Chamas Negras escrita por Benuzinha


Capítulo 15
Correspondências


Notas iniciais do capítulo

Finalmente o último capítulo chegou, estou feliz mas acho que vou sentir falta de escrever sobre a Elisa e o Kagaho mal-humorado.



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Elisa acordou muito cedo na manhã seguinte e, enquanto se dirigia para o hospital, notou que os habitantes remanescentes do Santuário, inclusive Konstantinos, que quase nunca saía, se aglomeravam no pátio central.

Ao chegar lá, o motivo de tanta comoção quase a fez cair para trás. Shion e Dohko, apoiando-se um ao outro, estavam ali, vivos!

— Senhor Shion, senhor Dohko, o que aconteceu? – Konstantinos foi quem se pronunciou. – Onde está Atena?

Os dois cavaleiros de ouro se entreolharam e Shion se adiantou e, olhando para o pequeno grupo de sobreviventes daquela guerra, que não devia passar de vinte pessoas, começou a explicar:

— Atena, junto com o Pégaso e seu amigo Alone foram ao encontro de Hades. Esse é um conflito que precisa ser resolvido por eles três, apenas. Por isso, Atena nos mandou de volta para cá, para que possamos, juntos, reconstruir o Santuário e nos preparar para a próxima guerra daqui a duzentos anos.

Um burburinho correu imediatamente pelo grupo. Todos foram pegos de surpresa com aquele anúncio. Então a guerra havia mesmo acabado? Atena não voltaria mais? Quem comandaria o Santuário?

— Atena ordenou que eu assuma o posto de Grande Mestre – ele continuou. – E que Dohko se torne o vigia das estrelas malignas. Por isso, eu...

Shion se interrompeu e respirou fundo, juntando forças para continuar. Ao ver o estado dos cavaleiros, Konstantinos correu até eles, ao mesmo tempo em que chamava Petros, Elisa e Melina para ajudá-lo.

— Senhor Shion, creio que o melhor seja levarmos os dois para que recebam cuidados médicos por enquanto.

— Não há necessidade disso, Konstantinos.

— Com todo respeito, senh... Grande Mestre, mas os dois estão bastante feridos e precisam de cuidados.

Shion estava prestes a discordar, mas mudou de ideia e se deixou levar. Dohko, bastante calado, também permitiu que o levassem para o hospital, sem discutir.

Assim que acomodou os dois, Konstantinos iniciou o tratamento com presteza.

— Senhor Shion... Grande Mestre – Melina perguntou, muito nervosa. – Os outros guerreiros que foram no barco, nenhum deles vai voltar?

— Sinto muito, Melina – o cavaleiro de Áries olhou para ela com tristeza. – Eles não vão voltar.

Mostrando um enorme auto-controle, a jovem se manteve firme e continuou seguindo as orientações de Konstantinos, embora o acentuado rubor em seu rosto traísse suas emoções. Seu noivo não voltaria mais.

Os dois cavaleiros foram acomodados no quarto ocupado por Dédalo e dois leitos foram levados para lá.

— Doutor – Shion chamou Konstantinos no momento em que ele se preparava para examinar o cavaleiro de Libra. – Dohko está agora sob o efeito do Misophetamenos que Atena lançou sobre ele.

— Misophetamenos? A técnica que faz o coração bater 100.000 vezes por ano? Então ela realmente existe?

— Sim. Como você é médico, eu achei que deveria alertá-lo sobre isso.

— Claro, obrigado por me dizer. Agora descanse, Grande Mestre. Vocês dois merecem um bom descanso agora.

No final da tarde, na hora de ir embora, Elisa encontrou Melina sentada em banco de madeira no jardim, olhando distraída para a água dentro do balde de madeira que fora pegar no poço.

— Como você está? – a pesquisadora sentou ao lado da amiga.

— Conformada – Melina suspirou. – Era um risco que ele corria e eu sei que foi um final honroso para um guerreiro que lutou com Atena até o fim.

— Tem razão.

— Por isso eu vou levantar a cabeça e ajudar o Grande Mestre a reerguer o Santuário para as próximas gerações.

Melina se levantou e manteve-se de costas para Elisa, que compreendeu que a outra não gostaria de mostrar sua fraqueza.

— Estou bem cansada, acho que vou dormir cedo hoje. – ela também se pôs de pé. – Boa noite, Melina.

— Boa noite – Melina respondeu com toda firmeza que conseguiu.

Na manhã seguinte, Elisa acordou com o cheiro delicioso de pão fresco vindo de sua janela e sorriu ao vê-lo numa cesta contendo também algumas frutas.

Assim que chegou ao hospital, ela viu Melina, que ajudava um dos cavaleiros que havia quebrado a perna direita e o braço esquerdo a tomar láudano para a dor.

— Bom dia! – Elisa abraçou a amiga, assim que ela terminou de ajudar o paciente. – Obrigada pela comida.

— Não foi nada – Melina parecia bem melhor. – Bom dia.

— Como estão Shion e Dohko?

— Bem. Konstantinos está com eles agora. Petros saiu para buscar o desjejum dos pacientes.

— Vou ver se ele precisa de mim.

Dohko já perdera bastante do ar taciturno do dia anterior e conversava animadamente com o médico, enquanto Shion falava com Dédalo. E foi este quem a viu primeiro.

— Bom dia, Elisa. – cumprimentou o aprendiz.

— Bom dia a todos – ela acenou. – Como estão.

— Novo em folha – Dohko respondeu. – Inclusive acho que não há necessidade de ficar aqui por mais tempo...

— Nem tente, Dohko. – Konstantinos cruzou os braços . – Elisa não vai te liberar.

— Sinto muito, mas é ele quem manda.

— Eu já estou tentando há um tempão, senhor – Dédalo ergueu as mãos. – Mas ela não libera mesmo.

Dohko fez um muxoxo e os outros riram.

Na segunda manhã após o final da guerra, Shion pediu para falar com Elisa assim que ela chegasse.

— Comigo? – Elisa perguntou a Melina.

— Não faço ideia do que seja, mas deve ser sobre seu futuro.

O Cavaleiro de Áries a esperava no quarto, sentado em sua cama.

— Bom dia, Shion – cumprimentou ela.

— Elisa.

Ele parecia ainda bem cansado, no entanto, era nítido que já estava impaciente e queria logo começar a agir pelo Santuário.

— Eu a chamei aqui para podermos conversar sobre seu futuro.

— Compreendo – ela sentou em uma cadeira próxima à cama dele.

— Eu estive conversando com Dohko sobre isso. Vimos o quanto foi importante sua participação aqui dentro durante todo esse tempo e quero agradecer, em nome de todos, o seu esforço e comprometimento conosco.

— Não foi nada, eu que tenho que agradecer por terem me acolhido.

Ele assentiu.

— Contudo, não podemos mantê-la aqui para sempre. Sei que possui amigos esperando por você em Rodorio e em sua própria terra natal. Por isso, a partir de agora, você está liberada para ir quando quiser.

Elisa sentiu-se perdida por alguns segundos. Ele a estava liberando para ir embora. Para voltar à sua vida normal. Mas era tão estranho... Ela não imaginava que sentiria aquela enorme tristeza quando o momento chegasse.

— Essa expressão de choque em seu rosto, achou que a obrigaríamos a ficar aqui?

— Não... – ela piscou. – Mas é que... Eu não imaginei que me sentiria tão triste quando tivesse que ir embora.

 - Isso é natural – ele sorriu. – Depois de tudo que passou.

— Eu vou conversar com Konstantinos e ver por quanto tempo ele ainda vai precisar de mim. Eu só gostaria de pedir uma coisa.

— Pode falar – ele se ajeitou no colchão.

— Que alguém mandasse uma mensagem para meu amigo Thorgan em Rodorio. Agora que a guerra acabou, ele deve estar esperando a minha volta e eu gostaria de tranquilizá-lo.

— Claro. – concordou ele.

— E eu gostaria de assegurar que o segredo do Santuário estará a salvo conosco – ela o encarou, solene. – Eu sei que a existência dos cavaleiros é algo que a maioria das pessoas nem sequer sonha.

— Contarei com você quanto a isso. Peça a Petros que venha aqui, por favor. Pedirei a ele que traga um mensageiro. Enquanto isso, fale com Konstantinos e me avise assim que decidir a respeito de sua partida.

— Farei isso – ela se aproximou e segurou as mãos dele. – Obrigada. Eu admito que no início senti um pouco de medo de você – aquilo o fez erguer as sobrancelhas. – Você pareceu tão severo.

Shion a encarava com certa perplexidade. Normalmente El Cid seria descrito como severo, não ele. Dohko deu uma risada bem discreta diante da expressão no rosto do amigo.

— Severo, hein? – ele ergueu as sobrancelhas.

— Não se meta, Dohko – Shion lançou um olhar enviesado.

— Mas eu vi que não tinha motivo para sentir medo – Elisa continuou e o soltou. – Eu vou falar com Konstantinos agora.

— Parece que ela se adaptou bem ao Santuário – Dohko comentou, assim que ela saiu.

— Mas ela não pode ficar aqui para sempre. Não é certo obrigá-la a ficar aqui por mais tempo.

— Isso é verdade. Atena gostaria que todos eles voltassem a viver suas vidas e isso a incluía também.

O médico cuidava de César, o menino que havia contraído gripe e ainda estava com a temperatura alta.

— Eu fiz uma compressa de tomilho para os pulmões – ela comentou, parando ao lado dele.

— Ótimo. A febre ainda está alta – Konstantinos parecia pensativo.

— Eu tomei a liberdade de fazer o chá da casca de freixo. Acho que vale a pena tentar.

— Certo – ele assentiu. – Pode trazer.

— Estão aqui, já – ela sorriu e estendeu a compressa e o copo com o chá.

— Vou sentir sua falta, sabe – ele meneou a cabeça.

— O Shion me disse que eu posso ir embora – ela acabou falando ali mesmo. – Mas eu disse que conversaria com o senhor primeiro.

— Entendo. Me espere na minha mesa, vou terminar de cuidar do César e podemos falar sobre isso.

Elisa fez o que ele disse e sentou na cadeira de frente para a dele. Konstantinos não demorou muito e logo sentou também.

— Então nossa pesquisadora de salamandras finalmente vai voltar para casa – ele falou, por fim.

— Sim. Mas se ainda precisar de mim, posso adiar minha partida pelo tempo que for necessário.

— Não se preocupe – ele retrucou calmamente. – Agora que a guerra acabou, poderemos voltar à normalidade. Contudo... gostaria que pudesse ficar conosco mais uma semana e ensinar à Melina um pouco de seu conhecimento de ervas.

— Seria um prazer – ela respondeu, feliz.

— Sabia que poderia contar contigo.

Com aquilo resolvido, Elisa escreveu uma carta para Thorgan e, após falar com Shion sobre o que havia conversado com Konstantinos, pediu a Petros que fosse ter com o Cavaleiro de Áries.

O colega saiu pouco tempo depois para cumprir o pedido de Shion.

A semana passou com um ritmo bem tranquilo. Elisa era uma boa professora e explicava tudo que sabia com bastante paciência. Até mesmo Petros, apesar das desavenças anteriores, se interessou em aprender.

No dia de sua partida, ela acordou agitada. Dédalo, que finalmente conseguira sair do hospital, apesar de não estar ainda em sua plena forma, se ofereceu para acompanhá-la. Shion também já havia sido liberado e a surpreendeu ao aparecer em sua casa logo de manhã. Ele ainda tinha vários curativos pelo corpo e foi a primeira vez que ela o viu de pé, sem sua armadura e usando o traje de Grande Mestre. E ele parecia muito menos intimidador assim.

Elisa foi até o hospital para se despedir de todos, incluindo Dohko, que fora obrigado por Konstantinos a ficar por mais um dia, com direito a muitas lágrimas dela e Melina e a promessa de que manteria contato por cartas, que poderiam ser endereçadas a Rodorio, e finalmente partiu com Dédalo para o vilarejo.

Thorgan estava sentado em banco sob um árvore em frente à ferraria do vilarejo e, assim que a viu chegar, levantou de um salto. Era uma sensação curiosa rever o amigo depois de tanto tempo.

— Senhorita Elisa! – exclamou ele.

— Thorgan! Finalmente nos encontramos! – ela se adiantou até ele.

— Até uma semana atrás, quando recebi sua carta, ainda tinha dúvidas se a veria novamente.

— Para dizer a verdade, até eu tinha – ela meneou a cabeça, sorrindo e virou para trás. – Esse é Dédalo, um aspirante a cavaleiro. Ele se dispôs a vir comigo até Rodorio hoje.

— Prazer –Thorgan estendeu a mão para o rapaz, que aceitou o cumprimento com ar solene.

— Foi um prazer acompanhar a senhorita – Dédalo voltou-se para Elisa. – Queria ter tido mais capacidade para te proteger.

— Não diga isso – ela o interrompeu. – Você foi tão corajoso. Um verdadeiro guerreiro. Obrigado por ter sempre se preocupado comigo.

— Que as bênçãos de Atena estejam sempre com você. –ele falou, ainda mais solene.

— Obrigada. E também com você – ela colocou uma das mãos no rosto dele, afetuosamente. – E que você se torne um grande cavaleiro.

— Eu vou me tornar o mais forte de todos! – ele cerrou os punhos no ar, determinado.

A visão do aprendiz caminhando de volta para o Santuário fez Elisa perceber que realmente estava indo embora.

Confiante de que Elisa voltaria no dia prometido em sua carta, Thorgan já providenciara a viagem de volta para Atenas e, posteriormente, para a Bélgica, para aquele dia mesmo. Durante o caminho, ele contou como chegara de Atenas e descobrira que Gaius havia sido destruído.

— Eu não acreditei quando os moradores de Rodorio disseram que não havia mais nada em Gaius. Eu entrei em desespero, mas como disseram que havia boatos de que uma garota de fora estava morando no Santuário... aliás, foi difícil acreditar nessa história de deuses e cavaleiros sagrados, mas foi minha esperança de encontrá-la. Infelizmente do Andrew eu não tive mais notícias.

O trajeto pareceu durar uma eternidade e Elisa pensou no quão mais prático seria se pudesse voar como Kagaho. Ela olhou para o céu e notou que ele estava como deveria estar, sem pinturas estranhas. Se não fosse pela exótica pena dourada que levava em sua bolsa, cuidadosamente embrulhada em um lenço de seda que comprara em Atenas, poderia pensar que tudo havia sido um sonho.
Assim que a carruagem finalmente parou na frente de sua casa, seu pai já a esperava na entrada e, assim que ela desceu, ele correu até ela com um entusiasmo que ela não estava acostumada e a abraçou com força.

— Minha filha! Finalmente está de volta.

— Papai, estou tão feliz por estar em casa.

— E eu aliviado por vê-la – ele fez uma expressão severa. – Acho que agora você pode dar um tempo nessas suas viagens, não.

— Por enquanto, papai, terei bastante material e trabalho para me manter em casa por um bom tempo.

— Ainda bem! Agora vá se trocar e descansar um pouco, você deve estar cansada da viagem.

Assim que se acomodou, trocou a roupa empoeirada da viagem e tomou um banho quente e revigorante, ela sentou na sala de estar para conversar com seu pai. Thorgan já dissera, por correspondência, que ambos haviam tido problemas com um conflito nas proximidades de Atenas e falara, inclusive, sobre a morte de Andrew. Elisa debatera bastante consigo mesma se deveria contar a verdade ao pai, primeiro porque prometera segredo a Shion e também porque tinha dúvidas se seu pai acreditaria. A sinceridade venceu e ela decidiu que valia a pena se abrir com ele.

Inicialmente, Simon teve dificuldade em acreditar naquela história fantástica. No entanto, conforme a filha dava os detalhes e contava os atos heroicos dos guerreiros e a forma como ela própria usara seu conhecimento de ervas medicinais para ajudar, ele não teve alternativa a não ser acreditar naquilo que ela contava.

A volta à rotina foi mais fácil do que ela temera a princípio. Tocar sua pesquisa com a companhia do pai era mais fácil do que quando estava sozinha, sem ninguém com quem discutir suas observações e teorias. Mesmo assim, ela sentia que talvez fosse necessário procurar mais algumas salamandras, mesmo que fosse por ali mesmo, para conseguir alguns dados que ela já havia anotado antes. Era frustrante saber que tanta coisa que já havia descoberto fora perdido.

Foi cerca de três meses, durante o café da manhã , que seu pai comentou, calmamente:

— Chegou uma coisa para você.

— O quê? – Elisa perguntou, enquanto cortava um pedaço de pão.

— Uma encomenda vinda da Grécia. Chegou hoje de manhã. Parece que o remetente é um tal Shion, que nome engraçado, não é? Você está bem?

Elisa olhava para o pai, paralisada.

— Onde está? – ela conseguiu perguntar.

— Na sala de estar.

Ela não esperou mais nada e correu até lá. Era um embrulho simples, que ela abriu sem muita paciência, mal podendo se conter.

Dentro do embrulho, havia duas cartas. Uma continha a letra firme e caprichada de Shion.

“Estimada Elisa,

Como vai? Espero que tudo esteja bem. Devo dizer que Konstantinos tem sentido bastante sua falta e volta e meia comenta comigo o quanto gostava de ouvir suas opiniões. Melina por outro lado parece bastante desgostosa por não receber cartas suas.

Dohko foi para a China, exercer seu dever como vigia das estrelas malignas e pouco a pouco vamos conseguindo levar adiante o legado dos cavaleiros aqui no Santuário.Um dos aprendizes de Aldebaran, Teneo conseguiu voltar e me pediu para continuar aqui. Talvez outros possam aparecer também.

Deixarei que Dédalo explique em sua própria carta o motivo deste pacote. Ele parecia bastante empolgado para lhe contar.

Se quiser nos visitar, saiba que o Santuário terá as portas abertas para você, sempre.

Com todo apreço,

Shion”

Se dissessem a ela que um dia ela receberia uma carta tão amigável de Shion, Elisa acharia que era loucura. E no entanto, ali estava. Ela pegou então a segunda carta.

"Querida Elisa,
temos sentido muito a sua falta aqui no Santuário. O mestre Shion me disse que você pode vir sempre que quiser, então, por favor, venha logo. Podemos sair atrás das suas salamandras, será divertido. Estamos trabalhando duro para reconstruir tudo e já chegaram novos recrutas! Teneo voltou vivo, eu treinei um pouco com ele e fiquei muito feliz que ele conseguiu voltar. E o noivo de Melina também! Talvez voltem mais companheiros, incrível, não é? Mas não é só por isso que estou aqui tagarelando por meio desta carta. Depois que a guerra acabou, nós começamos a reconstrução do Santuário e das vilas de Rodorio e Gaius. E, no meio dos escombros, eu encontrei essas suas anotações. Estão um pouco estragadas, mas acho que dá para aproveitar alguma coisa.

Um grande abraço do seu amigo,

Dédalo."

Sem poder acreditar, a jovem abriu o embrulho com as mãos trêmulas. E lá estava. Bastante danificadas, de fato, mas eram, sem dúvidas, suas pesquisas que havia perdido no dia em que o vilarejo de Gaius fora atacado. Ela folheou os manuscritos com o coração aos pulos e correu para mostrar a seu pai. Aquilo, somado ao que conseguira produzir durante a guerra santa, adiantaria muito o trabalho que tanto sonhara escrever. Ela finalmente poderia cumprir a promessa que fizera a Regulus.

Foram necessários mais alguns meses. Mas seu trabalho árduo finalmente rendeu frutos. A delicada salamandra que trouxera infelizmente não sobrevivera à viagem e agora era mantida em um vidro com álcool que, esperava, seria enviada para o Museu de História Natural de Paris como a sua nova espécie, Salamandra kagahoi


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Notas finais do capítulo

Quando uma nova espécie é descrita, seu autor pode homenagear alguém querido colocando seu nome. No caso, quando é um nome masculino, coloca-se "i" no final e, se feminino "ae".



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