Faça um Desejo escrita por Lady Nymphetamine


Capítulo 6
Capítulo 6




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Não demorou para Regina receber alta do hospital, acompanhada de diversas recomendações do médico para um melhor cuidado do bebê. A morena esperou mais alguns dias em casa, até ter certeza que estava bem das dores de cabeça, quando marcou com Emma para irem juntas à casa de Zelena. Não era para ser um encontro agradável, pois pouco que envolvesse a ruiva poderia sê-lo, mas era uma obrigação que necessitava ser cumprida. Por este motivo, a Salvadora pegou a Rainha em casa com o seu fusca e dirigiu com ambas até a chácara localizada na periferia da cidade de Storybrook.

A porta da casa foi escancarada usando magia, ao que a morena foi a primeira a entrar.

— Regina! - Emma reclamou do gesto, mas a outra não parecia dar muita importância.

Do lado de dentro, a Bruxa Má do Oeste ia para a sala o mais rápido que sua grande barriga permitia, ao que se deparava, nada surpresa com a irmã:

— Ah, é você! - Parecia até decepcionada. - Achei que a veria mais cedo.

— O que você fez agora, Zelena? - A irmã era bastante direta.

— Do que está falando? - Se fazia de sonsa.

— Zelena - era a vez da loira se meter -, nós já sabemos. Você está mexendo com as memórias das pessoas na cidade. Pare! O que está havendo? O que espera esconder?

— Primeiro, eu não te devo nada, Salvadora - a ruiva era bastante rude. - Segundo, isto é um problema entre eu e minha irmãzinha aqui. Não sabia que ela precisava da cadela de estimação para conseguir as coisas.

A Rainha deu um passo a frente de forma agressiva, ao que Emma teve que segurá-la pelo braço para que não partisse para cima com agressividade. Isto fez a Bruxa Má rir:

— Ora, ora! Acho que eu me equivoquei sobre quem é a cadela de quem!

— Eu vou arrancar este sorriso de sua cara nem que seja na mão! - A morena gritou, tendo que ser puxada de novo.

— Regina! - A Salvadora lutava para trazê-la à razão. - Pense no bebê!

As palavras saíram mais rápido do que o pensamento, bem como os gestos. Imediatamente, ambas as irmãs levaram as mãos para o ventre. Não passou despercebido o ato reflexo, pois se encararam logo em seguida.

— Você?! - Zelena perguntou confusa. - Isto é impossível! - E parecia verdadeiramente surpresa.

— Ora, parece que isto não estava nos seus planos então - a Rainha sorriu com sua pequena vitória. - Você não é a única que vai dar um herdeiro de sangue a Cora.

Isto fez a ruiva torcer o lábio inferior de uma forma nitidamente incomodada, a irmã havia acertado o seu ponto fraco, o que a tornava perigosa. A Bruxa Má se recompôs e sorriu cruzando os braços:

— Acho que não podemos mais atacar uma a outra então.

— Não, mas Emma aqui ainda pode, então faça um favor a seu bebê e fale logo o que precisamos saber - Regina não se importava com maneiras ao interrogar.

A situação não estava exatamente favorável para Zelena, que foi se sentar confortavelmente em um sofá antes de começar a falar de uma maneira um tanto cínica:

— Então quer saber se a falta de memória das pessoas da cidade está relacionada à sua? Não acha que isso é um pouco de egocentrismo achar que tudo gira ao seu redor?

— Quando se trata de você, sei que não mede esforços para acabar com a vida de todo mundo se isso for destruir a minha - a Rainha respondeu indicando a barriga da irmã.

— Justo - a outra reconheceu.

— Zelena, pare com o que quer que esteja fazendo - Emma pediu de uma forma mais educada. - Você já teve o que queria, teve a sua parte do acordo cumprido.

Não parecia ser o seu desejo obedecer, mas Zelena colocava uma mão na barriga ao sentir o bebê chutar e isso a fazia refletir.

— Certo, certo. Vou parar com o feitiço - acabou cedendo.

— E vai devolver as memórias? - A Salvadora quis ter certeza.

Um  sorriso cruel se formou nos lábios da ruiva, algo semelhante a um desafio:

— Será que minha irmã vai querer isso? Vai querer que saibam?

— Saibam o que? - Regina perguntou entredentes.

— Ora, o pai de seu filho está por aí.

A Bruxa Má lançou a informação como quem fala sobre o clima, deixando a Rainha quase sem ar. Mas Emma estava ali e ela percebeu, ao que seus dedos afrouxaram no braço da morena, mas depois deslizaram para o pulso e deram um aperto leve, lembrando-a de que não estava sozinha.

— O que… - A voz de Regina falhava, uma nota de desespero vibrando. - O que você fez comigo?!

— Como se eu fosse te dizer - Zelena insistia em sua birra, provocando ao máximo a irmã.

Aquilo era o suficiente para a Salvadora entender que o encontro já havia dado todos os frutos que poderia dar, fossem bons ou ruins. Desta forma, conduziu a Rainha para fora da casa, mas ainda voltou mais uma vez apenas para dar um aviso bastante sério à ruiva:

— Chegue perto de Regina de novo e é comigo que você vai se ver.

Dado o seu recado, Emma levou a morena de volta para a mansão número cento e oito. A Rainha foi muito quieta durante todo o trajeto, parecia uma bomba-relógio pronta para explodir a qualquer instante, os olhos grandes e aquosos, voltados para a janela. Quando chegaram, a morena abriu a porta e seguiu sozinha, sem reparar que a Salvadora ficava para trás e chegava pouco depois com uma sacola. A loira encontrou a outra na sala, sentada no sofá e parecendo desolada.

— Eu já imaginava que não fosse ser algo agradável, então eu passei antes na Granny's e trouxe almoço - disse Emma colocando a sacola sobre a mesinha de centro.

— Isso explica o cheiro de comida no carro - Regina tentava rir.

— Não, aquele é o cheiro natural do fusca - era a vez da outra fazer graça. - E trouxe também isso daqui, talvez te anime.

E tirava de dentro da sacola não só as quentinhas como também algumas revistas. A Rainha pegou os exemplares e começou a olhar as capas. Eram todas revistas sobre bebês, gestação, crianças e assuntos correlatos. Olhou então para a Salvadora, que disse:

— Eu não tinha muito o que fazer na prisão, então eu lia. Li várias revistas assim na época de Henry, ajuda a se preparar para tudo que está por acontecer e que já está acontecendo, sabe?

— Obrigada.

Regina agradeceu de uma forma seca, folheando uma das revistas, mas sem realmente ler. Havia outro assunto em sua mente, pulsando como um vulcão prestes a explodir, até que não aguentou mais e deixou escapar:

— Existe um pai.

Emma ficou tensa. Também estava pensando no mesmo assunto e, mais ainda, em como a morena devia estar se sentindo com esta informação. Pior de tudo, era refletir sobre as implicações futuras, bem como as passadas. Realmente seria melhor se determinadas memórias jamais fossem recuperadas.

— Sim - finalmente a loira respondeu, a voz bastante confiante. - E isso não te torna menos mãe.

— Você sabe - ela começou, mas parou, sem coragem para continuar.

— Eu sei - confirmou. - É passado e eu estou com você para o que precisar.

Havia alívio e algum conforto. Palavras não precisavam ser ditas para serem expressadas, o que também era muito bom neste caso. Bastava que houvesse compreensão, apoio e talvez tudo seria superado em algum momento. Regina sabia que não seria algo fácil ceder à Zelena um dia de sua vida e sabia que a irmã faria tudo que estivesse ao seu alcance para feri-la, apenas não imaginava que fosse fazer algo tão vil. Ainda assim, deveria estar pronta para o pior. 

— Zelena errou nos cálculos - Emma pontuou voltando da cozinha com talheres e pratos, servindo a mesa para a refeição. - Ela achou que iria te destruir, que você iria estar sozinha, mas ela não contou com a família - e aí já incluía a si própria.

Tais constatações provocaram um sorriso genuíno nos lábios da Rainha. As duas se dirigiram para a sala de jantar quando a campainha tocou, ao que a Salvadora foi abrir a porta. Mary Margaret estava lá com alguns livros em mãos.

— Eu fui até a prefeitura, mas disseram que Regina estaria em casa - a Princesa se explicou. - Eu precisava entregar os relatórios da escola.

— Ah, entre, estávamos indo almoçar - a filha respondeu.

Mary então foi entrando na casa e seguindo para a sala de estar. Colocou os documentos que trazia consigo sobre a mesa de centro, quando notou as revistas de bebês. Pegou uma delas, checou a data de publicação, e foi então para a sala de jantar com uma expressão confusa:

— Emma… Você está… Você e Hook? - A suspeita imediata era da loira.

— Não, não! - Foi rápida em seu defender, antes que a situação ficasse pior para o seu lado. - Não mesmo, graças a Deus! - Era a última coisa que queria tão cedo.

— Então quem? - E os olhos da Princesa iam para a madrasta, que imediatamente cruzava os braços com uma expressão incomodada.

— Eu - Regina não negaria algo que era verdade e, cedo ou tarde, começaria a dar sinais.

A confusão se tornou pura alegria no rosto de Mary Margaret, que, antes de fazer qualquer pergunta, foi primeiro abraçar a outra morena de uma forma apertada e calorosa.

— Parabéns! - Disse feliz, se afastando já para pegar na barriga. - Oh, estou tão feliz por você! É de Robin? Vocês voltaram?

Neste instante, Rainha e Salvadora trocaram olhares apreensivos. Talvez fosse melhor contar  logo de uma vez, até porque poderiam precisar da ajuda da outra no futuro. Emma estendeu a mão para Regina, deixando claro que era uma escolha dela, mas esta ainda não parecia suficientemente confortável, pois deu as costas para se sentar à mesa e fazer o que fazia de melhor quando estava chateada: se ocupar com serviço doméstico. Sendo assim, foi servir almoço para si e para as outras duas, sem nem se dar o trabalho de perguntar antes. Todas acomodadas, a feiticeira sequer levantava os olhos enquanto a loira contava de uma forma suave o que sabiam até então. Mary escutava quieta, sem fazer qualquer comentário que pudesse ser interpretado como indelicado, pois, por mais que olhasse diretamente para a filha, sua atenção estava nas reações da madrasta. Quando a narrativa acabou, os pratos já haviam sido encerrados e os talheres repousavam lado a lado no centro.

— Bem, o que pretende fazer agora? - A Princesa perguntou de uma forma delicada, mas dando a devida seriedade à situação. - Você vai manter o bebê? Quer dizer, a escolha é inteiramente sua, é o seu corpo.

— Não vou mentir e dizer que não pensei em fazer um aborto - a Rainha foi tão direta quanto a pergunta. - Mas eu refleti e Emma também me fez pensar bastante. Eu vou manter. Ele é meu bebê e eu o quero. Além disso, eu não vou estar sozinha - e lançou um olhar rápido para a loira, que sorriu em resposta.

A resposta deixava Mary aliviada, de certa forma, mas não expressaria tal reação. Em vez disso, passou para a segunda parte da situação:

— E pretende encontrar o pai?

— Eu ia sugerir um mutirão de DNA - a Salvadora falou. - Eu não sei como funciona o nosso laboratório da cidade, mas acho que todos os homens que se queixaram das dores de cabeça devem ter ido ao médico. Whale deve ter recolhido amostras de sangue, podemos partir daí.

— Eu não vou cutucar meu bebê com uma agulha antes mesmo dele nascer! - Regina já parecia muito decidida quanto a isso. - Muito menos perfurar o meu útero.

— E se não precisasse perfurar nada? - A Princesa parecia ter tido uma ideia. - Quer dizer, foi um dia específico, certo? Por que não cruzamos informações? Nas fichas hospitalares deve ter informações mais específicas quanto a perda de memória, pode ter alguma coisa sobre o período em que esses homens tiveram os apagões. Os que não relatarem lacunas no dia específico já podem ser descartados e o restante investigamos quando o bebê nascer. Parece melhor?

— Pode ser - a Rainha aceitava ainda um pouco apreensiva, o que Emma notava.

— Então eu vou para o hospital, pego as fichas e levo para o seu apartamento, ok? - Disse para a mãe. - Nós três podemos trabalhar nisso juntas, vai ser muito mais rápido - já demonstrava proatividade para pesar o menos possível para Regina, o que ela também percebia.

— Certo, vamos fazer um trabalho em equipe! Tudo vai dar certo! - Mary concordou empolgada, entendendo a ideia da filha.

Então isso era ter uma família? A Rainha se perguntava em sua mente. Uma rede de pessoas que se apoiavam mutuamente, se ajudavam e davam suporte nos piores momentos, isso era ter amigos, criar laços? Se fosse assim, estava feliz em chamar aquelas duas mulheres de sua família também.

Mais tarde, ainda neste mesmo dia, Emma escolheu um horário em que sabia que o hospital estaria mais vazio para usar sua magia e surgir dentro da sala de Whale. Procurou no arquivo do médico e pegou todas as pastas que encontrou dos pacientes que alegavam as dores de cabeça e falta de memória. Com estes documentos em mãos, desapareceu, surgindo de novo no apartamento da mãe. O pequeno Neal dormia e Mary estava cuidando dele enquanto David estava no trabalho. Regina andava de um lado para o outro impaciente, até a loira chegar.

— Você conseguiu?

A Salvadora colocou as pastas sobre a mesa de jantar, exibindo uma pilha generosa.

— Vamos ter trabalho - ela disse.

— Café - a mãe já trazia duas canecas, ao que Regina foi pegar uma e ela não deixou. - Para você, eu fiz suco de laranja - depois entregava um copo.

Não havia muita margem para argumentar. Cada uma das três mulheres pegou uma pequena quantidade de pastas e começou a checar arquivo por arquivo. Poucos nomes conseguiam ser separados com qualquer potencial, ao que a Rainha fazia a conferência final e quase sempre os descartava por alguma inconsistência no relato ou pequenas incompatibilidades de horário.

Depois de algumas horas, Emma tomava mais um café e Mary ia conferir se Neal estava dormindo. O trabalho havia sido encerrado, mas Regina encarava três folhas de papel, três prontuários médicos.

— E então? - A loira perguntou. - Já temos os candidatos a pai do ano?

— Sim… - A Rainha falou apreensiva. - Mas temos um problema.

Dito isso, colocou os papéis sobre a mesa para serem olhados pelas outras duas. As complicações pareciam não ter fim, nada jamais poderia ser fácil. Não, Zelena realmente, realmente mesmo, havia encontrado uma forma de destruir a vida da irmã.


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Notas finais do capítulo

Agora quero ver as apostas de vocês! Cada um pode apostar em três nomes. Apenas lembrem que todos os homens da cidade estão valendo, não apenas os que eu listei, até porque o feitiço se espalhou para muitos deles e eu não tinha como falar todos os nomes. Quem acertar ganha minha admiração (prêmio meio bosta, foi foi só o que consegui pensar).



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