, os hábitos dos lobos estavam a pisca zeras ou sendo equivocadas por uma única palavra. Assim como o ambiente que controlava as decisões dos vários animais, mudando em vários aspectos, tudo ia mudar e ninguém sabe qual será o resultado no final, mas alguns tinham idéia de que ele iria favorecer apenas aqueles que foram selecionados. Niju sabia das mudanças, mas não pôde encará-las e agora treme diante da verdade de que, não importa o lugar que vá, a mudança irá persegui-lo até finalmente alcança-lo.
Durante a noite, enquanto dormiam, Niju permaneceu em vigília em um canto bem sutil da floresta, nas sombras, observando Balto e Aleu dormindo juntos de sua família. Niju os observava da mesma forma que Steele, no extremo oposto do grupo, também em vigília, mas à mostra para qualquer um de fora que o visse, pudesse ter certeza de que estavam em segurança. 

Niju manteve uma postura fria para eles, principalmente Aleu. Nava se posicionou ao lado dele, vindo de trás. Niju se manteve, e não disse nada.

Nava: Como pôde manter um passo igual ao nosso, em silêncio, sabendo de tudo que estava por vir-

Perguntou ele, mas antes que terminasse, Niju se virou e o interrompeu.

Niju: Não me vem com suas lições de moral, Nava!

Nava não virou o rosto.

Niju: Eu não queria estar aqui e fazendo isso, tão mais do que você.

Respondeu com extrema rispidez, autoridade e certa ruindade. Niju olhou para ele.

Niju: Essas mudanças iam me alcançar, mais cedo ou mais tarde. A única que sabe como sobreviver a isso é a Grande Loba.

Ele abaixou o tom e esclareceu seu lado. Nava não disse nada e ergueu a cabeça, para as estrelas, Niju se virou de costas e andou um pouco.

Nava: Você tem medo.

Niju parou diante do apontamento claro e calmo de seu antigo e único amigo.

Nava: Sempre teve medo de mudar.

Disse com pesar e lamento. Nava abaixou a cabeça e encarou a neve.

Nava: Talvez...

Encarou chateado a neve. Niju se virou para ele.

Niju: O que? Está percebendo que eu não fui feito para mudar?

Ele se virou e perguntou tentando irritá-lo.

Niju: Percebeu finalmente o erro que cometeu apostando que eu tenho que aceitar isso!?

Ele pisou forte e perguntou bem ríspido à Nava. Nava ficou levemente irritado.

Nava: Não.

Respondeu de volta irritado e olhou para ele, se sentindo desafiado.

Nava: Você sempre teve a sua força de vontade voltada para si mesmo!

Ele brigou.

Nava: Seu medo é o combustível da sua raiva e da sua arrogância, e também do seu ego. Como achou que podia ser alfa, sem sacrificar suas forças e fraquezas em prol da alcatéia?

Julgou Niju.

Niju: Sacrifício... é fraqueza. Medo... em um alfa, é fraqueza. Aceitar tudo de mão beijada em momentos de crise... é fraqueza.

Falou ele se aproximando de Nava, lançando um olhar arisco e exibindo os dentes, finalizando com um rosnado.

Nava: Devia prestar atenção no que fala...

Diminuiu o tom, voltando a ficar calmo.

Nava: Acaba de dizer que aceitar essa missão como um problema de todos é uma fraqueza. Então sobrevivência é fraqueza?

Ele ergueu uma sombrancelha para Niju, e se manteve sério. Niju arregalou os olhos, percebendo o que disse e voltou a ficar irritado.

Niju: É por isso que quando um alfa assim assume o comando, ele deve fazer os demais perceberem que tudo pode ser a favor dos mais fortes! Sem comida, nós caçamos. Sem caça, roubamos dos outros. Somente sobrevive quem consegue lutar!

Ele se irritou mais ainda e lançou estas palavras com uma arrogância que abalaram um pouco o coração de Nava. Balto e Aleu acabaram acordando de leve, com esta discussão.

Niju: Você...

Disse ele com nojo e desprezo.

Niju: ... interferiu nesse ciclo, deixou uma estrangeira FILHA DE UMA CADELA, literalmente, com um mestiço metido à herói, assumirem a liderança da alcateia e ainda deixou ela como alfa!

Ele se projetou na direção de Nava, sua paciência havia estourado o limite. Aleu caiu na frente dele e rosnou de uma forma que Niju parou em movimento e a encarou com ameaça. Balto ficou atrás de Niju em posição de ataque, o fazendo pensar um pouco e recuperar a paciência.

Kodi: O que está acontecendo?

Ele, Jenna e Steele se aproximaram por trás de Nava.

Steele: Oh, creio que a briga não estava muito equilibrada entre um jovem e saudável lobo para um idoso.

Lançou ele, indignado.

Jenna: O que houve? Balto?

Balto não disse muito, permaneceu encarando Niju.

Steele: Eu ouvi a conversa toda...

Baixou ele o cenho, entediado.

Aleu: Oh, e ele ia tentar mesmo.

Disse ela em um tom provocativo ao encarar Niju.

Niju: Ora. Rapazes. Meninas. Só estávamos tendo uma conversinha.

Ele sorriu forçadamente, tentando acalmar os ânimos deles com sagacidade. Balto olhou para Jenna.

Balto: Quando você trouxe o Steele, eu tive as minhas dúvidas. Agora, confiar no cara que te abandonou...

Ele falou com Nava.

Nava: Cada um de nós foi unido com um propósito, como já havia sido dito. Não há espaço para diferenças e julgamento nesta jornada.

Afirmou ele com todas as letras para todo mundo.

Steele: Isso mesmo...

Ele sacodiu a cabeça para Balto.

Steele: E você nem sequer quis saber o que aconteceu comigo nestes anos todos. Você já julgou de primeira, aposto.

Desdenhou ele de Balto.

Balto: Escuta aqui, eu-

Boris: SILÊNCIO, QUE EU QUERO DORMIR!

Gritou ele do centro do campo em que estavam, assustando todo mundo.

Jenna: Acho melhor deixarmos as diferenças para de manhã.

Kodi: Ainda falta muito, Niku?

Niju: É Niju. E sim, falta.

Kodi: Então vamos todos descansar.

Afirmou. Ele e Jenna retornaram para o centro do campo. Balto, Aleu e Nava foram com eles, deixando Steele e Niju a sós.

Steele: Hora de trocarmos de turno.

Alertou Niju.

Niju: Ata. Eu já sabia.

Ele revirou os olhos com desprezo e foi para o outro lado.
Enquanto voltavam, Jenna olhou para Niju chateada e retornou a descansar.



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Ao raiar do Sol pela manhã, Nava acordou com uma tremulação, algo o deixara inquieto, apesar de parecer apenas mais um dia de viagem para todos. Niju guiou eles por um caminho que levou para fora das florestas de pinheiros, subindo morros, colinas e por fim o caminho que viria a dar em uma montanha.

Niju: Esta montanha levará para muitas outras. O caminho daqui para frente será conturbado.

Afirmou para todos eles, assustando Muk e Luk.

Muk: Hmmm, legal.

Comemorou, batendo as patas e as esfregando enquanto olhava para a neve da montanha.

Miriam: Vamos andando, não queremos congelar no lugar.

Eles apertaram o passo, subindo um caminho de neve até dar com pequenas rochas e por fim um caminho pedregoso que ia se estreitando cada vez mais, conforme subiam a montanha. A ventania se transformou em uma neve e ventos frios e leves, capazes de esfriar bastante aqueles não acostumados com o clima.

Kodi: Uuuh, tá realmente bem frio aqui!

Ressaltou.

Jenna: Acho que uma hora vamos acabar virando picolé de husky.

Ela brincou com Kodi, este que riu de volta.

Niju: Ora, quem mandou sair de perto da lareira?

Perguntou em um tom nem um pouco sagaz, irritando Kodi.

Kodi: Eh, não liga mãe, ele parece ser ranzinza até por dentro.

Eles seguiram por mais meia hora na ventania, até Niju não conseguir mais ver um palmo a sua frente de tanta neve, eles haviam chegado tão alto que uma nuvem cinza e escura tomara conta dos seus arredores. Niju fora pisando e sentindo o ambiente a sua volta, até que uma hora ele pisou e quase derrapou.

Niju: Esperem.

Todos pararam. Niju deu um passo para o lado e tentou sentir mais a frente, mas não havia nada. Eles chegaram na beira de um precipício.

Niju: Esperem, me deem só um segundo...

Disse ele, querendo manter o comando e as decisões sob ele. Nava se aproximou até o seu lado e viu a beirada. Ele soltou um uivo em meio a ventania.

Niju: O que está fazendo?

Nava: Vendo se há um outro lado.

Niju: Mas eu já disse que há várias montanhas aqui.

Ele reclamou. Até que todos ouviram uivos de resposta, vindos de pontos próximos e mais distantes. Nava arregalou os olhos, não contente com isso.

Niju: Isso foi um...

Ele não completou a frase.

Nava: Uivos de resposta. Há outras alcateias nas montanhas e sabem agora que estamos aqui.

Ele falou para os demais.

Niju: Ótimo, agora sabem que estamos graças a você.

Ele reclamou com Nava.

Mica: Bom trabalho, Nava. Agora sabemos que não estamos sozinhos.

Respondeu ela satisfeita com a revelação feita por ele.

Muk: Er, mas por que há outras alcateias por aqui?

Steele: Ouvi falar que alcateias estavam indo em direção às montanhas. Não disseram quais e por que, mas talvez estivessem à procura de alguma coisa.

Especulou ele.

Kodi: Hmmm, por que alcateias viriam tão longe para este tipo de ambiente?

Ele achou estranho lobos viajarem tanto somente para verem neve e rochas.

Aleu: Sim, lobos não tem esse hábito.

Suspeitou ela, pensando.

Niju: Alcatéias, no plural. Elas estão seguindo uma palavra.

Afirmou ele, sem qualquer sinal de dúvida, o que chamou atenção da maioria.

Niju: Quando os mais fortes procuram se diferenciar dos fracos em momento que falta comida, têm-se que levar em conta que a comida no local vai acabar. São necessárias pequenas viagens para outros locais.

Aleu: Ou mudanças, como migrações.

Niju: Eu não colocaria nestes termos.

Balto: Se eles têm um líder em comum, então como vão conseguir comida num lugar desses?

Kodi: É estranho e eles ainda estão aqui, deve ser aquele lobo para uma situação tão estranha quanto essa.

Boris: Se forem tomar uma decisão, que seja rápido! Eu estou congelando.

Disse ele encolhido em suas penas, se abraçando e tremendo. Stella o abraçou para aquecê-lo.

Boris: Ah, melhor...

Ele derreteu em suas asas. Niju pisou a frente com liderança para comandar.

Niju: Certo. Vamos nos separar em grupos e ir em direções diferentes, assim cobrimos mais área, prevenimos os perigos e passamos despercebidos.

Deu ele às ordens para todos. Todo mundo encarou ele com desprezo.

Niju: Eu não estou ordenando, eu estou sugerindo. Uma alcateia como essa não tem muita vantagem contra uma de lobos, sequer contra várias.

Afirmou o que acreditava fielmente.

Aleu: Acho que estão lhe faltando algumas lições de fé.

Zombou entediada.

Steele: Teremos que ter cautela e nos misturar. Se forem lobos do Terry, teremos que fazê-los pensar isso.

Disse para cada um deles.

Mica: Acho difícil tendo pares de cães, gansos e até ursos polares nesta alcateia, se é que assim posso chamar!

Exclamou ela com uma sagacidade mórbida.

Stella: Ora, eu não gostaria de fazer parte de uma alcateia de lobos, mesmo!

Respondeu indigna.

Boris: Teria que renunciar minha nacionalidade e espécie para tal.

Arfou estressado.

Miriam: Então assim faremos, mas vamos tentar conversar com eles e conseguir passagem livre entre as montanhas até os Picos Boreais.

Ela sorriu para Mica.

Mica: Isso, vamos precisar de alguns embaixadores da nossa alcateia para conversar com as demais.

Eles se entreolharam, não parecendo muito dispostos a tentarem arriscar algo assim.

Miriam: Oh. Isso é óbvio.

Ela chamou atenção deles.

Miriam: Todos menos ursos polares, gansos e cães!

Jenna, Steele e Stella resmungaram de leve.

Miriam: Eu posso ser representante de você-

Niju: Eu também posso representar a missão da Grande Loba Branca.

Ele afirmou pondo a pata afrente e erguendo o pescoço em soberania. Nava fechou os olhos com força.

Mica: Isso não está aberto a votação, “alfa”.

Niju: Claro que não. Sou eu quem lidero desde que vocês se perderam no Santuário de Alebo.

Tomou a frente, afirmando com convicção.

Mica: Na verdade, eu e minha irmã estávamos na liderança desde o princípio.

Ela se sentou, falando sem muita dificuldade ou frustração.

Miriam: Você é nosso guia, precisa ficar de resguardo.

Aconselhou ela.

Balto: Acho bom soarmos o mais convencíveis possível. Vai você, minha filha.

Ele confiou nela.

Aleu: Eu? Nunca tentei algo assim antes.

Ela olhou para Nava, este assentiu duvidoso com a sua liderança, mas concordou que eles precisam ser representados de acordo com as necessidades, os lobos irão procurar liderança, sinceridade e necessidade de confiança em abrir caminho para eles.

Nava: Irei com você. Talvez vejam respeito e sabedoria na companhia de um ancião.

Reforçou ele a confiança de Aleu.

Aleu: Por que você não vem, pai?

Preocupada, ela adoraria ter o máximo de conselhos.

Balto: Eu vou ficar ok, alguém tem que cuidar do Niju.

Ele brincou sendo bem sagaz com ela e a deu uma piscadela.

Niju: Eu estou ouvindo.

Rasgou ele o clima de piada com sua frieza. Miriam acelerou o passo de ambos e eles desceram a montanha para contatar a mais próxima e conseguir estas passagens. Neste momento, a ventania apertou mais. Andando em uma espécie de desfiladeiro entre as montanhas, o trio se viu sendo acompanhado por vultos enormes que por fim os cercaram na base do desfiladeiro, sendo vistos de baixo por eles.

Aleu: Olá?

Disse cordialmente, mas não houve resposta. Miriam viu uma figura se locomover até uma beirada.

?: O que querem!?

Perguntou uma figura masculina, sem gastar tempo ou cordialidade.

Aleu: Meu nome é Aleu. Eu sou alfa da sua montanha mais próxima e queria lhe pedir passagem segura para membros da minha alcateia pela sua montanha.

Assumiu ela a responsabilidade e explanou sua vontade para o aparente líder daquela alcateia de lobos. O próprio se lançou para baixo, um enorme lobo cinzento com manchas brancas ao longo de seu corpo. Miriam olhou com receio para ele.

?: “Sua montanha”? Então quer dizer que sou o alfa da sua montanha, também?

Perguntou ele com malícia e um sorriso malandro no rosto. Alguns dos lobos riram.

Aleu: Bem...

Ela se aproximou, procurando formar uma nova frase.

Aleu: Temos seu consentimento?

Perguntou rigidamente para ele. O lobo ergueu a cabeça e olhou para ela.

?: O que querem com isso?

Sentiu ela uma malandragem e muita esperteza vindo dele e de sua pergunta, de uma forma que parecia ameaça-la.

Aleu: Por que não? Não temos um objetivo em comum?

Perguntou ela chutando que estivessem ali a mandos de Terry. O lobo olhou para Nava e Miriam, julgando.

?: Em teoria, sim...

Falou, pensativo.

?: Mas quais são suas intenções?

Perguntou quase que dissecando suas vontades de manter em sigilo seu verdadeiro motivo. Nava olhou curioso para o lobo.

Aleu: Sim, nós temos outra intenção.

Afirmou ela, um pouco trêmula. O lobo se manteve firme e pareceu ficar maior, em uma postura mais conformada e confiante.

?: E qual seria?

Perguntou em voz rígida.

Miriam: Precisamos chegar aos Picos Boreais.

Lançou ela e manteve o focinho calado. O lobo olhou para Aleu com desdém.

?: Ela fala por você?

Aleu: Ela tem a função dela. Se não, não estaria comigo.

Respondeu rapidamente, deixando no ar que poderia ser esta ou qualquer outra função que Miriam desempenhava.

?: Hmmm, entendo.

Afirmou com convicção.

?: Picos Boreais? As suas ordens se extendem até lá? Até onde sei, todos estão em seus devidos lugares, pois Terry ordenou tal, mas somente à vocês?

Ele perguntou olhando para cada um deles de cima para baixo, parecendo invejar, em sua própria afirmação.

Miriam: Se sabe disso, então sabe que não podemos simplesmente vazar informações de afazeres para os demais.

Retrucou ela contra a “sessão de interrogatório” com o alfa, este que deu um passo para trás.

?: De fato. Vocês têm a minha permissão. Não posso dizer o mesmo das demais alcateias.

Manteve ele um tom calmo.

Aleu: Isso não é da sua conta.

Elevou ela sua linguagem a dele para soar mais convincente. O alfa elevou a sombrancelha para ela, mas em um pulo retornou a sua posição.

Niju: Tem razão! Isso é da minha conta!

Gritou ele ao longe, chamando atenção de cada lobo no pequeno desfiladeiro.

?: Quem seria você!?

Perguntou ele com soberania.

Niju: Meu nome é Niju e eu sou o alfa da alcateia que lhe pede permissão para atravessar o caminho entre as montanhas!

Afirmou ele de uma forma mais convincente e assertiva do que Aleu.

Nava: O que está fazendo!?

Niju: Clamando minha posição como seu líder!

Ele se aproximou correndo e parou perto da beirada.

Niju: Seja lá o que tenha dito, Aleu. Não pode tomar partido contra o alfa!

Aleu: Você só pode estar de brincadeira! A gente já fechou negócio!

Ela olhou para o alfa deles, frustrada.

Miriam: É, tô vendo que você e seu avô tem uma história antiquada com aquele perturbado ali.

Manteve-se calma frente a frustração ao dirigir estas palavras a Aleu e Nava sobre Niju.

Aleu: O quê...?

Nava: Ela não é minha neta.

Miriam revirou os olhos.

Miriam: Deixa pra lá.

Disse com desdém.

?: Chega!

Imperou ele sobre os demais.

?: Eu quero ouvir o que ele tem a dizer.

Ele se virou para Niju.

Niju: Vocês nos permitirão passagem pela sua montanha até os Picos Boreais.

Afirmou para o alfa.

?: Vejo que tem um porém nisso...

Deixou Niju conduzir a fala.

Niju: Se não, PASSAREMOS por cima de vocês!

Miriam se lançou contra Niju e o derrubou em um pinote, ficando em cima dele. O lobo tentou passar por cima, mas Miriam o manteve no chão e mordeu sua nuca.

Niju: Geeeh!

Ele lançou seu peso superior para o lado, a levando junto ao chão e se posicionou sobre ela, mordendo sua pata, pescoço e peito.

Miriam: Agh!

Ela uivou de dor. Aleu se lançou dando uma cabeçada em Niju, este caiu rolando e logo se ergueu, pronto para lutar até ver todos caídos ao seu redor. Aleu tentou ajudar Miriam a se levantar, mas Niju a abordou e lançou a mesma saraivada de golpes que deu em Miriam contra ela, a derrubando com força e forçando sua pata contra a sua garganta.

Niju: Um alfa de verdade tem uma voz e força de um líder!

Esmagou ela contra o chão com seu peso.

Aleu: GAAAAH!

Nava: Niju! Chega!

Niju: Você vê? Ela não consegue nem lutar, muito menos falar como um alfa.

Nava: Nós pomos nossa confiança em você com sua tarefa e como sempre, você falhou...

Apontou ele.

Niju: Vou provar para você a sua falha.

Ele ameaçou descer uma mordida no pescoço de Aleu, quando Balto interviu e se lançou contra ele de uma forma que richocheteasse e o lançasse para o lado.

Niju: Agh!

Balto levantou Aleu rapidamente.

Aleu: Pai...

Balto: Agora, não. Este aí não me escapa mais.

O alfa deles uivou para todos. Niju e Balto pararam de brigar.

?: “Pai”? Você, garota, tem a cabeça de um líder, mas outro com mais convicção e força afirmou ser o alfa também. Uma alcateia formada tem o seu alfa bem firmado em sua estrutura. Vocês não são uma alcateia. Quem são vocês!?

Lobos cercaram todos eles por trás e o alfa se misturou a uma multidão de 20 lobos se revelando nas pedras da montanha, que iam descendo devagar. Todos eles fizeram um círculo e se uniram.

Aleu: Sinto muito, papai. Achava que podia fazer isso.

Disse arrependida e decepcionada.

Balto: Aleu-

Boris: TIO BORIS AO RESGAAAAAAAAAAAAAAAAATE!

Mergulhou ele dos céus como um torpedo, caindo no rosto de um dos lobos. Stella mergulhou e bateu suas asas no rosto de vários em uma reta. Bola brancas desceram rolando pela montanha, que logo revelaram ser Muk e Luk, atingindo os lobos como se fossem pinos

?: Acabem com essa farsa!

Ordenou eles atacarem Balto e os demais no centro. Surpreendidos, os lobos foram afastados por uma formação em triângulo composta por Mica, Kodi, Steele e Jenna, liderados por Mica, penetrando no cerco que fizeram aos demais e os afastando.

Balto: Corram, agora!

Ele correu com Miriam e Aleu pelo caminho criado pelos outros, dando uma volta ao redor dos lobos em luta. Nava tentou acompanhar Balto, mas foi cercado e derrubado.

Nava: Oh!

Niju rosnou contra um deles e atacou com fúria, derrubando um após o outro.

Niju: VENHAM! QUE EU TÔ PRONTO!

Gritou ele com gosto. Jenna desviou da maioria dos golpes da dupla que lutava contra, e em um pulo, ela tirou seu cachecol e o amarrou ao redor dos olhos de um deles e caiu em suas costas, como uma venda, o usando como escudo.

Jenna: Impinando lobos!

Ela uivou em comemoração, chamando atenção de Mica.

Mica: Você está de brincadeira.

Achou ela um absurdo uma cadela uivar como lobo e agachou de uma investida de três lobos, que se bateram acima dela. Mica correu entre eles como uma raposa, derrubando eles puxando suas caudas, descendo rasteiras e deslizando em direção às suas pernas.

Balto: Vamos logo passar por eles e seguir caminho.

Ele disse a Aleu e Miriam, apontando com a cabeça pela passagem entre as montanhas, o desfiladeiro. Aleu se virou para os demais e uivou em liderança, chamando atenção de Mica e Steele.

Steele: É agora ou nunca!

Disse a Jenna enquanto protegia a retaguarda dela. Boris fora mordido pelo lobo que atingiu e lançado por cima da cabeça de sua nora em uma velocidade absurda.

Boris: AAAAAH!

Luk pulou e o pegou no ar. Boris estava tonto demais para sequer dizer uma palavra.

Muk: É, achei que ele diria alguma coisa.

Stella desceu novamente em um rasante.

Niju: Continuem lutando!

Ordenou aos demais, até ser derrubado.

Niju: AAAARGH!

Steele correu entre todos eles, puxando Jenna, Mica, Kodi, Stella, Muk e Luk com ele para fora do círculo da briga. Nava estava sendo derrubando constantemente pelo seu adversário.

??: Não devia fazer parte dessas baladas, velho.

Zombou seu agressor. Niju fora cercado e atingido de todas as direções.

Niju: AAAAGH!

Balto correu a frente com Miriam, abrindo espaço para os demais seguirem em uma fila indiana pelo desfiladeiro. Aleu voltou correndo para salvar Nava e Niju. Aleu atingiu seu agressor e o prensou na neve.

Aleu: Nava, corre!

Um vento bateu no campo de visão de Aleu e Nava havia sumido com ela. Aleu deu um pulo em cima do lobo para outro, pulando entre eles para distraí-los de Niju.

Aleu: Niju, você não dá conta. Se junte aos outros!

Exclamou ela.

Niju: E fugir dessa chance!?

Ele mordeu um lobo, o fazendo ganir como um cão. Ele viu uma brecha para fugir, mas pegou um lobo e o lançou naquela direção.

Niju: Eu não vou a lugar algum!

Rosnou para Aleu.

Aleu: Anda logo!

Um lobo pegou Niju e o ergueu com tudo, o lançando para fora do círculo.

Niju: AH...

Aleu: É, isso serve.

Ela pulou ao lado dele e o levantou com uma cabeçada, correndo com ele atrás dos demais e seguidos por 20 lobos.

Niju: A gente devia lutar.

Aleu o empurrou novamente.

Aleu: Hoje não!

O caminho a frente fora ficando cada vez menor conforme seguiam o desfiladeiro. Balto logo se viu por um caminho de pedra acima de um abismo, como uma ponte que conectava às demais montanhas, esta que estava sombreada pela neve e uma neblina branca espessa.

Balto: Não se apressem!

O alfa dos lobos, correndo na margem da montanha, chegou até uma beirada extrema e soltou um uivo diferente, para as demais montanhas que os heróis seguiam.

?: Quero ver se virarem agora.

Balto e alguns atrás dele viram, completamente incrédulos e inequivocamente não-inaceitável ao ver grupos de mais ou menos 100 lobos descerem as montanhas ao seu redor, respondendo ao chamado de ajuda que o alfa deu ao resto das alcatéias. Eles estavam no epicentro do império que Terry estava montando para o Alasca como ele queria.

Miriam: Caramba, como é que vamos passar por isso!?

Gritou amedrontada.

Balto parou todo mundo na ponte e olhou para os 20 lobos atrás deles. Conforme a neblina se esvaía, um platô de rocha se revelou.

Balto: Vamos dar a volta.

Ele pulou em um dos penhascos, os demais seguiram. Luk negou isso.

Muk: Nós temos que pular!

Pularam os dois. Balto continuou liderando eles, correndo platô adentro. Um vento rápido de neve veio dentre as montanhas e desceu como uma rajada.

Steele: Balto?

Ele encarou, mas não sabia o que era. A rajada desceu e atingiu a rocha do platô, começando a rachar ela em várias partes.

Balto: Vamos, continuem!

Ele avançou tanto que uma pequena parte composta por Muk, Luk, Jenna, Niju e Aleu ficou para trás. Balto e os outros reduziram um pouco, mas agora estavam sendo seguidos pelos 20 lobos e mais que começaram a tentar abordá-los.

Miriam: Balto, o que está acontecendo!?

Perguntou insegura. Ele parou e se virou.

Balto: Fiquem todos calmos!

Ele viu o chão rachando, pensando no que poderia fazer.

Balto: Kodi, alcança sua mãe e proteja eles. Steele...

Ele paralisou ao olhar para Steele e ter que confiar nele.

Steele: Sim?

Balto: Vamos abrir caminho.

Ele se lançou para frente com Mica e Miriam.

Steele: É pra já!

Ele correu atrás deles e Kodi retornou. Enquanto corriam, o platô desabou nas rachaduras e se dividiu em várias partes. Niju e Aleu pularam um precipício se abrindo em sua frente, Jenna acabou sendo isolada e Muk e Luk tiveram dificuldade de correr enquanto seu lado começava a cair. Rochas bateram com rochas, criando penhascos desolados. Balto e Steele acabaram isolados. Kodi caiu conforme as rochas caíam e se batiam.

Kodi: AAAAH!

Mica acabou caindo no abismo e Miriam ficou isolada dos demais. Mica caiu ao lado de Kodi em um penhasco muito abaixo dos outros, Kodi a puxou com uma mordida forte, a desviando de ser esmagada por rochas caindo.
Quando a poeira abaixou, todos estavam separados, em diferentes alturas e “penhascos” de rochas que formavam o antigo platô. Balto se dirigiu até a beirada da rocha e uivou.

Balto: Jenna! Kodi!

Chamou por eles preocupada, mas sem resposta. Ele se sentou e abaixou a cabeça.
Em um ponto mais abaixo, Jenna acordou soterrada por pedras, sentindo muita dor em todo o seu corpo. Muk e Luk estavam ao seu redor, desmaiados.

Jenna: Argh! Luk... alguém, acorda!

Ela tentou fazer força para sair, mas não conseguiu e sentiu apenas mais dor.

Jenna: AGH!

Ela se desesperou.

Jenna: Balto! Kodi!

Sua voz ecoou pelas rochas ao redor, mas nenhum sinal de vida.



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Steele se aproximou de Balto.

Steele: Balto, nós temos que descer lá, acho que encontrei uma forma...

Balto olhou para trás e se levantou.

Balto: Eu não devia ter aceitado a presença deles aqui...

Steele: O que quis dizer?

Balto: Eles não deviam ter vindo... olha só o que aconteceu.

Falou melancólico.

Balto: Eu não saia acompanhado por que o Alasca não era seguro para nenhum deles. E agora, até mesmo as cidades não estão mais seguras para eles, para a Jenna...

Ele inclinou a cabeça para o lado, triste por ter arrastado sua família para a situação.

Steele: Olha, Balto...

Ele se aproximou, mas Balto não parecia interessado em conversar sobre isso com aquele que o desprezava com todo ódio do mundo.

Steele: Sua família é forte de muitas formas. Posso concordar que está tudo mudando, mas será mesmo que a segurança seria não aceita-las de bom grado?

Ele se sentou na frente de Balto.

Steele: Eu vi aquele lobo, Niju... ele sofre por nada. Pode ser que ver todas essas mudanças acontecendo faça cada um deles perceber qual é o seu verdadeiro porto seguro, e o quanto amadureceram com essas mudanças.

Balto olhou para ele.

Balto: Assim como você amadureceu?

Ele permaneceu em silêncio por um tempo.

Balto: Como pôde passar por tantas frustrações em sua vida e aceitar tudo isso?

Ele perguntou, mas subentendido que não entendeu como alguém invejoso e desgarrado como Steele se tornou alguém humilde e nobre da vida que levava.

Steele: Eu percebi que estava errado... sobre você.

Foi um pouco difícil ele falar, sentindo ainda certo ego que sentira no passado.

Steele: Eu queria ter sido você.

Ambos olharam entre si e Balto inclinou a cabeça.

Steele: Se não fossem as mudanças, eu não teria percebido o quanto a sua posição não servia para mim.

Afirmou ele, procurando não parecer sentimental.

Balto: Acho que finalmente entendo.

Ele sorriu de leve. Steele se virou para ele, alerta.

Steele: Certo. Falamos mais tarde, temos que ir logo.

Manteve uma seriedade na voz.

Steele: Estamos sendo caçados.

Balto concordou e ambos desceram por um caminho de pedras até o fundo do abismo.



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Os ursos estavam desmaiados, machucados pelo deslizamento de terra. Jenna lutou para se soltar, até finalmente soltar uma pata. Um tremor de terra ocorre logo após ela tirar a pata, causando um pequeno soterramento há mais em suas costas.

Jenna: gr! Socorro!

Ela gritou. Luk acordou rapidaemtne com o grito dela.

Luk: Ora... mas que infortúnio...

Se viu ele de cabeça para baixo e tentou se levantar, quase conseguindo.

Luk: Hmmm, que encrenca.

Ele olhou para Muk.

Luk: Acorda, urso gordo!

Ele não acordava.

Jenna: Luk, não dá, é inútil. Eu já tentei.

Ela disse desagradavelmente alto, como se qualquer ato heroico ou esforço não valessem a pena.

Luk: Jenna, olha-

Jenna: Não, olha você! Nós tentamos fazer o nosso melhor como alguém que faz parte e entender o que está havendo, mas no final...

Ela levantou a voz e a diminuiu tristemente, mantendo uma expressão triste para baixo.

Luk: Mas do que é cê tá falando, mulher!?

Levantou uma sombrancelha, sem entender.

Luk: Você acha que o Balto queria que isso acontecesse com ele? A única coisa que o Balto fez no início, antes de vocês terem a Aleu, foi se responsabilizar por algo que outros não tinham a coragem de realizar!

Disse em alto e bom som para ela, indignado com ela desistir naquele momento crucial. Ela se manteve quieta.

Luk: Tio Boris me ensinou uma coisa, apesar de parecer que eu nunca presto atenção.

Encarou com desdém para cima.

Luk: Cada coisa que acontece, sempre tem alguém qualificado para o serviço, para resolver aquele problema. Quando nenhum dos cães-puxadores de Nome arriscaram meter o focinho na neve por medo ou receio, o Balto, o único com sangue de lobo nas veias, fez isso...

Explicou melhor, normalizando seu tom.

Luk: Não se tratou de um título ou fama que ele quis ganhar, se tratou da chance que ele teve de fazer o que queria, assim como também de se apoiar em suas forças.

Ela olhou para cima, sem entender ao certo.

Luk: Você que deu forças a ele para que ele continuasse lutando contra a correnteza da pressão social...

Ele sorriu de leve, Jenna o encarou como se lembrasse de algo que perdeu a muito tempo.

Luk: A família verdadeira dele é complicada? Sem sombra de dúvida. Ela continua puxando ele pelo pé, mesmo enterrada? Com certeza. Mas ele ainda tem a NOSSA família-

Jenna: E nada vai mudar quem ele é ou quem meus filhos são... e nem o que eles têm que fazer para consertar isso tudo.

Complementou ela, se encorajando.

Luk: Certo! Agora, vamos fazer isso juntos!

Encorajou ela ainda mais, ambos começaram a fazer força para sair dali.

Luk: Você não é uma loba!

Disse com muita dificuldade, fazendo força.

Luk: Tem que fazer isso do seu jeito!

Ele empurrou ainda mais, Jenna começou a ganhar mais confiança.

Jenna: Sim... eu sou uma Husky Siberiana. Vou fazer isso como tal.

Rosnou ela, empurrando as rochas para trás com tudo. Ambos deslizaram para fora dos pedregulhos, contudo mais rochas estavam caindo, na direção de Muk.

Luk: Não!

Jenna correu na direção dele, pulou em baixo de sua perna e o agarrou com seu corpo inteiro, o puxando com seu corpo para fora da armadilha de rochas a tempo delas caírem a um triz de esmaga-lo. Luk deu um suspiro de alivio e desmaiou.



—_____________________________________________________________________

Prestes a acordarem, Aleu estava tonta após a queda que tomara, todas as suas costas doíam, até a cauda. Quando ela olha para cima, percebe que estava sendo esmagada contra o chão rochoso, frio e pinicante as rochas por alguma superfície acinzentada e peluda.

Aleu: Hmm?

Ela chaqualhou a cabeça e se viu olhando diretamente nos olhos de Niju. Ambos deram um grito de surpresa e tentaram se afastar um de cima do outro, mas Niju se atrapalhou e se entrelaçou ainda mais nas pernas de Aleu.

Aleu: Ei!

Ela afastou ele com um chute com a perna traseira em seu peito, o afastando com força.

Niju: Argh!

Ele se desprendeu dela rapidinho. Aleu se ergueu rapidamente e ambos trocaram rosnados, antes de uma rocha cair e quebrar na frente deles. Ao perceber, eles estavam na beirada de um precipício, há poucos metros de uma grande queda.

Niju: Escalar...

Ele olhou para a parede ingrene do lado deles.

Aleu: Não dá.

Ela olhou para a parede de leve e depois ao redor.

Niju: Então olhe ao redor.

Disse ele, tentando provocar ela.

Niju: Não vejo nada além de uma metida a princesinha e todo o resto cercado por rochas. Estamos literalmente no fundo do poço.

Disse com um peso que atormentou Aleu.

Aleu: Você é muito positivo.

Ele não disse nada e começou a tentar escapar pela lateral, mas não havia como ele subir, não havia aonde se segurar ou pendurar.

Niju: Droga!

Aleu: Só tô esperando.

Ela se sentou, ele tentou várias vezes.

Niju: Você bem que podia ser útil, ao invés de ficar só olhando!

Falou como se mandasse ela fazer alguma coisa.

Aleu: Eu te empurro.

Ela se posicionou atrás dele e tentou empurra-lo, conforme ele realizava o movimento, mas não conseguiu por causa do peso.

Niju: Ora, vamos, o que há!?

Perguntou muito irritado, como se a culpasse por algo profundamente prejudicial.

Aleu: Estou tentando te ajudar, seu idiota! Qual o seu problema!? Ficar sentado aqui e esperar morrer!?

Finalmente se irritou.

Niju: Estou esperando alguém nessa alcateia se fazer útil para mim!

Ele se aproximou, a encurralando contra a parede.

Niju: Você e sua família tiraram tudo de mim! A minha dignidade, a minha honra, a minha posição no meu clã... eu nem sei por que ainda não caí fora disso.

Rosnou irritado.

Aleu: Nós nunca tiramos nada de você, Niju...

Disse calmamente.

Aleu: Não somos nós quem ditamos as regras ou como as coisas funcionam, talvez nem mesmo Aniu.

Niju: E por que as coisas não podem ser de outro jeito?

Aleu: Porque há consequências que afetam os outros mais do que outras. Já parou para pensar que talvez roubar a comida de todas as alcatéias recairia sobre a sua alcatéia com uma guerra? Já pensou em quantos perderia por isso?

Niju olhou para ela com os dentes a mostra, tentando responder, mas não parecia ter a resposta.

Niju: I-Isso é complicado.

Admitiu genuinamente.

Niju: Mas nada que os mais fortes e talentosos não fizessem para sobreviver.

Aleu: E por que não foi assim? Se você se dizia o mais forte, como foi que não conseguiu manter sua liderança por muito tempo?

Niju: Não faça joguinhos comigo, Aleu!

Aleu: PARA E PENSA!

Ela gritou para ele com todas as suas forças, quase chorando.

Aleu: Não há futuro na competição! Você tem esse seu...

Ela se aproximou dele, conforme ele se virava para ficar de costas para ela.

Aleu: ... medo que te consome, te irrita e você não confronta! Você deixa ele te dominar.

Niju: Eu estou no meu domínio! O controle sobre si mesmo é fundamental!

Retrucou.

Aleu: Você mesmo começou a lutar contra ele quando resolveu nos apontar as direções...

Niju: Uma oportunidade de me tornar seu alfa...

Ele a encarou.

Aleu: Ou talvez já esteja se cansando, pois sabe que fazer tudo do seu jeito não leva a lugar algum.

Niju: Eu sou quem eu sou, o que você tem haver com isso?

Criticou ele.

Aleu: Você... não aceita quem você é.

Falou com uma dúvida. Niju a encarou com ódio, mas não fez nada além disso.

Niju: Eu sou um líder.

Aleu: Não do seu medo. Talvez precise confiar em alguém para saber que não precisa ser tudo do seu jeito.

Ele não disse nada.

Niju: Argh...

Resmungou.

Niju: Se eu fizer isso, você para?

Aleu assentiu. Ela se posicionou da mesma maneira em que Niju estava e ele a empurrou para cima, ela subiu em uma parte acima e bateu sua cauda na parede, causando um pequeno deslizamento de terra que abriu espaço para Niju subir. Ela sorru para ele.

Aleu: Viu só?

Niju: Ainda tenho muito o que ver.

Ele subiu até ela.

Aleu: De fato.

 

 

Nos níveis mais inferiores do abismo, havia uma névoa erguida pela queda das rochas. Kodi se levantou, estremecendo pela dor da queda.

Kodi: Pai!

Chamou, mas sem sinal de qualquer direção. Ele percebeu que sua pata direita havia machucado. Mica estava próxima a ele, penalizada também pela queda daquela altura, cansada e imóvel. Ela olhou para ele indiferente e procurou uma saída, apesar da neblina forte.

Kodi: Ei!

Ele correu atrás dela. Ela o deu um perdido.

Kodi: Mica! Eu sei que está aí!

Chamou atenção.

Mica: Por que eu devo ouvir você, cão?

Perguntou seriamente, com crítica no tom de voz.

Kodi: Aí, estamos nessa juntos! Não tem motivo para fazer esse jogo!

Mica: Talvez tenha, vocês não têm a habilidade necessária para realizar esta missão. No que você pode ser útil?

Kodi: “Útil”? É sério? Eu sou mais do que um simples cão doméstico!

Rebateu ele, indignado com as críticas e julgamentos dela.

Mica: Vocês nunca terão as mesmas capacidades de um lobo, como que isso vai me trazer benefícios.

Kodi: Só pode ter ficado louca, estávamos cooperando e agora você definitivamente bateu a cabeça!

Respondeu irritado. Eles ouvem três uivos e três lobos de cor amarelada em seus olhos se revelam da névoa para o centro, indo até Kodiak e o cercando.

Kodi: Ei... oh, calminha...

???: Essa foi fácil!

Disse um deles. Houve um tremor maior e os três lobos resolveram fugir dali, rochas quebravam acima deles e batiam em precipícios de escombros e pequenas rachaduras.

Kodi: Eles sabem o caminho…

Ele e Mica seguiram atrás, com a última bem relutante e indo logo atrás dele. A dupla escalou atrás do trio de lobos, conforme mais tremores e pequenas pedrinhas caiam até o fundo, o que os chamava atenção sempre.  Agora no alto, cercado pelo desfiladeiro destruído, eles avistam os lobos subindo ainda mais por um caminho mais íngreme.

Mica: Hmmm…

Ela seguiu, mas Kodi a impediu.

Kodi: Muito íngreme.

Ele alertou ela, mas Mica pulou afrente dele e foi mesmo assim.

Mica: Sei como escalar.

Ela observou eles e repetiu os passos com maestria, contudo um tremer aconteceu e os 4 lobos paralisaram. Kodi observou ao seu redor e o próprio vento formou-se com a neve uma figura em forma de lobo, aonde brilhou amarelo na região dos olhos e um branco forte na região do pescoço.

Kodi: O quê?

Ele se afastou.

????: Você tem o sangue dela.

Uma voz fantasmagórica ecoou pelo ar, provinda da figura na neve. Kodi se afastou aos poucos e encarou com medo. Mica olhou para trás e testemunhou a cena.

Mica: Kodiak, saia daí!

Ela gritou após reconhecer. O vento ergueu pequenas pedras e aos poucos, pedregulhos começaram a voar e a gerar círculos em volta da pequena cratera. Os lobos continuaram a subir e Mica desceu correndo.

Mica: Não fica perto daí!

Kodi observou as rochas e desviou de alguns fluxos arremessados contra ele e com bastante dificuldade. Uma rocha acerta em sua perna.

Kodi: Ah!

Mica desceu finalmente, contudo um pedregulho maior estava indo em direção à Kodiak, quando então uma outra rocha colidiu com esta em pleno ar e ambas se partiram. Kodi viu no canto de olho um lobo cinza-claro se erguer do chão, como se fosse uma assombração. Quando notou era Nava.

Nava: Fiquem longe, crianças!

Ele alertou em seu tom estoico e pisou a frente. A figura havia deslocado a cabeça, mantendo sua forma estática. Ela se desfez e ficou de frente para Nava.

Nava: Vão embora!

????: Druída!

A figura gritou. Kodi se levantou e correu até Mica. Rochas foram disparadas contra Nava, contudo ele se concentrou e fechou os olhos, a rocha passou levemente acima de seu pelo, gerando uma pequena corrente de ar sobre ela e bateu com tudo na parede da cratera.

Nava: Você parece decidido.

Ele abriu os olhos e a encarou indiferente. A figura girou outras rochas e as atirou, Nava foi andando até ele devagar, vezes abaixando a cabeça ou pisando para o lado. Os demais se reuniram lá em cima com Kodi e Mica, aonde se reencontraram.

Kodi: O Nava está lá em baixo.

Ele alertou os demais. Aleu rapidamente pulou até a beirada, aonde ela viu a disputa.

Aleu: É ele! É o Terry!

Ela gritou e rosnou, ameaçando descer, mas Balto e Jenna a impediram.

Balto: Não, Aleu!

Ela pulou por cima deles e desceu deslizando.

Terry: Ora, ora… acho que encontramos o grupo inteiro, afinal.

Zombou um dos lobos que estava esgueirando e se revelou com outros 6. A família de Balto ficou para lutar.

Niju: Tô de fora dessa!

Ela desceu atrás de Aleu.

Boris: Esse daí não tem um parafuso a menos, tem uma máquina soviética inteira mal- IIIRP!

Um dos lobos avançou com a boca cheia de dentes aberta, para cima dos mais vulneráveis. Boris pulou no colo de Muk e o desbalanceou com seu peso. Muk pulou para o lado e desviou de uma dentada.
A figura rosnou um pouco para Nava, que se provara um desafio. Toda vez que algo era jogado contra ele, este fazia desviar ou esquivava com facilidade.

Nava: Estes costumes são muito antigos e antiquados para os lobos dessa época.

Ele bateu firme, conforme seus passos.

Terry: Não tema, novos virão destes.

Ele falou com paciência e parou. Nava cessou seus passos e ambos ficaram cara a cara. Aleu e Niju desceram e Aleu prestou atenção neles.

Aleu: Nava, o que está fazendo?

Ela perguntou consigo mesma.

Terry: Você é um druída. Está bem acostumado com a espiritualidade de agora. Mas e eles? Será que eles entendem e sentem tão profundamente quanto você?

Nava se virou para trás e viu ambos.

Nava: Aleu, se afaste!

Ele alertou com bastante medo. Um medo este que chamou a atenção da figura. Rochas se ergueram e o chão tremeu, rachando perto do casal.

Niju: Oh!

Ele paralisou.

Aleu: Nava!

Ela o chamou. Rochas de cima, perto da onde desceram, despencaram e rolaram. Nava se virou por completo e se lançou, correndo em desespero. Niju olhou para cima.

Niju: Caramba!

Ele gritou e Aleu percebeu a cilada em que se meteu. Nava pisou em uma das rachaduras e o chão cedeu sobre ela e Niju, os enviando para mais abaixo. As rochas bateram aonde estavam e lançaram uma chuva de detritos sobre Nava com o impacto.

Nava: AAAARGH!

A família havia botado os lobos para correr, mas pequenos estalos chamaram atenção de Balto. Quando ele se virou, viu uma nova fumaça que tinha turvado a visão deles.

Balto: Aleu!

Ele a chamou e desceu apressado, seguido por Jenna, Mica e Miriam. Aleu apareceu com Niju das cinzas assim que desceram.

Balto: Aleu, você está bem?

Aleu: Estou…

Ela disse entristecida.

Aleu: Mas, papai…

Ela olhou preocupada para trás, sabendo que algo maior havia sido mexido. Aleu se aproximou e Nava estava coberto por rochas, desmaiado e com a cabeça levemente torcida para o lado.

Balto: Uh!

Ele se assustou.

Aleu: Nava…

Ela se aproximou em um impulso, sabendo o que tinha que fazer nos minutos seguintes.


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Notas finais do capítulo

O uivo que Nava deu e sua resposta significaram que a montanha em que os personagens estavam “pertenciam” à eles como território proclamado, assim como as demais montanhas pertenciam uma para cada alcatéia.



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