A Lenda de Thanatos escrita por Phinderblast


Capítulo 17
Capítulo 17 - A missão apocalíptica




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Cap 17 – A missão apocalíptica

            Sente uma forte dor de cabeça, se levanta meio tonto, ainda estava no meio da neve da montanha. Olha para os lados, mas tudo o que vê é o céu azul turquesa e a imensidão branca da montanha.

Foi um sonho?” – Thanatos se pergunta mentalmente.

            Relembra tudo o que aconteceu, a conversa com Odin, as imagens do mundo...

Sacode a cabeça para que o sonho desaparecesse, mas ao fazer isso ele sente seu corpo diferente. Olha para si mesmo e se vê mudado, era como se fosse outra pessoa, as dúvidas de sua cabeça sumiram, sentia-se mais leve, não encontrava preocupações em sua mente. Depois de olhar ele percebe que sua armadura também havia mudado, estava tão envolto nos seus próprios pensamentos que nem ao menos notara a diferença.

            Sua armadura legionária era aparentemente a mesma, porém havia diversas runas diferentes, runas que ele nunca viu. As placas de aço da armadura estavam mudadas, em locais diferentes, aumentando muito sua mobilidade e não o deixando vulnerável em lugar algum. Era anatomicamente desenhada para proteger e não limitar os movimentos. Sua capa, que antes cobria suas costas, laterais e parte da frente de seu corpo, agora só cobria suas costas, deixando sua armadura, ombreiras, manoplas e grevas á mostra. Sua armadura de templário o protegia muito bem, mas essa era muito melhor, se sentia mais leve e mais confortável que antes, parecia até mais imponente, as diversas gravuras sagradas o diferenciavam de um templário normal. Thanatos não era mais um templário, transcendeu a limitação mortal de um e tornou-se um enviado divino, um paladino.

            Ele começa a se lembrar de sua missão, lembra-se da espada.

- Minha espada

            Imediatamente ele procura por ela. Lá estava ela, fincada na neve, parecia que estava naquela posição há anos. A lâmina dela era clara como o dia, olhar para ela diretamente era quase impossível tamanha a magia sagrada que continha. Thanatos caminhou até ela e a retirou, dessa vez parecia leve, leve como o vento, assim como disse Odin. Por instinto ele coloca a espada nas costas, não sabia como, mas havia uma bainha para ela em sua armadura.

            Estava pronto, não tinha mais dúvidas do que tinha que fazer, desceria a montanha, rumaria até a civilização e cumpriria sua missão, porque assim disse Odin a ele pessoalmente. Convicto ele desce.

            Não sentia frio, nem fome, nem sede, muito menos cansaço, era como se fosse nutrido pelo ar e saciado pela fé.

            No pé da montanha ele olha para os lados, esta exatamente como antes, o mesmo lugar deserto, escondido pelas montanhas e com seu céu noturno em pleno dia. Thanatos decide não voltar por onde veio então ruma em direção ao norte. Estava muito longe de Glast Heim ainda, ia testar sua força no caminho.

            Enquanto caminha ele lembra dos horrores que Odin havia lhe mostrado. Todas aquelas pessoas se matando, máquinas de guerra, ladrões, assassinos... Ele com certeza daria um jeito nisso tudo, com sua força ele exterminaria o mau da terra, deixaria o mundo livre da dor e do sofrimento novamente, libertaria todas aquelas pobres almas de seu tormento terreno.

           

Confiante ele caminha rumo ao norte, não para por nada, nem por monstros nem pelo terreno acidento e pela floresta fechada. Passou pântanos, escalou montanhas, derrotou monstros, explorou cavernas, atravessou campinas... Foram meses de luta até chegar em uma cidadezinha fronteiriça da Grande Floresta.

            Thanatos conhecia sua força, estava ciente do quão forte era, mas era a primeira vez que enfrentaria pessoas, tirando é claro o embate com Sísifo. Mas agora era diferente, não era mais aquele templário de antes, estava muito mais forte. Ele continua avançando, não parava por nada, adentra na cidadezinha que parecia deserta.

- APAREÇAM ALMAS DECADENTES! – Brada o paladino.

            Do meio das sombras da cidade aparentemente vazia, surgem vários ladrões.

- Ora ora... Vejam só... Que bela espada você tem aí, heim seu moço... – Diz um dos ladrões com um sorrisinho no rosto.

- É com ela que livrarei sua alma do mau... – Ele saca sua espada.

- Calma! Vamos conversar... – O ladrão se aproxima dele.

            Thanatos não era mais tão ingênuo quanto antes, também tinha conhecimentos de batalha que antes nem sonhava em conhecer... Sem sombra de dúvida não era mais aquele templário de antes.

            Ele gira sua espada rapidamente com apenas uma mão, acertando dois ladrões que estavam prestes a atacar suas costas sorrateiramente. Os homens apenas caem no chão, inertes, mortos.

            O ladrão que estava na frente do paladino se espanta com a velocidade e precisão do golpe do paladino.

- MALDITO! ATAQUEM!

            Vários ladrões saltam das sombras, eram dezenas deles. Aquela pequena cidade fronteiriça estava abandonada, era lar de um clã de ladrões inteiro.

- Minha missão começa agora... – Diz o paladino enquanto fecha os olhos e se concentra respirando fundo.

...

            Os corpos jaziam no chão, sangrando e manchando as ruas da cidadela de vermelho. O homem de armadura reluzente e da espada montante caminhava calmamente para fora, deixando para trás as marcas de sua missão, a morte.

            Um ladrão que não tinha se revelado aquele dia e conseguiu fugir antes que Thanatos o pegasse espalhou a notícia do massacre da cidade. Rapidamente a notícia se alastrou. Um homem de armadura sagrada e carregando uma montante era a mais nova lenda urbana de rune-midgard. As crianças comentavam umas com as outras, as autoridades desmentiam os boatos, mas o fato era que Thanatos continuava avançando... E logo chegaria a mais um povoado.

O paladino chega então a mais uma cidade. Parecia em guerra, tinha muralhas destruídas e casas em chamas. Andando ele se depara com várias e várias pessoas, a primeira reação delas era de atacar o invasor, mas era tudo inútil, Thanatos parecia invulnerável... Flechas, balas, espadas, magias; nada o acertava, quando acertava mal lhe tirava sangue. E assim foi mais uma cidade, mais um massacre e dessa vez nenhum sobrevivente.

            Ele não parava, não dormia, não comia, não descansava. Seu passo era rápido e incessante. Chegava em uma cidade e em questão de minutos todos estavam mortos. Sua missão era sua vida agora, purificar almas era sua vocação, mas logo ela foi colocada à prova. Até agora só havia enfrentado ladrões, assassinos e outros fora-da-lei.

           

Ao chegar em uma cidade, ele se depara com um cenário diferente. Era um lugar pequeno e pobre, havia muitos mendigos e alguns poucos comerciantes. Assim que ele chega todos se alarmam, correm para suas casas e se trancam.

- PALADINO NEGRO! CORRAM!

- DEUSES! SALVEM-NOS!

- SALVEM SUAS VIDAS! CORRAM O MAIS RÁPIDO QUE PUDEREM!

- PESSOAL! NÃO ENTREM EM PÂNICO! TODOS EVACUEM A CIDADE!

            O paladino escuta aquele alvoroço e não entende.

Por que eles correm de mim?” – Ele pensa.

            Olha mais uma vez para todas aquelas pessoas correndo desesperadas e se lembra das palavras de Odin.

PURIFICIAR A TODOS DO MAU QUE ASSOLA O MUNDO” “LAVARÁ A ALMA DE TODOS COM SUA LÂMINA SAGRADA”

- Todos? Mas... Eles não me parecem maus... – Thanatos olha para um mendigo cego que estava deitado perto dele.

            Observa atentamente o pobre homem cego e provavelmente surdo por não estar correndo como os outros. Ele sente uma extrema compaixão pelo pedinte e se curva para ajudá-lo de alguma forma.

- O senhor esta bem? Deixe-me ajudá-lo... – Thanatos estende a mão esquerda enquanto sua mão direita ainda segura a espada.

            O Mendigo fita o paladino, como se estivesse enxergando-o.

- O que foi Thanatos? Não consegue matar alguém que não te ataca? – O mendigo esboça um sorriso amarelo que logo vai se transformando.

            O paladino vê o rosto do mendigo se transformar pouco a pouco no rosto de uma besta hedionda. Sua aparência era de uma tamanha repugnância que Thanatos sentiu nojo do homem. Ele se levanta com uma expressão de repulsa no rosto e percebe que os barulhos cessaram, a cidade estava em silêncio. Vira-se e vê as pessoas paradas a sua volta. O paladino se paralisa diante da cena grotesca que estava presenciando. Cada pessoa daquela vila parecia ter se transformado completamente, era como se estivesse no mais profundo covil de hellheim. Aquilo não eram pessoas, ninguém em sã consciência chamaria aquilo de pessoas; rostos deformados, membros atrofiados e grunhidos medonhos...

Por Odin... No que esse mundo se transformou?...” – Thanatos pensa e ao mesmo tempo reza a Odin para que mantenha sua sanidade intacta.

            Ele fecha os olhos, agarra o cabo da espada com as duas mãos e parte para o ataque. Em questão de segundos todas aquelas criaturas, ou o que restou delas, estava no chão.

           

- Acabou...

            Thanatos suspira aliviado até observar algo em seus pés. Era o corpo de uma pessoa, cortado ao meio. Mais uma vez o paladino se paralisa.

Deuses! O que é isso?!”

            Ele olha novamente ao redor, não havia mais criaturas, mas ainda havia o mesmo tanto de corpos. Eram pessoas, as mesmas pessoas que ele tinha visto correndo desesperadas ao entrar na cidade.

            O transcendental leva as mãos ao rosto e respira longamente.

- A missão... É a missão... Eu tenho que fazer... – Repetia para si mesmo.

            Sabia que, monstros ou não, ele teria que matar. Sua missão era essa, Odin avisou que seria difícil, mas não desistiria por nada.

            Mais uma vez ele volta a caminhar, embainha sua espada nas costas e deixa para trás mais um massacre.

- SENHOR! – Um jovem templário entra correndo pela abadia de Glast Heim, estava muito cansado e ofegante.

- Ora, mas o que foi homem? Recomponha-se e me diga. – Disse um templário alto e forte, tinha uma cicatriz no rosto e uma aparência imponente.

- O monstro!... O monstro!... – O jovem tomava fôlego.

- O que tem o monstro? Que monstro? – O templário mais velho parecia mais apreensivo.

- Aquele senhor... Do massacre... Dizem que... Esta vindo para GH! O senhor tem que fazer algo mestre Hipnos! – Implora o mais novo.

- Tudo ao seu tempo meu jovem... Tudo ao seu tempo... – Hipnos caminha calmamente para dentro da abadia.

            Thanatos para na frente dos portões de uma grande cidade. Em seu rosto não era possível ver mais nenhuma expressão, estava totalmente apático. Ele saca sua espada e entra caminhando lentamente. A espada do paladino parecia não ter mais o mesmo brilho de antes, antes mal se podia olhar para ela, agora estava fosca e sem brilho.

            Do lado de fora da cidade muitos e muitos gritos podem ser ouvidos. Os barulhos são intensos e variados, entre eles luta de espadas, magias, fogo crepitando, casas desmoronando e urros de dor e sofrimento.

- Mãe! Mãe! O que está acontecendo? Eu vi um homem de armadura e com uma espada grandona entrar dentro de Geffenia. O que ele vai fazer? Quem é ele? Que barulhos são esses? Ele me dá medo mãe – Um pequeno garoto de vestes simples pergunta curioso para sua mãe enquanto a mesma o puxa pela mão, correndo em direção ao norte.

- Não pergunte nada filho, apenas corra – Disse a mãe.

            Apenas dois elfos sobrevivem no massacre de Geffenia, um pequeno garoto e sua mãe. Juntos eles correm desesperadamente até a capital do reinado, em busca de ajuda e para avisar do mau que estava chegando.

            Thanatos começa a cumprir sua fatídica missão. O homem que antes se matava para proteger alguém agora promove massacres pelo mundo. Aquele é mesmo Thanatos? Haverá mudado tanto depois de transcender?

Prox Cap – O deus da morte


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Notas finais do capítulo

(Dessa vez eu não demorei pra postar =3")