2 anos depois... 

O Reino dos Contos de Fadas nunca esteve tão em paz... ou quase... 

Tendo sido definidos os representantes do reino, era de se esperar que fosse assim. 

Itachi, como o principal rei das Terras dos Contos de Fadas. 

Sasuke, o irmão do rei, como Conselheiro Real. 

A princesa Melody, filha de Ariel e do, agora, rei Erick, como representante do Povo do Mar. 

Shizune, a professora da Academia, como representante temporária do Povo das Fadas, até que sua filha, Matsuri, voltasse da dimensão mágica preparada para ser a nova representante, e definitiva, assim como a Fada Madrinha queria. 

Sakura, a filha de Malévola, como representante da Floresta Proibida. 

E... ninguém como representante do Oceano Profundo. 

A Fada Madrinha tinha, enfim, se aposentado. 

E com isso, os vilões resolveram atacar. 

Sakura havia conseguido prender alguns deles na Ilha dos Perdidos, mas dois deles ainda estavam à solta: o Doutor Facilier e Gothel. 

E agora, é onde iniciamos mais um capítulo dessa nossa história, com Sakura, a filha de Malévola e representante da Floresta Proibida, tendo que resolver, junto a princesa Melody, os problemas que surgiram no Oceano Profundo, a única região das Terras dos Contos de Fadas sem um único representante. 

E, ao que tudo indicava, era ali onde os vilões fugitivos se encontravam. 

E pelo que os informantes de Melody tinham conseguido, o príncipe Neji estava com eles, ainda sem controle do próprio corpo e mente, ele aparentemente tinha sido o único a herdar os poderes de Rapunzel e Gothel estava usando o príncipe. 

Aquilo preocupava Sakura, já que os poderes da Lua que o príncipe possuía poderiam ser bem perigosos. 

E bem naquele momento, Sakura corria atrás de uma das criaturas do Oceano Profundo, como ele conseguia andar em terra era um mistério para a jovem, mas tinha certeza de que os vilões estavam metidos naquilo, a magia que usavam era maligna. 

E como era rápida aquela coisa, seja lá o que aquilo fosse, era cheia de tentáculos que atacavam o chão conforme corria e deixava um rastro de destruição no caminho. 

Sakura viu quando a criatura pulou de um penhasco, direto para o Fundo do Mar e parou ofegante, só observando a forma se afundar na água. 

Tinha perdido. De novo. 

Até quando seria assim? 

Teria que retornar e comunicar a Melody. 

A princesa não ficaria nada feliz. 

O príncipe Utakata dos Liriums estava deitado num galho de uma árvore, quando chegou a clareira onde a árvore de sua mãe tinha sido plantada. Sakura tinha montado um pequeno acampamento por ali desde que saíra do palácio do reino de A Bela e a Fera. 

— Uau – ironizou o príncipe enquanto se acomodava melhor no galho alto da árvore. – Você está péssima – a saudou. 

— Diga algo que eu não sei – retrucou Sakura indo até uma mochila que continha algumas de suas coisas. 

Estava irritada, extremamente irritada e a presença do príncipe não apaziguava em nada a situação. 

Como já sabia, Melody não ficara feliz ao receber a notícia de que não havia conseguido capturar a criatura que invadira a Floresta Proibida. Pelo que ela lhe informou, a situação no mar não estava diferente, aliás, estava pior, pois as sereias não conseguiam se defender muito bem e nadar no Oceano Profundo era extremamente perigoso. 

Sakura manteve a postura que uma representante deveria ter ao perguntar: 

— Precisa de alguma coisa? 

Torcia para que não. 

— Eu não preciso de nada – respondeu ele. – Mas você parece estar precisando. A quanto tempo não dorme? – perguntou inquisitivo. 

Sakura deu de ombros. 

Tirava apenas cochilos espaçados antes de acordar dos pesadelos. 

— O rei anda perguntando por você – ele a comunicou. 

Aquilo fez Sakura parar onde estava e soltar um suspiro. 

Quando tudo tinha desandado tanto? 

Só conseguia pensar naquela manhã em que tudo mudou. 

Quando Sasuke a pediu em casamento e... ela negou. 

Agora ele estava de volta com Karin e por mais que não tivesse direito, afinal, ela tinha o recusado, aquilo a machucava. 

Não voltaria para o castelo do rei a menos que fosse uma situação de extrema urgência. 

Até lá, ficaria na Floresta Proibida. 

— Ele informou algo importante? – ela manteve o tom de voz tranquilo. 

— Você é representante, faz mais de um mês que não vai até lá – ele apontou – ou a qualquer lugar – acrescentou. – Você sequer foi ver sua amiga rainha? 

Não, Sakura não tinha ido até Ino, mas sabia que a amiga estava mandando mensagens pela Floresta, mensagens que Sakura não respondia. 

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“- Eu quero solicitar a todos um brinde – disse Sasuke erguendo um copo que provavelmente continha algum dos sucos que estavam disponíveis na mesa. 

Ele tinha estado misterioso desde a noite anterior. 

— Em pleno café-da-manhã? – Itachi perguntou um tanto surpreso. 

Sasuke se levantou de onde estava e tirou um anel do bolso, se ajoelhou diante de Sakura e pronunciou: 

— Sakura, meu amor, você aceita se casar comigo? 

Aquilo tinha sido um choque para ela. 

Casamento? 

— Não – ela respondeu se levantando. – Não! 

O choque no rosto dele tinha sido um reflexo do dela. 

Sakura olhou para todos ao redor da mesa: o antigo rei, a antiga rainha, Itachi e Izumi, todos os rostos petrificados em choque e... saiu correndo dali.” 

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Sakura acordou de supetão da árvore em que tinha se encostado e enxugou os olhos olhando ao redor. O sol estava se pondo. Tinha voltado para o mau hábito de dormir em horários irregulares. 

De novo o mesmo sonho. 

Às vezes se perguntava: Se pudesse voltar no passado teria respondido diferente? Mas sabia que a resposta era não.  

— Acordou? – uma voz familiar a assustou. 

— Juugo? – reconheceu o irmão. – Como você... 

— O príncipe me trouxe – apontou com a cabeça para trás, onde se encontrava Utakata, que por sua vez apenas deu de ombros.  

— Ele teria vindo de qualquer jeito – se defendeu o príncipe. 

Se Juugo caminhasse sozinho pela Floresta Proibida provavelmente ele se perderia, o lugar era muito vasto, sem contar os perigos que ele poderia encontrar pelo caminho e nem todas as criaturas eram amigáveis. 

Sakura queria ficar zangada com o príncipe dos Moors, mas só lançou um olhar de cansaço para ele. 

— Não pode se esconder aqui para sempre – disse Juugo, lhe entregando uma bacia com frutas. 

Sakura aceitou. 

Sempre tinha se dado bem com ele, mais até do que com Suigetsu. 

— Como vão as coisas na Academia? – ela perguntou se sentando no chão. 

— Bem – ele respondeu se sentando em frente a ela. Juugo tinha se tornado um dos assistentes de Kakashi nas aulas e ajudava os alunos recém-chegados da Ilha a se adaptarem e a ficarem na linha. 

Na gangue, ele sempre tinha sido o mais calmo e paciente dentre eles. 

— Você não precisa se preocupar com nada, nós é que estamos preocupados com você – disse Juugo. – Ino vai dar um baile essa noite e você precisa estar lá, se lembra? 

Sakura suspirou. 

Por mais que tivesse acontecido uma coroação e as terras reconhecessem Ino como rainha, alguns reinos ainda não aceitavam a ideia muito bem e isso prejudicava os negócios do reino de Ino. Sakura precisava estar nas reuniões e nos bailes para apoiar a amiga, principalmente porque naquele reino era onde a maioria das crianças e jovens que saíram da Ilha iriam morar. 

E no último mês, tinha falhado com a amiga. 

— Na verdade eu não lembrava – soltou outro suspiro. – Eu vou estar lá, pode avisá-la. 

— Na verdade minha missão é te acompanhar até lá eu mesmo – disse Juugo se levantando e observando ao redor. – Por que você não se limpa e se arruma antes de irmos? – ele apontou para ela. 

Sakura entendeu nas entrelinhas o que ele queria dizer: estava precisando de um banho. 

— Eu chego lá antes de você – ela apontou. 

— Sim, eu sei – ele deu de ombros –, mas eu preciso te atualizar sobre os últimos acontecimentos. 

Sakura não tinha certeza se queria saber dos últimos acontecimentos. 

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Sakura respirou fundo e entrou no salão do baile. Estava com um vestido verde escuro e os cabelos rosa estavam presos em um coque simples, deixando suas orelhas a mostra. 

Ino tinha sido esplêndida em conseguir arrumar o local, não só o salão, mas todo o castelo era como se fosse novo e vintage ao mesmo tempo. 

Os anões do reino de A Branca de Neve tinham ajudado muito para que aquele lugar acontecesse e muitos dos anões haviam decidido ficar para morar no reino de Ino. 

Os acordos entre os dois reinos eram os mais bem sucedidos e nem precisaram falar no assunto casamento. 

Sakura segurou a fisgada de dor que sentiu ao ver Sasuke e Karin juntos do outro lado do salão. A princesa tinha na mão o anel que Sasuke oferecera a Sakura.  

— Como vai minha irmãzinha favorita? – um braço se enlaçou na dela, a virando de costas para a cena que fazia seu coração doer.  

— Bem, Suigestu – Sakura respondeu o irmão. – Como é que você está?  

— Pensa que engana quem Sakura? – o garoto retrucou. – Tô na mesma merda que você. Ele usava um terno cinza bastante elegante e por mais que estivesse bonito, Sakura percebeu que o garoto possuía olheiras que refletiam as suas. 

— Vem – a puxou para longe. – O rei Itachi quer falar em privado com você e eu me ofereci para escoltá-la – saíram do salão em direção aos corredores com salas mais privativas. – Não se preocupe que o outro príncipe vai ficar ocupado para não atrapalhar a conversa. 

Quando chegaram em frente ao escritório de Ino, Suigetsu bateu na porta e a abriu.  

— Majestade – se curvou. 

— Por que eu sempre acho que você está me ironizando? – Itachi sorriu levemente. 

Sakura só se curvava para Itachi em público.  

— Eu não estou – Suigetsu negou. – Não dessa vez – ele devolveu o sorriso. – Vou deixá-los a sós. 

Quando o garoto de cabelos brancos se foi Itachi apontou para uma das cadeiras.  

— Sente-se – ele se dirigiu para a cadeira atrás da mesa que pertencia a Ino. – Devo admitir que a rainha dessas terras tem muito bom gosto – ele lançou um olhar ao redor. 

— Não foi para falar do bom gosto da rainha que me chamou aqui – apontou e acrescentou: – majestade.  

— Não, não foi – o rei suspirou. – As coisas tem andado estranhos desde... você sabe, o fatídico dia.  

— Não precisa falar mais, Sasuke me pediu, eu disse não, vida que segue – resumiu de maneira simples, sabendo que nada daquilo era simples.  

— Bem que eu queria que fosse tão simples como você diz, mas não é – Itachi suspirou. – Sasuke anda estranho, afastado, quase não se comunica com a gente e ele nunca foi assim. Ele te ama, ou amava – passou as mãos nos cabelos –, mas não se passou nem uma semana para ele voltar com a Karin e agora vive no reino dela? 

— Isso não é problema meu – Sakura respondeu, colocando uma mão em cima do peito, tentando afastar o desconforto que sentia.  

— É sim – Itachi usou o tom de rei. – Você é a representante da Floresta Proibida, é sua função zelar pelos cidadãos do reino.  

— Dentro dos limites da Floresta Proibida – se ele ia usar seu tom de rei, ela ia usar seu tom de representante.  

— Não enquanto a representante do Povo das Fadas está ausente. 

— Cadê a Shizune? – perguntou. Não tinha visto a fada no salão do baile. 

— Já faz alguns dias que ela foi para a Floresta do Povo das Fadas e ainda não retornou – Itachi respondeu. 

De repente um grande estrondo aconteceu e Sakura e Itachi se levantaram de seus assentos.  

— Fique aqui – disse Sakura saindo da sala.  

— Não vou ficar aqui – Itachi se negou. – Izumi ainda está no salão.  

— Você é o rei, não pode se colocar em risco – Sakura protestou.  

— Então me proteja – ele retrucou. 

Com um suspiro de aborrecimento Sakura o seguiu e quando chegaram ao salão estava tudo um caos. Muitos dos presentes tinham corrido ou se escondido. Suigetsu e Juugo faziam escudos com seus poderes para proteger as pessoas, mas Sakura sabia como era difícil proteger tantas pessoas ao mesmo tempo.  

O teto em que os anões haviam trabalhado com tanto afinco estava destruído e no alto estavam o Doutor Facilier, Gothel e... Neji? 

Sakura ia lançar seu poder nos três quando Doutor Facilier revidou.  

— Eu acho que não, filha da Malévola – disse Karin. Aquilo surpreendeu Sakura, mas nada a surpreendeu mais do quando ela pôs Sasuke em frente como se fosse um escudo, uma varinha na garganta dele. Sakura sentiu o poder maligno que emanava dela, o mesmo poder que o próprio Facilier mexia. – Vai querer arriscar a vida do seu príncipe? 

Mas que merda era aquela? 

— Majestade, como é bom vê-lo – o Doutor Facilier se regozijou e mostrou Izumi desacordada nos braços de Neji. Sakura ouviu Itachi ofegar ao seu lado – Nós temos alguns assuntos para tratar. 

Sakura segurou sua raiva. 

Como é que eles tinham conseguido entrar? Todo o palácio estava em volta de uma proteção feita pelas próprias fadas para que algo como aquilo não acontecesse. A não ser que alguém de dentro resolvesse abrir as portas para quem estivesse fora.  

— Por que está fazendo isso Karin? – Sakura a questionou.  

— Porque você roubou minha vida perfeita! – ela gritou.  

— Não pode perder algo que nunca teve – Suigetsu resmungou do outro lado. 

Karin se virou para ele e por um momento Sakura achou que o olhar dela vacilou. 

O que estava acontecendo ali? 

Suigetsu e Karin tinham alguma coisa?  

— Nós temos algumas exigências para devolvermos nossos reféns – disse Gothel. 

Sakura nunca tinha estado cara a cara com a vilã, mas percebeu como ela estava abatida, então aquela era Gothel? 

Olhou para Neji, percebendo o olhar oco no garoto. Será que ainda havia alguém ali dentro para salvar, ou era só um corpo se mexendo pelos poderes do Doutor Facilier?  

— Nós queremos o reino – disse Facilier.  

— E as outras duas filhas da Rapunzel – acrescentou Gothel. 

E como num passe de mágica desapareceram, levando consigo Neji, Izumi, Sasuke e Izumi. Como eles tinham feito aquilo? 

A menos... que estivessem usando os caminhos da terra que seu pai, Rumpelstistkin, tinha lhe ensinado a usar. Mas então como é que eles conseguiam ir até o Oceano Profundo? Sakura não conseguia usar os caminhos embaixo da água. 

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Alguns dias tinham se passado desde então, todas as buscas que puderam fazer não haviam obtido resultados. Estavam começando a ficar sem esperanças.  

Dentro de alguns dias os vilões voltariam e Itachi teria que se entregar, não tendo garantia de que sobreviveriam depois. 

Sakura era forte, por mais que nos últimos tempos não se sentisse assim, poderia derrotar os vilões, mas não queria arriscar a vida de Sasuke e nem a de Izumi. 

Melody dissera que o caminho para o Oceano Profundo era selvagem e ainda havia muitas criaturas que tinham sido modificadas pelos poderes de Doutor Facilier e Gothel. 

— Entre – disse Sakura ao ouvir as batidas na porta. 

Estava no castelo de Ino. 

Pela porta entrou Melody. 

— Eu andei pensando – disse a princesa, enlaçando um braço no seu. – Que talvez a filha de Úrsula pudesse ser a resposta para os nossos problemas. 

— A Konan? – Sakura disse surpresa. 

Então teve um estalo. 

Não sabia por que não tinha pensado naquilo antes. 

A Úrsula era uma criatura do Oceano Profundo, talvez Konan... pudesse se tornar a nova representante de lá. Mas a história entre as duas... era tão complicada. 

— Eu não sei se ela aceitaria – disse Sakura, com sinceridade. – A gente não se dá muito bem – e quando Melody arqueou uma das sobrancelhas, Sakura somente respondeu: – É... complicado. 

— Mas não vale a tentativa? – perguntou a princesa. – Eu vou com você. 

Sakura pensou por um instante. 

Mesmo que Konan dissesse não, ainda assim precisava da ajuda dela.  

E mesmo que precisasse implorar, e tinha certeza de que precisaria, era o que faria. 

— Vamos convencê-la a nos ajudar – disse Sakura. 

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