Distance escrita por Ana


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Tive o projeto dessa fanfic a um tempo atrás, mas estava esperando ter capítulos prontos pra postar, mesmo morrendo de ansiedade por dentro haha. Eu espero que vocês curtam a história, eu to amando escrevê-la e amando os personagens, e torço pra que vocês amem também. A fanfic vai girar em torno de passado e presente, então teremos muitos flashbacks pra vocês entenderem a história da amizade dos protagonistas. Os capítulos inteiramente de flashbacks serão com a letra normal, mas quando eu mudar de presente para passado no meio do capítulo eu irei colocar em itálico, espero que tenham entendido haha. Enfim, desejo uma boa leitura pra vocês e nos vemos lá em baixo.



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PRÓLOGO 

13 de Agosto, 2008 – 10 anos atrás 

Fazer 15 anos é o melhor momento para a maioria das garotas, aquele dia em que você “se torna uma mulher”, amadurece e deixa de ser uma criança. Sim, para a maioria, mas para mim, é só mais um aniversário comum como todos os outros. Termino de calçar o meu velho e bom all star preto, que por sinal já está quase não usável e me levanto da cama, dando uma breve olhada no grande espelho do quarto. Sim, estou pronta para encontrar meu melhor amigo no nosso melhor lugar, onde nos encontramos em todos os aniversários, comemorações, e até para contar que conseguiu marcar um encontro com alguém que gosta. Nossa casa na árvore, que encontramos em um bosque que é caminho da escola. 

— Emily! Morreu aí em cima?  

Ouço minha mãe gritar do andar de baixo e reviro os olhos, já que odeiam quando me apressam. Eu sei o que ela vai falar, vai implicar mais uma vez comigo e dizer que eu demorei a me arrumar por causa do James. Minha mãe nunca tirou da cabeça que um dia eu iria me apaixonar pelo meu melhor amigo, mas é uma coisa quase impossível. Eu e Jay somos unha e carne desde sempre, nossas mães são amigas de colegial, engravidaram na mesma época e, bom, já deve está na cara que sempre sonharam em ver nós dois juntos, como um casal. Pensar nisso me faz ter vontade de vomitar. 

Solto uma risada fraca, saindo do quarto logo depois. Realmente, eu demorei muito no banho e mais ainda procurando alguma roupa que não fosse camisetas velhas. James já deve estar me esperando, como sempre, bem pontual. Assim que chego no primeiro andar da casa sinto o cheiro da lasanha da minha mãe, minha comida favorita, que será nosso almoço de hoje. Mamãe sempre faz a melhor lasanha do mundo no meu aniversário, hoje não seria diferente. Sorrio, inspirando fundo o delicioso cheiro e já ansiando pela hora do almoço.  

Caminho até a cozinha, que não é muito longe da sala e encontro a mulher mais incrível e que me criou sozinha, na bancada, cortando alguns tomates. Anne Clarke é com certeza a melhor mãe do mundo e minha maior inspiração como mulher, minha melhor amiga e melhor conselheira. Sim, nós temos uma relação maravilhosa e muito unida, contamos tudo uma pra outra e confiamos uma na outra. Minha mãe me teve com apenas 16 anos, mas isso não foi empecilho para ela ter me dado tudo o que pôde de melhor para mim, e não digo só de coisas materiais.  

— Como estou? E não, não estou perguntando com segundas intenções envolvendo James Williams. — Dou uma giradinha de leve, exibindo o vestido, sabendo que eu iria achar isso patético se estivesse vendo de fora. 

Ela me olha de cima a baixo, finge que está concentrada e me analisando, e, por fim, sorri. Eu sei que mesmo que eu estivesse vestida com um saco lixo ela ainda me acharia bonita, então a opinião da minha mãe não é tão válida no momento. O meu aniversário com certeza é o único dia em que eu me visto de forma mais normal e parecida com as outras garotas, sei lá, acho que pra me sentir parte de algo pelo menos alguma vez na vida. 

— Linda, como sempre. James vai adorar. — Percebo o tom provocativo em sua voz no fim da frase, mas decido ignorar. Ela não tem jeito mesmo. 

Me aproximo dela, roubando um pedaço de tomate e pondo em minha boca em seguida, sabendo que isso a irritaria. Bom, ela não pode ficar brava comigo hoje. É meu aniversário. Acabo olhando para a hora no relógio em formato de coração na parede e me assusto, percebendo o quão atrasada estou. Combinei com Jay que chegaria lá as 9:00 e já são quase 10:00. O Williams tem que ter uma paciência de Deus pra aturar meus atrasos. 

— Mãe, eu já vou, devo voltar na hora do almoço pra comer essa maravilha que chamamos de lasanha. Ah, e o peste do James deve vir junto. — Dou um beijo em sua bochecha, enquanto a mesma ria do apelido que eu dera à meu amigo. Ele é um peste mesmo. 

Saio da cozinha depois de ouvir algumas informações que toda mãe dá, como cuidado na rua e não perder a hora para voltar. Como eu vou perder a hora sabendo que uma lasanha maravilhosa me espera? Me chamem de gulosa, mas eu comeria aquela travessa sozinha muito bem. Okay, talvez eu tenha exagerado, mas quem liga? Comida é tudo. 

* 

— CHEGUEI! — Grito em seu ouvido, após subir a árvore com o máximo de cuidado e silêncio, justamente para ele não me ouvir.  

James, que antes estava calmo e sereno sentado com as pernas para fora da janela da casa, se sobressai, soltando um gritinho que eu deveria ter registrado e guardar para sempre de tão engraçado que foi. Assim que ele percebe que se trata apenas de mim, a carinha assustada dá vida a uma emburrada, o que me faz rir mais. Ele sempre me assusta, mas hoje resolvi tirar proveito do meu atraso e me beneficiar. 

— Assombração... Achei que tivesse morrido, não aparecia de jeito nenhum. — E, dizendo isso, me sufoca num abraço, me levantando um pouco do chão. O melhor abraço do mundo. 

Eu e James temos diferença de poucos meses, sendo ele o mais velho. E é claro que ele se vangloria toda hora por ser menos de 4 meses mais velho que eu. Garotos, sendo idiotas e retardados como sempre. O aperto no meio do abraço, sentindo o cheiro do seu perfume de sempre, que com certeza grudará na minha roupa por um tempo.  

—Sentiu tanto a minha falta assim Williams? Nem demorei tanto, lembra a última vez que te deixei plantado por 3 horas? — Digo assim que nos soltamos, recebendo uma revirada de olhos dele como resposta. 

—Claro que eu lembro, foi no baile de inverno do ano passado. Tomei uma chuva, fomos os últimos a entrar e de brinde todo mundo me viu como um pintinho molhado. —Acabo rindo com a lembrança, com certeza foi um dos bailes mais divertidos que a gente foi. 

— Tudo isso porque você não quis me buscar em casa com medo do meu avô, seu frouxo. — O empurro de leve, em forma de provocação. Eu sei que ele odeia que eu o lembre disso, mas, foi difícil não soltar essa. 

Ele me empurra de volta, com a melhor cara de criança birrenta. Aliás, James foi uma criança birrenta. Lembro muito bem da nossa primeira briguinha: ele não soube aceitar que eu tinha ganho o pirulito que deixava a língua azul da professora, e não ele. Mimado desde sempre. Depois de ficarmos nesse empurra – empurra, olhamos um para o outro e rimos, talvez por perceber o quão um é mais retardado que o outro. 

Me abaixo e sento na beirada da janela, onde ele estava antes de eu chegar, com ele ao meu lado. Estranho como a alguns anos não era preciso me abaixar para sentar aqui, eu era minúscula. O tempo realmente passa rápido, não é só papo de gente velha não. 

— Daqui a pouco nós vamos precisar sentar no telhado, não vamos mais caber nessa casinha. — Sorrio com o que ele diz, concordando com a cabeça. É claro que um dia isso ia acontecer, encontramos essa casa com 5 anos de idade, era perfeito para nós na época. 

Mesmo assim é o nosso melhor lugar, simplesmente por ser nosso. Ninguém além de nós vem aqui, é nosso refúgio, onde contamos tudo de importante, onde passamos uma parte dos nossos aniversários e onde eu posso confessar qualquer coisa para o meu melhor amigo. Eu tenho certeza que vai ser aqui onde vamos dizer um para o outro que vamos casar, onde eu irei dizer que serei mãe e o convidarei pra ser o padrinho, onde eu vou chorar em seu ombro sempre que precisar.  

— Pois é, estamos crescendo Jay. —Pego em sua mão, entrelaçando nossos dedos da melhor forma possível. Quem visse poderia achar que éramos um casal, mas eu sinto mais como uma relação de irmãos. 

Meu maior medo é que a vida nos separe de alguma jeito, mesmo que lutemos contra isso. Eu sei que James é ambicioso demais pra viver para sempre na pacata Bellevue, nossa cidade no interior de Washington, mas eu não sei se sou segura o bastante para sair de perto da minha mãe tão cedo. Um silêncio se instala entre nós, mas não de uma forma ruim. Muito pelo contrário, se tornou um silêncio extremamente confortável e que ao mesmo tempo que não dizia nada, dizia tudo. Sempre gostei desses momentos que eu só consigo ter com ele. 

— Ah! Seu presente. Eu já ia me esquecendo da coisa mais importante do dia. — James quebra o silêncio gostoso, me assustando com o seu repentino entusiasmo.  

Ele puxa com um dos braços a sua mochila, que estava encostada em um canto, e dela tira uma caixa preta, fazendo-me questionar o que será. James já me deu tanta coisa em tantos anos de amizade que é meio difícil pensar que ele teve mais ideias. Ele me entrega a caixa, ansioso como sempre para ver a minha reação. Eu sei que ele sempre amou dar presentes por causa dessa parte. 

Sorrio para ele, abrindo a caixa devagar, tentando fazer um suspense. Tiro alguns papéis que vieram após eu terminar de abrir completamente a caixa e entreabro a boca, surpresa com o quão lindo é. É um colar, com um pingente de coração dourado, a coisa mais delicada que eu já ganhei.  

— Jay... É lindo. Meu deus, eu não acredito que você gastou horrores nisso. — Olho pra ele surpresa, tentando imaginar o preço que fora. 

— Tenta não pensar em preço, ok? Abre o coração, ele tem uma abertura. — Diz, animado e com os olhos brilhando. Sigo a sua orientação e abro o pingente com cuidado, encontrando nossas fotos dentre dele.  

Sorrio, tentando não começar a chorar ali mesmo. Seja firme Emily, você nunca foi chorona. O abraço mais apertado ainda do que da primeira vez, sussurrando um “obrigada” em seu ouvido. Por fora James pode passar por um playboy mimado muito fácil, mas ele é uma das pessoas mais doces e sensíveis que eu conheço. Com certeza muito mais do que eu. 

— Coloca em mim? Tem que aproveitar enquanto eu estou de princesa hoje, com vestidinho e tudo. — Falo entre risos, depois de sair do nosso abraço. Me viro de costas para ele, colocando o meu longo cabelo para o lado. 

Sinto sua aproximação, já que sua respiração batia em meu pescoço descoberto e suspiro, o sentindo colocar o colar em mim cuidadosamente. Okay, isso foi raro de se ver. James Williams sendo delicado com alguma coisa. Sorrio ao perceber o acessório em mim, sabendo que não irei tirá-lo por nada agora.  

— Ficou lindo em você. Tudo fica lindo em você pra falar a verdade... —Me viro de frente para ele de novo, tentando achar o tom de brincadeira em sua frase. Mas não, não consegui achar. Ele falara sério, acabou de me elogiar de um jeito diferente que eu nunca havia visto. 

Sinto minhas bochechas queimarem, principalmente pelo fato de ele ainda me encarar profundamente. Talvez eu esteja nervosa simplesmente por não receber elogios com tanta frequência que não venham da minha mãe, é claro. Os garotos normalmente não ligam pra geek que anda com o melhor amigo pra todos os lados, que escreve umas histórias e músicas toscas e não usa uma saia enfiada no útero. Eu nunca fui o alvo deles, graças a deus. 

Morar numa cidade pequena tem dessas, todos te conhecem e sabem tudo sobre você, mas ser invisível também tem dessas: você não é notado nem num quarto com apenas 5 pessoas se essas pessoas forem mais importantes que você. 

— Uau, Jay... Obrigada. Isso é incrível, eu amei. — Respondo depois de um tempo que eu provavelmente fiquei encarando minha mão, que pareceu bem interessante por um tempo.  

— Eu amo você. —O encaro mais surpresa do que da última vez, ficando um pouco perdida naquelas três palavras.  

Ele se aproxima mais, me deixando um pouco com falta de ar e sem saber o que fazer. E eu ainda estou tentando achar o tom de brincadeira em sua voz, ainda não o encontrando. Nossos olhares se prendem de uma forma que eu acho que nunca se prendeu antes, como se fossem imãs ligados, juntamente com um coração que palpitava mais rápido que o normal. O meu. 

— Como amigo. Eu amo muito você Em, como amigo. — Suspiro, com um misto de alívio e... decepção? Não, claro que não. O que eu esperava? É claro que ele me ama, eu também o amo, somos melhores amigos.  

— Eu também te amo Jay, muitão, como amiga. — Sorrio para ele, perdendo um pouco a timidez que tinha tomado conta de mim por esse momento e sentindo que tudo tinha voltado ao normal. Sim, tudo voltou ao normal. 

Continuo sendo a Emily e ele continua sendo o James, melhores amigos que se amam, somente como amigos e nada mais. Sem clima estranho, sem elogios com segundas intenções, sem quase – beijos, só dois amigos inseparáveis. Isso, nada mudou e nada vai mudar, porque sempre seremos só grandes amigos.  

10 anos depois... 


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado, vou adorar receber críticas construtivas nos comentários e saber o que vocês estão achando. Até o próximo capítulo galeris!



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