Send escrita por wldorfgilmore


Capítulo 7
Capítulo 7




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Elisabeta já não fazia ideia de onde estavam as batidas de seu coração, a impressão era que o sentia em todos os lugares do seu corpo, como se um novo sentimento a tivesse tomado dos pés à cabeça. A nova carta de Darcy trouxe a Elisabeta respostas que ela já sabia, respostas que ela ansiava e respostas que ela já não tinha medo de proferir em voz alta.

Ela começou a rir em descontrole, jogando-se na cama e rolando pelo colchão macio, a menina abraçava aquela carta como se fosse seu bem mais preciso. Elisabeta tinha consciência que se alguém entrasse no seu quarto naquele instante, duvidaria de sua sanidade. E ela concordaria com essa análise. Era a mesma que fazia de si mesmo.

Não soube exatamente em que momento Darcy havia remexido os seus sentimentos e mudado todas as suas certezas de lugar. Não sabia exatamente em que momento as certezas dele se misturaram com as suas. Às vezes, suspeitava que fora na primeira carta, ali houve o primeiro sentimento, a empatia. Ou na segunda, em que um aparente ódio invadiu sua mente. Ou da terceira em diante, em que apareceram as dúvidas, a confusão, a vontade, a provocação. Sabia que a última, que lhe apresentou a saudade, a deixou em check-in. Mas a verdade é que não importava em que frase ou palavra houve o ponto de virada, a carta que estava em suas mãos por nenhuma era superada. A reciprocidade lhe despertava a vontade de dançar. 

E, de fato, conseguia ouvir as melodias pulando para fora daquela folha. Não tinha certeza do teor de seu ritmo, parte da carta lhe despertava um espírito faminto, quase selvagem. Era como se materializasse Darcy a sua frente, despido de qualquer barreira que impedisse seus corpos que se conectarem. Em outro momento, quase conseguia tocar as nuvens e sentir sua textura de algodão. Nesses momentos ela fechava os olhos, era a melhor sensação do mundo.

Elisabeta se aproximou da janela, ainda com a carta entre sua mão e seu peito. Suspirou profundamente, a lua estava cheia e parecia iluminar todo o Vale do Café. Ela riu, radiante. Como poderia um objeto de aparência pequena iluminar toda a escuridão da noite? Como poderia aquele satélite, há anos luz de distância, energizar sua alma? Um pensamento rápido passou por a mente de Elisabeta, a fazendo sorrir de forma genuína. Era reconfortante saber que a lua era a mesma em todas as partes do planeta.

Vale do Café, Outubro de 1910.

Darcy,

Hoje eu resolvi te escrever às 23h, sob a luz da lua. É incrível como ela enche meu corpo de energia e parece querer dizer esse tal nome que paira sobre nós. Esse nome aguardado, esse nome escondido, esse nome que nem eu e nem você estamos preparados para dizer. Ainda.

Vá para a janela do seu quarto, Darcy! Eu estou aqui. Eu estou nessa mesma lua que você observa, eu estou nessa luz que atravessa do céu e vai direto ao seu encontro. Feche os olhos, eu te peço. Nós não podemos atravessar o oceano para estarmos juntos. Eu repito: eu estou aqui. Consegue me ver? A lua que que toca nessa noite é a mesma lua que acaricia os meus cabelos. A lua que você olha, no alto de seu quarto, é a mesma lua para qual eu sorrio, imaginando o seu rosto. Eu imagino o seu rosto. Eu imagino borboletas e as sinto. Eu sei que um sentimento único quer sair de seu casulo, rasgando, desabrochando, sendo. Sendo nós. Sendo eu e você.

Eu não esperava por isso. Eu não esperava por essas palavras. Mas eu segui o seu conselho: já não luto para minhas mãos me obedecerem. Meu coração tomou a dianteira. E ele tem formato de lua.

Tive vontade de rir. Não só da felicidade de receber essa carta, mas do conteúdo que lhe enviei na última escrita. Eu disse que era faísca. Agora digo que sou lua. Consegue entender a confusão que você me causa? Você me faz querer ser muitas coisas. E todas elas ao mesmo tempo. Curiosidade, empatia, raiva, confusão e tesão.

Esse último, que nunca imaginei sentir de maneira quase selvagem, ainda mais com simples palavras. Suas palavras despertam meus sentidos: visão, olfato, paladar, audição, tato e você. Você é meu sexto sentido. É a união dos outros cinco em meu corpo.

PS’s: Eu não queria ter gemido, não sem sua presença. Mas minha garganta não conseguiu segurar o som que involuntariamente chamou por você. Eu senti sua boca na minha, e não consigo não imaginar minha língua tocando a sua. Acariciando, me deliciando. Te sentindo. Desde que minha imaginação ilusionou suas mãos, é quase palpável a sensação de seus dedos dedilhando minhas costas, ou de suas palmas fazendo pressão em minhas costas, fazendo pressão para os nossos corpos se fundirem. Eu estou sem fôlego de imaginar você.

PS3: Eu te escrevo. Troque a última palavra por a daquela famosa frase. Eu disse que você me faz ser muitas coisas ao mesmo tempo. Já não sou a mesma do começo desta carta e escolho por nomear. Eu te escrevo. Escrevo.

O corpo de Darcy estava quente, assim como toda sua alma. Aquilo o aquecera de diversas formas e em níveis jamais imaginado. Sua respiração era entrecortada, suas mãos suavam e seu sorriso poderia ser confundido com o de uma criança ao ganhar o melhor doce do mundo. E de fato, ele tinha ganhado o melhor doce do mundo. Seu doce. Sua doce e ácida Elisabeta Benedito.

Imaginava que a carta viria com uma resposta positiva, dada às cartas anteriores por ela destinada. Mas nunca ousara imaginar que seria tão alucinante quanto a que agora sentia o cheiro. Surpreendente, emocionante. Tão fascinante quanto um romance épico. Darcy se sentia dentro de um livro, desses que qualquer indivíduo devora todas as páginas de uma vez só e, quando acaba o último capítulo, se debruça em lágrimas emocionadas.

Mas ele sabia que o seu romance tinha continuidade, que o próximo capítulo chegaria em mais uma quinzena e que, um dia, os protagonistas se encontrariam em um desfecho clichê, mas que saciaria toda aquela sede de paixão.

Darcy se aproximou da janela, assim como Elisabeta havia proposto. Ele olhou para a lua e, por sua sorte, ela também parecia estar cheia. Esperava que Elisabeta estivesse do outro lado do oceano olhando para este mesmo céu. Fechou os olhos e repetiu o nome da moça em pensamento. Nunca fora romântico, tampouco adepto aquelas demonstrações de carinho, mas Elisabeta o fazia querer sonhar. Sorriu ao sentir um ar quente tomar conta de seu corpo, tinha uma sensação de abraço e, por um instante, sentiu-se completo. Era como se estivesse estivesse ali. Não duvidava de seu pensamento.

Londres, Novembro de 1910.

Elisa, doce - e ácida - Elisa,

eu pude te sentir. E eu sabia que você estava lá. Eu olhei para a lua e seu corpo encostou no meu. Era como se ela me transportasse para o seu lado com a força de seu brilho, você sentiu a mesma sensação que eu? Diz que sim, Elisabeta! Qualquer indício de proximidade faz meu corpo vibrar, minha alma pular e meu coração querer fugir de meu corpo para encontrar o seu.

Já não consigo me conter. Já não consigo conter minha vontade de escrever diversos versos ou parágrafos ou palavras avulsas que possam representar tudo que minha boca quer proferir. Tudo que minha boca quer sentir.

Sua bochecha, seu pescoço, seus seios. Eu quero sentir a sua paixão se embaralhando a minha até não conseguirmos distinguir quais são os nossos corpos. Eu queria me perder dentro de você, já que você não me acho desde você.

E, diante da lua que insiste em não querer apagar a noite escura, eu quero integrar o seu P.S a essa carta. Eles merecem. As palavras que quero sentir não devem ser colocadas avulsas neste conteúdo. Estou vinculado a você. Estou te ouvindo. Sua voz atravessou meus ouvidos. Fina, melodiosa. Eu não consigo me controlar ao ouvir o seu prazer, Elisabeta. Minha boca precisa invadir a sua. Minha mente fabricou o seu gosto. E é doce. E queima. E me queima. Queima a ponto de visualizar minhas mãos descendo por suas coxas, e subindo. E me encaixando. Consegue sentir suas coxas enlaçando meu quadril? Consegue sentir o roçar de minha vontade na sua? É você. É só você que me faz deitar na cama e imaginar seu corpo nu sobre o meu. Você roça deliciosamente, Elisabeta. Eu já sinto meu corpo endurecer. Estou ávido por nossa imposição. Você quer sentir a pressão que meu prazer pode te proporcionar? Darcy Williamson quer anexar-se à Elisabeta Benedito. E não tem a mínima vontade de se desvincular.

Eu te escrevo. Eu te escrevo. Eu te escrevo. Eu te escrevo. Eu te escrevo.


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