Sasuke estava sentado em uma das poltronas do escritório real. Ele olhava para o breu escuro pela janela, já estava de noite. Ele tinha uma xícara de chá nas mãos, xícara essa que havia esfriado já há algum tempo.

Seu pai e sua mãe tinham se mantido calados na escrivaninha enquanto liam as mensagens que haviam recebido.

Itachi estava em uma poltrona semelhante ao lado de Sasuke.

— As notícias não são boas – o rei avisou apertando o vinco de preocupação que tinha na testa, era um gesto que fazia quando estava cansado. Então ele começou a ler a carta que tinha em mãos:

Caros rei Fera e rainha Bela,

Lamento informar que o Reino de A Bela Adormecida não apoiará o príncipe Itachi como o próximo rei até que a filha de Malévola seja mandada de volta para a Ilha dos Perdidos, lugar esse, como bem sabemos, do qual ela nunca deveria ter saído.

Tendo sido avisado acerca de nossa posição perante essa situação, aconselho-os a fazer o mesmo com os outros três jovens para evitar futuros conflitos. Não deveria dizer isso, mas sei de antemão que outros reinos também não estão satisfeitos com tal imprevisto que acredito que possa ser resolvido o mais rápido possível.

Ademais, fica avisado que o nosso Reino não aceitará qualquer outra criança que provenha daquele lugar ao qual já foi citado nessa carta.

Apenas pensando no melhor para nossos reinos e o legado que deixaremos,

Rei Stefan

— Apenas pensando no melhor para nossos reinos – Itachi ironizou. – Que bobagem! Não passa de puro preconceito.

— O Reino de Gardênia também não poderá participar – disse a rainha Bela erguendo a carta que possuída em mãos. – A Família real, infelizmente, morreu em um incêndio que aconteceu anos atrás, o rei anterior já é um senhor de idade e não pode sequer levantar da cama e a próxima princesa da linha de sucessão ainda não foi declarada rainha, portanto não podem mandar sequer um representante para não interferir no protocolo real – e erguendo outra carta informou: – A rainha Ariel e o rei Erick também não poderão comparecer, eles informam que aconteceu alguma coisa no oceano profundo que demanda a atenção deles no momento, mas eles mandarão a princesa Melody para mostrar seu apoio.

— Mais alguma carta? – perguntou Itachi.

— Por enquanto não – disse a rainha, também demonstrando cansaço.

Itachi se levantou de sua poltrona e foi até sua mãe a abraçando.

— Me desculpe por todo esse transtorno mãe e a você também pai – Itachi tinha a face triste. – Eu fiz o que eu achava certo e não me arrependo.

— A briga que você está comprando é enorme – falou o pai.

— Mas necessária – interveio a mãe. – Vamos saber na coroação quem estará lá para te apoiar e quem não.

— Mesmo que estejam lá para a coroação, nada muda o fato de que eles podem decidir não o apoiar mais no futuro – avisou o rei.

— Eu vou saber lidar com isso caso essas situações ocorrem – Itachi disse com firmeza. – Vocês me criaram para isso: ser rei e servir meu povo, mesmo que a decisão seja difícil, então eu não posso voltar atrás com a minha palavra principalmente se é o que eu acredito.

Naquele momento Sasuke teve orgulho do irmão mais velho e viu que independente de coroa ou não ele já era um rei. Sasuke teve o sentimento que seus pais sentiam o mesmo.

Então ouviram uma batida leve na porta.

— Entre – disse a rainha se recompondo.

Era Izumi.

— Com licença – disse ela timidamente.

— Entre querida – a rainha a chamou e apontou para que ela se sentasse em uma poltrona ao lado dela. – Como se sente? – perguntou, o tom de voz suave.

— Bem – Izumi respondeu enquanto se sentava. – Obrigada – agradeceu a Itachi quando o mesmo lhe ofereceu uma xícara de chá. – Eu vim aqui porque preciso contar uma coisa – ela tomou fôlego antes de continuar: – Eu fiquei sabendo pela Fada Madrinha sobre os cookies que a Sakura fez, que ela contou para vocês. E eu não sei se o Itachi lhes disse, mas meu pai tinha o cookie que sumiu do quarto dela na Academia com ele e que ele queria que eu desse a Itachi – ela olhou nos olhos do namorado.

— Não – resmungou o rei, olhando sério para o filho mais velho. – Ele não nos contou isso.

Izumi olhou confusa para Itachi.

— Uma coisa de cada vez – Itachi se defendeu.

— Como é que vocês dois estão deixando de contar coisas importantes para nós dois, seus pais? – o rei se levantou bravo.

A rainha apertou a mão dele.

— Acho que o amor é a resposta – ela disse suavemente.

Tanto Itachi quando Sasuke ficaram corados com o comentário da mãe.

— Bom – Izumi continuou. – É que o meu pai não é o único envolvido nessa trama toda, o conselheiro real estava com ele – ela confessou a história toda. – Eles queriam roubar a coroa e o trono. O próprio conselheiro disse que caso tudo desse errado, pelo menos eu seria rainha.

— Isso é muito grave – informou o rei, abismado. – Você está acusando o conselheiro real de traição.

— Eu sei que é minha palavra contra a dele – disse Izumi apertando as mãos uma na outra. – Mas juro que é verdade.

— Eu acredito em você – disse Itachi puxando uma das mãos dela e beijando o torço.

— Você tem provas? – perguntou a rainha, também surpresa com a revelação.

Izumi fez que não com a cabeça.

— Eu não o vejo e nem ouço falar dele desde o julgamento – percebeu o rei.

— Isso ainda não respondeu como é que foi que o seu pai e o conselheiro real conseguiram pegar o cookie do quarto da Sakura e ainda assim não deixarem um rastro de magia sequer – disse Sasuke pela primeira vez desde que tinha entrado no cômodo. – Eles não têm magia.

— Eu acredito que o conselheiro tenha conexões mágicas e acho que deveriam olhar os registros, se ele estava mesmo planejando roubar a coroa... – Izumi deixou a voz minguar.

— A coroação já é amanhã – disse a rainha.

— Me desculpem por não ter vindo e contado antes – Izumi pediu, seu coração ainda em pedaços com tudo o que havia sofrido. – É que...

— Está tudo bem querida – a rainha a confortou. – O que você vivenciou não foi fácil.

— Me pergunto o quão rápido as notícias do que aconteceu com Sakura podem correr de um reino para outro – comentou Sasuke.

— A Fada Madrinha já cuidou para que parecesse um caso isolado de falta controle de magia – respondeu a rainha. – Não se preocupe quanto a isso filho.

— Vou falar com a Fada Madrinha – avisou o rei se levantando da poltrona em que estava e em seguida caminhando até a porta.

— Eu vou com você pai – disse Sasuke, também se levantando e indo atrás do rei.

— Não – negou o pai. – Você fica.

— Eu quero ver a Sakura – implorou ele.

— Sasuke – avisou o irmão. – A Fada Madrinha já disse que é para a gente deixar ela sozinha por um tempo.

— Eu não vou falar com ela, só quero vê-la pelo monitor.

O rei suspirou cansado e olhou para a rainha, ela acenou com a cabeça discretamente para ele.

— Vamos então – disse o rei por fim.

Foram andando em silêncio, alguns empregados estavam pelo caminho e faziam uma reverência quando os dois passavam. Ficaram em silêncio justamente para não falarem nada e inflamar os boatos e fofocas que já corriam pelo reino.

Quando chegaram as masmorras encontraram a Fada Madrinha lendo algum documento atrás da mesa que a sala de monitoramento tinha, ela estava sentada em um das cadeiras disponíveis no local.

A Fada lançou um olhar aborrecido para eles.

— Me digam que não é mais um problema – ela resmungou.

— Infelizmente – o rei puxou uma cadeira e se sentou contando tudo o que Izumi havia dito.

Sasuke ficou em pé mesmo e se aproximou do monitor achando a cela em que Sakura estava rapidamente. Ela estava deitada e tinha uma mão estirada para cima, com apenas um dos olhos verdes abertos e parecia contar números bem baixinho.

Ela também havia trocado de roupa pelo que ele pôde perceber, agora usava uma camiseta e uma calça, a conhecida jaqueta dela estava jogada em cima da barriga desajeitadamente e os coturnos dela estavam ao lado da cama.

Enquanto o pai contava tudo a Fada Madrinha e eles debatiam o assunto, Sakura não mudou de posição em nenhum momento, se ela não estivesse piscando, ele acharia que era apenas uma foto e não um vídeo que estava filmando aquele momento.

— Mais essa agora – reclamou a Fada Madrinha cansada. – Não vejo a hora de me aposentar.

— Fiquei sabendo que sua afilhada acordou, por falar nisso – falou o rei.

— Sim, mas ela não está aceitando a transformação muito bem – suspirou a Fada.

Sasuke viu aí sua oportunidade de questionar a Fada Madrinha.

— Ela sempre fica assim? – apontou para o monitor.

— Não – negou a Fada fazendo uma leve careta. – Às vezes ela levanta e fica andando em círculos.

— Eu não entendo o que você está esperando dela – Sasuke explanou suas dúvidas.

— E o que você está esperando dela? – retorquiu a Fada Madrinha.

Sasuke ficou calado diante disso.

— O que eu espero dela – disse a Fada Madrinha vendo que o príncipe não iria responder –, de Sakura, a filha de malévola, é que ela se arrependa pelos atos que ela cometeu não pelas consequências, mas que ela entenda que é errado e que não é assim que o mundo deve funcionar. E com grandes esperanças também espero que ela se torne a representante da Floresta Proibida.

— E sua magia? – perguntou o rei.

— Voltando aos poucos – respondeu a Fada. – Mas vai demorar até ser como antes. Contatei muitas fadas que virão para ajudar na proteção mágica do castelo, não se preocupem. Por isso vão dormir, amanhã é a coroação do príncipe Itachi e nada pode dar errado e vocês precisam manter a aparência, não se esqueçam.

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Sábado, dia da coroação...

Assim como premeditado, a coroação ocorreu ao pôr-do-sol de sábado. O reino de A Bela Adormecida foi o único que não havia mandado representante ou presente e isso foi percebido por todos. O reino de Gardênia, por mais que não pudesse mandar um representante, havia mandado um presente em felicitações. A princesa Melody esteve presente assim como dito pela carta que receberam no dia anterior.

Sasuke olhou para o alto, a direita da nave estavam Ino, Kiba e Shikamaru, e ao lado deles estavam Sai, Temari, Kankuro e Gaara. O príncipe mais novo sentia falta de Sakura, era para ela estar ali ao lado dele, ou pelo menos ao lado dos amigos.

A cerimônia já estava terminando.

Itachi havia se curvado para receber a coroa da mãe e o cetro do pai.

No momento em que o último raio de sol tocou a coroa na cabeça do príncipe e o cetro nas mãos dele, a Fada Madrinha usou sua varinha:

— Eu corôo Vossa Alteza a nova Vossa Majestade dos Reinos Unidos de Konoha, com a benção dos reinos e das criaturas mágicas.

— E eu prometo honrar e respeitar a benção que me é devotada e ser um bom rei para todos – disse Itachi.

Assim que a primeira estrela surgiu no céu os agora antigos rei e rainha aplaudiram seu filho mais velho, Sasuke acompanhou e logo os demais presentes também.

— O que Matsuri está tentando fazer? – Izumi falou ao lado de Sasuke.

Ele havia percebido a agitação da garota e a mãe dela logo atrás. Também não tinha certeza do que ela estava tentando fazer. Será que havia acontecido alguma coisa?

Então o impensável aconteceu quando as duas chegaram perto da Fada Madrinha. Matsuri tomou a varinha das mãos dela.

— Matsuri! – gritou a Fada Madrinha. – Não!

Mas era tarde demais. A garota já havia lançado um feitiço com a varinha em mãos, seja lá qual fosse ele.

Sasuke se aproximou dos pais instintivamente e um clarão se fez presente, junto a uma risada fria e maligna. Sasuke reconheceria a criatura em qualquer lugar: era Malévola.

— Quanto tempo Tsunade – saudou a vilã.

— Malévola – ofegou a Fada Madrinha erguendo as mãos para fazer magia, mas não foi rápida ou forte o suficiente.

Malévola tinha a varinha da Fada Madrinha em mãos e em questão de segundos tinha uma barreira mágica verde musgo em volta de todos os presentes para a coroação

— Você já foi mais forte Tsunade – Malévola debochou friamente.

— Sabia que você tinha feito alguma coisa entes que eu conseguisse te prender – ofegou a Fada Madrinha. Ela aparentava mais cansaço do que o normal.

— “Eu te amaldiçôo— recitou a vilã. Sasuke percebeu a Fada Madrinha se arrepiar ao seu lado. – Se ninguém antes conseguir me libertar, aquele que você mais ama um dia o fará.”

Matsuri estava desacordada aos pés da mãe naquele momento.

Malévola se virou de costas para eles e foi até uma janela conjurando um feitiço. Logo em seguida apareceram a Rainha Má, Cruella e Jafar.

— Obrigada – agradeceu a Rainha Má.

— Vingança! – gritou Jafar, um sorriso sádico no rosto.

— Não grite – reclamou Cruella, mas logo em seguida ela sorriu cruelmente.

— Merda – resmungou Shikamaru logo atrás de Sasuke.

Ino e Kiba estavam com os olhos arregalados em pavor.

— Cadê a minha filha? – Malévola perguntou, o tom de voz vazio.

Fez-se um silêncio absoluto quando a vilã falou. Sasuke chegou a sentir calafrios. Sakura não lhe lembrava nada a mãe, mesmo que a semelhança estivesse ali.

— Nas masmorras – foi Ino quem respondeu. Sasuke a achou corajosa.

— Eu vou buscá-la – disse a Rainha Má. – Ela tem algo meu e eu quero de volta – então ela se virou para a filha e avisou: – Quando eu voltar você e eu iremos conversar mocinha.

Ino não teve coragem de responder a mãe.

Sasuke observou a Rainha Má sair do salão e um tempo depois voltar com uma Sakura pálida. Ele a observou engolir a seco ao olhar para ele e os demais assustada.

O príncipe mais novo viu ela apertar as mãos de forma apreensiva quando encontrou a mãe antes de cumprimentá-la.

— Oi – ela disse pausadamente. – Mãe.

— Você falhou comigo – foi o que Malévola respondeu. – Igual ao seu pai – tudo aconteceu tão rápido que Sasuke não tinha certeza do que havia acontecido, mas quando Sakura levou a mão para a bochecha, que estava vermelha, ele teve certeza: Malévola havia dado um tapa no rosto da própria filha.

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