A vida de um otaku de antes da era da Internet escrita por Malk


Capítulo 11
Hentai


Notas iniciais do capítulo

Vocês não pediram, mas escrevi um capítulo sobre hentai assim mesmo.



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Vocês devem ter ficado se perguntando porque essa história é classificação treze anos quando poderia ser livre, e aqui está a resposta: hentai. Calma, não irei narrar aqui a primeira vez do Melc afinal, não é uma fic de terror. Falarei neste capítulo sobre animes hentai.

É consenso que o traço dos animes é mais sensual do que dos cartoons, mas Melc não chegou a perceber isso logo no seu primeiro contato até porque tem poucas mulheres em Cavaleiros do Zodíaco.

Todavia, certo dia quando estavam passando em frente à locadora do Bidê, Melc e seu primo Edil-son resolveram entrar e avistaram uma fita muito diferente onde havia uma garota de anime com os seios de fora e o título era “As ninfetas do zodíaco”.

— Caraca, desenho japonês de sacanagem – disse Edil-son.

— A gente tem que ver – completou Melc.

Hoje é muito fácil ver um hentai ou filme pornô qualquer, basta digitar o nome no Google, assistir em um site qualquer e depois ter suas senhas roubadas por um vírus. Mas naquela época era muito mais difícil, primeiro tinha que ser sócio de uma locadora, depois ter grana pra alugar e nem sempre os atendentes alugavam pornô pra moleques de doze anos. Com todas essas dificuldades, Melc voltou pra casa apenas imaginando como seria o tal desenho de sacanagem.

Edil-son, em outro momento, conseguiu alugar “As ninfetas do zodíaco”, mas acabou contando pro Melc que não era essa coisa toda. Não tinha nada a ver com Cavaleiros do Zodíaco, era só umas garotas com seios anormalmente gigantes em uma nave espacial.

Durante anos, o que Melc viu que era mais próximo de um hentai foram as transformações de Sailor Moon e uns peitinhos a mostra em Detonator Orgun (uma série de três OVAs exibida pela Manchete). Alguns anos depois foi lançada a revista Hentai, um mangá brasileiro com hentais de um capítulo só. Melc não chegou a comprar nenhum volume, mas leu alguns que seu amigo Leco comprava e até que eram bem legais, e a melhor parte é que não tinha censura.

Agora um causo interessante. Sabemos que houve um período em que a Band investiu pesado em animes, e um dia Melc viu anunciar que passaria um filme de anime chamado A lenda do demônio. Ele não sabia muito a respeito mas é claro que veria, essa era uma oportunidade rara que não poderia ser desperdiçada.

Um dia antes da exibição do filme, conversando na rua com seus amigos.

— Vai passar aquele anime pornô amanhã – disse Leco.

— Não é pornô não – insistiu Melc.

A lógica do nosso protagonista em insistir que não era desenho pornô era a seguinte: sim, a Band passava filmes eróticos no seu Cine Privê, mas isso era de madrugada e A lenda do demônio ia passar começar dez e meia da noite, muito cedo pra um conteúdo do tipo.

Em fim, chegou a hora do filme. Melc estava vendo TV na sala com sua mãe, ela foi dormir e ele trocou de canal, estava começando o anime e… carai, na primeira cena já tinha duas mulé se pegando! O garoto gostou a surpresa, agradeceu a Zeus por sua mãe ter ido dormir e prometeu nunca mais discutir com o Leco quando o assunto for hentai (aliás, Leco é a pessoa mais viciada em hentai que Melc já conheceu). Mas logo, a surpresa ficou beemmm desagradável.

A lenda do demônio era um hentai extremamente nojento. Tinha tentáculos, demônios com pênis do tamanho de prédios (literalmente) e que estupravam mulheres que depois explodiam, saindo larvas após a explosão. Uma das piores experiências em sua vida de otaku.

Agora vamos a uma coisa boa pra desintoxicar. Alguns anos mais tarde, Melc viu vendendo em uma banca de jornal um pacotão hentai onde vinha um VHS, duas revistas hentai e um CD ROM. Era um pouco caro, mas Melc pegou uma considerável parte do seu salário de estagiário e comprou o material, e certamente não se arrependeu. A melhor parte do pacote era o VHS, um filme que traduziram para As perversinhas do colégio, um hentai com uma estória sobre rivalidades entre colegiais, com boas cenas de sexo sem censura e nenhuma bizarrice. Melc viu o filme várias vezes, o que lhe rendeu uma tendinite, mas ele não reclamou.

Pouco mais de um ano depois, Melc passou a ter internet em casa. Ainda era a época da internet discada e era impossível ver ou baixar vídeos de anime ou qualquer outra coisa, mas dava pra ver imagens a vontade. E qual foi uma das primeiras imagens que Melc foi procurar? Hentai, logicamente.

Melc viu bastante coisa de bom gosto, muito hentai de Sailor Moon, Evangelion e muitas originais também, até que um dia teve uma ideia brilhante.

— Pokémon tem mulheres bonitas, tem a Jessie, a policial Jane, a enfermeira Joy… vou procurar hentai de pokémon.

Essa foi uma das piores ideias que o rapaz teve. Não tinha hentai da Jessy, nem da Jane nem da Joy, tinha muito, mas muuito hentai da Misty. E o pior: dela transando com os pokémons! Desenhistas de hentai, vocês são doentes?

A moral da história é: nunca procure hentai de pokémon. E se algum de vocês ficou curioso com A lenda do demônio, lembre-se de que a curiosidade matou o gato.


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo provavelmente será o último. Até lá



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